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Módulo I - Parte II

Tema: O tempo da palavra demorada

Nos dias que correm e é sempre importante salientá-lo, não é só a informação que corre a uma velocidade estonteante. Paralelamente a esta panóplia de veículos de divulgação mediática decorre uma incompreensão alucinante da descodificação dessa mesma informação. Cada vez mais vemos e não questionamos. Desconhecendo toda a extensão da língua que usamos diariamente reduzimos o nosso espaço sensorial a apenas um sentido, o olhar. O olhar torna-se assim no único leitor da linguagem diária, a do marketing e da publicidade. Exilamos a riqueza da língua para um compartimento onde nem a memória tem ordem de entrar.

Jorge Serafim
Dias 17, 24 e 31 de março de 2022


Ao fazermos da língua um vago acessório e não o grande veículo de comunicação entre os cidadãos não nos damos conta de que estamos a matar o tempo que devemos dedicar a uns e a outros. Falar pressupõe ouvir. Ouvir pressupõe atenção, concentração. Falar e ouvir, escutar e dialogar são as duas condições necessárias para a compreensão do Outro. Significa que será nas diferenças que nos aceitamos. A compreensão necessita de sentidos despertos, permanentemente activos. Que despertam atitudes de reflexão permanente e de constante interrogação sobre o meio que nos rodeia.

Contar é o acto de apagar fronteiras. De separar o que importa do que não. Talvez o contador de histórias seja o último reduto da utopia. O homem que pela palavra encontra semelhanças que diluem as ignorâncias invasivas.

Conteúdo programático:

  • Em nós o simbolismo dos contos de tradição oral, exercícios;

  • Técnicas de narração, corpo, voz, espaço e contexto;

  • Mediação leitora, o livro como suporte e ferramenta;

  • O narrador enquanto leitor do publico que o escuta;

  • Ferramentas para chegar ao ouvinte.

Conto para que as palavras regressem a casa mais cedo. Para que entre
nós deixem de haver vazios difíceis de habitar. Como as aves rumo a
um sul à espera de existir. Conto para dar sentido aos passos que faço.
Para reaprender a amar todas as ruas que percorro e entender todas as
gentes que encontro. Conto para afagar silêncios fundos e afagar tristezas
demoradas... Não peço mais silêncio do que este.

Jorge Serafim


Jorge Serafim é autor/contador de histórias. Foi funcionário da Bibilioteca Municipal de Beja durante 11 anos no sector infanto-juvenil, desenvolvendo funções na área da narração oral e na da mediação do livro e da leitura.

Como narrador de contos tradicionais e promotor do livro e da leitura, actividade que vem exercendo já lá vão aproximadamente 25 anos, destaca as enumeras escolas, bibliotecas públicas e municipais, prisões, centros de dia, festivais de teatro, feiras do livro, centros culturais, que vem percorrendo de norte a sul do país levando a arte milenar da palavra nua e crua e ao mesmo tempo imaginária deliciosa e doce a quem a queira ouvir. A salientar também as oficinas de mediação de narração oral e mediação de leitura que tem efectuado para as Associações de Pais, Professores e educadores e seminários subordinados à mediação de leitura.

Destaca enquanto contador de histórias a participação na: Feira do livro de Buenos Aires, Cabo Verde (Ilha de Santiago e São Vicente), Luxemburgo, Suíça, Estados Unidos, Festival de Cuentos por La Paz em Montevideu, Festival de Cuentos Los Silos em Tenerife.

A convite do Instituto Português do Oriente, duas deslocações a Macau. É membro do grupo musical “Tais Quais”, conjuntamente com grandes nomes da música portuguesa: Tim, João Gil, Vitorino, Vicente Palma, Paulo Ribeiro, Celina da Piedade, Sebastião Santos.

Autor de vários titulos:
• “O Corvo Branco”, teatro para a infância
• “O amor é solúvel na água”, teatro
• “A.Ventura”, poesia, edição de autor
• “A Sul de Ti”, poesia, edição de autor
• “Estórias do Serafim”, humor , texto editores
• “Sonhar ao Longe”, infantil, edições OPERAOMNIA
• “A Minha Boca Parece um Deserto”, infantil- juvenil, edição de autor
• “Não há seda nas lembranças “, romance, Âncora Editora 2015
• “O Afinador de Memórias”,infanto- juvenil, texto e ilustração, Jorge Serafim edição de autor 2017
• “Amar à Vista”, infanto-juvenil, texto e ilustração Jorge Serafim

Como humorista/Stand Up Comediant, tornou-se conhecido do grande público devido à sua participação regular em programas de televisão dos quais, há a destacar: Levanta-te Ri no canal SIC, Fátima Lopes no canal SIC, Sempre em pé na RTP2, Sexta à Noite na RTP1, Portugal Sem Fronteiras na SIC Internacional, Portugal no Coração na RTP1.

Define-se como um esmerado cozinheiro nas artes da boa-disposição. Narrador de histórias rocambolescas onde habitam personagens caricatas em situações que nem lembram ao diabo, gosta de as temperar com uma pitada de absurdo e mais duas de imprevisto. Depois de a elas lhes tomar o gosto, refoga-as com muita sátira aos bons, maus e piores costumes, não se lhe escapando nada nem ninguém pelo buraco de uma agulha. Arremata o suculento cozinhado com um polvilhado de Stand Up Comedy.

Como Artista Plástico realizou exposições com o livro “ O Afinador de Memórias” texto e ilustrações de sua autoria, edição de autor em 2017, nas seguintes bibliotecas:

• Biblioteca Municipal De Beja - José Saramago
• Bilioteca Municipal de Sever do Vouga
• Biblioteca Municipal de Ferreira do Alentejo
• Biblioteca Municipal de Ílhavo
• Feira do livro de Mértola
• Biblioteca Municipal do Barreiro
• Biblioteca Municipal da Sertã - Maratona de Leitura

Em 2020, integrou a 40a mostra Internacional de pintura NAIF da galeria de Arte do Casino do Estoril.