Uma fábrica para o Brasil: anos de 1930 e 1940

Seção de Contabilidade em 1940. Acervo: AHMJSA.

Nos anos de 1930 a firma de Abramo Eberle orgulhava-se, nas suas publicações oficiais, de ser uma referência de organização empresarial, conhecida por sua metodologia de trabalho, relações de trabalho e benefícios concedidos aos trabalhadores. Na mesma década algumas ampliações no seu parque industrial ocorrem, sendo concentradas no quarteirão entre as ruas Sinimbu e Os Dezoito do Forte, no centro da cidade, e são intensificadas na década seguinte, a partir do início dos anos de 1940. Essas ampliações ocorreram devido ao aumento da produção, no contexto da Segunda Guerra Mundial.

A conflagração do conflito mundial (entre 1939-1945), inaugurou uma nova etapa na Metalúrgica. O período marcou uma mudança econômica importante no Brasil, com a substituição das importações diante do conflito mundial, e o desenvolvimento da indústria nacional. Nesse ambiente histórico, a firma passou a produzir motores elétricos próprios para as suas instalações. A qualidade dos produtos, desenvolvido pelos seus trabalhadores, logo permitiu a fabricação de motores em grande escala, e garantiu uma parcela importante do mercado.

Matérias-prima no Depósito da Fábrica 1, localizada no Centro, no ano de 1940. Acervo: AHMJSA.


No ano de 1942, o Brasil se somava aos Aliados, ingressando na guerra contra o Eixo fascista. Nesse mesmo ano, Getúlio Vargas promulgou o decreto-lei n.º 11.087, que declarava de interesse militar dezenove estabelecimentos fabris nacionais, sendo um destes a Metalúrgica Abramo Eberle, de Caxias do Sul. A partir da data do decreto, a empresa passou a fornecer espadas, espadins e sabres para a Força Expedicionária Brasileira (FEB). No final do conflito, às vésperas do seu 50º aniversário de fundação, o faturamento da empresa havia duplicado, e a década seguinte foi marcada pela construção de uma nova unidade fabril, para receber duas grandes seções da fábrica: a de produção de máquinas e a fundição de metais não ferrosos, ampliando-se concomitantemente outras seções auxiliares de produção ou administrativas.

Embarque de espadas produzidas pela Metalúrgica Abramo Eberle para o Exército Nacional. Década de 1940. Imagem extraída de Franco (1946) .

Em 13 de janeiro de 1945, faleceu Abramo Eberle. Fotografias do cortejo fúnebre mostram centenas (talvez, milhares) de pessoas acompanhando o féretro pelas ruas da cidade até o jazigo da família, no Cemitério Público Municipal.

Anos mais tarde à morte do industrialista, na inauguração do novo e moderno prédio da Metalúrgica Abramo Eberle no centro da cidade, foi construída uma réplica, em escala menor, da primitiva oficina de funilaria onde a fábrica havia iniciado. O cargo de diretor da empresa ficou sob a responsabilidade do filho mais velho de Abramo, José Abramo Eberle, também conhecido como Beppin, que havia sido preparado pelo pai para a função, passando por estágios dentro da empresa e fora, tendo estudado na Alemanha. Beppin ficou menos de uma década na direção da fábrica, pois faleceu em 1953. O irmão mais novo, Júlio João Eberle, então assumiu a empresa.

Cerimônia fúnebre de Abramo Eberle no Cemitério Público de Caxias do Sul em 1945. Autoria: Studio Geremia. Acervo: AHMJSA.

As construções que sediaram a Metalúrgica Abramo Eberle no seu início. O casebre ao de um pavimento é que o inspirou a réplica que hoje está sobre o edifício localizado na Rua Sinumbu. Acervo: AHMJSA
Júlio João Eberle (à esquerda) e José Abramo Eberle (o Beppin) no interior da Metalúrgica Abramo Eberle, em 1941. Acervo: AHMJSA.

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