As oficinas serão no formato presencial nos dias 06/08 e 07/08 de 2025, das 09:00h às 12:00h, na Universidade Federal do Pará - UFPA (Complexo Vadião, Campus Básico). Acontecerão concomitantes, logo os participantes terão que escolher somente uma das oficinas que pretende participar como ouvinte.
Se constituirão em espaços de debates e práticas sobre as temáticas e realidades que estão em torno das epistemologias feministas, como uma processo de aprendizagem, reflexão, socialização de experiências e sentimentos. Assim, são espaços para serem vivenciados em suas mais complexas e dinâmicas dimensões.
Os/as participantes devem ingressar com no mínimo 10 minutos de antecedência a fim de garantir o início das apresentações no horário previstos. A frequência será realizada mediante o preenchimento de formulário QR Code, disponibilizada ao final das apresentações pelos/as Coordenadores/as.
Oficinas
Autocuidado Como Resistência - Local: Teatro do Vadião
Coordenação: Patrícia Cordeiro Carneiro e Salete
A oficina convida mulheres ativistas da Amazônia a vivenciarem práticas de autocuidado como parte da luta. Através de yoga, meditação, respiração consciente e escuta ativa, vamos refletir sobre o cuidado do corpo e da mente como ferramenta de resistência política e preservação da vida. Inspirada na Agenda Mulher, Paz e Segurança, a proposta é criar um espaço de descanso, escuta e fortalecimento entre companheiras de caminhada.
Dança, Raíz e Ritmo: Aproximações Com as Danças Africanas - Local: Vadião Térreo
Coordenação: Jeannfer Nathali Leite Cristo, Lucia Isabel dos Santos e Maria Conceição dos Santos
A presente proposta de oficina surge a partir de minha experiência no mestrado sanduíche em Moçambique. Essa travessia transatlântica teve duração de oito meses e se deu por meio do Projeto Juventudes Culturas Marginalizadas e Agência: Diálogos Brasil-Moçambique e Educação Antirracista.
A minha investigação consiste na análise dos saberes locais na formação de professores e professoras de Educação Física em Moçambique, considerando o contexto de padronização curricular global. A pesquisa tem o intuito de contribuir para a transformação do currículo brasileiro no âmbito da Educação das Relações étnico-raciais, conforme estabelecido pelas leis 10.639/2003 e 11.645/2008.
A Lei 10.639/2003 estabelece a obrigatoriedade do ensino sobre a história e cultura afro-brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio, públicas e privadas e a Lei 11.645/2008 altera e complementa a Lei 10.639/2003, estabelecendo a obrigatoriedade de ensino também sobre a história e cultura indígena. No entanto, a ausência de obrigatoriedade nos currículos das instituições de ensino superior, contribui para a manutenção de uma visão de mundo eurocêntrica, perpetuando preconceitos e estereótipos raciais e fomentando uma atmosfera de intolerância cultural e religiosa.
Nesse prisma, a presente oficina vem ao encontro do contexto da Educação Antirracista que visa a transformação curricular. Desperta-se um novo olhar sobre o as práticas corporais do continente africano, confrontando a narrativa europeia de uma África "primitiva" e "sem conhecimento", nos possibilitando descobrir uma história que não foi contada ou foi contada de maneira errônea.
Dessa forma, a oficina intitulada "Dança, raíz e ritmo: aproximações com as danças africanas" surge com o intuito de apresentar a comunidade acadêmica e os movimentos sociais atividades teórico-práticas que visam a aproximação com as danças tradicionais do continente africano para a reflexão sobre as danças africanas e as memórias ancestrais e coletivas.
Para tal, apresentamos duas danças do continente africano: a Marabenta (dança típita de Moçambique, principalmente da região Sul) e Kwasa Kwasa (dança originada na República Democrática do Congo, disseminada por quase todo continente africano).
