Aristóteles


Dados Biográficos

Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu em Estagira, colônia greco-jônia, na península macedônica da Calcídia. Filho de Nicômaco, médico. Ainda criança, ficou órfão de pai e mãe. Quando contava 18 anos (367 a.C.) mudou-se para Atenas, o centro intelectual por excelência, e aí estudou 20 anos sob a orientação de Platão. Aos 50 anos de idade, abriu uma escola denominada de liceu, pela proximidade do tempo de Apolo Liceio. Foi tutor de Alexandre, o Grande. Anos depois, assim como Sócrates, foi acusado e condenado, mas fugiu para não permitir que Atenas pecasse duas vezes por causa da Filosofia. Os seus alunos chamavam-se Peripatéticos, quer porque tinham o costume de passear pelo jardim enquanto estudavam, quer porque o local fosse conhecido por Passeio (Peripatos).

A enciclopédia aristotélica distingue-se em quatro grupos: 1.º, os escritos e as doutrinas lógicas que servem de introdução geral a todo o sistema; 2.º, Filosofia especulativa, cujo fim é o verdadeiro supremo; 3.º, a Filosofia prática, cujo fim é a ação; a Filosofia criativa ou poética, cujo objeto é o produto artístico. A Filosofia especulativa compreende a Filosofia primeira, a Matemática e a Física; a Filosofia pratica distingue-se em Ética econômica e política; a Filosofia poética considera a arte e as formas específicas da Poesia e da Retórica.

O ponto básico da filosofia de Aristóteles é a sua divergência com relação à "Teoria das Ideias" de Platão. Ambos são realistas, mas Platão vê o seu realismo na "Teoria da Ideias", no mundo perfeito e imutável, no mundo das formas. Para Platão, o conceito já existe. O que temos que fazer é rememorá-lo. Aristóteles acha que o real é o sensível e que o conceito se forma pela abstração. Uma pessoa tem a forma de uma cadeira, outra pessoa tem outra forma de cadeira e uma terceira pessoa tem uma terceira forma de cadeira. Aristóteles pega todas as formas de cadeira, retira as diferenças e mantém o que é igual, formando o conceito cadeira, através de uma operação mental.

Platão estabeleceu os princípios da filosofia idealista, em que havia uma superioridade da razão. Com Aristóteles, o foco da atenção transfere-se para a experiência. Embora aluno de Platão, deste discordava fundamentalmente, chegando a ponto de dizer que ele era amigo de Platão, mas muito mais da verdade. O gênio de Aristóteles é, acima de tudo, ordenador, lógico. Uma de suas grandes ideias é a de classificação que permite agrupar os seres de acordo com suas semelhanças ou diferenças. Também se deve a ele a criação da lógica como disciplina própria.

O realismo aristotélico pode ser agrupado nos seguintes itens: crítica a Platão, a origem da filosofia, o princípio de identidade, as causas do ser, o ser como substância, o acidente, o movimento, Deus e sua natureza, a ordem e eternidade dos movimentos naturais, o homem como animal político e a virtude como justa medida. Este realismo dominou absolutamente a Idade Média, principalmente no período da Escolástica, e mais precisamente com Santo Agostinho. O uso exagerado do silogismo é uma prova cabal desse predomínio.

De acordo com Ramiro Marques, em O Livro das Virtudes de Sempre: Ética para Professores, Aristóteles constitui ainda hoje a referência mais importante para quem queira estudar e escrever sobre ética. Esses ensinamentos estão catalogados em suas três grandes obras: Ética a Nicômaco,Ética a Eutidemo e Magna Moralia. Magna Moralia, também conhecida por Grande Moral ou Grandes Livros de Ética, embora pouco editada e pouco conhecida, é uma obra de grande qualidade, pois complementa e aprofunda o que Aristóteles escreveu nas outras éticas.

Na ética de Aristóteles, a virtude está no meio. Você não deve estar mais à esquerda ou mais à direita. Literalmente, a frase está correta. A sua interpretação, porém, deixa a desejar. Devemos vê-la como o termo médio de uma polêmica e não simplesmente a virtude está no meio. A virtude deve ser construída conforme a discussão for tomando corpo, isto é, passando de um extremo ao outro. Esta noção de ética dá direção à sua política. Diferente de Sócrates e Platão, que é da polis, de Atenas, Aristóteles é o filósofo do Império, do Império de Alexandre, o Grande. 

Somos o arcabouço de toda a história da humanidade. Às vezes parecemo-nos originais, mas uma acurada pesquisa mostra que a essência do que sabemos já fora veiculado pelos grandes pensadores da humanidade.

http://sbgfilosofia.blogspot.com/2006/09/aristteles.html

A Lógica de Aristóteles

Para Platão, conhecimento e justiça são inseparáveis, enquanto para Aristóteles esses valores estão apenas interligados. 

