QUANTO AO FUTURO...

"Impacientes do presente, inimigos do passado e privados do futuro, parecíamo-nos, assim, bastante com aqueles que a justiça ou o ódio humanos fazem viver atrás das grades". (Albert Camus)

A lição ou o lapso

por Amanda Baptista

Estou indo visitar uma tia que mora perto daqui de casa para levar alguns produtos do supermercado. Mas quando a vejo, não sei se para a cumprimentar eu estendo a mão, dou um abraço, estendo o cotovelo ou fico afastado. Estou confuso porque estou tomando os cuidados necessários, mas não sei se me infectei e estou assintomático, ou mesmo se ela está sendo responsável em relação à doença. Será que quando a pandemia acabar, a gente ainda vai estar com esse mesmo receio de simplesmente cumprimentar as pessoas?

No fim a abraço por impulso. Ainda estamos do lado de fora da casa, ela com uma camisa de cor vermelha que fica mais e mais forte conforme me aproximo. Nesse momento sinto culpa. Lembro das cem mil novas estrelas no céu, mas penso nelas como gigantes vermelhas. Lembro das pessoas no hospital, em situação grave, por fazerem ações como essa ou por terem parentes que fizeram. Imagino que quando tudo isso acabar, todo mundo vai esquecer tudo o que aconteceu, do mesmo jeito que estão fazendo agora, durante a própria pandemia. Será suficiente para uma reflexão coletiva maior apenas o Jornal Nacional mostrando os rostos das vítimas desta silente tragédia? Acordo do transe momentâneo e me afasto da moça à minha frente.

– Obrigada por trazer as compras, filho.

– Sem problema, tia. Se cuida, tá?

Espero sua resposta levemente animada pelo meu favor e torno a voltar para minha casa. Há apenas prédios e construções cinzas pelo caminho. Moro sozinho, mas saio de vez em quando para fazer compras e visitar meus pais. Ainda assim sinto e sentirei mais vontade de ver meus amigos novamente. Nós deveríamos nos encontrar com poucas pessoas para conversar um pouco? Talvez isso seja egoísmo, mas a realidade é que não vejo data para o fim da leseira atual. Todos os episódios históricos, como o de agora, servem – ou deveriam servir – como uma lição: uma maior empatia, para remir toda a sociedade em um menor período de tempo. Ou até a vacina ser produzida, para que menos famílias sofram com perdas.

A loucura pode ser alcançada com oito meses de confinamento? Quem sabe. A luta entre meus pensamentos é degradante. Desejo fortemente me libertar, não importa que é perigoso pois tomo todas as precauções. Desejo muito respirar. As árvores floridas e frondosas da entrada de meu bairro me ajudam a inspirar com mais facilidade. Pela velocidade dos estudos, restam algumas semanas para a fórmula da vacina ser definida. Talvez não demore tanto tempo assim para sermos normais de novo. Ou, pelo menos, somos fortes para aguentar o tempo que for, com a comunicação que resta: virtual. Entro em casa e tranco a porta.

Túmulos sem nomes nem flores

Por André Delfosse

Hoje é o dia 11 de Agosto de 2020, mas será que isso realmente importa? O Tic-Tac do relógio da cozinha é uma lembrança distante de dias esquecidos em que havíamos de nos preocupar com o movimento iminente dos ponteiros. Agora, mais de 4 meses depois do começo desses novos tempos modernos, sento em casa observando a escuridão abraçar a cidade, enquanto a vitrola toca uma música agradável para amenizar a monotonia do meu recluso, que parece se estender infinitamente, provocando reflexões inevitáveis em minha cabeça.

É realmente desconfortável pensar que, nas últimas vinte e quatro horas, um número assustador de pessoas faleceu devido ao vírus, enquanto muitas insistem em voltar “ao normal” em meio a um verdadeiro genocídio que está acontecendo diante de nossos próprios olhos. Enquanto a cidade é engolida pela noite, penso se esse “normal” tão cobiçado por todos vai realmente se realizar num futuro próximo, ou se vai ser algo bem diferente do que desejamos, em que veremos o Sol uma última vez, antes de sermos cobertos pelo manto da noite incerta e infinita.

-Será que vou sobreviver a essa bagunça?- pensei- Ou será que vou parar como as milhares de vítimas desse vírus, enterradas em túmulos sem nome nem flores no interior do país? São muitas incertezas para pensar de uma vez, mas algo é certo, a pandemia pode acabar, mas o pandemônio pode estar só começando.

Acho que vou dormir agora, e sonhar com as incertezas do amanhã.

Desigualdade

by Gabriela Pasqua

Saio de casa para chegar ao transporte público... Se conseguir um lugar na janela, vou dar graças a Deus, mas isso já faço normalmente, afinal, vírus respiratórios sempre fizeram parte do nosso dia a dia, principalmente nesse período em que estamos enfrentando. Será que é muito egoísmo meu ter uma preferência por onde sentar quando muitos brasileiros nem têm oportunidade de entrar no ônibus por dificuldade financeira?

O Brasil antes da pandemia já era um Brasil com muitas divisões. Com a chegada da pandemia tudo ficou extremamente explícito. O país que eu enxergava muitas pessoas passaram a enxergar só agora. Nós estamos “brincando com o fogo”, porque demoramos muito para prestar atenção na situação que já era comentada mundialmente, as medidas tomadas foram feitas muito depois do ocorrido.

Aproximando-me de uma parte mais nobre de São Paulo pude ver um mundo totalmente diferente do meu, onde pessoas com muito dinheiro circulavam, tendo uma vida de extremo conforto e olha aí a desigualdade, eu aqui passando por muitas dificuldades financeiras, em parte causadas pela pandemia, no meio de tantas pessoas que estão praticamente com a vida ganha. Andamos mais um pouco e vejo moradores de ruas, que têm uma vida muito mais dura que a minha, em relação ao conforto, por exemplo. Então percebo o quão sortudo eu sou, já que mesmo não tendo a vida ganha tenho muitas oportunidades. Será que em alguns anos as oportunidades vão se manter?.

Após 40 minutos meu ônibus parou, entrei no prédio, dei bom dia para todo mundo e comecei a trabalhar.

O "Café filosófico"

by Diego Roiphe

Em mais uma manhã de isolamento, André Melo coava seu café. Sempre metódico, media precisamente a quantidade de água e de pó. Porém, nesse dia, notou algo que nunca havia percebido: apesar de sua precisão na medida dos ingredientes, a bebida variava de gosto, nem que fosse minimamente. Achou curioso e até engraçado como, mesmo podendo controlar a maior parte das variáveis, o campo de resultados se mostrava amplo. No entanto, uma coisa era certa: se acrescentasse pó de café, sua bebida ficaria mais forte, enquanto se colocasse mais água, ficaria mais aguada.

Nesse instante, ele notou como essa situação era uma metáfora da atualidade pandêmica: mesmo sabendo das medidas atuais tomadas pelo governo brasileiro, o futuro se guardava imprevisível. Existiam diversas variáveis passíveis de controle pela parte administrativa, mas também haviam outras fora de seu controle, as quais podiam moldar um amplo espectro de diferentes futuros. No entanto, havia uma certeza: as ações governamentais poderiam direcionar o país para um melhor ou pior futuro.

André deu um gole no café. Nesse instante, percebeu que a reflexão era ainda mais abrangente: as ações que tomamos no presente definem nosso futuro, porém, existem variáveis fora do controle, as quais deixam um nevoeiro de imprevisibilidade quando olhamos para o futuro. Dessa maneira, as ações tomadas e suas variáveis exigem um grande cuidado e observação, para que o fio que leva ao futuro ideal não suma ou desapareça.

Ainda tomando sua bebida, ele refletiu sobre os diferentes futuros possíveis; infinitas possibilidades. Desde o pior, até o melhor cenário: todos de uma grande incerteza. Notou a inutilidade de se perder em devaneios sobre um futuro incerto; entraria no interessante, mas inútil campo das possibilidades e probabilidades. André preferia deixar esse trabalho aos futurólogos e aos profetas autoentitulados. Concluiu que valia muito mais focar no presente e nas nossas ações, cobrando as autoridades a fazerem o que é certo, sempre. Afinal, mesmo após preparar o café com todo o cuidado e método quanto às quantidades de água e pó, mas não prestando atenção na hora de colocá-lo na xícara, ele pode acabar em cima da mesa ou no chão, não restando uma gota para o consumo.


Fonte da imagem: https://images.app.goo.gl/a3tDpXUD52fBGG6t8


Do Fundo do Poço à Torneira da Pia

Por Felipe Di Paula

Eu estava lavando as mãos e comecei a perceber que a água que descia era branca. Desde quando água é branca? – eu pensei. Bom, pensando bem, é pela forma da boca da torneira, que tem uma grade na ponta e isso faz com que o fluxo de água se torne irregular, pois permite a passagem do ar e o reflexo da luz da pia branca, na água, a torna branca.

Nossa!... Por que fui tão longe? Acho que estou vendo vídeos demais e não estou pensando muito com meus neurônios... Acho que foi uma forma de o meu cérebro usar sua capacidade de pensamento armazenada... Bom, pelo menos agora sei que ainda não perdi a capacidade de pensar!

Andei vendo umas coisas nas redes sociais e acho que estou numa situação mental, digamos que, melhor que outras pessoas… Gente ainda insistindo na cloroquina, gente ainda falando em um suposto “golpe” em 2016… Tudo coisa do passado, e o passado não podemos mudar. Por isso, acho que a humanidade está indo ao fundo do poço, se é que já não chegamos ao centro da terra... Mas olhe pelo lado bom, pelo menos a água aqui embaixo é mais fresca que a água na torneira da pia da minha cozinha! Isso significa que ainda não chegamos ao manto líquido, ou seja, ainda temos esperança! Precisamos olhar para o futuro com a certeza de que o mundo não é mais o mesmo, porque quando voltarmos do fundo do poço, teremos uma outra paisagem, com novos desafios. Agora, não podemos cometer o mesmo erro e dar de mão beijada o abastecimento de água da cidade para uma única empresa, até porque foi por causa dela e de seu poço que caímos, em primeiro lugar! Simplesmente esqueceram de tampar o buraco, ou seja, ela não fez o trabalho que lhe havia sido determinado pelo Estado.

Mas, pensando bem, acho que eu podia trocar a boca da torneira do quarto de hóspedes, ver como outros tipos de boca fazem a água correr diferente, acho que seria um bom exercício mental. Eu recomendo para todo mundo, viu? Troque a boca da sua torneira e veja o que vem à sua cabeça!

Fonte da Imagem:

https://www.google.com/url?sa=i&url=http%3A%2F%2Ffilhosespirituaisdepepio.blogspot.com%2F2019%2F06%2Fo-homem-do-poco.html&psig=AOvVaw0d33jzdkCgzh0GXk7mkWWN&ust=1598700403912000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCIi8pKnlvesCFQAAAAAdAAAAABAE

Paz morta

By Isadora Fibra

Assim que levantou de sua cama Clara pensou “Mais um dia enfurnada em casa nessa quarentena” e logo depois foi escovar os dentes. Olhou para a escova verde limão, pegou-a e sentiu sua superfície muito lisa que sempre fazia com que escorregasse de suas mãos, colocou quase nada de pasta de dente, como sempre, pois o gosto não lhe agradava, e sentiu a sensação áspera das cerdas, já não tão macias da escova velha, em seus dentes. Abriu seu telefone para ver as notícias logo de manhã como fazia diariamente e a luz forte a atordoou, fazendo com que enxergasse apenas um borrão com reflexos amarelos muito fortes, sentindo suas pálpebras tremulas e pesadas. O que Clara não sabia é que essa não seria a única coisa diferente nessa manhã.

Quando a sensação vertiginosa passou, Clara abriu seus olhos e percebeu que não estava mais no conforto de seu quarto, era um ambiente com uma energia muito leve e tranquila, havia muitas nuvens, uma luz branca muito forte e apenas pessoas de pele escura. Ela não sabia onde estava, os rostos lhe eram familiares, mas ela não se recordava de onde conhecia essas pessoas que lhe traziam uma paz impressionante.

- Ei, você aí. Onde estou? - indagou Clara.

- Está em paz. - respondeu um homem que apesar de aparentar marcas de dor em seu corpo carregava uma expressão serena e alegre em seu rosto.

- O que aconteceu com você?

- Já não importa mais, estou em paz.

- Mas quem te machucou? Por que essas marcas?

- As marcas são minha história, a história de todos aqui, mas não doem mais, nos libertamos da crueldade, estamos em paz.

- Mas por que estou aqui?

- Todos aqui já estão em paz, mas todas as horas de todos os dias recebemos novas marcas, novas dores dos que ainda estão presos.

- Como assim presos?

- Você vai entender...

Nesse momento, Clara sente uma sensação de sono, levando suas pálpebras a se fecharem novamente, mas dessa vez o borrão em seus olhos era de um cinza muito claro e triste. Abriu os olhos e estava novamente em seu quarto com o telefone nas mãos, por fim abriu as notícias e viu então o rosto do homem com quem havia conversado: “George Floyd! Era ele!” pensou ela, sentindo sua pele arrepiada. Clara começou a se questionar e percebeu que os presos de quem ele disse eram os homens negros, que todos os dias acordam pensando se voltarão para casa vivos, que todos os dias temem pelo mundo em que seus filhos irão viver, que todos os dias se perguntam “como será o amanha?”, que sabem que nesse mundo seu futuro é imprevisível e que a única certeza que tem é que sua paz completa será após a morte.

Imagem: https://images.app.goo.gl/9EuRqjgYZprRe53b6

Azul Cintilante

by Bebella

Devia ser por volta das 08:00 horas quando o cheiro do café da manhã me fez despertar daquele mundo, para acordar naquele pesadelo incessante de todos os dias. Me levanto e vou para a cozinha, onde, sobre a mesa, se encontram os talheres, pratos, xícaras e uma garrafa térmica, berço do cheiro forte de café. Não estava acostumada com aquela mesa de café da manhã toda decorada, mas agora na quarentena minha irmã e minha mãe também estavam em casa comigo e acho que aquela era a forma que minha mãe tinha de se distrair. Sento à mesa e coloco uma xícara de café para mim. Fico olhando a xícara por um tempo... O café escuro e parado, inerte, lembrava minha vida nos últimos dias, triste e desanimada. Absorta, mergulho naquele fluido refletindo sobre tudo que estava acontecendo e quase que me afogo, vem a falta de ar e é como se eu estivesse me asfixiando. Me sinto presa, imergindo naquele líquido, quando de súbito a voz da minha mãe me faz voltar a vida (não que eu tenha voltado a respirar).

- Bebe logo, se não vai esfriar – ela falava enquanto colocava sobre a mesa dois queijos diferentes. Um era normal, (um queijo comum como esperamos) o outro era estranho, tinha uma cor muito branca com algumas manchas esverdeadas que pareciam mofo.

Olhando o pedaço do singular queijo, percebi que ele se encaixava perfeitamente na fatia que faltava do queijo normal, como se fosse um quebra – cabeça. Eu não esperava que aqueles queijos completamente diferentes se encaixassem, mas se encaixavam, essa era a realidade.

- Uhh, o cheiro está bom! – dizia minha irmã enquanto se sentava ao meu lado. Estava animada, parecia estar lidando bem com os acontecimentos recentes. O sorriso no rosto, o som de uma risada ádvena (não sei se é porque eu nunca tinha reparado nela antes, ou se ela nunca tinha parado para rir antes). Fazia um bom tempo que nós não nos reuníamos assim. Estávamos sempre tão ocupadas que mal nos víamos e agora que estávamos juntas eu não desfrutava daqueles momentos. Passava todo o meu tempo lendo o cenário vigente nas distopias, pensando nas coisas ruins que vinham transcorrendo, que esqueci das poesias. Claro que nós não esperávamos nada disso que estamos passando, não achávamos que esse contexto singular fosse cabível em nossas vidas normais e rotineiras, mas essa é a realidade. Apenas nos convém aceitar a situação, ou encará-la por uma perspectiva mais positiva. Deveríamos ver o todo, e assim tentar achar uma luz no meio de toda essa escuridão.

Termino meu café e vou para a sala. As cortinas estavam abertas, como sempre (para aproveitar a luz do Sol). O céu estava lindo, realmente um céu de brigadeiro, sem nuvens, quase sem poluição, completamente azulzinho. Podia sentir o vento batendo no meu rosto e trazendo o ar que me faltava. Em meio àquele céu azul eu sentia o ar, respirava e me sentia solta, liberta. Pensava agora sobre o futuro, otimista. Talvez não fosse a melhor fase, mas “tudo é uma constante mudança”, novas coisas virão e independentemente delas eu vou pensar positivo, sem me afogar nos tempos caliginosos, pensava enquanto admirava aquele céu azul cintilante.

Fonte da imagem: @marcosguinoza


O lazer da solidão

Por Gabriel Jeszensky Pitta

Essa pandemia me permitiu realizar diversas atividades para me distrair e passar o tempo, várias delas que eu nunca imaginaria me ver fazendo. No início, montei doze quebra-cabeças, sim, doze quebra-cabeças. Pelo meio de maio, aprendi a jogar xadrez pela internet. Mas, só em junho, quando já estava cansado de pedir comida, e já tinha experimentado de todos os lugares possíveis, resolvi aprender a cozinhar, o que até então não sabia nada, nem fazer um macarrão instantâneo. Ainda tive que ampliar meu carrinho de compras na Amazon, agora com utensílios para a cozinha.

