Detalhes

3. Memória social e identidades transculturais. A lusofonia enquanto olhar pós-colonial num percurso difícil afetado pelo luso tropicalismo e pela 'portugalidade'. Ranço colonial ou possibilidade intercultural? (Vítor de Sousa, 31.7.2020 - 9:30)

Este projeto pretende desenvolver, ainda que de forma breve, a interação de Portugal com os países africanos de língua oficial portuguesa, que têm um passado colonial comum – consubstanciado na ideia de lusofonia -, que passa por uma abordagem da problemática da memória social e das identidades transculturais. A partir de um cenário assente no diálogo intercultural, através da descolonização mental/do conhecimento, propõem-se como pontos de observação a forma de como os museus representam o “outro” (o ex-colono), enquadrando toda a retórica subjacente na lógica que preside ao ensino da História de Portugal, bem como nas questões da memória representada na estatuária pública.

16. Rotas Índicas: cruzamentos e arquitecturas em terras de Zanzibar (Maria Manuel Oliveira, 21.9.2020 - 9:30)

Inscrita na Lista do Património Mundial em 2000, Stone Town, localizada na antiga península de Shangani, é o centro histórico da capital de Zanzibar. É uma das cidades que mais expressivamente representa o universo urbano suaíli, que se dissemina ao longo da costa leste africana entre Mogadíscio, na Somália, e Sofala, em Moçambique, incluindo as ilhas Lamu e Pate, Pemba, Zanzibar, Máfia, Kilwa, Comores, Ibo e, ainda, a Ilha de Moçambique.

Materializando um processo de confluência, justaposição e miscigenação das culturas bantu, shirazi, árabe e indiana, esta cosmopolita cidade foi o principal entreposto de uma importante rota comercial do Oceano Índico. Tendo-se desenvolvido como vila de pescadores no século XII, estabeleceu contacto com o Ocidente desde a primeira viagem de Vasco da Gama (os portugueses estiveram em Zanzibar de 1499 a 1698, data em que foi conquistada pelo Sultanato de Omã), assistiu a um grande crescimento urbano no século 19 graças ao crescimento produtivo e comercial da ilha. Capital do sultanato de Omã a partir de 1841, Stone Town foi depois protectorado britânico entre 1890 e 1963, quando se tornou independente. Com a Revolução de 1964 e a chegada de um forte contingente de população rural, a cidade viu o seu tecido social profundamente alterado e, consequentemente, alterada também a forma como os edifícios eram usados​​.

Não tendo sido submetida a intervenções urbanísticas significativas durante o período colonial, Stone Town continua sendo uma cidade densa, complexa e, no entanto, coerente, recortada por uma miríade de ruas estreitas e sinuosas. O seu tecido urbano, organizado em bairros com grande significado social e topológico, consiste em cerca de 2.000 edifícios que utilizam técnicas tradicionais de construção, recorrendo a pedras de coral, argamassas de cal e varas de mangal. Esses edifícios são geralmente classificados em três tipos, identificados nos estudos de arquitetura: o tipo árabe, o tipo indiano e o tipo suaíli.

Mas muitas destas construções sofrem uma deterioração progressiva e são comuns os colapsos, com perdas irrecuperáveis de vidas humanas e de património. As lacunas criadas pela ruína desses prédios no coração da cidade também levantam questões sobre o destino e a arquitectura dos edifícios que os substituirão, hoje em dia determinados, de uma maneira geral, pela voragem turística.

Parece, portanto, indispensável considerar criticamente os critérios que deverão orientar a construção nova: genius loci, linguagem arquitectónica, relação com o espaço público e técnicas de construção, são temas em debate. Mas esta discussão só adquire pleno sentido se contextualizada, confrontando as opções de natureza técnica e económica com as comunidades residentes, formas de vida, memória coletiva e contemporaneidade, que sabemos categorias abertas a múltiplas e diversas interpretações. No cerne dessa abordagem será fundamental não cair na amnésia que destrói a identidade, ou num historicismo anacrónico que produz pastiches orientados ao consumo voyeur e narcísico.


17. Geopolítica de África (José Palmeira, 23.9.2020 - 9:30)

Esta discussão trata o mosaico geopolítico africano, constituído por várias organizações regionais, e também a problemática da União Africana, as relações euro-africanas, a ação da organização da Francofonia, da Commonwealth e da CPLP, mas também a influência chinesa e norte-americana, e os aspetos mais sensíveis da segurança, como os que se referem à região dos Grandes Lagos.

- Diversidade étnica, religiosa e regional;

- Os “grandes espaços” regionais e a União Africana;

- Zonas de conflito;

- Cooperação internacional.