A Lógica de Aristóteles. Baseada essencialmente no silogismo (fórmula de raciocínio constituída de duas premissas e uma conclusão). Por exemplo: "Alguns templos estão em ruínas"; "Todas as ruínas são fascinantes"; portanto, "Alguns templos são fascinantes". Baseado nessa estrutura simples, Aristóteles construiu um sistema complexo de regras lógicas que exerceu extrema influência e talvez tenha dominado muitas áreas do pensamento humano até a Idade Média. Foi por meio da lógica aristotélica que se estabeleceu a primazia da lógica dedutiva. (OLIVER, Martyn. História Ilustrada da Filosofia. Tradução de Adriano Toledo Piza. São Paulo: Editoria Manole, 1998.) 

Forma e Substância 

A Metafísica de Aristóteles (compreensão filosófica da realidade) é, em essência, uma modificação da teoria das ideias de Platão. Seus dois principais aspectos mais importantes são a distinção entre o "universal" e a mera "substância" ou "forma particular" e a distinção entre as três substâncias diferentes que formam a realidade cada uma com sua essência fundamental. São elas: 1) o que é sensível e perecível (os animais e as plantas); 2) o que é sensível mas não-perecível (o homem, pois tem uma alma racional); 3) o que não é sensível nem perecível (Deus). (OLIVER, Martyn. História Ilustrada da Filosofia. Tradução de Adriano Toledo Piza. São Paulo: Editoria Manole, 1998.) 

O Legado de Aristóteles

O Legado de Aristóteles. Como em Platão, seu legado é imenso, e sua influência ainda se faz sentir. O aspecto da filosofia de Aristóteles que teve mais impacto sobre as civilizações que se seguiram foi a metafísica. Até a Idade Média, sua lógica era o paradigma do saber científico, e traços de sua metafísica estão presentes ainda hoje na teologia católica. Na filosofia política, sua concepção de democracia serve de referência para as discussões contemporâneas. (OLIVER, Martyn. História Ilustrada da Filosofia. Tradução de Adriano Toledo Piza. São Paulo: Editoria Manole, 1998.) 




Aristóteles: Em Forma de Palestra

"O bem do homem nos parece como uma atividade da alma em consonância com a virtude [...]. Mas é preciso ajuntar 'numa vida completa'. Porquanto uma andorinha não faz verão, nem um dia tampouco."
Ética a Nicômaco

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Dados Pessoais. 3. Considerações Iniciais. 4. A Metafísica Aristotélica: 4.1. A Substância; 4.2. Potência e Ato; 4.3. Deus: Motor Imóvel. 5. Lógica: 5.1. Aristóteles foi o Criador da Lógica; 5.2. O Silogismo; 5.3. Os Três Princípios da Lógica. 6. Filosofia Prática: 6.1. Ética; 6.2. Política; 6.3. Poética. 7. Conclusão.

1. INTRODUÇÃO

Quem foi Aristóteles? Qual a sua contribuição para a história da filosofia? Por que, ao lado de Sócrates e Platão, é considerado um dos baluartes da filosofia clássica grega?

2. DADOS PESSOAIS

Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu em Estagira, colônia greco-jônia, na península macedônica da Calcídia. Filho de Nicômaco, médico. Ainda criança, ficou órfão de pai e mãe. Quando contava 18 anos (367 a.C.) mudou-se para Atenas, o centro intelectual por excelência, e aí estudou 20 anos sob a orientação de Platão. Aos 50 anos de idade, abriu uma escola denominada de liceu, pela proximidade do tempo de Apolo Liceio. Foi tutor de Alexandre, o Grande. Anos depois, assim como Sócrates, foi acusado e condenado, mas fugiu para não permitir que Atenas pecasse duas vezes por causa da Filosofia. Os seus alunos chamavam-se Peripatéticos, quer porque tinham o costume de passear pelo jardim enquanto estudavam, quer porque o local fosse conhecido por Passeio (Peripatos). (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira) 

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Aristóteles é, ao lado de Sócrates e Platão, um dos fundadores da filosofia, cuja tarefa foi a de transformar o conhecimento mítico em conhecimento racional. É o esforço de buscar o conhecimento pela própria razão e não por intermédio da religião e dos deuses. Acha que em cada um de nós existe algo natural – a razão -, pela qual se pode descobrir a verdade das coisas.

O ponto básico da filosofia de Aristóteles é a sua divergência com relação à "Teoria das Ideias" de Platão. Para Aristóteles, o mundo real é o aqui e o agora.

A maior parte da obra de Aristóteles sobreviveu sob a forma de tratados ou anotações de aulas. Na origem, as anotações eram destinadas a alunos dedicados, e não a consumo geral, mas acabaram sendo compiladas no século I d.C. por Andrônico Rodes que, depois, foram editadas.

4. A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA

Para Aristóteles, há a filosofia primeira, ou teologia - visto que trata de Deus e dos seres imutáveis que estão acima das coisas sensíveis - e a filosofia segunda, que é a física - visto que se ocupa da realidade do devir. Andrônico de Rodes, no século I de nossa era, ao arrumar as obras de Aristóteles em uma biblioteca, ordenou os livros da filosofia primeira depois dos de física e se referiu a eles como "os que estão atrás da física". Deste então, a metafísica é aquela parte da filosofia que se ocupa do que está mais além do ser enquanto tal.  

4.1. A SUBSTÂNCIA

Na tentativa de superar o dualismo platônico entre mundo sensível e mundo inteligível, Aristóteles introduz a noção de sustância.  