Quando dava o intervalo para o meu almoço, eu corria para o fogão e começava a fritar um bife, fazer um arroz e um feijão, mas esse tem que começar a fazer logo cedo, como eu li em um site, que prometia que ele ia ficar bem molinho e temperado. Mas enquanto eu esperava meu delicioso almoço, feito inteiramente por mim, fiquei pensando.

Depois que a quarentena acabar, não vejo mais sentido em pedir comida, se posso fazer o que eu quiser na minha cozinha. E não só em relação aos alimentos, mas a muitas coisas que conseguimos aprender a fazer sozinhos e não depender de alguém ou algo para tudo. Assim como já pintei uma parede do meu apartamento e redecorei a minha sala, sem precisar contratar ninguém.

Essa pandemia nos obrigou a ficar em casa e simplificar a nossa vida. Além de que, nos mostra como somos capazes de nos adaptar a diversas circunstâncias, como ter que ficar trancado dentro de casa, só que com a chave para o lado de for. E com isso, ficamos mais independentes e mais auto-suficientes. Não foi só comigo que aconteceu isso, e ajudou muitas pessoas a não só economizarem dinheiro, mas a se libertarem e fazerem a sua vida mais simples, encarando a sociedade de frente e mostrando que nós somos capazes do nosso jeito.

Fonte: https://www.vittude.com/blog/quarentena-como-manter-a-saude-mental/

Preguiça Do Desconhecimento

por eduardo horta

Na quarentena, as pessoas já se acostumaram com essa rotina de não saindo sair de casa, pedindo comida e trabalhando na cama. Mas agora em 2021 no final da quarentena, as pessoas na pararam com essa rotina sedentária as pessoas começaram a engordar e começou uma onda de obesidade no mundo todo, fico pensando porque as pessoas só não voltaram com suas rotinas de antes e porque esse medo ou preguiça de fazer as atividades que agora não estamos mais acostumados a fazer? Fico me perguntando isso, pois tenho que saber se valeu tanto a pena fazer isso e depois enfrentar o resultado do que só ter voltado com a rotina.


A grama da vida

Vitoria Almeida

Desde que a quarentena começou não me sinto disposto, mas hoje o dia está tão lindo, então decidi ir ao jardim de casa, que não estava bem cuidado, por isso estou aparando a grama. O cheiro que ela solta quando a corto é agradável e reconfortante.

A grama solta esse odor para sua proteção, para que produza células rapidamente e não seja infectada por bactérias. Esse comportamento é muito interessante, porque apesar de parecer agradável, ele é trágico, mas no fim a grama se recupera

As vezes, quero ser como ela, que pode ser atacada e mal tratada, e mesmo assim continua lutando. A pandemia acabou com o normal, mas deu um novo ponto de vista para que, esse momento seja superado.

Como vai ser o futuro? Ninguém sabe. O que posso fazer é viver mais um dia e dar tudo de mim, porque muitos estão dando tudo de si para vencer o vírus. Assim como a grama, que faz de tudo para vencer o cortador. Quando o corte se fechar, o normal vai voltar, mas espero que ele volte diferente. Espero que as pessoas valorizem mais a vida e os momentos dela e não se importem só com seguidores e estética. Apesar, que atualmente, já banalizam milhares de mortes. Se só alguns mudarem acredito que já será uma vitória.

Termino de cortar a grama e sento em minha cadeira, sentindo esse cheiro até se esvair, enquanto a observo, sentindo o calor do sol e o vento refrescante.

Amanhã?

Fernanda Natel

Dias, meses, anos: foi o tempo que tivemos de aguentar todas essa pandemia. Sim, já se passaram dois anos desde que tudo isso começou, e essa doença já passou por várias ondas, imagino que ninguém imaginava que isso demoraria tudo que demorou e que isso causaria tantos danos como causou.

Desde o ano passado muita coisa aconteceu, uma gigantesca parte da população foi infectada e houve várias mortes, pois as pessoas não estavam aguentando mais ficar em casa isolados de tudo, sem ter uma noção do que estava acontecendo, e começaram a sair, a se encontrar a fazer festas e até as pessoas entenderem a situação e o perigo que eles estavam correndo demorou muito tempo.

Até que a vacina começasse a realmente dar certo e as pessoas realmente ficassem imunes a essa doença assim podendo tentar voltar a vida normal de antes (ou o mais próximo possível), mas ao mesmo tempo ainda faltam muitas pessoas para tomar a vacina e isso dificultava a volta da sociedade a conviver com as outras pessoas.

E por causa disso tudo, muita coisa na sociedade mudou, uma delas foi o modo de viver, as máscaras continuam fazendo parte do nosso dia-dia mesmo agora que a situação não está tão ruim, pois como não temos certeza de quem tomou a vacina e quem não tomou.

Sem saber se a doença pode se modificar e trazer as mortes novamente, é melhor continuar com as máscaras até que tivermos certeza do que está acontecendo. Lugares públicos, escolas, tudo isso começou a abrir há pouco tempo (por causa do pico da pandemia), por causa da importância do isolamento social, pois como teve uma época que eles reabriram e as pessoas começaram a ir em grande escala para shoppings e outros lugares assim, a doença piorou muito e conseguiu fazer mais pessoas serem vítimas dessa terrível pandemia


O(s) menino(s)

Isabella Martins

O despertador toucou, “hoje é um novo dia para tentar dar mais um passo em direção ao futuro”, pensou os meninos. Levantou-se, foi tomar seu café, voltou e sentou-se em frente ao computador para começar a sua aula. Em menos de dez minutos, os meninos estava em um zoom de atualidades, onde o tema era a situação do mundo em relação a essa drástica epidemia e as devidas consequências que cada sociedade esta sofrendo.

O professor ficou lá, horas e horas explicando quais medidas devem ser tomadas e que as pessoas precisam ter consciência do enorme caos que isso virou. E nesse tempo todo, a única coisa que o menino conseguia pensar era no amanhã, no ano seguinte, no seu currículo... Foi quando abriu o microfone e decidiu perguntar: O que nos espera? Como será o nosso futuro? O que o mundo reserva para nós!?

Neste instante todos presentes desviaram seu foco do computador e começaram a refletir na vida: até quando vamos ficar vivendo deste jeito? Isso não vai acabar nunca? Será que eu vou conseguir me formar direito e entrar em uma boa faculdade? O que o meu futuro espera de mim?

E isso são verdades, essas perguntas e pensamentos são intermináveis e as respostas mais ainda, mas o importante é saber que o futuro importa e é por isso que todos têm ele em mente. O tempo não vai parar e é humano estar sempre pensando no que vai vir. Alguns tentam planejar, outros simplesmente deixam levar. Alguns fazem de tudo para conseguir controlar e outros apenas esperam o melhor. Não importa o que você faça, pensar no futuro é inevitável.

A aula acabou e o menino finalmente entendeu que a única forma de descobrir o que te espera é caminhar para frente e viver. Dar risadas, amar e chorar, pois um dia tudo vai ficar no passado e não vai passar de memória, e o futuro, sempre será o futuro, você nunca conseguirá “dar oi para ele” e tudo bem, pois todos os meninos pensam assim e foi aí que ele percebeu que não está sozinho neste mundo.

Sol de Inverno

By Marianna Jardim


Eram oito horas da manhã. Levantei da cama, gastando boa parte da energia que eu tinha reservado para usar durante o dia. O inverno estava sendo rigoroso esse ano e o sol ainda não tinha mostrado seu rosto entre as nuvens que pintavam o céu. Preparei meu café e liguei a TV para acompanhar. Achei que seria um momento em que eu pudesse relaxar, mas todos os canais falavam do mesmo assunto e estava fadigada de ouvir sobre isso. Estava ficando ansiosa, imaginando o dia que poderia ver meus amigos de novo; o dia em que ligasse a TV e, ao invés de ouvir tantas notícias ruins, ouvisse que o vírus havia sido controlado, ou ainda que a vacina estava pronta. Não queria mais estar nessa solidão coletiva. Precisava de ar.

Fui para o jardim. Surpreendentemente, sol batia em metade do quintal. Aproveitei e me espreguicei para sentir o calor dele. Me sentir viva, sentir que o sol estava ali, no meio do céu, brilhando por mim. Estava sentindo saudade de tirar alguns minutos para olhar pra ele, pro azul do céu. Essa fase de inverno estava fria, escura, sozinha. A solidão forçada, afastamento obrigado. As árvores perderam suas folhas, os pássaros não se ajuntavam mais, não cantavam. Os dias estavam pintados de preto e branco.

Desejava mais da alegria do sol. Da sua energia, de sentir seu calor, o frescor, sua luz em todo o meu corpo. Ah, quando a fase do inverno passar! As árvores darão flores, frutos, ganharão vida. O sol vai nascer todos os dias, e para todos. Os passarinhos se reunirão, cantarão juntos e alegres. As manhãs serão iluminadas, quentes. Dias felizes, em que teremos notícias boas nos jornais, que a solidão coletiva passará e viveremos de alegrias coletivas. Passado o inverno, na estação florida da primavera. Colhendo suas flores, contemplando suas cores colorindo os dias. Queria passar horas imaginando esse dia. Infelizmente, não podia.

De volta a realidade, me surpreendi quando vi quantas horas tinha passado no jardim. O sol já tinha parado de iluminar o quintal, e foi dar a volta para iluminar outro lugar. Por enquanto, espero no frio gelado de casa, na esperança das folhas das árvores pararem de cair e desse inverno acabar. Espero o sol manifestar-se caloroso e fino, acabando com o desequilíbrio dos dias nublados. E, transformador, ele vem. E vem vivente. Até porque o sol que se mostra depois de um dia nublado sempre faz a paciência ter valido a pena.



Imagem por: https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/a-primavera-sandro-botticelli/

Será que tem fim?

de Eugenia Roxo

Com o início dessa pandemia o mundo se transformou. Grandes empresas estão indo a falência enquanto outras prosperam. Todos nós estamos somente esperando o fim e tudo voltará ao normal, porém será que o mundo retornará ao que era?

Hoje acordei tarde, é domingo, já que eu moro sozinha comecei a me arrumar para ir ao supermercado fazer minha compra para o mês. Coloquei uma música, tomei um banho e me vesti. Antes de sair da porta lembrei que havia esquecido minha máscara. Quando coloquei a máscara pensei: Até quando isso vai continuar, até quando vamos ter que continuar com essas máscaras, será que vamos ter que continuar usando máscaras pra sempre.

Já é fato que continuaremos usando essas máscaras por mais algum tempo, mas será que haverá um dia no futuro em que nos simplesmente paramos de usar? Esse vírus literalmente mudou o mundo, aulas on-line, trabalho de casa, quarentena (não vejo meus amigos a meses) e ainda por cima esse pânico das pessoas de não pegar essa doença, pois ela performa diferentemente em cada pessoa. Algumas pegam e nem sabem, outras não são tão graves os sintomas e tem as que morrem de tão forte que o vírus foi nelas.

Será que esse será o novo normal daqui pra frente? Será que o nosso pedido do retorno da normalidade nunca será atendido? Esse medo dentro das pessoas de contrair a doença é tão grande que já criou um preconceito entre as pessoas, relações entre famílias estão rompidas, pois alguém levou a doença e contaminou a todos. Me preocupo seriamente se algum dia as coisas voltaram ao normal, vou poder abraçar meus amigos e meus avós, vou poder sair e ir em festas sem o menor problema e principalmente ir para a escola, pois as aulas on-line estão difíceis.

Viva o rei dos vírus!

por André Mogames

Eu olhei para o lado e vi o caderno. A quarentena me fez vasculhar todos os cantos da casa e acabei o encontrando. Não pensava nele há anos e agora jazia ele na minha frente, com páginas soltas e um certo cheiro de mofo. Comecei a ler algumas páginas e relembrei dos dias em que escrevia nele, dos lugares em que eu o levei, das situações e das pessoas que eu havia mencionado a ele em meus textos. Recusava-me a chamá-lo de diário: achava o nome um tanto feminino e afinal não era todo dia que eu registrava os acontecimentos de minha boba vida.

Porém, admito que senti falta daquilo ; os meus problemas eram mais simples, tudo o que acontecia parecia mais simples. E, principalmente, estava livre para ir a qualquer lugar! Desculpe, não devia alimentar esperanças. Fico pensando se algum dia viveremos sem a sombra de um vírus. Mesmo quando o perigo eminente acabar, nada conseguirá recuperar o tempo perdido e ainda deverei tomar precauções como cobrir meu rosto com uma máscara e manter distância de outras pessoas. Quem sabe quando tornarei a ver meus amigos e familiares? Gostariam de quem sou hoje? Eu mudei bastante e acredito que eles também. Agora você será minha única companhia caderno. Viva o rei dos vírus (Coroa em cima da Corona), que conseguiu com seu nocivo poder destronar todos que vieram antes e tem seus súditos, os próprios humanos, a seus pés por tempo indeterminado.


Imagem: https://pxhere.com/pt/photo/917702

Será que no futuro serei cobrado?

por Henrique Brando

Hoje, pela primeira vez, não precisei acordar com o meu despertador. Devido a ansiedade e o medo da prova de história, visto que não sou bom em humanas. Me levantei, tomei banho, fui à cozinha e comi um pão na chapa e um pedaço de bolo de cenoura com cobertura de chocolate que minha vó havia feito. E por fim fui escovar os dentes. Já era 8 horas e telefonei para minha amiga, pois a temida prova era em dupla e eu a faria com ela. Liguei o computador e recebemos as instruções da prova na qual era para fazer uma linha do tempo desde o início de Roma até a sua crise.

A professora tinha dado muito pouco tempo e teríamos que procurar informações sobre o Império no nosso caderno e no livro, pois nem todas as nossas anotações estavam completas. Mesmo com todo nosso esforço e dedicação, não fomos capazes de terminar no horário e além de ficar todo o recreio tentando concluir, nós só conseguimos finalizar a prova cabulando a aula de física. E quando já imaginávamos ter concluído aquele inferno, me dei conta que havia feito a minha parte da prova de maneira equivocada.

Mas enfim, a próxima aula era biologia, que por sinal também não sabia muito, pois eu procrastinei, deixando um monte de conteúdo acumulado. E quando fui fazer os exercícios pedidos, me dei conta que eu não sabia de nada, não só de biologia, mas de todas as matérias. Pensei comigo mesmo, será que no futuro serei cobrado por tudo isso?

O ano era 2024 e eu tinha recebido todas as respostas dos resultados dos vestibulares tanto quanto as respostas das universidades americanas, mas estava tomando coragem para ver onde meu destino me levaria. Quando fui olhar os meus resultados, cada negativa que recebia era uma facada no coração. Os olhares dos meus pais desapontados, me faziam sentir que todo o investimento em mim não valera a pena. Teria ainda que lidar com a minha raiva em ver os meus amigos entrando na faculdade dos sonhos e ouvir minha vó falando que o meu primo era o máximo, que entrou na faculdade de medicina da USP e que eu deveria ser igual a ele.

Bom, é melhor voltar para o vídeo que o professor de física tinha deixado, revisar o conteúdo de história e pôr em dia a matéria de biologia. Só de vislumbrar esse possível futuro me dá gatilho. Eu não posso de jeito nenhum passar por essa realidade e espero que 2024 dê tudo certo, Amém.


Imagem: https://geniodamatematica.com.br/nao-consigo-entender-matematica-por-onde-comeco/


Com sorte um 'futuro previsível

Por Maria Clara Abreu

Hoje acordei confuso, com dúvidas sobre tudo e hipóteses sobre o mundo. Eram 8 horas da manhã, abri a janela para a luz do sol entrar e desci para tomar café. Na minha cabeça, as ideias estavam abstratas e as certezas inexistentes. Ao sentar a mesa, vi um esquilo no jardim e decidi ver o que o pequeno tinha a me oferecer. Segundos ao pisar na grama descalço, com aquele cheirinho de terra molhada, me vieram inúmeras memórias em mente. Antigamente, a vida era colorida e passava rápido, vivíamos com os pés na areia, com os olhos virados para as telas de cinema e com o coração pulsando de alegria pelas novas aventuras. Mas agora estamos há tempos em casa, sem abraços quentinhos e beijos confortantes. As pessoas estão medrosas e a natureza florescida. Não encontramos mais as pessoas queridas e desejadas, não fazemos mais besteiras de criança e não andamos mais pelas ruas como se não houvesse amanhã, pois agora a única certeza que temos é que o amanhã virá bem lentamente.

Minhas esperanças agora são reservadas única e exclusivamente para o futuro. Penso que tudo será igual, mas de uma forma diferente. Imagino que iremos todos andar mascarados e com luvas, como formados em medicina. Acho que o mar estará transparente, os animais multiplicados, as ruas mais limpas e com sorte as pessoas mais conscientes. Talvez a vida esteja mais tranquila, as circunstâncias mais leves e as horas menos ansiosas. Não sei se tudo que penso é verídico, mas pelo menos gosto de acreditar que será assim.

