A Fábrica 2: Maesa

Após a Segunda Guerra Mundial, o crescimento da empresa foi significativo, tendo como maior exemplo a construção de uma nova unidade fabril, a Fundição e Máquinas, localizada no Bairro Exposição.

Na década de 1940, a Metalúrgica Abramo Eberle recebia alguns visitantes "ilustres" (autoridades políticas, religiosas e militares), e usava as impressões destes para construir e fortalecer a imagem de uma grande empresa. Por exemplo, o embaixador do Canadá registrou que a Eberle constituía-se em "uma grande empresa industrial, que honrava o espírito e a iniciativa do povo de Caxias". O embaixador dos Estados Unidos destacou que o desenvolvimento industrial por ele observado após a visita já permitia ao Brasil "produzir qualquer coisa", exemplificando pelos motores "de tecnologia avançada" da Eberle. Já o adido militar da Embaixada Britânica no Brasil teria registrado que, mesmo sendo um "inglês de poucas palavras", poderia escrever um livro sobre a "força fantástica que a fábrica estava fazendo para o Brasil".

Esse crescimento da empresa nos anos de 1940 tem expressão na construção de uma nova unidade da fábrica, ampliando significativamente o seu parque industrial. A partir de 1945, a Eberle inicia a construção da Fábrica 2, para receber a unidade de produção de máquinas. Os dois primeiros pavilhões são concluídos em 1948, mesmo ano em em que a empresa altera o seu contrato social, passando de sociedade limitada para sociedade anônima, e transformando-se na Maesa (Metalúrgica Abramo Eberle Sociedade Anônima). A nova denominação ficou registrada no alto do primeiro pavilhão da Fábrica 2, tornando conhecido pela sigla todo o complexo industrial localizado no atual bairro Exposição.

A escolha do local para a nova unidade da fábrica se deu em razão da saturação do Centro da cidade, onde estava a Fábrica Matriz, além de ter sido observada a proximidade com a Rodovia BR-116, facilitando o escoamento da produção.

Construção da Fábrica 2 [entre 1945 e 1948]. Autoria: Studio Geremia. Acervo: AHMJSA.
Fábrica 2 da Metalúrgica Abramo Eberle S/A (Maesa) nos anos de 1950. Acervo: AHMJSA.

A ampliação da Fábrica 2, com novos pavilhões, foi constante nas décadas de 1950 e 1960. Em 1951 foi inaugurado o pavilhão para receber a Seção de Fundição de Metais não Ferrosos, e outras seções derivadas desta também são instaladas no local, como a Seção de Talheres, Botões de Pressão e Artigos para Decoração, entre 1956 e 1957. Nas fotografias mais abaixo, é possível perceber a ampliação da empresa, que passa a ocupar uma grande área equivalente a três quarteirões, sendo hoje constituída por uma área de aproximadamente 53 mil metros quadrados. Em 1965, a Eberle iniciou a construção da sua terceira unidade fabril, a Fábrica de Motores Elétricos, localizada no Bairro São Ciro. Com o tempo, adequando-se à produção e necessidades de espaço, outras seções foram transferidas para ou instaladas nos locais e, aos poucos, a unidade 1, no Centro, foi sendo desativada.

Construção da Fábrica 2 - Fundição e Máquinas. Autoria: Studio Geremia. Acervo: AHMJSA.
Interior da unidade 2 da Maesa. Acervo: AHMJSA.

A evolução do parque fabril da Eberle, até o ano de 1954, é exibida em uma montagem produzida pela própria empresa, destacando a primitiva construção de madeira onde a funilaria teve início, e as duas unidades que ficaram conhecidas como Fábrica 1 - Matriz e Fábrica 2 - Fundição e Máquinas. O prédio do Centro, principalmente a construção com fachada para a rua Sinimbu, tem estilo modernista, com influência do Art Déco, configurando-se em um exemplar que chama a atenção pela sua imponência (o que relaciona-se com o desejo de memória da própria empresa). Já as unidades do bairro Exposição, os primeiros pavilhões seguem um padrão manchesteriano de arquitetura industrial, sendo os tijolos aparentes uma das características mais marcantes. Em razão desses valores construtivos e arquitetônicos é que ambos os complexos fabris encontram-se tombados como patrimônio histórico da cidade. Mas outros valores também estão expressos nessas construções, como a pertinência que ambos possuem para a memória coletiva das pessoas que por lá se constituíram como trabalhadores e trabalhadoras.

Evolução dos prédios da Metalúrgica Abramo Eberle. Acervo: AHMJSA.
Vista Seção de Moldagem Manual , observando-se a ponte rolante, com a capacidade de 10 toneladas. Fábrica 2 -Fundição da Maesa. Acervo: AHMJSA.
Fábrica 2 - Fundição da Maesa. Acervo: AHMJSA.
Vista aérea do Bairro Exposição, observando-se, ao centro da imagem, a Fábrica 2 da Maesa.
Interior da Maesa em fotografia de 1957. Autoria: Studio Geremia. Acervo: AHMJSA.
Vista da Fundição da Maesa na década de 1960. Autoria: Mauro De Blanco. Acervo: AHMJSA.
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