Para Aristóteles, substância é aquilo que existe por si mesmo. Aplica-se aos indivíduos concretos: esse lápis, aquele homem... Nisso ele difere de Platão, para quem só o que existe por si mesmo são as ideias, enquanto os objetos sensíveis, ao serem meras cópias das ideias, não existem por si mesmos - existem por elas.  

A substância se distingue dos acidentes. Os acidentes não existem por si mesmos: só têm existência na substância, que lhes serve de substrato ou suporte. A substância é permanente e constitui a essência do indivíduo; os acidentes são mutáveis e só lhe acrescentam a sua peculiaridade: podem mudar sem que o indivíduo deixe de ser o que é.  

4.2. POTÊNCIA E ATO

A potência é a possibilidade de chegar a ser algo diferente, o ato é o que esse objeto é no presente. O movimento é a passagem da potência ao ato; é a atualização de uma forma que se encontrava em potência. Há uma estreita relação entre a matéria e a forma e a potência e o ato: a matéria é potência, pois nela estão as diferentes possibilidades do ser; a forma á ato. Ou seja, a matéria possui em potência a forma que depois possuirá em ato.  

4.3. DEUS: MOTOR IMÓVEL

Deus é o primeiro motor imóvel, e Aristóteles argumenta da seguinte maneira. Tudo o que se move precisa de um motor (A é movido por B, esse por C, e assim sucessivamente). Mas é impossível que haja uma cadeia infinita na série dos motores e é preciso que haja um motor que seja o primeiro. E esse motor tem que ser imóvel, para não precisar, por sua vez, ser movido por algo e continuar assim até o infinito. Deus é, de acordo com a concepção aristotélica, o motor imóvel do Universo. Move sem ser movido porque ele é o fim, a causa final, de todos os movimentos; todos os seres do Universo aspiram à imobilidade e à perfeição divinas, embora, por certo, nunca as consigam. Deus não se "move" porque nele não há nenhuma potência que deva se transformar em ato. Em outras palavras: Deus é ato puro, forma sem matéria, e por isso mesmo perfeito, já que não tem nada a alcançar, já que o é em ato. Nesta imobilidade que constitui a sua perfeição, não cabe pensar que crie a matéria - o conceito de criação a partir do nada é alheio ao pensamento grego - nem que intervenha no mundo (imperfeito). Sua única atividade, se é que se pode falar nesses termos, é a atividade imaterial por excelência: o pensamento puro, mas não pensamento sobre outra coisa, e sim pensamento de si mesmo, autocontemplação. Nisso se encontra o gozo da felicidade eterna e é, para os humanos, o ideal perfeito e realizado do sábio. 

5. LÓGICA

5.1. ARISTÓTELES FOI O CRIADOR DA LÓGICA

Na tradição socrática e platônica, Aristóteles defende que só existe ciência (episteme) do universal e necessário. Portanto, se queremos ter um conhecimento científico da realidade, quer dizer, das coisas particulares, o único procedimento válido é relacioná-las necessariamente com o universal: deduzir o particular do universal. É essa ligação, a do particular com o universal, que a lógica nos ajuda a esclarecer.  

Aristóteles efetivamente estabeleceu a ciência da lógica, aperfeiçoando regras universais de raciocínio de modo a auxiliar na busca do conhecimento.

5.2. O SILOGISMO

Por silogismo, deve-se entender aquele "argumento no qual, estabelecidas certas coisas, resulta necessariamente delas, por serem o que são, outra coisa diferente das estabelecidas anteriormente". 

Como raciocínio dedutivo, o silogismo contém uma conclusão necessariamente derivada das premissas. No exemplo clássico, a conclusão do julgamento "Sócrates é mortal" deriva das premissas: "Todos os homens são mortais" e "Sócrates é um homem". Curiosamente, no entanto, esse é um silogismo falso do ponto de vista lógico: não tem forma condicional ("Se todos os homens..."), nem as duas primeiras proposições estão ligadas por uma conjunção, nem todos os termos que introduz são universais ("Sócrates" é um termo singular").  

Na forma usada por Aristóteles, um silogismo correto é o que mantém o seguinte esquema: Se A é predicado (é verdadeiro) de todo B e B é predicado de todo C, então A é predicado (é verdadeiro) de todo C.  

5.3. OS TRÊS PRINCÍPIOS DA LÓGICA

Para Aristóteles, qualquer conceito que passa a fazer parte de um silogismo se subordina ao que lhe considera os três princípios fundamentais da lógica: O princípio de identidade afirma que toda coisa é igual a si mesma (A=A). O princípio de não-contradição diz que é impossível que uma coisa seja e não seja ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto (A não pode ser B e não-B). O princípio do terceiro excluído enuncia que A resultará em B ou em não-B, estando excluída qualquer outra possibilidade.  

Estes três princípios são ao mesmo tempo lógicos e ontológicos, quer dizer, referem-se tanto à linguagem quanto ao ser. Aristóteles defende que constituem o ponto de confluência dos dois. 