IMAGEM: https://images.app.goo.gl/42qGy2rnGznfEbHy8



"Depois"

Por Julia Bitelli

Nada de novo, apenas mais um dia sentada em minha escrivaninha assistindo aula por meio de um Ipad, tentando acompanhar a explicação de Lusíadas da professora de português. Para falar a verdade, só consigo pensar em voltar para minha cama quentinha, já que ela está logo ali do meu lado, e dormir só mais um pouco. Essa coisa de aula online está me deixando mais cansada que a as aulas habituais. Fico me remexendo na cadeira até conseguir me confortar para aguardar o fim da aula. Logo depois, vou direto a cozinha para preparar meu café da manhã, faço o de sempre, café com leite gelado e 2 bisnaguinhas com manteiga na chapa, porém hoje foram 3 já que estava com uma fome gigantesca. Volto para meu quarto e faço uma ligação de vídeo com os meus amigos, esperando a próxima aula começar.

Esse é o momento, no qual cada um expressa seu sentimento de saudade um pelo outro, queria tanto poder vê-los depois de 4 meses confinada em casa, apenas convivendo com minha mãe e meu pai. Porém, acredito que nosso encontro está em um futuro distante, pois o Brasil já registrou a marca de 100.000 mortos esse mês, desde o começo da pandemia, uma notícia extremamente lamentável. Gosto de pensar na época de que a pandemia não passará de uma mera lembrança.

O ano é 2021, um ano pós-pandemia, e a maioria das pessoas já foi vacinada em quase todo mundo. É bom saber que depois de tanta luta estamos nos recuperando, tanto socialmente quanto economicamente. Não há quase nenhuma restrição como havia antes, mas sempre ando com um frasco de álcool em gel na bolsa, e acredito que muitas pessoas também. Se alguém apresentar algum sintoma de doenças transmissíveis é obrigatório o uso de máscara. Agora, eu e meus amigos estamos aproveitando cada momento juntos, já que não pudemos no ano anterior, e a mesma coisa com a escola, nunca mais falo mal dela...

É desse jeito que quero que o futuro seja, sem coronavírus, sem mortes e sem casos. Enquanto isso, aguardo esperançosamente e cuidadosamente dentro de casa, mesmo tendo aula online, que ainda sim tenho sorte de estar tendo, e estando longe dos meus amigos. Mas isso irá passar, pois depois de toda a tempestade, vem os dias de sol.


Tardes de inverno

Por Laura Pacheco

Fazia hoje, mais uma tarde quente e ensolarada do inverno tropical brasileiro, que teve seu proveito limitado por um vilão invisível, o corona vírus. Era mais um dia que eu olhava pela janela imaginando o que estaria fazendo se essa loucura toda não tivesse acontecido. Passei um tempo pensando no que poderia fazer para produzir minha dose de serotonina diária, então decidi dar uma volta de bicicleta pelo meu bairro. Troquei de roupa, calcei meu tênis, peguei meu fone de ouvido, minha máscara - que por pouco não esqueci- e saí. No começo estranhei muito tudo aquilo, acho que pelo fato de fazer mais de 6 meses que eu não subia em uma bicicleta, o que antes da quarentena fazia parte do meu cotidiano. Coloquei minha playlist preferida e assim fui pedalando pelas ruas desertas e esburacadas de São Paulo. O coração acelerado, as pernas já começando a doer e o vento gelado que batia no meu rosto como pequenas agulhas que deixariam minha bochecha avermelhada e levemente dolorida, depois traziam memórias. Mas não era como antes, dessa vez eu não queria que aquilo acabasse. Não queria voltar para casa. Naquele momento eu senti algo que não sentia faz tempo, a liberdade. E nessa hora me perguntei: quando eu vou me sentir assim de novo? Parece que a quarentena tomou de mim uma coisa tão preciosa. E será que algum dia a terei de volta? Espero que esse tempo todo que passamos confinados em casa não tenha sido em vão. Quando voltarmos ao normal, o que será o normal? E quando isso acabar, se é que vai acabar, com certeza vou valorizar essa liberdade que foi tomada de mim durante esse período como nunca antes.


Susto de realidade

Por Isabel Sanches

Acordei com medo... Não sei exatamente do que, mas de tanta preocupação estava suada. Tinha ainda alguns minutos para ficar na cama, pois o primeiro zoom do dia só seria em 40 minutos. Quantas pessoas será que têm a oportunidade de ficar em casa e ter educação garantida em plena pandemia? Quantas pessoas podem acordar no conforto em que eu acordo? Com certeza sou muito privilegiada. Aqui mesmo, dentro da minha casa trabalha uma moça, cujo filho não tem aula há cinco meses, pois não tem um celular. Ela tem uma vida muito mais dura que a minha, não acorda com o mesmo conforto que eu... Sabe que se não vier trabalhar não consegue alimentar seus filhos. É, a desigualdade social no Brasil é mesmo impressionante!

Será que em alguns anos, em um mundo pós pandemia, vou poder acordar com o mesmo conforto de hoje? Será que vou poder sair de casa sem máscara? Realmente não sei, e isso me assusta. Não sei se me preocupo mais em querer saber se irei acordar com o mesmo conforto de hoje ou em saber que todos os dias pessoas acordam assustadas, com tiros ou sem saberem se vão conseguir colocar comida na mesa de casa.

O despertador toca... faltam apenas 10 minutos para o meu zoom, preciso tomar um banho!


Futuro incerto

Por Rafaella Giaffone

Eu havia esperado a semana inteira por esse momento. Minha tão esperada encomenda chegou! Peguei minha máscara, desci até a portaria para buscá-la, subi e tirei minha máscara. Percebi que o hall estava sem álcool gel, então gritei para minha mãe:

- Mãããe, pega o álcool!

Ela apareceu do corredor de surpresa, com uma expressão equivalente a se eu tivesse pintado meu cabelo de rosa.

- Álcool? Você acha que é quem? Rafaella você tem 15 anos de idade, se você PENSAR em tocar em qualquer bebida agora, você não sai viva de casa! Além do mais, é terça-feira de manhã! – ela disse

- Nossa mãe, calma. Eu estava falando do álcool gel, meu Deus. – respondi.

Ela deu uma risadinha e pela expressão dela já pude perceber o alívio. Ela foi pegar um álcool gel novo, enquanto eu abria meu pacotinho. E lá ela estava: minha bolinha para aliviar estresse e ansiedade. Rosinha, redondinha, brilhante, nem se eu quisesse eu conseguiria esconder o brilho nos meus olhos... Minha mãe voltou com uma embalagem nova de álcool gel, passei um pouco nas minhas mãos e fui em direção ao meu quarto.

Escovei meus dentes e abri meu computador para começar a estudar. Me encontrei perdida no meio do zoom de química; eu não entendia nada, era como se ele tivesse falando em uma língua completamente diferente das que eu estou familiarizada. Comecei a pensar sobre minhas notas de química desse trimestre, será que eu ia conseguir ir bem? E se eu tirar um 3? Vou ficar de recuperação? Isso vai ficar no meu currículo? E se eu tirar várias notas abaixo da média? Será que eu vou conseguir passar na minha faculdade dos sonhos com esse currículo todo vermelho?

A cada questionamento que eu fazia, meu coração acelerava mais, minha respiração ficava mais rápida e minha ansiedade começava a subir. Aí que me toquei da minha nova aquisição; lá estava ela esperando que eu a usasse, minha querida bolinha. Depois que comecei a mexer nela, consegui me acalmar e dar uma relaxada.

Contudo, eu continuava intrigada. Como será que o mundo vai estar quando eu tiver indo pra faculdade? Não está longe, faltam só 2 anos. Será que o mundo já vai estar normal até lá? Ou ainda teremos que continuar fantasiados de médicos, usando máscaras e higienizando tudo? Quantas mais bolinhas de ansiedade eu vou ter que comprar? Acredito que o que mais influencia o resultado do mundo daqui 6 meses, 1 ano, 2 anos, seja lá quanto tempo, é a sociedade em si. Em destaque, os valores e a ética de cada um. Existem pessoas que acreditam que sair na rua sem máscara ou sem outro método de prevenção ou segurança é correto; mas por outro lado, existem pessoas que acham isso um absurdo. Existe todo e qualquer tipo de pessoa vivendo na Terra; o que vai diferenciar o jeito que ela vai estar no futuro são as ações, a consciência e o discernimento do certo e do errado de cada um.

Nós, como sociedade, não estamos com controle absoluto da situação; mas isso não significa que não há nada que possamos fazer para torná-la melhor. Num cenário como esse, a sociedade precisa deixar a ignorância de lado, se unir e agir em conjunto para um bem maior; começar a seguir as recomendações da OMS e do governo. Desse modo, seremos capazes de garantir que o mundo irá se tornar um lugar melhor para as gerações que estão por vir.

Saí do mundo da lua, quando olhei 17 mensagens no meu telefone me avisando que haviam chamado meu nome no zoom. Tirei do mudo e respondi à chamada, toda atrapalhada. Mesmo que passe rápido, conclui que 2 anos é bastante tempo na verdade; eu estou fazendo a minha parte e preciso torcer e garantir que todo o resto também.


Reflexões

por Beatriz Adati

Dado ao fato de estarmos vivendo nesse “novo normal”, eu agora havia criado várias novas maneiras e intensificado as minhas maneiras antigas de higiene para evitar contrair o vírus. Uma delas e, de fato a que eu menos gostava, era a de a lavar minhas mãos com sabonete em barra, isso mesmo, em barra! Antes disso tudo, eu não costumava lavá-las com esse tipo de sabonete, duro, áspero e com um cheiro que me lembra lavanderia, e sim com o sabonete líquido que obviamente era muito melhor. Eu estava desde alguns meses, para ser mais específica, março, tentando me livrar desse sabonete em barra, até o dia de hoje, 12 de agosto. Mais cedo neste dia, eu havia chegado do supermercado com minha mãe e ido mais uma vez lavar as minhas mãos a fim de tentar acabar com esse maldito sabonete, e ah, também obviamente para me proteger desse vírus que corre solto. Quando cheguei no banheiro lavei minhas mãos como sempre, mas depois de um tempo lavando-as, me dei conta que ele havia acabado. Sai do banheiro refletindo comigo mesma: tudo chega a um fim, mesmo contra ou a favor de nossa própria vontade, e como ele tinha acabado tão repentinamente sem nem me despedir dele? Eu fiquei tanto tempo pensando em me livrar dele que nem percebi tantas coisas novas que ele me ensinou, o mesmo pode-se dizer com esses tempos difíceis, apesar de ninguém gostar e ser na real, um saco, pelo menos, quando tudo acabar, isso terá contribuído para nosso crescimento como seres humanos, para nos tornarmos seres humanos melhores. Tudo quando menos esperamos pode acabar, então cheguei à conclusão que devemos sempre crescer e aprender com essas experiências, para nos prepararmos para o futuro, por mais que seja difícil. Ah, e pensar que tudo isso fora por conta de um mísero sabonete.


Futuro Imaginado

Giulia Trasatti 1A 11

Todo mundo que está confinado em casa tem tempo de sobra para colocar a vida em dia, arrumar a papelada, pagar contas atrasadas, exercitar.... O problema é que a vida de verdade acontece lá fora, no mundo, caminhadas no parque, festas com amigos, happy hours, compras no shopping e baladas. Não é que eu não goste de ficar em casa, eu adoro, mas quando eu vou voltar a viver de verdade? Quando eu parava para pensar nessa Epidemia, tudo que desejava era que a vida voltasse a ser como era antes, mas agora fico pensando no futuro. O futuro é uma incógnita, e percebi que não existe mais voltar ao que era, já estamos transformados. Será que vamos voltar a abraçar, beijar, ou vamos ter medo de contato? Imagina como seria viver sem afeto, sem todo esse tipo de contato, de amor. Com certeza vamos valorizar mais cada momento e com uma ânsia maior por esses encontros.

Se fosse imaginar um futuro perfeito, sonhando alto, imaginaria todos voltando às festas, aproveitando cada vez mais e valorizando momentos com a família e amigos, sem medo de contato. O medo de encontrar nossos parentes com mais idade não iria existir mais, conseguiríamos passar o tempo que passamos antes e um pouco mais. Sobre as Escolas? Não teríamos mais aulas Onlines e conseguiríamos ter aulas normais, sem nenhum tipo de máscara ou luvas que iriam nos impedir de ter contatos afetivos com quem mais gostamos, e iria nos recordar da pandemia. Iriamos valorizar mais a natureza e perceber o quanto ela agradeceu enquanto não estamos estragando-a. A população seria mais consciente , empática e solidária. Mas tudo isso é apenas imaginação, qual será nossa realidade? Enquanto esse futuro não chega, álcool gel na mão, retiro no sofá da sala e muita paciência para não pirar.




Reinventar

By Joy

Mais um dia normal de home office começava, eu tinha que escrever alguns relatórios e no final do dia havia uma reunião marcada. Tudo ocorreu bem, mas quando estava finalizando a vídeo chamada, um enorme barulho me fez literalmente pular da cadeira. Já que minha querida esposa esqueceu a porta do quarto aberta, precisamente a porta mais pesada que temos em nossa casa, aquela que nos deu mais trabalho para instalar e, agora, vive nos dando sustos. Não fiquei bravo com minha mulher, lógico que ela poderia ter sido mais atenta e ter fechado a porta, mas o susto me revelou algo. Pois desde quando essa quarentena começou, meu cérebro parou de funcionar parcialmente, exercendo apenas as funções básicas, nada como pensar, visto que é um encargo árduo, entretanto, quando aquela porta bateu, meu cérebro foi ligado novamente, e fui inundado com inúmeros pensamentos.

Aquela porta, grande, pesada, retangular, branca, áspera, com pequenas lascas de madeira sobressaindo, descrevê-la é praticamente tocá-la, sentir nas pequenas extremidades dos meus dedos. Seria algo inanimado? Não, não sei. Ela, com um simples movimento, que não foi exercido pela primeira vez, me fez despertar, e finalmente começar a pensar sobre como está o mundo lá fora. O mundo que eu abandonei cerca de 5 meses atrás e simplesmente fingi não ver o que estava acontecendo. Fingi que tudo estava tranquilo e que logo menos minha vida voltaria ao normal.

Todavia, agora eu sei que não, nada será como antes. O mundo nunca voltará a ser como ele era antes dessa loucura toda acontecer, antes do susto, antes da infeliz surpresa que recebemos em meados de março, a de que um homem estava infectado pelo novo Coronavírus aqui no Brasil. O planeta Terra que conheci antes de entrar em casa e não mais sair, não vive, está morto. Isso de certa maneira me assusta, pensar que o mundo que eu tanto amava não existe mais, e que atividades que outrora eram tão normais de serem realizadas. Agora nem sequer podem acontecer. Minhas tão amadas atividades físicas na praça estão canceladas por tempo indeterminado. Minhas corridas em volta da lagoa também. Abraços e beijos nem pensar.

Então o que será que me espera atrás da porta da minha casa? Um planeta sem esperança, infeliz, cinza? Certamente que não, claro que será diferente, enfrentamos uma pandemia, porém acredito que acima de todas mudanças ruins, existem as boas. Mudanças que nos farão até estampar um sorriso. No meu ponto de vista, o mundo pós - pandemia será de transformações, momento de nos reinventarmos como sociedade. Tempo de sermos mais empáticos, criativos, solidários, de realmente pensarmos no próximo, já que esse é um período em que isso se faz tão necessário. Novos produtos estão sendo criados, máscaras coloridas, luvas, lenços umedecidos antissépticos, estratégias para diminuir o contato entre pessoas, estilos de vida e muitas outras coisas. Não poderemos estar tão juntos como antes, mas nossos corações certamente nunca sequer foram desconectados. Os atos de abraçar, beijar, demonstrar carinho, nunca nos foram tão indispensáveis. Sem dúvida a Covid-19 transformou nossos hábitos, nos fez rever os nossos valores. E no final das contas, o que mais importa nessa vida, é viver.

*FONTE DA IMAGEM: https://outraspalavras.net/descolonizacoes/como-reinventar-o-estar-presente-em-quarentena/


Anormal

by Beatriz Jordão

Outro dia, após ler várias notícias sobre o vírus, decidi ir me deitar para ver se relaxava um pouquinho. No entanto, eu tive um pesadelo que, com toda certeza, não me relaxou.

