👊 Empreendedorismo de Impacto

Empreendedorismo de Impacto é uma Liga Acadêmica que agrega dois principais conceitos: Empreendedorismo social e Negócio de impacto. O vídeo abaixo traz a discussão de ambos os conceitos e na sequência é apresentada a fundamentação teórica.

Os negócios de impacto surgem como uma tentativa de capitalismo mais inclusivo. Se por um lado o capitalismo trouxe sociedade avanços sociais e melhoria nas condições de vida. Por outro, concentrou renda e, consequentemente, aumentou a vulnerabilidade de uma grande parcela da sociedade. Soluções que não dependam exclusivamente do governo tornam-se importantes e necessárias. Neste contexto, os negócios de impacto podem ser vistos como uma dessas possibilidades de solução e são tendência para se repensar e influenciar a forma que se faz negócios (BARKI, 2015).


Negócios Sociais

O conceito de negócios sociais tem sua origem com a criação do Grameen Bank, em Bangladesh, pelo economista Muhammad Yunus, na década de 1970. O Gramenn Bank oferece microcrédito, prioritariamente para mulheres pobres, a custos inferiores aos praticados por agiotas desta forma elas têm acesso a produtos e serviços que permitem o rompimento com as condições de pobreza. Essa iniciativa social mostrou-se lucrativa com uma taxa de retorno superior aos alcançados pelos bancos tradicionais (YUNUS, 2010).

Sob o ponto de vista europeu o foco está na população marginalizada, assim os negócios sociais são mais vinculados ao conceito de cooperativas e são vistos como uma complementação dos serviços públicos. Na perspectiva norte-americana o negócio social é uma empresa com foco social, uma unidade de negócio de empresa comercial, que está vinculado às estratégias para a população da base da pirâmide. Nos países em desenvolvimento o foco está na redução da pobreza e na inclusão social, sendo tratados mais como negócios inclusivos. Na América Latina não há uma preocupação em distinguir os conceitos de negócios sociais e negócios inclusivos (PETRINI; SCHERER; BACK, 2016).


Negócios de Impacto

Com base em Scherer (2014) apresentam-se os conceitos a seguir, para, na sequência tratar de negócios de impacto:

- Negócios para a base da pirâmide oferecem produtos ou serviços que possam ser vendidos à população da baixa renda, visam lucro e distribuem os dividendos;

- Empreendedorismo social soluciona problemas ligados à pobreza (educação, saúde, habitação ou serviços financeiros), ao meio ambiente e aos portadores de necessidades especiais, não se tem um público específico de cliente e pode ser pode haver ou não a distribuição de dividendos;

- Negócio social também soluciona problemas ligados à pobreza (educação, saúde, habitação ou serviços financeiros), ao meio ambiente e aos portadores de necessidades especiais. Porém, no negócio social o principal cliente é o de baixa renda e não se visa lucro;

- Negócio inclusivo oferece qualquer produto ou serviço, desde que inclua a população de baixa renda no processo de produção, fornecimento ou distribuição, pode atender qualquer cliente, visa lucro e pode ou não distribuir os dividendos.


Para a Artemisia (2015, p. 101) os negócios de impacto social são organizações “[...] que oferecem, de forma intencional, soluções escaláveis para problemas sociais da população de baixa renda”, diante desse conceito são elencadas algumas principais características, tais como: foco na baixa renda; intencionalidade (missão explícita); potencial de escala; rentabilidade; impacto social relacionado à atividade principal e pode haver distribuição ou não de dividendos.

Em outras palavras, de acordo com Petrini, Scherer e Back (2016, p. 212), são “[...] organizações que visam solucionar demandas relacionadas a problemas sociais, seja ofertando produtos e serviços, seja incluindo indivíduos ou grupos. Essas organizações devem promover sua própria sustentabilidade financeira, sendo facultativa a distribuição de lucros”.

Para a Força Tarefa de Finanças Sociais (2015, p. 4-5) a expressão “Negócio de Impacto” é a simplificação de “Negócio de Impacto Social e/ou Ambiental”, e entendem que os “Negócios de Impacto são empreendimentos que têm a missão explícita de gerar impacto socioambiental ao mesmo tempo em que produzem resultado financeiro positivo de forma sustentável”.


Segundo Artemisia (2015) os negócios podem gerar impacto social de cinco formas:

1) Diminuindo os custos de transação, de forma a diminuir/eliminar barreiras de acesso a bens e serviços essenciais;

2) Reduzindo as condições de vulnerabilidade oferecendo produtos/serviços que facilitem a proteção dos bens conquistados e a antecipação ou prevenção de riscos futuros;

3) Ampliando as possibilidades de aumento de renda atuando no aumento das oportunidades ou melhoria das condições de trabalho;

4) Promovendo as oportunidades para que pessoas de baixa renda fortaleçam seu capital humano e social; e,

5) Contribuindo para o fortalecimento da cidadania por meio de produtos/serviços essenciais para uma qualidade de vida digna.


Referências:

ARTEMISIA. Negócios de impacto social no Brasil. In: SANTANTA, Ana Lúcia Jansen de Mello de; SOUZA, Leandro Marins de. (orgs). Empreendedorismo com foco em negócios sociais. Curitiba: NITS UFPR, 2015.

BARKI, Edgard. Negócios de impacto: tendência ou modismo? GV-executivo, v. 14, n. 1, jan./jun., 2015. p. 14-17.

FORÇA TAREFA NEGÓCIOS SOCIAIS. Carta de princípios para negócios de impacto no Brasil, Abril de 2015. Disponível em: < http://ice.org.br/wp-content/uploads/pdfs/Carta_Principios.pdf>. Acesso em 11 de nov. 2016.

PETRINI, Maira; SCHERER, Patrícia; BACK, Léa. Modelo de negócios com impacto social. RAE, São Paulo, v. 56, n. 2, mar./abr., 2016. p. 209-225.

SCHERER, Patricia Cristina. Entendendo os negócios com impacto social: uma análise dos elementos constituintes do modelo de negócio. 114f. 2014. Dissertação (Mestrado em Administração de Empresas)– Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS, Porto Alegre, 2014.

YUNUS, Muhammad. Criando um negócio social: como iniciativas economicamente viáveis podem solucionar os grandes problemas da sociedade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

Veja as demais seções no alto da página e os documentos sobre a temática abaixo.

Modelo_C.01.pdf
Lições-da-Prática.pdf
FTFS-Relatório2017.pdf
FTFS-Relatorio_2016.pdf
Guia_2_5_InstitutoQuintessa_Outubro2015.pdf
Inovacao_Social.pdf
ICE_MOVE-metricas_negocios_impacto_social.pdf
FTFS-Mapeamento_Intermediarios.pdf
FIIMP-Nossa_jornada_de_aprendizado_em_Finanças_Sociais_e_Negócios_de_Impacto.pdf
FTFS-Guia_gestores_municipais.pdf
FTFS-Carta_Principios.pdf
FTFS-FormatosLegais.pdf