6. FILOSOFIA PRÁTICA

6.1. ÉTICA  

Na ética de Aristóteles, a virtude está no meio. Você não deve estar mais à esquerda ou mais à direita. Literalmente, a frase está correta. A sua interpretação, porém, deixa a desejar. Devemos vê-la como o termo médio de uma polêmica e não simplesmente a virtude está no meio. A virtude deve ser construída conforme a discussão for tomando corpo, isto é, passando de um extremo ao outro. Esta noção de ética dá direção à sua política. Diferente de Sócrates e Platão, que é da polis, de Atenas, Aristóteles é o filósofo do Império, do Império de Alexandre, o Grande. 

6.2. POLÍTICA

Existe uma estreita ligação entre ética e política, já que não é possível alcançar a felicidade fora do limite da coletividade. O homem é um animal político (zoon politikon) e seu fundamento se encontra na família, no grupo, na cidade, ou no estado, conforme seja o grau de evolução da comunidade a que pertence.  

Contemporâneo como Sócrates e Platão da pólis, a cidade-estado grega, Aristóteles não se inclina tanto por uma forma concreta de governo (seja ela monárquica, aristocrática ou democrática), e sim pela organização racional da comunidade. Essa organização racional é dada pela Constituição. A Constituição transforma a coletividade em um organismo político no qual os cidadãos se vinculam racionalmente entre si por intermédio de leis.  

6.3. POÉTICA

A Poética trata da tragédia e da epopéia, do ponto de vista da poiésis, ou produção de obras. Aristóteles afirma que a poesia é imitação (mimésis), embora não se trate de um simples decalque da realidade: nela se recria uma ação na qual se representa o que poderia ocorrer a cada um dos seres humanos.  

Aristóteles recusa a condenação platônica da arte e exalta seu valor como catarsis ou purificação das turbulentas paixões da alma: o espectador se liberta de suas paixões sentido-as imaginariamente. 

7. CONCLUSÃO

Aristóteles esteve à frente de seu tempo. Ruminou ideias sobre uma gama enorme de temas (ética, política, arte, psicologia...). Em seus estudos, mostra-nos que a virtude não é média, mas média justa e, também, uma disposição a ser adquirida na prática do bem. Reflitamos sobre isso.

São Paulo, maio de 2013. 






Notas

Em seu Protreptikos [Discurso exortativo], escrito por volta do ano 350 a.C. — ou seja, no meio de seu período na Academia —, ele define o objetivo da filosofia como “teoria”, como puro conhecimento “teórico”, que contém em si próprio sua finalidade. Desse ponto de vista, o homem se realiza como ser racional e, no sentido da visão de ideias presente na Academia Platônica, transforma-se em “sábio”.

ZIMMER, Robert. O Portal da filosofia: Uma Breve Leitura de Obras Fundamentais da Filosofia Volume 2. Tradução Rita de Cassia Machado e Karina Jannini. São Paulo: Martins Fontes, 2014.


Tópicos da Temática Barsa Filosofia

"O bem do homem nos parece como uma atividade

 da alma em consonância com a virtude [...]. 

Mas é preciso ajuntar 'numa vida completa'. Porquanto 

 uma andorinha não faz verão, nem um dia tampouco."

Ética a Nicômaco


Aristóteles (384-322 a.C.). Filósofo grego, discípulo e crítico de Platão e o mais renomado entre os filósofos de seu tempo. Aos 17 anos integrou-se à Academia de Platão, onde permaneceu até pouco após a morte deste em 348-7 a.C. Posteriormente foi designado tutor de Alexandre o Grande. Em 335 voltou para Atenas, onde fundou uma escola e preparou uma coleção de manuscritos que se tornou modelo para as bibliotecas que surgiram posteriormente. (1)

A maior parte da obra de Aristóteles sobreviveu sob a forma de tratados ou anotações de aulas. Ao que parece, ele tinha algo a dizer sobre praticamente todos os assuntos do mundo: lógica, metafísica, ética, política, retórica, poesia, análise literária, meteorologia, astronomia, biologia, zoologia, física e psicologia. Na origem, as anotações eram destinadas a alunos dedicados, e não a consumo geral, mas acabaram  sendo compiladas no século I d.C. por Andrônico Rodes, quando foram sem dúvida editadas. Isso significa que as primeiras versões impressas da obra de Aristóteles, sem falar nas traduções subsequentes para o latim e o árabe, baseavam-se na interpretação de um terceiro, mas pouco importa. O resultado é que Órganon (Sobre a Lógica), Metafísica, Ética a Nicômaco, Política, Arte Retórica, Arte Poética, além de vários outros escritos, podem ser lidos até hoje. 

Aristóteles efetivamente estabeleceu a ciência da lógica, aperfeiçoando regras universais de raciocínio de modo a auxiliar na busca do conhecimento. Observe um de seus silogismos, que faz uso da inferência dedutiva: 

Primeiro passo: Todos os homens são mortais.

Segundo passo: Sócrates é homem.

Terceiro passo: Portanto, Sócrates é mortal. 

Se o primeiro passo e o segundo forem verdadeiros, é possível deduzir o terceiro. 