Foi assim: pediram-me para tirar a minha máscara e deixar o álcool gel para fora, pois eu iria entrar. “Onde?”. Era um lugar lotado de pessoas. Depois me mandaram abraçar vários desconhecidos. Uma dessas pessoas era uma mulher que estava usando uma camiseta de lã, precisei espirrar. Fui trazendo o meu braço para perto do rosto, assim não contaminaria o resto das pessoas; quando vi, espirrei sem tampar a boca; meus braços estavam, não sei como, amarrados! Eu estava angustiada nesse local lotado. Procurei saídas, mas não encontrava nada, eu sentia meu coração acelerado, minhas pernas trêmulas, eu precisava sair de lá

Levantei e abri os olhos. “Que pesadelo foi esse?!” eu me perguntava. Eu estava assustada. Fiquei parada na minha cama olhando para o nada até que caí num choque de realidade. Agora eu percebi que o meu discurso de “quero que volte tudo ao normal” seria impossível. Essa pandemia mudou completamente o meu estilo de vida, o mundo nunca mais seria “normal”. O que eu chamava de “mania de higiene exagerada”, agora para mim é “o básico para não ser contaminada”. Eu me questionava se seria para sempre assim: se o receio de surgir outro vírus -até pior do que este que estamos enfrentando- tomaria conta da minha vida. Será que quando tudo virar anormal (se é assim que devo dizer) eu vou querer, por livre e espontânea vontade, usar máscara no aeroporto e em outros lugares com aglomerações? Será que quando tudo virar anormal eu vou querer, por livre e espontânea vontade, andar com um álcool gel na bolsa? Será que quando tudo virar anormal eu vou querer, por livre e espontânea vontade, tomar um banho imediatamente que chegar da rua? Será que uma nova era histórica será criada: Era Pós-Pandemia?

Esses atos de higiene, até então exagerados e incomuns, vão virar um novo estilo de vida, creio eu. Os encontros com os avós serão mais valorizados, creio eu. As idas à escola serão mais esperadas, creio eu. O mundo vai mudar, creio eu. Para melhor? Não sei. Preciso sair viva desta pandemia primeiro para escrever o resto dessa crônica.


Fonte imagem:

http://www.clinicasousadepsicologia.com.br/blog/2016/10/13/normal-e-anormal


Até quando?

Por Eva Gaiotto

Mais um dia em casa, mesma rotina, mesmos pensamentos, mesmas músicas, filmes repetidos, mesmas ligações. Tudo igual. Fazia três meses ou mais em que nos encontrávamos em situação de pandemia mundial. Decidi assistir televisão, mesmo que a única coisa que passava em todas as redes era sobre o vírus, Covid-19. Ao ligar, recebo a notícia de que os shoppings reabriram, e a felicidade veio na hora. Estava com saudades de ir ao shopping.

Decidi me arrumar. Como estava este tempo todo em casa, assisti inúmeros tutoriais de maquiagem, então todos os dias eu estava na frente do espelho me arrumando. Portanto, já estava profissional. Mas desta vez foi diferente: ao passar a máscara de cílios, reparei que não existe maquiagem sem ela. Fiquei intrigada. Ao aprofundar um pouco mais, uma ideia veio em minha cabeça à tona: será que também não irá haver um mundo sem máscaras para proteção contra o vírus? Todas as minhas paranóias chegaram e dominaram meus pensamentos. Estava me sentindo confusa e pensativa, pois foi uma das relações mais profundas que já fiz.

No começo de tudo isso, usar máscara era uma bobagem. Agora, todos estão utilizando-as de todas as formas possíveis e cores. Mas uma pergunta ainda restava: até quando este “novo normal” irá durar? Será que nunca mais iremos ver o rosto das pessoas, mesmo quando pudermos sair de casa? Tudo isso só diminui as minhas esperanças de que em algum dia isso iria terminar. Nada pode ser garantido, afinal, um dia a curva diminui, no outro aumenta, uma confusão. Desta maneira, não vamos, nem no presente nem no futuro, conseguir matar a saudade de quem amamos. Não vamos conseguir sair e apenas aproveitar a vida. Parece que o tempo pausou por um período, e, pelo previsto, irá continuar assim, insano. E foi aí em que pensei: assim como a máscara de cílios será essencial até que eles cresçam, a máscara de proteção será necessária até que tudo isso acabe. Só não sei quando. Então, continuei a minha maquiagem.


Despertador da realidade

Por Carolina Lima

Mais um dia normal de quarentena, despertador marcado para as oito horas da manhã, cansada após dormir muito tarde. Acordei confusa com o sono e olhei o horário marcando 8:05. Dei um pulo da cama, a primeira coisa que pensei foi “perdi o horário, não vou chegar a tempo na escola”. Peguei a primeira roupa que vi na frente, mal penteei o cabelo, peguei meu telefone e sai correndo escada abaixo. Ao chegar à sala vi que meu pai não estava lá, e achei estranho, fui checar as mensagens do meu telefone e foi ai que voltei para a noção, vendo uma mensagem no grupo do ano que dizia “ O ZOOM de física começa as 8:30”. E então, o sono passou, esfreguei os olhos, olhei em volta e lembrei: Corona vírus. Eu não ia para a escola hoje, nem amanhã, nem depois de amanha, e por mais nem deus sabe quanto tempo.

As aulas, que eram previstas para o retorno presencial dia 8 de setembro, agora já foram adiadas para dia 5 de outubro. Hoje, dia 11 de agosto, olhando para o cenário que estamos vivendo, já não mantenho mais esperanças em relação à volta presencial das aulas tão rápido. Além de que, caso voltassem, como seria a seleção dos alunos que iriam? Quantos dias por semana? São tantas dúvidas que eu assumo que é mais fácil ficar em casa mesmo.

Vejo o jornal passando na TV, um dia, o número de óbitos cai, outro, sobe, depois, é estável. A verdade é que nessa situação inteira tudo é instável, nada pode ser garantido com certeza. Todos os dias, ao sairmos de casa, corremos e colocamos pessoas em risco, sem que possamos escolher nem nos proteger. No almoço de dia dos pais não poder abraçar seu ente querido por prezar pela vida dele, ou pessoas que não têm mais a alegria de ter tais presentes por culpa do vírus. Mas no final, não há nada o que se possa fazer, apenas seguir as medidas adequadas e me adaptar à nossa nova rotina, como eu, agora paro por aqui, para acessar meu zoom de física.


Quando isso vai acabar? Era previsto para mês que vem...

By Marina Tomasi

Acordo às 8:00 da manhã, exatamente o mesmo horário que ontem, com meu pijama de manga curta e shorts. No momento em que me sento na cadeira, sinto um calafrio “Ué, mas ontem não estava 27 graus?” então eu lembro “É São Paulo ou melhor a cidade em que o tempo é bipolar”. Pego na hora o cobertor que estava na minha cama e tento, no mesmo momento, não voltar para ela e dormir até o meio dia. Com todas as minhas forças começo o dia da mesma maneira que ontem, peguei meus cadernos, estojo e abri meu computador; e como sempre o zoom já estava na tela. No mesmo instante que eu vi que o zoom estava sincronizando minha barriga roncou e eu falei “Será que dá tempo para pegar alguma coisa para comer? Acho que sim”, um segundo depois ouvi minha professora falando “Bom, vamos começar”, “Aaaa, nem comida agora eu posso pegar”.

Depois de uma hora e meia, a minha aula acabou e eu tive um recreio de 40 minutos, então decidi colocar as lições, provas e deveres todos arrumados no calendário. Abri o “google calendar”, o meu salva-vidas para me organizar, e no momento que estou passando os meses me deparo com o “mês glorioso” ou melhor “o dia glorioso”, dia 5 de outubro, o dia em que a quarentena irá acabar.

Fico observando e penso como aquele dia está tão perto, mas tão distante, será que tudo voltará a ser como era antes? Penso por um segundo, mas volto à realidade e claramente isso não acontecerá, voltar ao normal é fingir que as tantas mortes não aconteceram. E, afinal, para a grande maioria da população esse normal não era uma das melhores situações, e agora, vai acabar estando ainda pior (com as grandes restrições, cuidados higiênicos e as questões econômicas). A economia, que já está quase quebrada em vários países, irá com certeza ser um problema, porque se não ocorrer uma mudança no sistema financeiro global, o que será que vai acontecer? Provavelmente a população que irá sofrer, havendo mais ajuste fiscal, mais cortes nas políticas sociais e um alto controle de gastos e cortes de despesas.

Um vírus que deixou milhões de mortes pode ter alguma coisa positiva? Meu primeiro pensamento seria: “óbvio que não”, mas apesar de parecer loucura essa pandemia trouxe algo que precisava ser visto e que nós sempre tentávamos nos esquivar. A pandemia trouxe a alternativa, uma “janela aberta” para mostrar que o modelo de vida em que estávamos vivendo antes do caos, aquele modelo civilizatório não pode continuar, o capitalismo, o estilo de consumo, as grandes metrópoles chegaram ao seu colapso, porque sem isso nos próximos anos viveremos em períodos de confinamento e desconfinamento. Essa grande alteração pode acabar dando origem a uma sociabilidade totalmente grave.

Meu Deus, que barulho é esse? Dou um pulo da cadeira e vejo que o meu alarme indicando que faltam 10 minutos para o meu recreio terminar e minha próxima aula começa a me traz de volta para a minha triste realidade, a que dia 5 de outubro está longe de acontecer e que eu ainda estou na minha prisão moderna; mais conhecida como casa.

E o futuro ?

por : helena fachada

Hoje é Dia 15 de agosto de 2020 , como o tempo passa rápido ... Me lembro de estar mexendo no meu celular e ele começar a apitar ... trim trim , então olhei para a data , era 5 de Março, e nem imaginava que estaríamos passando por tudo isso. Os números de óbitos não abaixam , são quase 2000 por dia um número assustador e espantoso . A cada hora que passa percebo a tristeza e a escuridão chegando cada vez mais perto de nós , como se a felicidade nunca fosse voltar . Chego em minha sala e olho para a janela , pensando o que será de todos nós quando tudo isso acabar , para onde tudo isso nos levará ? E essa angústia dentro de mim não para de aumentar .

Essa pandemia não está fácil para ninguém . Muitas pessoas estão tendo que trabalhar e sair de suas casas , correndo o risco de pegar esse vírus para tentar adquirir uma quantidade mínima de dinheiro para sustentar sua família , pois elas não tem alternativa de não trabalhar , porque precisam desse salário . Mas Enquanto isso há pessoas que acham que esse vírus não é perigoso , e acabam saindo para as ruas , indo em festas clandestinas , achando que podem voltar a vida “ normal “ . Essas pessoas não refletem sobre elas estarem colocando não só a vida delas em risco, como a de muitas outras pessoas .

A vida “normal” antes desse surto , para mim , não vai voltar a ser como era antes , pois quando toda essa situação for controlada , pessoas vão continuar os hábitos de higiene reforçados , podem mudar o modo de trabalho em algumas empresas , vão acabar valorizando todos os momentos , mudar a forma de pensar , aproveitar mais a vida , o consumo e as compras vão mudar também . Se essa volta para os costumes não for controlada e não mudar , vamos passar a vida daqui para o futuro um processo de períodos de confinamento e períodos de desconfinamento e isso vai ficar se alternando e vai virar um problema . Não sei o que pode acontecer após tudo isso , pois tudo pode mudar em questão de segundo , mas Espero que dê tudo certo e que todos nós estejamos bem e com saúde quando chegarmos ao final de tudo isso .



MONÓTONA E SEM GRAÇA

Por Gabi Horta

Somos o segundo país com maior número de casos de Covid-19.

Até poucos minutos atrás estava lendo um livro sobre ficção cientifica e um futuro distópico. Mas acabei parando em uma cena muito intrigante, e começo a refletir. Um futuro. Distópico.

Inconscientemente, acabo refletindo sobre minha vida antes e comparo com a de agora. Tão monótona e sem graça. E vejo minha vida como está no mundo atual: monótona e sem graça, mas com uma pandemia.

Nunca tive experiências legais das quais pudesse instigar meus netos no futuro. Nunca estive em um relacionamento sério. Do qual, o meu parceiro ocupasse cada minuto do dia com sua parceira, e enfim viveríamos felizes. Até que alguma catástrofe aconteceria. Talvez traição.

Será que nunca terei esse tipo de experiência? A ideia em cima de minha atual situação parece quase impossível. E minha vida continuaria sendo monótona e sem graça. Sempre tive poucos amigos. Nunca fui boa em socializar com outras pessoas. Apenas quando entrei no teatro, eventualmente, consegui me comunicar melhor. Meus pais me apresentaram o teatro. Esses, por outro lado, falam mais que a boca. E atuam desde quando se conhecem por gente. (Descrição detalhada e expressiva da personagem).

Meu maior sonho começou por aí. Não sou muito boa atriz, mas gosto de organizar cenas, pensar em cada detalhe. Seria A diretora. E se minha vida fosse um teatro, o palco seria infestado de livros. Muitos livros. A primeira cena mostraria o meu quarto e nele a atriz que me representaria estaria com um livro na mão (Passagem muito expressiva). Estaria refletindo sobre uma cena em que acabara de ler, e pegaria uma folha de papel e uma caneta. E, então, escreveria: “Somos o segundo país com maior número de casos de Covid-19”. Meu pai chegaria com um rosto sério e um jornal na mão. Me mostraria a segunda folha do jornal, do qual a primeira linha se destacaria: “Senhor de 80 anos morre de Covid-19...”.

O ator com jornal sairia de cena. No canto inferior direito do palco, a luz miraria em duas pessoas. Um casal de idosos. É possível ver a dor através de seus rostos. A dor que de vez em quando se transforma em esperança e nostalgia. A luz se apagaria.

Acho que ninguém tem culpa de tamanha encenação. Mas a vida é muito curta para continuar monótona e sem graça...

Festas e mais festas

by Pipoca

Diante de mim, em cima da mesa da cozinha, havia um bolo, um bolo recheado com o mais delicioso creme de avelã e coberto com o mais cremoso chantilly, que se assemelhava às nuvens daquela tarde quente e nublada. O sabor do bolo era tão doce quanto minha relação com meus amigos antes da quarentena. Nem parecia que o doce dessa relação estava ficando mais intenso, pois a cada minuto que passava, eu me reencontrava com cada um deles.

Estava no meio de uma singela festa, contudo, estava também no meio de uma uma grande aglomeração: 11, 12, 16 pessoas em uma sala que enchia cada vez mais com o passar do tempo. Aquela era a minha festa de aniversário.

Foi ontem, 14 de agosto de 2020, em plena pandemia, numa rigorosa quarentena. Meus amigos com alguns membros de suas famílias visitaram a minha casa e cantaram parabéns para mim.Todos sem máscaras, não vi ninguém lavando as mãos com água e sabão ou passando álcool em gel. Sinceramente, eu duvido que qualquer atitude higiênica, como essas que citei, tenha sido tomada.

A festa teve início mais ou menos às cinco da tarde e apenas meus amigos da escola, com seus irmãos, e minha família estavam presentes, mas mesmo assim ela durou boa parte da noite. Eu e meus amigos jogamos, conversamos e rimos demais. A presença de cada um deles conseguiu saciar a saudade e a solidão que foram cultivadas em mim durante cinco longos meses.

Festas como essas se tornam cada vez mais comuns no decorrer da quarentena, seja uma simples visita aos pais, aos amigos ou aos familiares, eu mesma fiz várias nesse período. Seriam bem vistas visitas desse tipo quando a quarentena acabar(Certamente mais bem vistas do que agora)? Por quanto tempo elas vão continuar? Será que chegaremos ao ponto de ter que usar máscaras e uma maior quantidade de água, sabão e álcool em gel dentro de alguns ambientes específicos?

Infelizmente, depois de um tempo, eu e meus amigos tivemos que nos despedir, eles foram embora da minha casa por volta de meia noite, quando eu tive que fechar a reunião que acontecia em uma sala do Zoom, desligar meu celular e ir dormir.

Certamente foi uma festa atípica, mas espero que eu consiga comemorar meu aniversário com eles presencialmente no próximo ano, espero também que até lá não seja necessário o uso obrigatório de máscaras dentro de nossas próprias residências.

Alguém gosta de exatas?

by Филип

Novamente em casa, óbvio, vendo aula online de física, sem entender nada, como sempre. Só estava pensando em deitar na minha cama, ela tava toda bonita, me seduzindo. Terminei a aula com cara de paisagem e fui tomar um capuccino. Depois disso fui à cama, dei uma leve cochilada e acordei com meus amigos me ligando dizendo que a aula já tinha começado. Lembrei daquele sentimento desesperador mas ao mesmo tempo nostálgico, de ser acordado aos berros pela minha mãe para levantar que estava atrasado para aula. Na última aula do dia eu tive uma prova de matemática, nunca vi matéria mais impossível, não entendo qual é o motivo de saber como achar o ângulo adjacente da hipotenusa. Pensei em como isso poderia me afetar.

Exatamente seis meses tinham se passado, tinha conseguido passar nas duas primeiras fases e só faltava a última, que eram três provas, para entra na Le Rosey, minha escola dos sonhos na Suíça. Tinha ido muito bem na prova de proficiência em inglês e francês, fiz as duas online, porém a última era à caneta, chegou a bendita prova de matemática, me deu até calafrio em abrir a primeira página. O começo estava lindo, tinha algumas equações de primeiro e segundo grau, função. Até satan batizar com suas próprias mãos essa prova, começou a surgir umas inequações do meio do nada, teorema de Pitágoras, só posso dizer que chorei.

Algumas semanas se passaram e recebi um email, ansioso como sou abri sem pensar duas vezes e vi “Le Rosey comitê de aceitação”, com a esperança lá no alto, fui todo alegre, até que li a mensagem e vi um “Não aceito”. Me senti como um tolo, que bota horas e horas de esforço em algo que não leva a nada.