A metodologia utilizada na oficina será aos moldes da abordagem pedagógica crítico-superadora (Coletivo de Autores, 1992), considerando a dança como um conteúdo da cultural corporal construída coletivamente e acumulado historicamente pela humanidade e que deve ser repassado de geração em geração.
Ecopoéticas de Mulheres na Pan-Amazônia: Contexto e Produção de Saberes - Local: Capelinha
Coordenação: Cristiane de Mesquita Alves
As ecopoéticas de autoria feminina, apresentadas nesta oficina, são produções interliterárias elaboradas e publicadas no âmbito da ecoliteratura e no contexto das reivindicações do ecofeminismo, compreendido como uma das vertentes do movimento feminista que discute o pensamento ocidental do ponto de vista político e procura identificar as relações que há entre a mulher, a valorização da natureza e a ancestralidade como meios de preservação do meio ambiente e da sociedade – tal qual um modo de manutenção da própria vida. Essa corrente é baseada na recuperação do princípio feminino de Shiva (1991), o qual propôs reverter o quadro de violência e dominação masculinas contra a mulher e contra a natureza, buscando estabelecer formas criativas de ser e perceber o mundo. A partir desse princípio, esta oficina tem o objetivo de apresentar um debate em torno das ecopoéticas produzidas por mulheres da/na Pan-Amazônia no que se refere à temática da natureza como um organismo vivo, além de perceber a ocorrência da relação natureza-mulher em sua condição de produtora do conhecimento e sujeito ativo nas participações socioliterárias e socioambientais. Para tanto, essa atividade será organizada com base em uma metodologia bibliográfica e socialização de saberes (roda de conversa com participantes) acerca do conteúdo que será trabalhado, na realização de uma tarefa e sua culminância.
Informação e Comunicação: Estratégias Para o Empoderamento das Mulheres Amazônidas - Local: Hall da Reitoria
Coordenação: Ana Roberta Pinheiro Moura, Bruna Cristina Padilha Teixeira e Ildenê Freitas da Silva Mota
A oficina tem como objetivo promover o uso consciente da informação e da comunicação como ferramentas de fortalecimento pessoal e coletivo das mulheres.
A oficina está estruturada em três módulos:
Módulo 1 - apresenta orientações práticas sobre a navegação segura na internet, a escolha de buscadores e sites confiáveis e a importância da verificação da credibilidade das fontes, enfatizando a necessidade de habilidades de busca e uso de informações para construção de conhecimento, de forma ética, crítica e autônoma. O módulo ressalta a importância de respeitar os direitos autorais e de atribuir o devido crédito aos criadores dos conteúdos que utilizamos, seja em textos, vídeos ou imagens. Apresenta orientações sobre atribuição dos devidos créditos, reforçando que o reconhecimento e valorização do trabalho intelectual de outras pessoas demonstra atitude de respeito, ética e apreço. A compreensão do Marco Civil da Internet e das leis que regulam o uso de conteúdo online também faz parte do aprendizado, mostrando que liberdade de acesso não significa liberdade de uso indevido.
Módulo 2 - aborda estratégias de oratória e comunicação pessoal. A partir da “pirâmide do marketing pessoal”, são trabalhados aspectos como postura corporal, diálogo interno e visualização positiva, reforçando a importância da linguagem não verbal e da autoconfiança. Técnicas de modulação vocal – como as vozes de ouro, prata, bronze e veludo, que ajudam na adequação da fala a diferentes contextos, tornando a comunicação mais eficaz e expressiva.
Módulo 3 - discute o processo de “aprender a aprender”, incentivando o autoconhecimento, a identificação dos próprios objetivos e pontos fortes. Exercícios práticos que estimulam a expressão autêntica, naturalidade na fala e fortalecimento da autoestima.
Assim, a oficina propõe uma jornada de empoderamento através da informação, da ética e da comunicação consciente, promovendo a autonomia e a valorização da mulher em todos os espaços.