A respeito da ética, o filósofo observa que, embora todos os seres humanos desejem vida boa, "bom" não é uma qualidade particular. Antes de um homem ser considerado bom, ele precisa determinar sua função; apenas depois de ter desempenhado bem essa função é que irá atingir a meta. Como a função do homem - aquilo que só ele pode fazer, e mais nenhum objeto - é raciocinar e, por extensão, controlar os próprios desejos e agir por meio do raciocínio, existe um lado ético ou moral em sua busca. A virtude é uma questão de encontrar o equilíbrio certo - o chamado justo meio - entre vícios opostos. (2)

Vemos diferentes exemplos de cão no mundo à nossa volta.

Reconhecemos as características comuns dos cães do mundo.

Usando nossos sentidos e nossa razão, compreendemos o que torna um cão um cão.

Encontramos a verdade a partir das evidências no mundo à nossa volta. (3)

Aristóteles  foi o maior filósofo e cientista do mundo antigo. Deu origem ao estudo da lógica formal, enriqueceu quase todos os ramos da filosofia e fez inúmeras contribuições à ciência.

Muitas das suas ideias, hoje, superadas, todavia, mais relevante do que qualquer uma de suas teorias isoladas é a abordagem racional presente em sua obra.

A crença de que é útil aos seres humanos a investigação sistemática de todos os aspectos do mundo  natural e a convicção  de que devem ser empregados observações empíricas e raciocínio lógico para chegar a conclusões. Esse conjunto de opiniões — contrário ao tradicionalismo, à superstição e ao misticismo — afetou profundamente a civilização ocidental. 

De seu pai, adquiriu interesse por biologia e "ciência prática"; com Platão, cultivou o interesse na especulação filosófica. 

Depois que Alexandre subiu ao trono, Aristóteles retornou para Atenas, onde abriu o seu próprio centro de ensino, o Liceu. Permaneceu em Atenas durante os doze anos seguintes, período que aproximadamente corresponde à carreira de conquista militar de Alexandre, que, se não adotava o seu amigo  professor por conselheiro, concedia-lhe generosas quantias para subvencionar a sua pesquisa. Esse foi, provavelmente, o primeiro exemplo na história de valiosas doações governamentais a um cientista, com o propósito de custear pesquisas, e foi também o último nos muitos séculos seguintes.

Aristóteles escreveu sobre astronomia, zoologia, física, anatomia, fisiologia. Foi um filósofo original. A teoria da lógica é a sua obra mais importante. Sua influência sobre o pensamento ocidental foi imensa. (5)

Com Platão, a maturidade idealista baseia-se na autoridade da razão. Com Aristóteles, afirma-se outra orientação de igual sentido, mas baseada na experiência, para construir a partir dela um sistema rigoroso. 

A Metafísica Aristotélica

Para Aristóteles, há a filosofia primeira, ou teologia - visto que trata de Deus e dos seres imutáveis que estão acima das coisas sensíveis - e a filosofia segunda, que é a física - visto que se ocupa da realidade do devir. Andrônico de Rodes, no século I de nossa era, ao arrumar as obras de Aristóteles em uma biblioteca, ordenou os livros da filosofia primeira depois dos de física e se referiu a eles como "os que estão atrás da física". Deste então, a metafísica é aquela parte da filosofia que se ocupa do que está mais além do ser enquanto tal. 

O Conceito de Substância

Platão admitia uma separação entre o mundo das ideias e o mundo sensível. Para Aristóteles, não há separação entre os dois mundos. 

Ressalta o valor do concreto. Com o objetivo de superar o dualismo platônico entre mundo sensível e mundo inteligível introduz a noção de sustância. Embora atrás dela não consiga superar aquele dualismo, pelo menos reforça a ideia de que o que realmente existe são as coisas de que temos conhecimento a partir da experiência.  

O conceito de substância, que Aristóteles define como aquilo que existe por si mesmo, aplica-se com total propriedade aos indivíduos concretos: esse lápis, aquele homem... Nisso ele difere de Platão, para quem só o que existe por si mesmo são as ideias, enquanto os objetos sensíveis, ao serem meras cópias das ideias, não existem por si mesmos - existem por elas

A substância se distingue dos acidentes. Os acidentes não existem por si mesmos: só têm existência na substância, que lhes serve de substrato ou suporte. A substância é permanente e constitui a essência do indivíduo; os acidentes são mutáveis e só lhe acrescentam a sua peculiaridade: podem mudar sem que o indivíduo deixe de ser o que é. 

Concepção Hilemórfica do Ser

Por serem os indivíduos concretos as verdadeiras substâncias, Aristóteles faz do movimento um problema central em sua filosofia. As substâncias são seres em movimento, e Aristóteles propõe uma série de conceitos para explicá-lo. Em primeiro lugar, os de matéria e forma

A substância é um composto de de dois elementos: matéria (hyle) e forma (morphé), dos quais deriva o termo hilemorfismo para designar essa concepção. A matéria é aquilo do que uma coisa é feita, e a forma é o que faz com que algo seja o que é. Por exemplo, a matéria de uma mesa é a madeira, e a forma, a de mesa. Esses elementos não podem existir separados: a matéria sempre está informada por uma forma, e a forma informando a matéria. O importante aqui é destacar que a noção de forma não é equivalente à de ideia platônica - à maneira de um protótipo existente em um mundo à margem das coisas sensíveis, embora conectado necessariamente com elas. 