Só de pensar nisso já passo mal, imagina se vivo. Aí me toquei que precisava estudar matemática, não tinha escapatória, eu tinha que fazer aquela caneta voltar a ser azul. Vou precisar comprar lencinhos e uma garrafa d’agua 4L, vou me obrigar a entender matemática até que eu saiba de cabo a rabo, essa pode ser a última coisa que eu faça nesse planeta, é hoje que eu choro.


ficaremos unidos?

por Kayque Moraes

Outra vez, passei o dia sozinho em casa por causa desse vírus, a minha única companhia é minha xícara de café e, ao toca-la, sinto sua quentura e penso: será que depois que isso passar iremos voltar a sentir o calor de um abraço ou iremos continuar afastados?

O distanciamento teve alguns pontos positivos, como a despoluição do ar, o aumento da higiene e o aumento de pessoas trabalhando/estudando em casa, que alguns viam como privilégio.Mas ela teve seu lado negativo também, como as milhares de mortes e muitas pessoas com problemas. Será que as pessoas ficarão marcadas por essa doença ou voltarão a ser próximas como antes?

Eu acredito que quando tudo isso acabar iremos passar por um pequeno período de readaptação, no qual as pessoas ainda vão se manter distantes, porém depois disso as pessoas vão estar mais próximas do que nunca, afinal, esses é o jeito do brasileiro, sempre alegre e próximo, nosso povo sempre arruma um motivo para se reunir e festejar.


Renovação

por Melissa Takuno

Era um dia como qualquer outro. Marcos havia acabado de acordar e não sentia vontade alguma de levantar, mas era necessário, já que apesar de tudo o que estava acontecendo, algumas coisas nunca mudavam, o trabalho uma delas. Se levantou e logo decidiu fazer seu café, deixou coando e ficou por um tempo mexendo em seu celular. O dia mal havia começado e já estava estressado com as tarefas que teria que fazer. Minutos após, o cheiro de café já havia se espalhado por toda cozinha.

Isso o lembrou de quando passava em frente às cafeterias a caminho de sua casa, o cheiro lhe remetia a conforto e tranquilidade. Esperava que pudesse voltar a fazer isso logo, só não tinha certeza de quando seria “logo”. Agora sua realidade era como o cheiro do café para ele, muito contrastante com o amargor que outros viviam. Talvez seria apenas isso que o futuro reservava, afinal, voltar ao normal era impossível, ao contrário do que muitos querem acreditar.

Para o futuro, imaginava algo similar à realidade, crises econômicas, tensões sociais cada vez mais latentes, manifestações e protestos, pessoas em luto com psicológicos abalados e desemprego, principalmente nas camadas mais pobres. Pensar que tudo isso desapareceria logo após a pandemia seria como criar uma ilusão apenas com a essência de algo, o qual não se aplica a prática, do amargo que está por vir. Caótico, era assim que Marcos o definiria.

Quando notou, seu café estava pronto em sua caneca, logo tirou o coador e adicionou algumas colheres de açúcar. Apesar de tudo que previu, estava carregado de esperança, afinal, mesmo no ¨normal¨ o caos já existia. Marcos viu na pandemia uma parte da sociedade mais consciente e unida, que certamente resistiria por muitos anos. Talvez o futuro não seja apenas o caos, mas também uma chance para as mudanças.

O que será de 2021 ?


Por Anna B Alonso

Sem novidades por aqui, o tédio continua absurdo, as aulas sendo feitas na cama, juro que tem algumas vezes que quase durmo, mas consigo me segurar. Não vou mentir, no intervalo de uma aula para outra eu dou uma cochilada, mas vou tomar meu Nescau como sempre, daí acordo da minha cochilada com o outro despertador para o inicio da próxima aula, a partir da segunda aula eu não tenho mais sono e fico acordada e às vezes no intervalo de uma aula fico conversando com as minhas amigas pelo facetime, sério para mim é a melhor parte do dia, sinto tanta saudades delas que nem consigo explicar, nunca pensei que iria sentir tanta saudades delas só de pensar que já faz mais de um ano que não vejo elas fico com ainda mais saudades. Do jeito que o Brasil está acho que não vou sair dessa quarentena tão cedo, porque só no ano de 2020 foram mais de 150 mil mortos. Não aguento mais ficar trancada em casa só com o meu pai, a minha mãe, meu irmão e a Maria, se eu ainda tivesse um cachorrinho seria até melhor, porque eu poderia me distrair um pouco mais, a minha vontade de ter um cachorro cada hora fica maior já tentei de tudo para tentar convencer os meus pais, mas eles não me dão.

Quando essa vacina for desenvolvida eu vou comemorar tudo que eu não comemorei nesse tempo todo trancada em casa, não vai ter quem me segure, vou sair com as minhas amigas, vou viajar, vou queimar todas as minhas máscaras e os álcoois em gel, brincadeira sempre vou ter uma máscara e um álcool em gel comigo. Eu nunca mais vou reclamar de ir para a escola, eu achava que nunca ia falar isso, mas eu estou com saudades da escola. Mesmo passando por essa situação horrível eu acho que ela foi importante, pois durante ela consegui amadurecer muito e também agradecer por tudo que já vivi.

Um dia quero contar essa experiência louca que eu vivi para os meus filhos e ensinar para eles sempre valorizarem o momento que estão vivendo, pois eles não sabem o que pode acontecer no dia de amanhã. Enquanto a pandemia não acaba aqui no Brasil eu vou ficar sonhando em sair com meus amigos, tendo aulas online e não presenciais. Se você algum dia estiver lendo espero que o COVID-19 já tenha passado e todo o mudo esteja bem.


O que será do futuro?

Por Carolina Martins N.


Seis e meia da manhã e já estou tomando meu café para me despertar durante o dia. Resolvo olhar pela janela do meu quarto como os cidadãos estão enfrentando coronavírus e observo pessoas usando máscaras a mais ou menos 1 metro de distância uma da outra. Continuo olhando a movimentação da cidade por uns 3 minutos, quando infelizmente o alarme do meu celular toca, me alertando que meu plantão começará. Coloco a minha roupa, pego a chave do carro e a máscara para proteger-me desse vírus que está se propagando pelo mundo inteiro e vou para o hospital.

Quando eu entro no carro, retiro a minha máscara n95 e começo a refletir sobre quanto a minha vida se modificou há 5 meses a atrás, exatamente no dia 18 de março, quando a primeira pessoa infectada com o coronavírus deu entrada no pronto socorro do hospital, o qual eu trabalho, desde aí a praticamente tudo mudou, pois depois desse paciente, a cada dia que se passava, entrava uma pessoa infectada, parecia até que o tempo acelerava cada vez mais, como se a cada batida do meu coração uma pessoa aparecesse nas alas dos hospitais por estar sem ar ou se sentindo com os mesmos sintomas do vírus. E com o período, os quartos dos hospitais estavam cheios, ao ponto de quem iria usar o ventilador mecânico para sobreviver. Mas graças o tempo, isso mudou, eu sei que ainda não achamos a vacina contra esse vírus que está fazendo uma catástrofe no nosso planeta, mas os cientistas estão lutando para derrotar mais uma das doenças que a humanidade passou durante a evolução.

Não tenho nenhuma ideia sobre o que vai acontecer no futuro, mas tenho uma esperança enorme de que tudo o que está acontecendo agora vai passar. Eu tenho expectativa de que conseguiremos voltar tudo ao normal até o final desse ano, quanto mais as pessoas ficarem em isolamento, menor será o tempo necessário da quarentena. Tenho certeza de quando voltarmos para a rua, ainda fiquem preocupados com a higiene que nem ficamos hoje em dia, imagina só poder voltar a trabalhar a sair com os amigos com a família... Seria tão bom, não vejo a hora disso acontecer, mas para isso precisamos derrotar o Covid-19. Não sei quando ou onde esse vírus vai ser erradicado, mas uma coisa que eu tenho certeza é que aprendemos mais uma lição de nossas vidas. Respeitamos o luto e o tempo de cada um que perdeu um ente querido e em algum dia, tudo isso que passamos vai ser apenas mais um capítulo da história da humanidade.





Humanidade

Por Enzo Guaspari

Hoje mais cedo estava refletindo sobre o que estamos vivendo atualmente e como é maluco ver a velocidadeem que o mundo mudou por completo, às vezes me pego pensando em dias passados onde não avia de me preocupar em contrair um vírus mortal. Um mundo onde podíamos sair de casa e aproveitar o pouco tempo devida que temos e como estamos perdendo esse tempo presos em casa, e sobre isso a única certeza que tenho,é que esses dias nunca voltaram.

Mas mesmo assim consigo perceber que ficando em casa não estou desperdiçando uma parte da minha vida, mas sim salvando vidas.

E agora escrevendo isso percebo como a raça humana é egotista colocando a sua vontade de sair para encontrar amigos e ir em bares acima de vidas humanas, muitas vezes acreditando em falsas curas e líderes controversos. Certamente pararemos essa conta mais para frente seja no aumento do número de mortes ou no tempo que a pandemia vai durar.

Mas mesmo com tudo isso não consigo entender como conseguimos a transformar vidas perdidas e suas histórias em apenas números. Quando ligamos a TV vemos notícias nos mostrando gráficos e números que só́ aumentam dia após dia, e quase seis meses depois da chegada da pandemia no Brasil nos normalizamos o fato de que mais de mil pessoas morrem todos os dias em nosso país, e parece que poucas pessoas ainda se importam com isso. Não sei quantos mais terão que morrer para a sociedade entender que não são apenas números e sim pessoas.

E com todas essas coisas na minha cabeça penso no que a humanidade se tornou.

Cheiro de Liberdade

antonio bichucher

Era uma manhã fria de inverno. Aquela névoa matinal ainda não se dissipara quando eu abria o portão de casa para a voltinha cotidiana com meu cachorro .Eu continuava sonolento enquanto meu cachorro corria e forçava a coleira no maior entusiasmo. Eu não entendia aquela euforia absurda apenas por causa de um simples passeio.


Mas de repente, senti um cheiro que lembrava uma sensação distante, muito vaga. Só então eu tive um clique: não era apenas “um passeio”. Era a sensação de liberdade. Era aquela sensação nostálgica de ser livre. Aquele cheiro me fez mergulhar em lembranças felizes daqueles tempos em que tudo ainda era “normal”. Subitamente senti um puxão que me fez voltar a realidade. Era a coleira que se soltava de minhas mãos. Meu primeiro impulso foi correr atrás, mas parei um instante e a deixei ir, para que meu cachorro curtisse sua Liberdade. Essa liberdade que eu pretendo voltar a sentir no futuro, e que me trouxe esperança de dias melhores. Mesmo com um cenário tão distante e cheio de incertezas, apenas aquela sensação, aquele perfume, me levou para um mundo utópico, em que poderíamos esquecer tantas desgraças e voltar a viver “normalmente”. Um futuro que mesmo o mais pessimista dos pessimistas espera chegar logo, mesmo sabendo que pode estar longe.


Não entrei na faculdade!

Por José Lara

Ontem, dia 13 de agosto de 2020, eu estava levantando da cama às 8 horas da manhã. Desde a semana passada tenho acordado este horário. Se eu estou achando ruim? Não. Se eu estou achando bom? Também não. Acordar cedo é bom pois você produz muito mais durante o dia, mas também é ruim pois passo o dia com sono. Eu tenho aula até as 16 horas da tarde, após acabar a aula tenho o dia para mim. Todos os dias as 17 horas eu faço academia aqui no meu prédio com meu personal trainer, Bruno, eu adoro ele, ele é bom e engraçado o que torna a aula muito mais legal. Após fazer a academia eu subo, como 3 ovos, uma banana e tomo um gatorade, às vezes de uva ou às vezes de laranja. Antes da pandemia começar, eu fazia academia aqui no meu prédio com meu amigo Léo, mas o prédio proibiu pessoas que não moram aqui utilizar ela por enquanto, o que me abalou muito pois eu amava fazer academia com ele.

Neste dia enquanto estava tomando meu pós treino, que eu costumava tomar sempre com meu amigo, comecei a refletir, e se nunca acharem uma vacina para o Corona? O mundo vai ficar assim? Nunca mais vou fazer academia com o Léo? Sempre teremos que usar máscara? Que coisa horrívelMas acalmei e comecei a pensar no mundo pós pandemia. Será que pra sempre quando tossirmos dentro de um elevador ou espirrarmos as pessoas vão olhar estranho? Mas isso é o mínimo. Será que milhares de pessoas vão continuar morrendo mesmo após a vacina? Pois não sei se vai existir vacina para todos. Minha cabeça estava a milhão, não conseguia parar de pensar nem refletir, eu estava até me imaginando daqui a uns anos tentando entrar na faculdade. Um dia eu estava em casa, e não era um dia qualquer, era o dia pra saber se eu entrei na USP ou não. Não entrei, pois fui muito mal em matemática, que era minha melhor matéria antes da pandemia, mas após, apenas desastre. Esta pandemia acabou com meu sonho! Mas acalmei após refletir tanto, percebi que tinha dado uma mini enlouquecida.



Infinitas incertezas

Por: Laura Kawakami

Hoje, dia 10 de agosto, estamos há mais de 100 dias em casa, mas será que ficar contando todos esses dias realmente importa? Olhar para o calendário de janeiro e saber que traz tantas memórias que estão distantes mas até agora as melhores desse ano louco. Desde o começo da quarentena, todos os dias sento sozinha na janela do meu quarto vendo o sol nascer, o sol se pôr e a lua aparecer, brilhando como sempre e trazendo iluminação tanto para a cidade quanto para os meus pensamentos e reflexões sem fim. Como é triste olhar para o mundo e ver que em questão de poucos meses todos estão trançados em suas casas, vendo muitas pessoas morrendo diariamente e a tragédia só aumentando por conta deste vírus. E mesmo alcançando a marca de 100 mil mortos, ainda tem gente que continua vivendo o nosso antigo normal. Estando nessa terrível situação e todos os dias somos cobertos por incertezas de como vai ser nosso futuro como sociedade, meu futuro pessoal, será que vai ter vacina e medicamentos suficientes para todos? Bom, a única coisa que temos certeza e podemos afirmar é que esta pandemia vai acabar, mas o medo e os novos hábitos criados continuarão para sempre.

Agora, olhando para está linda noite iluminada, vou voltar a pensar nas incertezas, reflexões e pensamentos tanto de amanhã quanto do futuro.

Fonte da Imagem: https://www.google.com.br/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.seudinheiro.com%2F2019%2Fbula-do-mercado%2Fbula-do-mercado-21-10-2019%2F&psig=AOvVaw1dH1DaaXWn7XT0456IUbR2&ust=1598703555126000&source=images&cd=vfe&ved=2ahUKEwi8jaf98L3rAhVKAbkGHfMIA9wQr4kDegUIARC0AQ


O Futuro Indefinido

Por Clara Yumi

Abro os olhos e o quarto está escuro. Estranho, não ouvi o alarme tocar. Deitada, ainda no conforto de minha cama, estou completamente consciente. Ouço o ponteiro do relógio marcando cada segundo. Meus olhos estão começando a se acostumar com o escuro e eu consigo ver a silhueta dos objetos que decoram meu simples quarto; mas não consigo adquirir energia suficiente para me levantar. Então, naquele estado – exausta e drenada de qualquer energia, mas, ao mesmo tempo, sem sono e completamente alerta – estendo meu braço para alcançar meu celular na escrivaninha. Ligo o aparelho e me encontro, por alguns segundos, cega pela quantidade avassaladora de luz vinda daquela pequena tela. São quatro da manhã. Acordei e agora não consigo mais dormir. Começo a pensar no meu dia, no que farei, nas obrigações que me esperam... Talvez assim o sono chegue para me dar energia suficiente para mais um dia exaustivo.

Acordar. Trabalhar. Dormir. Os três verbos que parecem definir minha vida desde que o coronavírus chegou no Brasil. Antes me divertia, saía com os amigos, até mesmo aproveitava os dias na terrível empresa em que trabalho, porque gostava dos meus colegas. Agora... Só estou tentando me sustentar, com a esperança de que quando o que está acontecendo passar, tudo voltará ao normal. Realisticamente, é impossível voltar para o jeito que era antes. No curso da vida, não se volta atrás, principalmente quando algo desta magnitude afeta a humanidade. O COVID-19 prejudicou o mundo inteiro, economicamente, socialmente e politicamente, e inúmeras vidas foram perdidas. Isto, infelizmente, nunca poderemos recuperar. De agora em diante, a única maneira de voltar ao normal é criar um novo normal. Não podemos ignorar os impactos causados por essa crise; apagar 2020 e voltar para como estava antes. Temos que aprender com os erros de hoje, para que o amanhã seja melhor.

