A criação de calçadas e ciclovias, com trajetos adequados a equipamentos urbanos relevantes tem grande contribuição para o desenvolvimento urbano das cidades. O Parque da Cidade Sarah Kubitschek faz parte da malha rodoviária do distrito federal, interligando diversas vias arteriais de suma importância para o tráfego entre diferentes localidades do DF e vias que levam ao entorno da cidade. Logo, observa-se o parque como um articulador da mobilidade no distrito federal.
Entretanto, o parque não está conectado ao sistema de calçadas e ciclovias da cidade na mesma proporção em que estão as rodovias. O Sudoeste, bairro que faz fronteira com o parque em grande parte de sua extensão, não possui uma transposição adequada para pedestres e ciclistas entre as calçadas internas do bairro e os passeios do parque.
Um exemplo brasileiro memorável de facilitação de acesso a um parque é a passarela Paulo Bittencourt, de acesso ao Parque do Flamengo, uma estrutura que permite confortável circulação para pedestres e ciclistas, que transpõe a Avenida Infante Dom Henrique. Nessa passarela, observa-se uma inclinação favorável, que não exige do pedestre a transposição de grandes alturas para atravessá-la. Esse princípio serve de guia para a situação em questão, em que uma passagem faz-se necessária para transpor a via EPIG, entre o lado adjacente ao sudoeste, e o lado fronteiriço ao parque.
O acesso ao Parque do Flamengo é facilitado em diversos outros trechos da via, confirmando e reforçando essa conexão entre o bairro e o parque. Assim, promove-se a valorização desse parque como equipamento urbano relevante para a cidade do Rio de Janeiro.
A Secretaria de Estado de Obras e Infraestrutura do Distrito Federal, apresenta os empreendimentos realizados na via EPIG como um investimento de 160 milhões no mais moderno corredor viário do DF. É característica da cidade de Brasília ser uma cidade rodoviarista, em que milhares de pessoas se deslocam de cidades satélites ou do entorno em direção às regiões centrais. No momento em que essas rodovias adentram regiões em que há alto tráfego de pedestres, não há uma adaptação adequada entre a escala da rodovia e uma escala adaptada ao pedestre em termos de caminhabilidade.
O projeto do Parque Sarah Kubitschek é de autoria de Roberto Burle Marx, estando inserido no Plano Piloto de Brasília e representando grandes proporções em relação à dimensão total da cidade. O Parque da Cidade insere-se, portanto, na característica de parque urbano, de acordo com a definição de Rosa Grena Kliass, um espaço com dimensões significativas e predominância de elementos naturais, principalmente cobertura vegetal, destinado ao lazer. O parque possui um programa extenso, com atividades voltadas ao esporte, lazer, contemplação, comércio e a ser, de diversas formas, um espaço a ser ocupado pela população.
O Sudoeste é um bairro com população de aproximadamente 54.559 moradores (Agência Brasília, 2022). Além disso, há, no sudoeste, pontos de parada do BRT, conectando o bairro e a cidade com localidades do entorno do Distrito Federal. Logo, projetar uma travessia adequada entre esses pontos estratégicos democratiza e incentiva a utilização do parque pela população.