Potência e Ato

Semelhante à distinção entre matéria e forma é a de potência e ato, que Aristóteles utiliza para explicar a estrutura do movimento. A potência é a possibilidade de chegar a ser algo diferente, o ato é o que esse objeto é no presente. O movimento é a passagem da potência ao ato; é a atualização de uma forma que se encontrava em potência. Há uma estreita relação entre a matéria e a forma e a potência e o ato: a matéria é potência, pois nela estão as diferentes possibilidades do ser; a forma á ato. Ou seja, a matéria possui em potência a forma que depois possuirá em ato. 

Por meio desses complexos conceitos metafísicos, Aristóteles procura conciliar o grande problema do pensamento grego, ou seja, o caráter incompatível entre a permanência e a imutabilidade do ser exigido pela razão, e a experiência de uma realidade que é devir e que, em consequência, está sujeita à mudança e ao desaparecimento. 

O encaixe metafísico aristotélico traz um novo caminho de solução para esse dualismo, mediante uma explicação essencialmente dinâmica. O movimento é sempre o movimento de uma substância e, portanto, há algo que permanece na mudança: a própria substância, que é a que experimenta a mudança. O movimento era impossível desde Parmênides, porque era entendido como uma passagem do não-ser ao ser ou vice-versa, o que implicava contradição. Com Aristóteles, evita-se a contradição ao se conceber que uma substância experimenta a mudança na atualização de certas qualidades que tinha essa potência e que, portanto, já existiam.

A Noção de Causa

Em geral, entende-se por causa um acontecimento que provoca a existência de outro - estando esse outro implicado na existência do primeiro. Com a noção de causa, Aristóteles aborda outra dimensão da explicação do movimento.

São quatro as causas que determinam o movimento de um objeto: a causa material, a causa formal, a causa eficiente e a causa final. A causa material é a matéria, a causa formal é a forma, a causa eficiente é o agente do movimento e, por último, causa final é a finalidade do movimento - o para quê. Numa estátua, por exemplo, vemos que a primeira é a matéria de que ela é formada (bronze, mármore etc.), enquanto a segunda é a que gerou a forma concreta da estátua (um soldado, um magnata, um monarca etc.). No exemplo anterior, a causa eficiente é o cinzel com que o escultor esculpiu a estátua, enquanto a causa final constitui o objetivo que o artista buscou no momento de realizar sua obra. 

Deus: Motor Imóvel

Aristóteles não esclarece suficientemente a existência da matéria como entidade privada de qualquer forma. Em contrapartida, no entanto, defende com vigor a existência de uma forma pura privada de matéria. Essa forma pura é Deus. 

Deus é o primeiro motor imóvel, e Aristóteles argumenta da seguinte maneira. Tudo o que se move precisa de um motor (A é movido por B, esse por C, e assim sucessivamente). Mas é impossível que haja uma cadeia infinita na série dos motores e é preciso que haja um motor que seja o primeiro. E esse motor tem que ser imóvel, para não precisar, por sua vez, ser movido por algo e continuar assim até o infinito. Deus é, de acordo com a concepção aristotélica, o motor imóvel do Universo. Move sem ser movido porque ele é o fim, a causa final, de todos os movimentos; todos os seres do Universo aspiram à imobilidade e à perfeição divinas, embora, por certo, nunca as consigam. Deus não se "move" porque nele não há nenhuma potência que deva se transformar em ato. Em outras palavras: Deus é ato puro, forma sem matéria, e por isso mesmo perfeito, já que não tem nada a alcançar, já que o é em ato. Nesta imobilidade que constitui a sua perfeição, não cabe pensar que crie a matéria - o conceito de criação a partir do nada é alheio ao pensamento grego - nem que intervenha no mundo (imperfeito). Sua única atividade, se é que se pode falar nesses termos, é a atividade imaterial por excelência: o pensamento puro, mas não pensamento sobre outra coisa, e sim pensamento de si mesmo, autocontemplação. Nisso se encontra o gozo da felicidade eterna e é, para os humanos, o ideal perfeito e realizado do sábio. 

A Física

A física aristotélica não se refere ao estudo das leis do movimento e da matéria inanimada. Esse é um conceito atual da física. No sistema aristotélico, a física (ou filosofia natural ou mesmo filosofia da natureza) trata da "essência dos seres que possuem em si mesmos e enquanto tais o princípio de seu movimento". Ou seja, estuda tudo aquilo que tem um modo de ser que lhe é próprio (em contraposição à arte, por exemplo, ou ao que é convencional). Para Aristóteles, a natureza (physis) é "um princípio e uma causa de movimento e de repouso para a coisa na qual reside imediatamente por si e não por acidente". 

Na física aristotélica, podem-se distinguir cinco modos de ser: a terra, o fogo, a água, e o ar (que são os quatro elementos de Empédocles) e um quinto elemento ou quintessência, que é o éter. Os quatro primeiros se encontram no mundo sublunar; o último é o elemento próprio do mundo celeste. 