Nesse contexto, podemos tirar proveito dessa situação e sair mais sábios e experientes. As crianças, por exemplo, após a quarentena, voltarão para a escola tendo desenvolvido habilidades autodidatas. Elas terão aprendido como lidar com as situações com mais responsabilidade, autonomia e independência, já que passaram os últimos meses aprendendo por ensino à distância, incentivando a si mesmos, tomando iniciativa para estudar e tornando-se independentes de outros para sanar suas dúvidas. Ainda, os médicos realizaram muitas descobertas por causa do vírus. Além de que com a menor circulação de automóveis na rua, devido ao isolamento social, o ambiente se tornou um pouco mais saudável. No entanto, assim como há um lado positivo para toda situação, não posso ignorar o fato de que neste caso, perdemos mais do que ganhamos. Houve muitas perdas e não se sabe quantos mais morrerão até que se tenha uma solução. Mesmo se sair uma vacina já no início de 2021, quanto tempo demorará para que todos estejam vacinados? Quando poderemos parar de usar as máscaras? Será isto possível algum dia? Como serão as relações interpessoais depois do que enfrentamos? Será que pelo trauma enfrentado estaremos sempre com medo do contato físico que costumava ser um risco?

As máscaras provavelmente passarão a ser utilizadas quando alguém enfrentar qualquer doença contagiosa. Mas o que me preocupa, de verdade, são os fardos que teremos que carregar. As vidas que perdemos. As realidades que fomos obrigados a enfrentar. As crises que esta pandemia trouxe... Muitos negócios fecharam; empresas entraram em falência; percebemos que a educação não chega perto de ser perfeita, que não tivemos os recursos suficiente para manter tudo e todos. Mas a pergunta importante é: o que faremos sobre isso? Será que apenas ignoraremos tudo que passou e deixar 2020 ser “um ano perdido” como muitos dizem? Ou tomaremos isso como um alerta e melhoraremos muitos dos problemas que no passado fomos “deixando para amanhã”?

Podemos pensar no futuro como sua versão otimista. Ou podemos esperar o pior, porque sem esperança não há decepção. Mas a verdade é que ninguém sabe o que passará no futuro. Todos temos nossa própria versão do que queremos ou esperamos que aconteça, mas isso não significa que podemos juntar a versão de um possível futuro pós-pandêmico de todos e resolver a situação de um jeito universal. Junto a essa conclusão chega o sono, pesando sobre minhas pálpebras. E a cada segundo marcado pelo irritante, mas de certa forma, hipnotizante som do relógio, meus olhos fecham um pouco até que, finalmente, consigo dormir. De repente, acordo, um pouco desorientada com o sonar do despertador, mas pronta para enfrentar o indefinido futuro que me espera.

Pensamento diário

Por Sofia Hungria

Nesses momentos de quarentena, eu acho que o momento mais difícil para mim é a hora que eu paro para pensar no meu dia e compreender tudo o que está acontecendo. Minha cabeça e o meu corpo estão lotados de ansiedade e angústia sobre o futuro que essa pandemia está nos trazendo. Fico agoniada com o espaço que estamos criando para as futuras gerações e com essa normalização do caos, que pode nos fazer mal.

Daqui a um tempo, que seja 2 meses a 5 anos, o mundo vai estar completamente diferente, os nossos costumes irão ser outros e a nossa mente vai estar reprogramada para a vivência de uma forma diferente. O mundo já passou por muitas coisa e dificuldades que geraram infelizmente muitos traumas, mas o coronavírus está sendo o maior trauma dos últimos tempos.

Tenho medo de como vai ser a volta de tudo, normal não vai ser, mas o mundo inteiro vai ter que se adaptar. Tenho medo se as pessoas vão realmente se comprometer em pequenas coisas, como usar uma máscara e passar álcool gel. Hoje em dia o desconforto nos olhares das pessoas é visível, é possível ver o medo e a angústia de chegar perto de alguém, nessa realidade todo mundo fica suspeito e, infelizmente, esse pensamento está certo, só espero que no futuro as pessoas estejam normais novamente, quero sentir o tato e o calor brasileiro que tanto faz parte na nossa cultura.

Daqui a uns anos eu desejo com todas as minhas forcas que a pessoas tenham utilizado essa pandemia não só como o maior problema dos últimos anos, mas sim que as pessoas consigam observar uma das únicas coisas boas que tudo isso nos trouxe: uma nova forma de olhar o mundo. Isso tudo me trouxe uma valorização inexplicável das coisas simples do meu dia a dia, e também me mostrou o quanto que a organização é importante e que estar preparado nunca é muito; mesmo sabendo que não tinha como evitar essa pandemia, espero que no futuro se algo assim ocorrer novamente, o mundo tome melhores precauções e tente tomar conta da situação com mais seriedade e mais noção do que poderia se tornar.


Inserção da realidade

By Mariana Bloj

Era um grande dia. O dia em que as aulas retomariam, a economia se restabeleceria e as fronteiras reabririam. A cidade estava movimentada e cheia de vida, como o coração de cada indivíduo que ali viva. Um sentimento de pura gratidão e alívio. Um perfeito sonho que foi interrompido pelo toque de um infeliz despertador. Era hora de voltar a realidade. Um pesadelo sem fim, uma situação instável, um futuro incerto. Palavras que definiam o desespero mundial em relação ao isolamento social que se estendia a cada mês. Abri meus olhos e criei coragem para me levantar. Começava mais um logo e exaustivo dia.

Ainda de pijama, descia as escadas arrastando meus pés para tomar café da manhã. Assim que me sentei, pude reparar nos olhos inchados e cansados de minha mãe. Ela definitivamente não conseguirá dormir na noite passada. A preocupação em relação a economia e o futuro de sua empresa tiravam seu sono por completo. Não só dela mas de diversos trabalhadores. Terminei de comer e logo subi para me arrumar. Iríamos ao médico. Preocupados com o corona vírus, meus pais decidiram que iríamos tomar vacina da gripe.

Estávamos preste a sair quando pensei que algo estava faltando. Sentia o cheiro do banco de couro, do perfume do meu pai e do novo shampoo que estava usando. A facilidade com que respirava me trazia liberdade, porém não durou muito. Era a ausência do grosso pano que éramos obrigamos a usar. A máscara. Decepcionada, desci do carro e fui buscar-lá. Em seguida, saímos.

Chegando no prédio, paramos o carro e fomos em direção a entrada. Antes de entrarmos, havia um funcionário exigindo que passássemos álcool em gel e medíssemos nossas temperaturas. Passando por lá, entramos no elevador e mais uma vez, logo depois de apertar o botão, passamos álcool em gel. Ao chegar no andar certo, andamos pelo corredor vazio e quieto até a porta do consultório. Assim que a enfermeira abriu a porta, fomos obrigados a passar pela terceira vez o mesmo álcool em gel melado e com mal cheiro. Minha mão estava grudenta e com um odor muito desagradável. Nunca pensei que fosse ficar analisando a qualidade dos álcoois em gel, mas infelizmente era a situação que nossa sociedade se encontrava.

Assim que nos chamaram, umas das funcionárias nos levou até a sala em que seríamos vacinados. Separou as agulhas e todos os materiais que o médico iria usar. Assim que se retirou, o Doutor calmamente comprimento meus pais a distância e se organizou para aplicar o medicamento. Como todas as vezes que iríamos tomar vacina, meu irmão começou a chorar e meus pais tiveram que acalma-lo. Para que ficasse mais tranquilo, tive que ir primeiro. Me sentei na maca e ergui a manga da minha blusa. Fechei os olhos e escutei atentamente o barulho das agulhas na pequena bandeja de metal. Foi quando imaginei que aquela situação pudesse ser o momento mais esperado, não só por mim mas por todos. Poderia ser a vacina que estava sendo criada para acabar com o caos. Poderia ser a passagem para a liberdade. Estaria preste a ficar livre de toda e qualquer preocupação. Seria não só capaz de comemorar meu aniversário que seria no mês que vem, mas também de ir em festas, fazer viagens e conviver com amigos e família. Estava feliz e com um enorme sorriso no rosto, quando a fina agulha atravessou minha pele e aquela espécie de líquido foi inserido no meu corpo. Senti algo estranho. Não era dor, não era desconforto. Foi como se todo aquele futuro brilhante que havia construído em minha cabeça tivesse sido destruído e aos poucos se afastasse, ficando cada vez mais distante. Me senti perdida. Algo que deveria durar apenas alguns segundos, parecia estar durando minutos, horas. Percebi então que minhas ideias e desejos quando concretizados e aplicadas ao presente, se tornavam incoerentes. Planejar o futuro da maneira que eu e a sociedade estava fazendo, desprezava completamente a situação que estávamos vivendo, uma vez que já não se definia o que se trata de passado, presente e futuro. Continuávamos persistindo na conduta antagônica que vivíamos antes de tudo isso começar. Nosso mundo não se afastava da liberdade, e sim do renascimento. Tivemos uma chance de fazer diferente, porém não aproveitamos da melhor maneira possível. As lições não foram aprendidas da forma que deveriam ter sido e de alguma forma elas precisariam ser fixadas. Talvez, fosse necessário mais uma onda pandêmica, mais rígida que a anterior, que fosse capaz de mudar a mentalidade de nossa geração e estabelecer a paz e igualdade.

O Doutor retirou a agulha do meu braço e colou um adesivo para impedir o sangue de sair. Satisfeita com a conclusão que tinha acabado de chegar, abri meus olhos e percebi que já não via a situação desesperadora como antes. Estava mais tranquila e esperançosa. Afinal, não podia ter pressa, mais cedo ou mais tarde, tudo iria ficar bem.


O futuro sem pistas

by Helena Almeida

Ano 2020: A minha vida durante essa quarentena virou e caiu de ponta cabeça. Muitas coisas mudaram: amizades, estudos, socialização, relação com as pessoas da minha família. Podem ter sido para o meu melhor ou até mesmo o pior. É a primeira vez em que toda a nossa geração e dezenas de gerações antigas passam por uma pandemia na qual a quarentena foi ssolicitado. Todos em casa, presos, estudando e\ou trabalhando, sozinhos, com a própria família, sem ter permissão para sair por tempo indeterminado.

Contudo, ando passando a maior parte do meu tempo com a minha família, mais do que eu já poderia ter passado a minha vida toda. Pode ser muito chato e irritante ficar perto dos meus irmãos e dos meus pais, mas não existe nada que possa fazer ou para onde ir. Converso sobre tudo com a minha mãe, uma companheira. Discutimos sobre escola, amizades, decepções amorosas, e até mesmo sobre os crushs. Porém, além de tudo isso, há coisas mais importantes para se preocupar nos dias de hoje. Lembro que semana passada estava jogando conversa fora com a minha mãe e tocamos no assunto pandemia. Ela me fez uma pergunta naquele dia a qual não parei de pensar desde então: como será o mundo depois da quarentena?

Ano 2022: Cá estou novamente, escrevendo em uma folha de uma cor amarelada, um pouco sobre a minha vida especial. Creio que estava muito nervosa antes para descobrir o que seria de mim e do mundo após todas aquelas dificuldades e conflitos do Covid-19.

Bom, não tem muito com o que se preocupar (se você não for de idade). Digo isso, pois sobrevivi e tenho a oportunidade de contar tudo a vocês hoje, enquanto milhares de outras pessoas ficaram no passado e que oramos por eles todos os dias, por exemplo: minha bisa. Enfim, vamos chegar logo ao ponto: higiene. Não há um lugar público e até mesmo os privados sem a disponibilização de álcool em gel e máscaras. Inúmeras empresas, mesmo que não tenham nada a ver com métodos de limpeza, consomem os produtos necessitados pela humanidade para uma boa saúde e higiene contra o vírus.

Outra notícia espetacular é sobre a vacina: conseguimos, então só o que eu peço é para não desistirem de tentar. Conseguiram finaliza-la e fazer com que o mundo todo tomasse. Mas nem sempre tudo é como um mar de rosas. Era uma vacina nova para um vírus em que todos estavam preocupados e de quarentena em casa globalmente, não ia ser fácil de controlar isso. Demorou por volta de 2021 inteiro para que todos tomassem, um ano completo. Ainda assim, pelo menos funcionou, não é mesmo?

Sobre a escola, antes de tudo isso acontecer, antes de surgir o vírus, minhas notas estavam boas e eu acompanhava as matérias de uma maneira facilitada. Todavia, o Corona Vírus apareceu e acabou destruindo muitas vidas e carreira das pessoas, como muitas das outras doenças existentes no mundo. Com isso, as aulas dentro da nossas casa não eram muito fáceis de participar e acompanhar, o que me trouxe diversos problemas com nota e foco quando voltou a ser o que era antes. Peguei recuperação e, principalmente, não passei no curso no qual eu queria, mas estou me esforçando cada vez mais para que isso não aconteça duas vezes.

Ano 2020: Já não soube o que pensar, imagina o que responder. Nem minha mãe soube. Acabei deixando isso um pouco de lado, fazendo coisas que me distraia, pois estava muito frustrada e preocupada com o que aconteceria com o mundo e comigo após a quarentena, isto é uma pergunta que responderei apenas num dia futuro.




O vício de desprezar a escola

Por Murilo Almeida

Mais um dia acordando às onze da manhã com minha mãe gritando no meu ouvido para eu levantar, então abri meus olhos e peguei meu celular, vi que em dez minutos ia ter uma reunião no zoom, enquanto isso escovei meus dentes e, ao abrir a reunião, estávamos lá eu e meus amigos com aquela cara de tédio mais a cara amassada do travesseiro. Ao acabar a aula, tomei café e fiz duas atividades obrigatórias até chegar a hora do almoço. Comi a minha refeição favorita do dia e dei uma descansada de uns quinze minutos, às 14:05 tinha outra atividade obrigatória que fiz de qualquer jeito, entreguei e fui jogar videogame, tinha voltado a jogar por causa do tédio da quarentena, estava livre da escola naquele dia, já que não estava dando muita bola às aulas.

Após umas partidas do meu jogo favorito, meu professor de luta chegou em casa. Com preguiça e louco para voltar ao videogame, fiz a aula, tomei um banho e comi o jantar, era rosbife, um dos meus pratos favoritos, comi o tanto que cabia em mim e cheio fui para o meu quarto jogar mais videogame, combinei com meus amigos de jogarmos juntos, no dia seguinte tínhamos aula, mas eu gostava tanto de jogar que para mim valia a pena jogar até tarde e dormir em tempo de aula.

No dia seguinte, acordei com meu amigo me ligando, dizendo que tínhamos um prova, eu em desespero pulei da cama e entrei no LMS, era uma prova longa e que realmente precisava saber de alguma coisa, e eu que todo dia dormia tarde, acordava tarde, fazia as tarefas escolares de qualquer jeito e só queria saber de videogame, me dei mal. Minha mãe estava brava e decepcionada com a minha nota e eu estava sem o videogame.

Naquele dia aprendi que tinha que levar a escola a sério e parar com esse vício nos jogos, pois mesmo eu não me ferrando com a minha mãe pois eu entregava todas minhas atividades eu ainda podia me ferrar nas minhas notas, que é o que mais importa. Eu achava que os estudos na quarentena não eram nada demais e que todos iam se dar bem, mesmo fazendo as coisas de qualquer jeito, mas uma hora a verdade e a justiça vem à tona e para mim veio. Me ajudou a ficar alerta e ver que quem realmente estava me ferrando era eu mesmo e meu vício no videogame.



De Volta Ao Anormal

by: AMN


A rotina volta ao “normal”, estou subindo a rua para chegar à escola e a rua se encontra silenciosa, quase que abandonada, ela nunca foi muito movimentada, mas também não era calada desse jeito. Nas notícias eu vi que muita coisa mudou, tem limite de pessoas em estabelecimentos e as pessoas andam de máscaras pra todo lado, as marcas de produtos de higiene ganharam uma grana boa e os cuidados estão bem maiores. Muitas pessoas têm medo de se encostar oque pode dificultar muitas relações e torná-las mais preconceituosas com pessoas que moram em lugares mais pobre e com poucos recursos de higiene.

Espero, por outro lado, que isso ajude as pessoas a ter empatia com o próximo, é óbvio que a quarentena e o Corona vírus mudaram as pessoas de alguma forma, mas temo em perguntar se foi para melhor ou pior. É certo que muitas pessoas serão preconceituosas em relação a produtos asiáticos, é capaz que feiras tenham que ter licença para existir e terão que provar a qualidade dos produtos, é capaz que elas sejam proibidas por um tempo também. Meu medo é que as pessoas esqueçam que coisas como a pandemia já aconteceram antes e provavelmente essa não será a última, então é importante também que tenhamos noção de onde o vírus se originou para que o caso seja bem estudado.

As escolas tomaram muitas medidas de higiene e espaçamento entre alunos, estou preocupado com o fato de que eu não sei se poderei jogar basquete com os meus amigos do mesmo jeito que jogava antes e de não poder cumprimentá-los da mesma forma que cumprimentava antes. O bom é que a escola tem uma boa infraestrutura mas eu fico pensando nas que não têm e que vão ter muita dificuldade na adaptação pro retorno das aulas presenciais. Sei bem como é a infraestrutura de uma escola pública, até porque se não fosse pela bolsa de estudos, eu ainda estudaria em uma.

Além de todas as coisas negativas, ouvi falar sobre uma vacina contra o COVID, espero que ela esteja pronta logo e que seja eficiente. Porém, do jeito que anda a política no Brasil, acho que seremos os últimos a receber (É triste perceber que até mesmo com relação a isso o Brasil será marcado por privilégios), e mesmo sendo os últimos, provavelmente terão pessoas que não terão acesso, o que prejudicará ainda mais a situação. Porém, pra tudo tem um jeito e tenho certeza que de alguma forma vai dar certo, mas espero que não demore, pois tem muita gente precisando.


fonte da imagem: https://www.mensagenscomamor.com/mensagem/7947

O que será do dia de amanhã?

