Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu em Estagira, colônia greco-jônia, na península macedônica da Calcídia. Filho de Nicômaco, médico. Ainda criança, ficou órfão de pai e mãe. Quando contava 18 anos (367 a.C.) mudou-se para Atenas, o centro intelectual por excelência, e aí estudou 20 anos sob a orientação de Platão. Aos 50 anos de idade, abriu uma escola denominada de liceu, pela proximidade do tempo de Apolo Liceio. Foi tutor de Alexandre, o Grande. Anos depois, assim como Sócrates, foi acusado e condenado, mas fugiu para não permitir que Atenas pecasse duas vezes por causa da Filosofia. Os seus alunos chamavam-se Peripatéticos, quer porque tinham o costume de passear pelo jardim enquanto estudavam, quer porque o local fosse conhecido por Passeio (Peripatos). (GEPB)
A enciclopédia aristotélica distingue-se em quatro grupos:
1.º, os escritos e as doutrinas lógicas que servem de introdução geral a todo o sistema;
2.º, Filosofia especulativa, cujo fim é o verdadeiro supremo;
3.º, a Filosofia prática, cujo fim é a ação;
4.º, a Filosofia criativa ou poética, cujo objeto é o produto artístico.
A Filosofia especulativa compreende a Filosofia primeira, a Matemática e a Física; a Filosofia pratica distingue-se em Ética econômica e política; a Filosofia poética considera a arte e as formas específicas da Poesia e da Retórica.
O ponto básico da filosofia de Aristóteles é a sua divergência com relação à "Teoria das Ideias" de Platão. Ambos são realistas, mas Platão vê o seu realismo na "Teoria da Ideias", no mundo perfeito e imutável, no mundo das formas. Para Platão, o conceito já existe. O que temos que fazer é rememorá-lo. Aristóteles acha que o real é o sensível e que o conceito se forma pela abstração. Uma pessoa tem a forma de uma cadeira, outra pessoa tem outra forma de cadeira e uma terceira pessoa tem uma terceira forma de cadeira. Aristóteles pega todas as formas de cadeira, retira as diferenças e mantém o que é igual, formando o conceito cadeira, através de uma operação mental.
Platão estabeleceu os princípios da filosofia idealista, em que havia uma superioridade da razão. Com Aristóteles, o foco da atenção transfere-se para a experiência. Embora aluno de Platão, deste discordava fundamentalmente, chegando a ponto de dizer que ele era amigo de Platão, mas muito mais da verdade. O gênio de Aristóteles é, acima de tudo, ordenador, lógico. Uma de suas grandes ideias é a de classificação que permite agrupar os seres de acordo com suas semelhanças ou diferenças. Também se deve a ele a criação da lógica como disciplina própria.
Para Platão, conhecimento e justiça são inseparáveis, enquanto para Aristóteles esses valores estão apenas interligados.
A Lógica de Aristóteles. Baseada essencialmente no silogismo (fórmula de raciocínio constituída de duas premissas e uma conclusão). Por exemplo: "Alguns templos estão em ruínas"; "Todas as ruínas são fascinantes"; portanto, "Alguns templos são fascinantes". Baseado nessa estrutura simples, Aristóteles construiu um sistema complexo de regras lógicas que exerceu extrema influência e talvez tenha dominado muitas áreas do pensamento humano até a Idade Média. Foi por meio da lógica aristotélica que se estabeleceu a primazia da lógica dedutiva. ((Oliver, 1998)
A Metafísica de Aristóteles (compreensão filosófica da realidade) é, em essência, uma modificação da teoria das ideias de Platão. Seus dois principais aspectos mais importantes são a distinção entre o "universal" e a mera "substância" ou "forma particular" e a distinção entre as três substâncias diferentes que formam a realidade cada uma com sua essência fundamental. São elas: 1) o que é sensível e perecível (os animais e as plantas); 2) o que é sensível mas não-perecível (o homem, pois tem uma alma racional); 3) o que não é sensível nem perecível (Deus). (Oliver, 1998)
O Legado de Aristóteles. Como em Platão, seu legado é imenso, e sua influência ainda se faz sentir. O aspecto da filosofia de Aristóteles que teve mais impacto sobre as civilizações que se seguiram foi a metafísica. Até a Idade Média, sua lógica era o paradigma do saber científico, e traços de sua metafísica estão presentes ainda hoje na teologia católica. Na filosofia política, sua concepção de democracia serve de referência para as discussões contemporâneas. (Oliver, 1998)
Em seu Protreptikos [Discurso exortativo], escrito por volta do ano 350 a.C. — ou seja, no meio de seu período na Academia —, ele define o objetivo da filosofia como “teoria”, como puro conhecimento “teórico”, que contém em si próprio sua finalidade. Desse ponto de vista, o homem se realiza como ser racional e, no sentido da visão de ideias presente na Academia Platônica, transforma-se em “sábio”. (Zimmer, 2014)
"Deixe que cada um exercite a arte que conhece." (Aristóteles)
"Devemos tratar nossos amigos como queremos que eles nos tratem." (Aristóteles)
"A finalidade da arte é dar corpo à essência secreta das coisas, não copiar sua aparência." (Aristóteles)
"Embora ambos Platão e a verdade nos sejam caros, o dever moral nos impõe preferir a verdade." (Aristóteles)
"A felicidade é ter algo o que fazer, ter algo que amar e algo que esperar..." (Aristóteles)
"Sê senhor da tua vontade e escravo da tua consciência." (Aristóteles)
"O sábio procura a ausência de dor e não o prazer." (Aristóteles)
"As pessoas dividem-se entre aquelas que poupam como se vivessem para sempre e aquelas que gastam como se fossem morrer amanhã." (Aristóteles)
Fonte de Consulta
(GEPB) Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira
OLIVER, Martyn. História Ilustrada da Filosofia. Tradução de Adriano Toledo Piza. São Paulo: Editoria Manole, 1998.
ZIMMER, Robert. O Portal da filosofia: Uma Breve Leitura de Obras Fundamentais da Filosofia Volume 2. Tradução Rita de Cassia Machado e Karina Jannini. São Paulo: Martins Fontes, 2014.