No mundo sublunar, os modos do ser que provêm dos quatro elementos são corruptíveis. Os seres celestes constituídos pelo éter são, em troca, incorruptíveis e com um movimento circular eternamente idêntico. A concepção aristotélica de que Céu e Terra têm naturezas diferentes marcará negativamente a evolução da física medieval e só será superada na ciência moderna. 

O Movimento

Para Aristóteles, o movimento ou devir se desenvolve em quatro tipos fundamentais (entendendo-se que em cada um deles se realiza a passagem da potência ao ato). O movimento substancial se refere à geração e corrupção de seres; o movimento qualitativo é a modificação das qualidades; o movimento quantitativo tem a ver com o aumento e a diminuição; e o movimento local constitui o movimento propriamente dito e se distingue, por sua vez, em movimento natural e movimento violento (artificial).

O movimento natural se subdivide, ainda, movimento para o alto ou para baixo e em movimento circular. O primeiro é característico do mundo sublunar: é imperfeito e ocorre na terra, no fogo, na água e no ar, quer dizer, entre os elementos que ao se misturarem dão lugar aos seres mutáveis, sujeitos à corrupção e à morte. O movimento circular em contrapartida, é geometricamente perfeito e corresponde aos astros: produz-se no éter, elemento eterno e incorruptível. 

Estas ideias da física aristotélica constituem a base de uma cosmologia que, posteriormente, será completada por Ptolomeu. Como isso se forma um modelo geocêntrico do Universo, que permanecerá praticamente inalterado até a revolução científica do século XVII.

A Psicologia Aristotélica

A alma, como princípio dos seres vivos, é estudada por Aristóteles não em sua obra metafísica, mas na parte destinada ao estudo da natureza, isto é, na física. 

Na psicologia aristotélica, distinguem-se três tipos de alma: a vegetativa, a sensitiva e a racional. São gradações que correspondem às plantas, aos animais e ao seres humanos - nos quais, por certo, as três se integram numa unidade indissolúvel. À alma racional corresponde o pensamento. No entanto, esse processo intelectivo que é próprio da alma racional só é concebível se existir um intelecto ativo. A alma, segundo Aristóteles, possui a capacidade de receber todas as formas. Ou seja, como intelecto, é potência, capacidade de conhecer as formas e, por isso, é ato capaz de atualizar essa potencialidade. 

Esse intelecto ativo foi interpretado na posteridade como o reduto da imortalidade da alma, como a parte eterna e incorruptível da alma humana. Os problemas que essa noção coloca, a respeito de ser ou não uma substância separada dos indivíduos, são algo que o próprio Aristóteles não deixou claro. 

A Lógica

Aristóteles foi o criador da lógica. É curioso que não inclua a lógica nem no compartimento das ciências teoréticas nem no das ciências práticas. Isto ocorre porque ele considera a lógica como um instrumento (Organon) que se deve adquirir antes de se adentrar em qualquer das ciências particulares. Primeiro, é preciso saber em que condições se dá o pensamento e qual é seu alcance. 

Na tradição socrática e platônica, Aristóteles defende que só existe ciência (episteme) do universal e necessário. Portanto, se queremos ter um conhecimento científico da realidade, quer dizer, das coisas particulares, o único procedimento válido é relacioná-las necessariamente com o universal: deduzir o particular do universal. É essa ligação, a do particular com o universal, que a lógica nos ajuda a esclarecer. 

A Categorias 

No vértice do universal se encontram alguns conceitos que já não podem derivar uns dos outros: são os gêneros supremos das coisas que constituem a base de todo o saber. Aristóteles denomina-os de categorias e chega a distinguir dez delas: substância ("homem", "cachorro"), quantidade ("três ou quatro palmos"), qualidade ("preto" ou "vermelho"), relação ("maior", "menor", "médio"), lugar ("na cidade", "no campo"), situação ("sentado", "deitado"), posse ou condição ("vestido", "armado"), ação ("corre", "luta") e paixão ("perturbado", "desgostoso"). 

O Julgamento 

Na lógica aristotélica, o julgamento é estudado como uma proposição, quer dizer, como afirmação ou negação de um predicado, acerca de determinado assunto. Uma proposição é simples ou composta conforme se possa decompor ou não em outras proposições. Os nomes e os verbos constituem as partes da proposição e não são nem verdadeiros nem falsos. Só o julgamento é verdadeiro ou falso. A verdade de uma proposição é dada por sua correspondência com a realidade, já que é nesta que se encontra a ligação ontológica que o julgamento gramaticalmente expressa. 

O Silogismo

Além do julgamento, há a doutrina do silogismo. Por silogismo, deve-se entender aquele "argumento no qual, estabelecidas certas coisas, resulta necessariamente delas, por serem o que são, outra coisa diferente das estabelecidas anteriormente".

Como raciocínio dedutivo, o silogismo contém uma conclusão necessariamente derivada das premissas. No exemplo clássico, a conclusão do julgamento "Sócrates é mortal" deriva das premissas: "Todos os homens são mortais" e "Sócrates é um homem". Curiosamente, no entanto, esse é um silogismo falso do ponto de vista lógico: não tem forma condicional ("Se todos os homens..."), nem as duas primeiras proposições estão ligadas por uma conjunção, nem todos os termos que introduz são universais ("Sócrates" é um termo singular". 