Por Laura Graziano

Depois que o isolamento começou, tudo se tornou muito chato e repetitivo. Não aguentava mais todos os dias ter aula sem ao menos poder ver as pessoas, e o mais difícil de tudo foi não poder mais fazer as coisas que éramos acostumados a fazer como sair para jantar com os meus amigos, eventualmente fazer uma viajem internacional nas férias ou dormir na casa de alguém. Era muito esquisito sair aos lugares e ver todos usando máscara, e caso você não estivesse de acordo, era olhado feio.

Já estávamos quase cinco meses na mesma situação, e sem ninguém saber quando tudo se estabeleceria e as coisas voltariam minimamente ao que nós consideramos normal.

Com isso um pensamento que se passa na minha cabeça é de que será vão se passar anos ou décadas para que tudo volte ao o que era antes, e que quando isso acontecer, o fato de podermos ter a liberdade de poder ver outras pessoas, abraçar seus amigos e familiares ou ir a escola, serão coisas que serão agora serão consideradas o diferente? Será que as futuras gerações irão crescer com essa nova realidade?

Acho que ninguém achava que esse vírus tomaria toda essa dimensão a ponto da pandemia ter sido uma coisa global, e de ter paralisado o mundo inteiro, falindo empresas, desempregando pessoas, superlotando hospitais, e assim causando a morte de tantas pessoas por não ter mais espaço neles. Eu realmente espero que tudo se estabilize o mais rápido possível, e que muito em breve tudo isso que estamos vivendo, passe logo a se tornar somente uma lembrança de uma época difícil pela qual o mundo passou, e deixe de ser nossa atual e triste realidade.


Novo normal

By: Pedro Henrique O. Lima

Acordei e, como de costume, fui em direção à porta do meu quarto. Quando abri a porta, me deparei com minha mãe sentada no sofá assistindo o telejornal. Enquanto caminhava para o banheiro, escutei o apresentador de um jornal dizer “As pessoas já deveriam ter se acostumado com o novo normal”, quando escutei essa frase, parei para analisa-la e questionei-me se esse período que estamos vivendo será passageiro ou não.

Diante de tudo que estamos vivendo, será que conseguiremos retornar à nossa rotina normalmente? Creio eu que esse presente momento deixará sequelas em nossa sociedade. O normal de meses atrás já não é o mesmo normal de agora, que não será o mesmo normal daqui uns meses, então será que devemos mesmo nos acostumar com esse “novo normal”, já que logo deixará também de normal?

Com isso, percebi que nosso futuro está incerto como nunca esteve antes, não sabemos o que esperar dos próximos dias. Poderemos passar por um novo pico de infecção, ou talvez achem a cura antes do que está previsto. Mesmo com tantas controvérsias, posso imaginar como será nossa vida aos passar de uns meses. Creio eu que medidas tomadas para a prevenção da propagação do Covid-19, como: a higienização das mãos de forma mais atenciosa, o uso de máscara e evitar tocar em locais propícios de contaminação, serão mantidas pela grande maioria da população. O trabalho e estudo através da Internet será algo que muitos irão adotar para suas vidas, mesmo depois que as coisas se normalizarem.

Com esses e tantos outros pensamentos em minha cabeça, como: A dúvida se retornaremos com as aulas presenciais ainda esse ano, como vai ficar a questão do desemprego no Brasil, com cada vez mais gente sendo dispensada dos seus empregos, entre outras questões. Comecei a escutar uma voz bem ao fundo tentando me dizer alguma coisa, tentei me concentrar ainda mais para tentar entender o que essa voz me falava, após alguns minutos percebi que não se tratava de uma voz da minha cabeça, e sim minha mãe falando “Menino você não vai sair desse banheiro?”. Depois de tudo o que aconteceu, cheguei à conclusão que devemos nos preocupar com o dia de hoje, pois o amanhã está cada vez mais incerto.


Fonte imagem: https://i.ytimg.com/vi/CU0JJXvRdzM/maxresdefault.jpg

O Desconhecido

Por Isabela S.

Tudo sempre começa com um simples raio de sol, anunciando ao mundo que o dia recomeçou. As cores colorem o escuro céu e transformam o cenário monocromático em uma obra de arte viva e vibrante. Eu me deito na rede de minha varanda, como de costume, e aprecio este incrível momento. A leve brisa da manhã que toca minha pele, traz consigo o sentimento de liberdade, algo que tem sido difícil sentir em tempos como este. É como se eu estivesse livre, com o vento colidindo contra meus cabelos.

Fazer isto todas as manhãs se tornou parte de minha rotina, é um modo de escapar da realidade. Meus olhos se fecham delicadamente e meu corpo somente sente o mundo ao seu redor. Escuto os pássaros cantando e as árvores dançando ao vento e me pergunto se daria tanto valor a isto quando a pandemia acabasse. Estes pensamentos me levaram a pensar no futuro, algo desconhecido e que temos muitas incertezas.

Nós, seres humanos, somos incapazes de prever o futuro ou dizer com certeza o que acontecerá. São muitas dúvidas e não sabemos como viveremos quando tudo voltar ao “normal”. Teremos que nos adaptar a um novo normal, que poderá trazer consigo novas regras e ideias. É possível que seja um mundo totalmente novo, um lugar mais solidário e justo para todos, onde haverá uma forma de vida mais sustentável e melhor para a natureza. Mas talvez não mude quase nada.

Desconhecemos tudo, desde o futuro mais próximo ao mais distante, só podemos imaginar e torcer por um mundo melhor. É como se estivéssemos no fundo de um poço olhando para cima e imaginando tudo que pode ter lá em cima. Além do mais, olhamos com receio de demorar muito para chegar lá. Viveremos com esta incerteza até o fim da pandemia, que será quando teremos todas as nossas dúvidas sanadas, mas por enquanto viveremos o presente com a esperança de um futuro melhor.

Enfim, abro meus olhos novamente e admiro o misterioso horizonte. E assim, deitada em minha rede apreciando a beleza do dia, continuo a manhã pensando em como espero ter mais dias como esse para que eu possa conhecer o desconhecido futuro.

Fonte imagem: https://www.google.com.br/search?q=fundo+do+poco&client=safari&hl=pt-br&prmd=isvn&sxsrf=ALeKk01IgFu1EjoUU7kimw12mMMXp0MzLA:1598616174385&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwi_79Kp7b3rAhUXF7kGHQfcAmQQ_AUoAXoECA8QAQ&biw=414&bih=710&dpr=2#imgrc=5Osf4uVD3ArDQM



Descanso

Por Pedro Paiva

Todos os dias, ao acabar tudo o que eu tenho para fazer da escola, vou deitar para descansar um pouco. Porém, todas essas vezes em que eu deito para “descansar”, eu nunca realmente consegui relaxar e ficar sem pensar em nada, pois sempre há algo que está me incomodando, sempre estou muito aflito, principalmente nesse tempo de pandemia. E acredito que não sou o único que está praticamente enlouquecendo nesta situação.

Por causa do que estamos passando, pessoas perderam empregos, perderam familiares e outros estão perdendo a cabeça, porém acredito que quando vencermos este vírus e voltarmos para a realidade tudo estará incrivelmente melhor, pois acredito que isto foi um sinal para a nossa sociedade, para que todos nós pudéssemos amadurecer e poder dar mais valores para as coisas. O mundo estava um horror, muitos não ligavam mais para suas amizades e familiares e sim ficavam somente vidrados na tela do computador trabalhando ou navegando nas redes sociais.

E hoje, ao passar estes 5 meses trancados em casa sem poder ver nossos amigos e familiares, eu tenho certeza de que o que cada um da nossa população mais quer agora é dar um abraço em seus pais, avós e amigos; o que antes era uma coisa que nós não ligávamos, hoje é uma coisa raríssima e o nosso maior desejo.


Construção Interna

by: Enzo Lazaroni

Inicia-se mais um dia de trabalho, e, como de costume, tomo meu café, vejo algumas notícias no meu celular, pego minha máscara e álcool em gel, e vou para o trabalho. Quando entro no ônibus, percebo que tem menos pessoas do que costumava ter 5 meses atrás, mas não sei se isso é bom ou ruim, espero que essas pessoas que não estão no ônibus estejam bem e vivas. Além disso, percebo um ambiente totalmente mais sombrio no meio do caminho, as pessoas estão com medo de chegar perto das outras, e também existem pessoas que não estão nem ligando (a maioria delas ficam fazendo aglomeração no bar às 6 horas da manhã). E imagino se depois da pandemia acabar outras pessoas estarão tendo empatia ou não por outras.


Chegando na obra (trabalho como engenheiro civil), começo a pensar como algumas empresas não se importam com os funcionários, pois uma semana atrás, três pedreiros da obra foram diagnosticados com Covid-19, no início da pandemia outros também, e a empresa continua nos obrigando a sair de casa e continuar com isso, dando pouca importância às vidas que estão se arriscando. Lembro-me bem de como me sentia confortável chegando no trabalho, cumprimentando os outros funcionários, acompanhando o andamento da obra, adorava até ouvir o barulho dos materiais, era algo realmente bom. Hoje em dia só sinto angústia e medo por estar trabalhando no meio de uma situação caótica, e de pensar na possibilidade de me infectar e acabar passando esse vírus pra alguém. Com meu horário chegando ao fim, vou pra casa pensando sobre o que vai acontecer quando a pandemia passar.


Meu primeiro pensamento, é que algumas pessoas terão preconceito com produtos e pessoas asiáticas quando sairmos dessa situação, o que é algo horrível. Penso nas pessoas que perderam então parentes e pessoas queridas, será que elas já terão superado a perda quando a pandemia acabar, ou estarão traumatizadas com a situação e continuarão com medo? Penso em quem está desrespeitando a quarentena todo dia, será que quem está fazendo isso vai continuar sem empatia pelo próximo?


Sinto muita falta de sentir os abraços dos meus pais, do carinho e dos passeios que tinha com meus amigos, mas não tenho certeza se depois que isso acabar vamos continuar com esses hábitos. Ouvi dizer que estão fabricando uma vacina pra esse vírus, mas levando em consideração a atitude do nosso Presidente da República , duvido muito que o país receba essa vacina tão cedo. Tento permanecer otimista sobre o futuro, mas tudo indica que ele está reservando dias difíceis pra todos. E em meio à todas essas incertezas, chego em casa, e vou direto pra cama, com receio do que está por vir.




Valentina Fagundes Martins

Hoje, dia 28 de agosto, faz mais de seis meses que estamos vivendo nessa situação, faz seis meses que estamos vivendo dentro de casa feito carcereiros, presos pelo corona vírus. Ate quando vamos viver assim? Ate quando vamos ter que ficar nos preocupando constantemente se pegamos essa doença que ainda não temos completo conhecimento? Ate quando milhares de pessoas vao continuar morrendo? Com meu almoço servido na mesa, minha salada fresquinha com tomates bem vermelhos e uma agua bem gelada. Eu agradecendo, me vem um pensamento em minha cabeça: a fome. Com essa situação que estamos passando, muitos estão tendo dificuldades para se manter: manter sua casa, seu estilo de vida, sua comida e o mínimo de conforto que qualquer um deveria ter. A fome já era algo de tamanho enorme, e agora ela esta ainda maior. Quando estou andando na rua e passo por um mendigo, fico me perguntando: “o que aconteceu com essa pessoa para ela estar aqui?” “qual sua historia de vida?”, e se nos formos parar para pensar, isso funciona como um ciclo: a pessoa acaba na rua, procura comida mas nunca vai ter o suficiente para matar sua fome, então ela fica sempre a procura de uma refeição porque é o que ela precisa para sobreviver o agora. E então o “sair da rua” sempre vai ficando para depois, porque o importante agora é ela viver. Outra situação que quando acabo me deparando me deixa profundamente triste, é quando passo por uma comunidade ou um bairro muito precário, e vejo uma mae com várias crianças para cuidar. Me passa na cabeça o quanto ela deve ter que trabalhar para apenas alimentar todas aquelas crianças. Ninguem, independente de qualquer coisa, merece passar por situações onde temos a necessidade de algo para sobreviver. Pessoas passam fome e frio, coisas que são tao básicas de conseguir, mas acabam sendo tao difíceis de realmente terem... Quando essa desigualdade social enorme vai acabar? Quando nos vamos começar a ter compaixão pelo outro a ponto de ajudar?

A esperança que nos resta

IMAGEM: https://sites.google.com/view/coronicas-csa1em/apresenta%C3%A7%C3%A3o#h.cai7y28j1yen

Por Maria Eduarda Carvalho

São 15:00 horas e Rosa, como sempre, já estava sentada em sua cadeira florida ligando a televisão e aguardando ansiosamente para o reprise de Lendas da Paixão. Como de costume, ela, que não domina a tecnologia do século 21, acabou se enganando e clicou em botões que nenhum de nós sabíamos que existiam e, quando menos esperávamos, nos deparamos com as mais lindas memórias da nossa passagem pelo mundo. Vídeos do nosso tradicional amigo roubado, Sandra, minha irmã, curtindo o sol escaldante da Barra, fotos das nossas fantasias mais inusitadas da época mais alegre do ano e vídeos dos aniversários de nossos filhos. A única coisa que conseguimos fazer ao ver aquelas recordações foi nos comunicar através dos mais puros e lacrimosos olhares e desfrutar do vazio que desencadeou Momentos coloridos, ou, como minha mãe costumava dizer, momentos repletos de glitter.

Uma hora se passou e ainda não conseguíamos descrever o que acontecia em nossa mente e muito menos distinguir o que sentíamos. Meu coração, quente, pulsava alegria, meus olhos brilhando, esbanjavam conforto e minhas pernas, trêmulas, tomadas pelo medo. A ideia da mudança nunca se tornou tão equivalente ao medo do não vivido, do incerto, e em questões de segundos a insegurança tomou conta de meu corpo. Minha mente se tornou uma bomba relógio que estava a minutos de explodir, mil e um questionamentos passavam em minha cabeça, será que um dia verei sorrisos ainda verdadeiros em vez de máscaras? Será que ainda sentirei a leve brisa do verão movimentando os meu cabelos? Será que um dia ainda mergulharei na alegria conhecida como Praia de Copacabana? A esperança que nos resta diz que sim.



Qual será o novo normal?

Por Gabriel Vidigal

No ano de 2020, a sociedade vem passando uma situação pandêmica, na qual toda a população está sendo afetada. Não está bom pra ninguém, estão todos fartos do isolamento social. Todos sentem falta de sair de casa, confraternizar, encontrar amigos e famílias. Contudo, ainda temos que superar essa fase, afinal, tudo passa, basta ter paciência e esperança, que logo nos veremos em uma situação de volta ao normal.

Um dia desses, eu estava descendo as escadas da minha casa, para tomar um dom café da manha, quando vi um objeto que me trouxe muitas lembranças. Me deparei com minha mochila da escola, ao lado de um móvel. Após isso, fui fazer a minha refeição, mas meus pensamentos permaneceram no objeto que em si não era importante para mim, mas o que ele me lembrava e me fazia pensar muito, era de extrema importância. (Interessante relação associada à memória afetiva; bom!).

A mochila da minha escola me fazia lembrar a vida que tínhamos e o antigo normal, que era um ótimo normal. Acordar cedo para ir à escola, ter aulas infinitas até não aguentar mais, aproveitar os recreios até o último segundo, não parar de rir no almoço. No entanto, o normal de hoje em dia já é mais questionável, digamos que não é a rotina que eu mais gosto. Ao invés de toda a emoção que vivia, agora o que tenho para contar é acordar, tomar café, ligar o meu computador e ter aula longe dos meus amigos, ter aula o dia todo e não falar com meus companheiros.

Isso tudo me fez refletir qual será o normal do futuro: será que voltará a ser tão bom quanto no passado? Acredito que a resposta seja “Ainda melhor”. Creio que a situação pós pandêmica será ainda melhor que a situação de antes da pandemia. Cheguei a essa conclusão depois de pensar que todos devem estar pensando igual a mim: com saudades de todos, querendo que tudo volte logo. Por isso, acho que no futuro vamos nos relacionar muito mais abertos às novas amizades, dispostos a conhecer novas pessoas e reforçar os laços com as que já há uma relação.

Concluindo o pensamento da minha reflexão desses dias, o futuro, nosso amanhã, será uma realidade completamente diferente, de uma forma positiva e melhor que a passada e a presente. E além de tudo isso, devemos ter paciência para esperar essa fase passar, e depois disso, aproveitar nossas vidas de novo.


Nada além do amanhã

Por Valentina Zani

Ao abrir os olhos, vejo Ana, minha esposa. Levanto da cama, escovo meus dentes e vou direto para a cozinha preparar o café da manhã. Como um mineiro, a primeira coisa que vem em minha cabeça nada mais é do que tomar um bom café preto. Ao sentar à mesa, seu cheirinho e gosto marcante trazem memórias à tona. Hoje faz cinco meses que estou longe de meus filhos e netos mas, afinal, não se passa de apenas “mais um mês”, que agora nada mais são do que um curto período de tempo nessa batalha contra o tão abordado vírus. Tempos que, apesar de monótonos, vão deixar eternas cicatrizes em cada um.

