Com informações da Universidade de Copenhague - 01/04/2021
Dispensando a energia escura
Há décadas, a teoria científica mais aceita defende que uma força desconhecida, por isso batizada de energia escura, compõe quase 70% do Universo, sendo responsável por sua constante expansão e aceleração.
Esse mecanismo tem sido associado à chamada constante cosmológica, desenvolvida por Einstein em 1917, que se refere a uma desconhecida força repelente - sua ação é contrária à da gravidade.
Mas como essa constante cosmológica - ou energia escura - não pode ser medida diretamente - não podemos medir algo que sequer definimos -, vários pesquisadores, incluindo Einstein, duvidaram de sua existência.
Não por acaso, tem havido várias tentativas de se livrar da energia escura, seja simplesmente dispensando essa energia desconhecida, seja unificando a energia escura com a também desconhecida matéria escura.
Um trio de físicos da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, acaba de desenvolver um novo modelo cosmológico que se enquadra nessa última vertente, substituindo a energia escura por um adicional de matéria escura na forma de forças magnéticas.
"Se o que descobrimos for preciso, isso derrubaria nossa crença, e o que pensávamos que constituía 70 por cento do Universo na verdade não existe. Removemos a energia escura da equação e adicionamos mais algumas propriedades à matéria escura. Isso parece ter o mesmo efeito sobre a expansão do Universo que a energia escura," explicou o professor Steen Hansen.
Um experimento em busca de uma quinta força para substituir a energia escura ainda não deu os resultados esperados.
Matéria escura com força magnética
O modelo cosmológico padrão estabelece que o Universo consiste em 5% de matéria normal, 25% de matéria escura e 70% de energia escura.
No novo modelo, a parcela de 25% da matéria escura é assumida como tendo propriedades magnéticas, e isso é o suficiente para tornar os 70% da energia escura redundantes.
"Nós não sabemos muito sobre a matéria escura, a não ser que ela é uma partícula pesada e lenta. Mas então nos perguntamos: E se a matéria escura tivesse alguma qualidade análoga ao magnetismo? Sabemos que, à medida que as partículas normais se movem, elas criam magnetismo. E os ímãs atraem ou repelem outros ímãs - e se isso for o que está acontecendo no Universo, que essa expansão constante da matéria escura está ocorrendo graças a algum tipo de força magnética?" questiona Hansen.
Para tentar responder à pergunta, a equipe criou um novo modelo onde foi incluído tudo o que a ciência sabe sobre o Universo - incluindo a força da gravidade, a velocidade de expansão do Universo e X, a tal força desconhecida que faz o Universo se expandir.
"Nós desenvolvemos um modelo que partia do pressuposto de que as partículas de matéria escura tinham um tipo de força magnética, e então investigamos que efeito essa força teria no Universo. Acontece que ela teria exatamente o mesmo efeito na velocidade de expansão da Universo que a energia escura," explicou Hansen.
As supernovas são centrais no estudo da aceleração do Universo, mas algumas observações mais recentes têm mostrado dúvidas.
Mais detalhes
As equações funcionaram, mas ainda há muito sobre esse mecanismo que depende de explicações.
E tudo precisará ser verificado em modelos melhores, que levem mais fatores em consideração.
"Honestamente, nossa descoberta pode ser apenas uma coincidência. Mas, se não for, é realmente incrível. Ela mudaria nossa compreensão da composição do Universo e por que ele está se expandindo. No que diz respeito ao nosso conhecimento atual, nossas ideias sobre a matéria escura com um tipo de força magnética e a ideia sobre a energia escura são igualmente coisas em aberto. Somente observações mais detalhadas determinarão qual desses modelos é o mais realista. Portanto, será incrivelmente emocionante testar novamente nosso resultado," finalizou Hansen.
Você já ouviu falar na AMAS? O nome fofo é na verdade uma sigla para uma coisa muito grande: a anomalia magnética do Atlântico Sul, uma estranha distorção no campo magnético do planeta Terra, bem em cima das nossas cabeças. Apesar de parecer bastante perigoso, o fenômeno é documentado pela ciência e pode afetar a vida humana em alguns casos bem específicos, mas possíveis.
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Basicamente, o planeta tem um campo magnético que o envolve. Isso acontece porque, em resumo, somos uma bola de ferro gigante. Esse campo magnético pode parecer bobagem, mas ele tem impactos importantes, como por exemplo na inclinação da Terra. Mas existe uma coisa mais importante que ele é capaz de fazer: nos proteger dos ventos solares, que são bombas de partículas solares emitidas pela nossa estrela em direção à terra.
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”Por que as agências espaciais têm interesse na anomalia? Porque como essa região tem um campo mais enfraquecido, as partículas do vento solar entram nessa região com mais facilidade, o fluxo de partículas carregadas que passam por aquela área é muito mais intenso. Isso faz com que os satélites, quando passam por essa região, tenham que, por vezes, ficar em stand by, desligar momentaneamente alguns componentes para evitar a perda do satélite, de algum equipamento que venha a queimar. Porque a radiação, principalmente elétrons, nessa região é muito forte. Então é de interesse das agências espaciais monitorar constantemente a evolução dessa anomalia, principalmente nessa faixa central.”, explica o doutor em Física e pesquisador do Observatório Nacional, Marcel Nogueira, à CNN.
nadas ao vento solar podem nos deixar vulneráveis, por exemplo, ao mau funcionamento de equipamentos eletrônicos. Em 1989, a cidade de Vancouver, no Oeste do Canadá, ficou em um blecaute por dias sem eletricidade ou sinal de rádio por conta de uma tempestade solar.
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Apesar de a chance de isso acontecer ser relativamente baixa, os cientistas se preocupam com essa faixa do campo magnético terrestre justamente por esse risco. Um apagão na região, que fornece energia para diversos países da América Latina, poderia representar uma perda enorme de vidas e de dinheiro. Compreender a vulnerabilidade de nossos sistemas a essas tempestades é essencial para que continuemos vivendo normalmente. E cuidado: o campo magnético da Terra está aí em cima, olha só.