Por Gregório Unbehaun Leal da Silva, em 15 de Agosto de 2021
O Alto Vale do Itajaí é uma microrregião de Santa Catarina composta por 28 munícipios. O objetivo geral desse texto é verificar as determinantes do voto na região com base nos dados eleitorais oficiais. Em análise anterior, este que vos fala, procedeu estudo somente contemplando a maior cidade da região, Rio do Sul.
Em 2018, a votação em Jair Bolsonaro foi expressiva na região, a comparação entre os pleitos de 2014 e 2018 pode dar luz para verificar o fenômeno do bolsonarismo no estado, em especial na região. Recentemente pesquisa da ND+, mostrou Bolsonaro com bons indicadores. A região do Vale do Itajaí, em que o Alto Vale está inserido, mostrou-se fortemente apoiadora de Bolsonaro.
Pretendo com esse texto proceder 3 análises dos determinantes do voto no Alto Vale do Itajaí. Recomenda-se a leitura na sequência. Abaixo se encontra somente a parte 1 da análise.
Na parte 1, aqui apresentada, contém a comparação dos votos das forças políticas da região entre 2014 e 2018. Para tal procedo uma acareação da votação na região de Milton Hobus, Movimento Democrático Brasileiros (MDB em 2018 e PMDB em 2014), Partido dos Trabalhadores (PT) e direita não-miltista* (composto por partidos apontados na análise dos votos em Rio do Sul) para deputado estadual entre 2014 e 2018.
*partidos da direita "não-miltista": Democratas (DEM) , PP (atual Progressistas), PR (chamado de partido liberal desde 2019), Partido da Mobilização Nacional (PMN) e Partido Social Liberal (PSL)
2- Na segunda parte da análise, verifico se houve queda na votação entre 2014 e 2018 para cada um dos 28 municípios para Hobus, MDB e PT. O intuir aqui é observar se a queda de votação desses três, notada em Rio do Sul, impactou em quais e em quantos dos outros 27 municípios da região.
3- Finalizo, com uma comparação da votação (parte 3) em cada um dos 28 munícipios na votação dos dois últimos candidatos antipetistas à presidência da república no segundo turno: Aécio Neves em 2014 e Bolsonaro em 2018.
Observações sobre a metodologia e ferramentas utilizadas na análise, poderão ser encontradas no estudo sobre Rio do Sul. (sobre a ferramenta Zelig - Clique aqui).
Em termos percentuais os deputados estaduais do PT tiveram votação reduzida nos 28 munícipios em 37,27%. Já os do MDB tiveram queda menor: 21,26%. A votação de Milton Hobus foi 47,11 % menor em 2018 quando comparado à 2014. Os três juntos perderam de uma eleição para outra 37.873 votos.
Por outro lado, os candidatos que compõem os partidos da chamada “direita-não militista” (DEM, PP, PR, PMN e PSL) tiveram suas votações aumentadas em 20.555 (aumento de cerca de 231 %) em 2018 comparado à 2014.
A imagem 1 mostra essa mudança entre os dois pleitos:
Nítido o crescimento da "direita" nos resultados. O mesmo observado em Rio do Sul, se deu em toda a região. Mostrando que estamos diante de um fênomeno generalizado do crescimento desse agrupamento que chamei de “direita não-miltista”.
É possível também proceder a análise em termos percentuais:
Nas eleições de 2014, 157.083 votos nominais foram dados à candidatos para deputado estadual no Alto Vale em 2014 , desses 122.277 foram dados para esses 4 "grupos" (77,84% do total), com a seguinte distribuição percentual
Milton Hobus 31,15% de todos os votos
PT 13,04% do total
MDB: 23,93%
Direita 'não miltista': 9,71%
Outros voto nominais não analisados: 22,15%
Já nas eleições 2018, 139.746 votos foram dados à candidatos para deputados estadual nos 28 munícipios da região, desses 104.459 foram dados para esses 4 "grupos" (74,74% do total), com a seguinte distribuição percentual:
Milton Hobus: 18,51 %
PT: 9,78%
MDB: 21,19%
Direita 'não-miltista': 25,26%
Outros votos nominais não analisados: 25,25%
Isso gerou as seguintes oscilações entre 2014 e 2018:
É perceptível, com base nesses dados, que a queda do “miltismo” não se deu para os aos dois partidos tradicionais (PT e MDB) e sim frente a votos destinados à outros candidatos de direita.
O que se verá na parte 2 dessa análise será a identificação dessa oscilação no miltismo, petismo e mdbismo dentro dos munícipios.
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