Coordenação: Mayara Christine Silva e Renata Aguiar
Oficina prático-teórica de perna de pau, pensada como brinquedo ancestral presente nas mais diversas culturas. Hoje, a brincadeira é ressignificada no carnaval, no boi bumba e como instrumento de empoderamento e luta a partir das Gigantes na Luta, coletivo de mulheres pernaltas ativo em diversos estados brasileiros desde 2018, quando se articulou nos atos “Ele não” que ocuparam as ruas nesse mesmo ano. Assim a oficina busca iniciar mulheres na perna de pau, apresentando os elementos técnicos básicos da brincadeira, assim como debater essa outra perspectiva deslocada a partir do bordão pernalta que exalta esse subir na vida!
Letramentos Críticos Ecofeministas: Possibilidades de Construções de Pedagogias Emancipatórias, Feministas e Decolonias a Partir do Ensino de Línguas - Local: Vadião 2º andar
Coordenação: Yasmim Pereira Yonekura
Esta oficina visa introduzir no âmbito teórico-prático algumas das principais questões sociais do ecofeminismo, da decolonialidade e da pedagogia emancipatória calcadas a partir do ensino de línguas. Segundo a pesquisadora Drielly Monteiro (2023), baseada em Irving e Herlin (2018), o "conjunto de problemáticas socioambientais que causam impactos, exploração, efeitos das mudanças climáticas sobretudo a grupos vulneráveis, como mulheres e povos historicamente marginalizados pela colonialidade (...)". Assim sendo, e considerando o contexto da pan-Amazônia e a realização da COP30 em Belém do Pará, os assuntos relacionados a justiça social, aspectos socioambientais e outros são fundantes para este momento. A educação, como sempre, deve tentar ter um papel político e de formação da pedagogia emancipatória (Freire, 1970) que além de possibilitar a construção de sujeitos críticos e politizados, também possam abordar as questões socioambientais da região Amazônica. Como pautado por teóricos da Linguístia Aplicada Crítica, tais quais Pennycook (2020) e Sabota (2024), o ensino de línguas tem de se engajar neste processo, visto que a aula de línguas é muito mais do que reprodução de gramática, mas um evento semiótico transformador e socialmente engajado. Assim, esta oficina buscará trabalhar estes temas nas perspectivas teóricas e em atividades práticas, assim como com uma ida a campo ao Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares para discussão com pesquisadores e discentes sobre vivências e enfrentamentos relacionadas à atuação nas águas, florestas, quilombos e outros territórios amazônicos.
O Feminismo Negro Popular de Carolina Maria de Jesus - Local: Barraca
Coordenação: Wellingta Josyane Siqueira Macêdo
A partir da obra da cantora, poetisa e escritora Carolina Maria de Jesus, apresentar o Feminismo Negro Popular da autora, discutindo a realidade das Mulheres Negras pobres, espelhadas em livros como "Quarto de Despejo".
Oficina Artevismo Construção de Zine Feministas – Identidades Amazônidas - Local: Barraca
Coordenação: Sabrina Figueiredo Sousa e Angélica Albuquerque da Silva
O Artevismo é a fusão de duas ações que são a Arte e o Ativismo, pensando a arte com algo que vai além da construção de arquétipos sociais e econômicos que está associado ao alto poder aquisitivo e as práticas de grandes galerias que propõe as suas obras valores que estão longe da realidade da maioria da população, tendo uma prática artística que se distancia da sociedade e a sua própria critica está limitada a este acesso. Pensando a partir de mulheres Amazônidas como protagonistas em que por sermos mulheres nosso corpo por si só um ser político nos espaços, e provoca inquietações de como estamos nesses espaços, e sob o demarcador Amazônidas como sujeitas que aqui semeiam seus seres compreendendo em nosso corpo também nossos territórios essa provocação busca criar essas narrativas em conjunto corpo e território por meio do artevismo. Com metodologia que ver por meio da educação popular feminista, e interseccionalidade e mistura múltiplas linguagens, usando as artes visuais, colagens, desenhos livres e literatura por meio de poesias livres para sua construção.