Na forma usada por Aristóteles, um silogismo correto é o que mantém o seguinte esquema: Se A é predicado (é verdadeiro) de todo B e B é predicado de todo C, então A é predicado (é verdadeiro) de todo C

Os Três Princípios da Lógica

O silogismo não leva à aquisição de uma nova verdade, já que a conclusão não deve conter nada que já não esteja contido nas premissas. No entanto, Aristóteles o considera um instrumento necessário, sempre e quando se baseia em dados reais recolhidos por meio de um processo de indução, que consiste na passagem do particular ao universal. Se os dados da conclusão são falsos, também será sua transformação em premissas de um silogismo. 

Para Aristóteles, qualquer conceito que passa a fazer parte de um silogismo se subordina ao que lhe considera os três princípios fundamentais da lógica: O princípio de identidade afirma que toda coisa é igual a si mesma (A=A). O princípio de não-contradição diz que é impossível que uma coisa seja e não seja ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto (A não pode ser B e não-B). O princípio do terceiro excluído enuncia que A resultará em B ou em não-B, estando excluída qualquer outra possibilidade. 

Estes três princípios são ao mesmo tempo lógicos e ontológicos, quer dizer, referem-se tanto à linguagem quanto ao ser. Aristóteles defende que constituem o ponto de confluência dos dois. 

A Filosofia Prática

Na divisão aristotélica do saber, a ética e a política se inscrevem na esfera da filosofia prática. Devido a isso, não têm a pretensão de ser exatas, uma vez que a exatidão só é próprio das disciplinas teoréticas. 

A ética é em Aristóteles, acima de tudo, uma ética do senso comum. Dela se disse que foi feita na medida do homem, porque sua exigência primordial é a de que a felicidade (eudaimonia), máximo bem a que é possível aspirar, deve ser alcançada nesta Terra. 

Virtudes - modos de comportamento que ocupam um exato meio-termo entre o excesso e a coerência - devem ajudar a atingir esse fim. Algumas têm um caráter prático, como a justiça, a prudência e a temperança: são as virtudes éticas propriamente ditas. Outras têm um caráter intelectual: são as virtudes dianoéticas, que emanam de uma atividade racional. 

Existe uma estreita ligação entre ética e política, já que não é possível alcançar a felicidade fora do limite da coletividade. O homem é um animal político (zoon politikon) e seu fundamento se encontra na família, no grupo, na cidade, ou no estado, conforme seja o grau de evolução da comunidade a que pertence. 

Contemporâneo como Sócrates e Platão da pólis, a cidade-estado grega, Aristóteles não se inclina tanto por uma forma concreta de governo (seja ela monárquica, aristocrática ou democrática), e sim pela organização racional da comunidade. Essa organização racional é dada pela Constituição. A Constituição transforma a coletividade em um organismo político no qual os cidadãos se vinculam racionalmente entre si por intermédio de leis. 

Poética

A Poética trata da tragédia e da epopeia, do ponto de vista da poiésis, ou produção de obras. Aristóteles afirma que a poesia é imitação (mimésis), embora não se trate de um simples decalque da realidade: nela se recria uma ação na qual se representa o que poderia ocorrer a cada um dos seres humanos. 

Aristóteles recusa a condenação platônica da arte e exalta seu valor como catarsis ou purificação das turbulentas paixões da alma: o espectador se liberta de suas paixões sentindo-as imaginariamente. (4)

(1) NOVA ENCICLOPÉDIA ILUSTRADA FOLHA. São Paulo: Folha, 1996.

(2) LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. 

(3) VÁRIOS COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.

(4) TEMÁTICA BARSA (Filosofia). Rio de Janeiro: Barsa Planeta, 2005. 

(5) 100 Maiores Pensadores da Humanidade (verificar o título correto)

Mais informação: http://sbgfilosofia.blogspot.com/2006/09/plato-e-aristteles.html

http://sbgfilosofia.blogspot.com/2008/06/tica-em-aristteles.html

http://sbgfilosofia.blogspot.com/2006/09/virtude-em-aristteles.html

http://sbgfilosofia.blogspot.com/2006/09/aristteles.html

http://sbgfilosofia.blogspot.com/2006/09/felicidade-em-aristteles.html

http://sbgfilosofia.blogspot.com/2008/06/tica-nicmaco.html

Pensamentos

"Deixe que cada um exercite a arte que conhece." (Aristóteles) 

"Devemos tratar nossos amigos como queremos que eles nos tratem." (Aristóteles) 

"A finalidade da arte é dar corpo à essência secreta das coisas, não copiar sua aparência." (Aristóteles) 

"Embora ambos Platão e a verdade nos sejam caros, o dever moral nos impõe preferir a verdade." (Aristóteles) 

"A felicidade é ter algo o que fazer, ter algo que amar e algo que esperar..." (Aristóteles) 

"Sê senhor da tua vontade e escravo da tua consciência." (Aristóteles) 

"O sábio procura a ausência de dor e não o prazer." (Aristóteles) 

"As pessoas dividem-se entre aquelas que poupam como se vivessem para sempre e aquelas que gastam como se fossem morrer amanhã." (Aristóteles)