Oficina de Turbantes Como Prática Educacional Antirracista em Sala de Aula - Local: Vadião Térreo 2
Coordenação: Hortencia Keize Araújo Cardin
Com base na Lei 10.639/2003 que torna obrigatória a temática da “História Africana e Cultura Afro-Brasileira” no currículo oficial da Rede de Ensino e analisando o contexto educacional que pautou sua trajetória em um currículo com base em uma visão eurocêntrica de mundo, o que acarretou na reprodução de estereótipos acerca do continente africano e de seus descendentes. Dessa forma, a oficina de turbantes, será proposta como uma possibilidade de prática de educação antirracista em sala de aula. A partir da utilização de um acessório da indumentária de algumas etnias africanas é possível desenvolver estratégias de combate a visões estereotipadas e preconceituosas em sala de aula, uma vez que seja apresentada as formas como são utilizados, a história do acessório e o simbolismo que envolve a utilização da peça.
Oficina Quitembu: Escrita de Mulheres Negras - Local: Mirante do Rio
Coordenação: Ingridy Cristina De Jesus Ferreira e Marília Lisboa - Coletivo Gaya
A oficina oferece vivência as participantes buscando refletir sobre os silêncios que os atravessamentos de raça, classe, gênero e sexualidades, provocam nos corpos de meninas e mulheres negras amazônidas e como transforma-los em linguagem e ação, enquanto estratégia de resistência. Partimos, da leitura de textos de autoras negras como Audre Lorde, Bell Hooks e Conceição Evaristo, para uma reflexão-ação das opressões raciais e patriarcais e como construir espaços do cuidado e da troca de saberes e vivências para o enfretamento dessas opressões. Em seguida, (re)inventamos nossas escritas de resistência através da poética, da arte, do desenho, transformando nossas vivências em Ação para a salvaguarda da diversidade da vida e das maneiras de sentir e grafar o mundo, por meio da produção de uma Zine. Terá como metodologia os círculos de cultura a partir da Educação Popular.
Práticas Vivenciais de Biblioterapia: Terapia da Leitura, um Estudo de Caso em Ananindeua - Pará - Local: Mirante do Rio
Coordenação: Helenice Aparecida Carvalho Silva
A Vivência de Biblioterapia promove benefícios a partir de Histórias Terapêuticas que ajudam mulheres a partir de 30 anos aos 60 anos de idade que possuem algum tipo de transtorno socioemocional ou em situação de vulnerabilidade. Através da contação de uma História Terapêutica há um processo que envolve os aspectos da terapia do acolhimento. O método biblioterapêutico baseia-se em cinco componentes como, a identificação, a introjeção, a projeção, a introspecção e a catarse. Enquanto ouvimos, imaginamos, dialogamos, transpomos barreiras de vários sentidos e tensões alcançando a libertação.
Territórios de Afeto Como Tecnologias e Coletividades e Articulações - Local: Mirante do Rio
Coordenação: Sabrina Figueiredo Sousa e Angélica Albuquerque da Silva
Esta oficina propõe fortalecer, multiplicar, e semear afetos e multiplicadoras. Pensar como somos agentes de cuidado e muitas vezes não somos o sujeito das ações, das mais variadas fontes como corpo político, criando um espaço se segurança para nossas vulnerabilidades por e para mulheres da Amazônia. Combinando práticas ancestrais de encontros, escuta ativa e tecnologias sociais. Através de metodologias participativas, a oficina visa o cuidado individual e o fortalecimento de coletividades como pôr em uma prática coletiva de resistência de nossas existências. Territórios de afeto então se dá por pensar as mulheres não somente como sujeitos que cuidam, mas que podem partilhar e reforçar afetos por meio de nossas redes e articulações, permitindo que o cuidado seja também as que menos tem acesso a esse cuidado seja individual, seja coletivo, tendo seus direitos de acesso muitas vezes negado, sendo ainda em Belém/PA um quadro alarmante quanto ao tempo dedicado ao trabalho, cerca de 12h de trabalho sendo esses remunerados ou não.