Sento em minha varanda e vejo o Sol iluminar mais um dia. Apesar de cedo, não vejo nenhum carro na rua, o que mesmo não sendo um bom sinal, não abala minha fé e esperança de que logo tudo será controlado e que um dia, vou abrir o jornal e ler a notícia “o mundo venceu a luta contra o coronavírus”.

Muitos se questionam se tudo voltará a ser como antes, mas para mim, a resposta é não. Depois de passar por toda essa experiência, como tudo poderá voltar a ser o que era? As pessoas não vão ser as mesmas. O mundo não vai ser o mesmo. Eu, por exemplo, não sei se um dia poderei sair de casa sem me preocupar com tal doença, ou se até mesmo será seguro abraçar alguém sem estar utilizando uma máscara. Não sei se tal angústia misturada com medo sairá de nós um dia.

O isolamento consequentemente nos faz pensar, além de tudo, no valor de cada momento que, mesmo que simples, são mais especiais do que imaginamos. Nunca pensei que os simples encontros com meus amigos ou até mesmo mesmo caminhadas matinais com Ana, me fariam tanta falta. Coisas que pareciam banais, mas que hoje vejo o quanto eram significativas para mim. Mas agora nesse período, a paciência e compreensão são indispensáveis, pois as vidas que estão sendo perdidas vão além de um simples número nos noticiários. Por agora, não consigo imaginar um futuro além de abrir os olhos, ver Ana, minha esposa, levantar de minha cama, escovar meus dentes, ir direto para a cozinha preparar o café da manhã e, como um mineiro, tomar um bom café preto.


prisioneiro da mente

por conrado alves

Outro dia eu estava sentado jogando no meu computador quando pensei no que eu estava fazendo. Todo dia, todos os dias a mesma coisa, um looping infinito com alguns detalhes em particular. Todos os dias eu acordo, vou para o computador e me prendo lá, dentro de 4 paredes que nem um prisioneiro, até que uma reflexão profunda sobre o futuro me vem há cabeça: por quando tempo ficarei assim ? se eu continuar estarei desperdiçando anos de uma faze importante da minha vida, anos e anos vão se passar e eu apenas irei ficar vivendo dentro de 4 paredes, sem tomar riscos e sem tentar novas coisas , se eu começar a pensar sobre as minhas decisões, minhas correntes começaram a cair, começarei a pensar em novas formas de viver e ser feliz, quando isso acontecer, eu finalmente estarei livre das correntes, e cada detalhe de diferença que tinha em cada dia começara a crescer e ai finalmente eu sairei da minha área de conforto e aproveitarei o que cada momento que a juventude me oferece, e assim cada dia terá algo de diferente, sem nenhum looping ou repetição.

E daí? Lamento

Guilherme Campos

Mais um dia dentro do “novo normal”, ouço o despertador tocar diversas vezes, mas ele não me causa a estranha sensação de preguiça, agora esse som representa apenas mais um dia monótono e cansativo. Lembro-me que a minha casa era um lugar confortável, no qual eu adorava voltar depois de um dia cansativo de escola, era meu porto seguro, e hoje sinto que é uma prisão. Depois de quase cinco meses dentro de casa, passo cada dia com um sentimento horrível e monótono, que parece se estender infindamente, levando-me a pensamentos loucos, seguidos de uma tristeza profunda.

É assustador pensar que nesse ponto da pandemia nada mais importa. As vidas perdem o valor e se tornam apenas números, hoje 18 mil foram levadas por esse estranho vírus, para um obscuro destino, e mesmo assim milhares de pessoas decidem se reunir em meio a um grande genocídio. Enquanto a cidade é engolida pela morte a ansiedade ataca de novo, penso se algum dia vamos voltar ao antigo normal tão querido, ou se estamos adentrando uma nova fase, cheia de incertezas e medo. Será que vamos ser um dos 18 mil amanhã?

Penso se vou sobreviver a essa loucura, ou se vou acabar em um túmulo esquecido, e serei apenas mais um número, se serei lamentado ou esquecido. Agora vou me deitar e esperar o despertador tocar e torcer pela tão sonhada estranheza.

https://www.folhape.com.br/noticias/brasil-registra-pela-primeira-vez-mais-de-mil-mortes-diarias-pela-covi/141085/



Um Futuro Incerto

Por Maria Fernanda Moraes

Era mais um dia normal na quarentena. Eu estava indo para a cozinha comer alguma coisa quando senti um aroma no ar. Ao mesmo tempo que era diferente, ele era familiar. Era o cheiro do pudim de claras da minha vó. Sempre que eu ia para a sua casa, lá estava ela fazendo seu famoso pudim. Até que me lembrei. Devido ao Coronavírus, eu não a visitava há mais de 5 meses. Fiquei paralisada por um tempo. Quando será que vou poder visitá-la novamente?

Com aquela fragrância ainda no ar, comecei a refletir sobre o futuro. Mais especificamente sobre o futuro pós pandemia. Acredito que assim como eu, várias pessoas evitam pensar sobre o futuro. Em minha experiência, pensar sobre aquilo que não é o presente me traz apenas angústias. Entretanto, é inevitável não pensar nisso, ainda mais na situação trágica que nos encontramos. Como que será um cenário pós pandemia?

Me vi imaginando e pensando sobre diferentes futuros. Um futuro próximo, no qual, com a chegada da vacina daqui algumas semanas, tudo voltará ao “normal”, se é que isso é possível. Ou um futuro longe, no qual daqui um ano ainda estaremos em quarentena, a procura de uma “cura”? Quantos meses até que os estudantes possam voltar para a escola e a população a trabalhar? Um mês ou um ano até que os restaurantes e lojas possam permanecer abertos durante o dia inteiro? Quantos mais meses temos que aguentar até que a nossa vida volte a ser o que era antes? E será que algum dia ela voltará a ser o que era antes?

Ainda na cozinha, com aquele cheiro delicioso, eu pensei mais um pouco. No futuro, o que será normal? Máscaras? Home office? Aulas on-line? Pessoas evitando lugares aglomerados? Distanciamento de 2 metros em todo o lugar que você vai? Posso assegurar que as coisas não voltarão a ser como eram antes, “normais”. Mas como será o novo normal? Não consigo achar nenhuma resposta para meus questionamentos. Volto de meus pensamentos. Quando me dou conta, ainda estou paralisada na cozinha. Parei de pensar na incerteza e inconstância que é o futuro pós pandemia. Sentei-me na mesa e comi um pedaço do pudim de claras.

Fonte da imagem: http://www.dmtemdebate.com.br/examinando-o-futuro-do-mundo-e-o-nosso-apos-a-pandemia/

Adaptação

Por Camila Cerresi


Adaptação. Acho que esse é a palavra que melhor define esses últimos meses. Diante de tudo que temos passado, o que nos resta é nos adaptarmos a essa nova situação, sendo ela boa ou ruim. Eu por exemplo me adaptei, tive de me adaptar, já que as coisas vivem mudando.

Hoje, por exemplo, prefiro o café sem leite que me deixa mais acordada, prefiro também fazer as atividades na hora já que não há mais “lição de casa”, passei a me conformar em só ver meus amigos por uma tela, a sentar todo dia na cadeira desconfortável do meu quarto e usar aquela máscara apertada toda vez que saio de casa, até me acostumei às bicadas doloridas do meu pássaro e a passar mais tempo com meus pais olhando a grande tela da tevê. De todas essas coisas normais do dia a dia, só há uma que eu não me acostumei, e que nem sei se deveria já ter me acostumado, mesmo parecendo que muitos já.

“Hoje, no dia 16 de agosto, 107.879 mortes por COVID-19 foram confirmadas no Brasil”. Essa foi a primeira notícia do jornal de hoje, que não foi muito diferente da do jornal de ontem: “Hoje, no dia 15 de agosto, 107.259 mortes por COVID-19 foram confirmadas no Brasil” e que provavelmente não será muito diferente da do jornal de amanhã: “Hoje, no dia 17 de agosto, só Deus sabe quantas mortes por COVID-19 foram confirmadas no Brasil”. A notícia é praticamente a mesma sendo que a única coisa que muda são os números e é exatamente isso a que nunca vou conseguir me adaptar, nunca os verei como apenas números e sim como vidas. Vidas singulares e únicas, foram 107.879 vidas perdidas, 107.879 sonhos arrancados, 107.879 famílias de luto e isso só no Brasil Assistir ao jornal é sim uma das coisas mais banais do meu dia a dia e todos já nos adaptamos a isso, mas é desesperador que as coisas ditas sejam vistas do mesmo modo. Em meio a todo esse caos disfarçado fecho meus olhos e por um instante imagino o futuro.

É janeiro de 2021, no meu aniversário. Nem metade da população já foi vacinada, mas o mundo já começa a voltar ao seu antigo normal. Agora as pessoas são mais cuidadosas, utilizam ainda o álcool em gel e lavam as mãos, as escolas estão prontas para voltar em fevereiro assim como alguns pontos de aglomeração, é claro que existem algumas restrições ainda que poucas. Eu sei que ao fechar os olhos, poderia ter imaginado um futuro bem mais distante, como 2025, quando a pandemia do coronavírus não passasse de uma lembrança, mas mesmo assim minha mente me levou ao começo do ano que vem, isso porquê imaginei que quando ligasse o jornal, a notícia desse dia seria: “Hoje, dia 17 de janeiro, as mortes por COVID-19 confirmadas no Brasil pararam de aumentar”. Ainda não sei se finalmente me adaptaria a tudo pois as perdas foram muitas, mas com certeza nos viríamos mais fortes já que todas as vezes que passássemos por situações difíceis, bastaria olharmos para trás e vermos tudo o que já havíamos superado.


O que eu faço ?

by: Nick

Já passam de duas horas da manhã e ainda estou acordado, deitado na minha cama, e sinto como se ela já não me quisesse sobre ela, vai ver está cansada de suportar os muitos quilos que ganhei na quarentena. Nesse mesmo dia, há um ano atrás, estava voltando para casa depois de ter passado a noite com alguns amigos, jogando conversa fora, falando sobre garotas, ou melhor, falando sobre nossas desilusões amorosas. Já perdi a conta de quanto tempo faz que saio de casa para ir a uma pizzaria comer com meus amigos, na verdade essa contagem começou antes da quarentena, porque também nunca tive dinheiro para sair assim gastando. E, ainda que a quarentena acabasse agora, já perdi tantas amizades durante esse período, que nem teria mais com quem sair. Eu estava tomando uma xícara de café esta manhã (bem quente por sinal, já que consegui queimar a língua)e me peguei pensando no futuro. Nunca fui de pensar num futuro além do âmbito profissional ou acadêmico, mas hoje estava pensando no meu futuro emocional, psicológico, sei que parece meio sem sentido, para mim também parece já que nunca tinha pensado nisso antes.

Com relação ao meu futuro emocional, eu comecei a ficar agoniado por não saber se encontraria alguém, como meus amigos diriam, “a morena”, para passar vida comigo, no meu psicológico fiquei com medo de não superar meus traumas, de ficar sozinho, de perder mais pessoas próximas de mim para esse vírus, ou para qualquer outra coisa. Eu tenho de admitir que estou com medo, e olha que não sou muito medroso, a não ser com relação a baratas (mas quem não tem medo delas, ainda mais se forem do tipo voadoras), meu medo é de que isso não esteja para acabar, mas sim uma forma de início de uma série de desastres, até esse ano nunca nem imaginava que alguma doença pudesse me afetar dessa forma, pensei que a catapora tinha sido o suficiente, tenho marcas dela até hoje, ainda não tinha superado ela.

O que também me assusta, é a capacidade que tive de ficar ainda menos inteligente durante a quarentena, não que um dia tinha sido inteligente, mas meus amigos pelo menos leram livros, fizeram pesquisas, absorveram conhecimento, enquanto eu só absorvi comida, ou seja, peso a minha balança. Brincadeiras a parte, algumas pessoas tentam levar tudo isso que tem acontecido de forma “leve”, outras se desesperam, se entregam a pensamentos como de que não há saída, que vamos todos morrer, eu prefiro pensar que sempre pude morrer a qualquer hora, mas graças a Deus estou aqui, cada dia é um desafio e para chegar ao amanhã tenho que vencer o de hoje. Não sei se isso vai acabar agora, se é o primeiro de muitos, o que eu sei é não posso me preocupar com o que virá, pois isso não está ao meu alcance.

Imagem: https://images.app.goo.gl/yTXYhmiz18MzEdCDA


Futuro

Erik Batista da Silva

Era um dia como todos os outros, acordei às 7 da manhã, escovei os dentes, tomei um banho e fui à padaria comprar pão, apenas o de sempre, todos os dias parecendo grandes ciclos de um sistema de engrenagens.

Comecei a reparar todas as pessoas afastadas, nas filas haviam marcações no chão para ficarmos distantes, máscaras de todos os estilos e cores, o mundo estava se acostumando com essa nova realidade, comecei a refletir sobre oque viria pela frente e pensei: “Como vai ser o futuro? Imagine, mascaras da Nike”. Com isso, pensei no fato de que haviam empresas querendo apenas visar o lucro , mesmo em um cenário aterrorizante como o de uma pandemia, como se houvesse um repúdio pela vida mas uma exaltação pelo dinheiro. Isso me levou a pensar nas mortes, no medo que as pessoas estavam sentindo, em todas as precauções por causa de algo que nós não vemos, mas que consegue ser mortal, será se no futuro esse medo irá continuar ou iremos apenas esquecer tudo o que aconteceu? Serão apenas águas passadas em um grande rio que é a história da humanidade?

Ao chegar em minha casa tentei responder minha própria pergunta imaginando o sentimento das pessoas nos dias de hoje e tentando projeta-los para o futuro, pensei na angústia, no medo, nos traumas, na sensação de insegurança por não estarmos no controle da situação. Então, cheguei a conclusão de que esses são sentimentos muito fortes para serem apenas esquecidos, mesmo que superados ainda veremos as cicatrizes destes ferimentos que foram causados por todos esses sentimentos, ou seja, o mundo todo irá se lembrar da pandemia.


fonte da imagem: http://jornalcontabil.com.br/

Acidente Doméstico

Por Leonardo Machado

Em mais um dia entediante na quarentena, após um longo dia minha mãe me pediu para regar a horta, que fica ao fundo do meu quintal, o que ja é uma coisa muito comum pra mim, pois faço isso umas quatro vezes por semana. Quando ia começar a regar olhei para o lado e avistei uma caixinha de fósforo, e logo pensei “Vou fazer alguma coisa com isso” então começei a acende-los e depois joga-los pra longe porém um deles acabou escapando da minha mão e acabou caindo em cima da muda de alface, que por sinal estava muito seca por conta do clima quente e seco desse inverno louco.

As mudas de alface eram todas verdinhas, grandes e saborosas só que a que o fósforo caiu estava morta, ou seja logo começou a pegar fogo, e que acabou se espalhando pela horta inteira, então para conter o fogo peguei a mangueira e apaguei o fogaréu, porém toda horta da minha mãe foi devastada, o que a deixou muito entristecida a chateada comigo.

A noite após perder meu celular e meu PS4 estava assistindo o noticiário no meu quarto quando começaram a falar sobre as queimadas no pantanal, foi relatado que um dos motivos do início das queimadas são começadas por pessoas descuidadas ( como eu fui ) que jogam bituca de cigarro na grama seca fazem uma fogueira e não a apagam direito.

Após isso desliguei a TV e começei a refletir sobre o assunto, e lembro de ter pensado comigo mesmo de onde a sociedade gostaria de chegar dessa maneira, o pantanal alem de ser a maior planície inundável do mundo é lar de vários animais e pessoas dependem daquele lugar para ter seu sustento. Então cheguei a uma conclusão de que devemos todos ser mais cuidadosos para que o mundo todo não se arrependa em um futuro próximo.

A preguiça do desconhecimento

Eduardo Finamore

Na quarentena, as pessoas já se acostumaram com essa rotina de não saindo sair de casa, pedindo comida e trabalhando na cama. Mas agora em 2021 no final da quarentena, as pessoas na pararam com essa rotina sedentária as pessoas começaram a engordar e começou uma onda de obesidade no mundo todo, fico pensando porque as pessoas só não voltaram com suas rotinas de antes e porque esse medo ou preguiça de fazer as atividades que agora não estamos mais acostumados a fazer? Fico me perguntando isso, pois tenho que saber se valeu tanto a pena fazer isso e depois enfrentar o resultado do que só ter voltado com a rotina.

Futuro na praia

Pedro Auler

Mais um dia amanhece , são 6:00 da manhã aqui na Rocinha , levantei da cama , peguei minha sacola com 15 garrafinhas de água e estava pronto para começar mais um dia de trabalho ou pelomenos tentar. Desci o morro e fui para praia andei por volta de uns 5Km e até agora não vendi uma água , andei mais um pouco e encontrei um casal fazendo exercício , ofereci e eles compraram 3 águas, bom pelo menos garanti meu café da manhã. Depois de muito esforço cheguei na barraca do seu Zé , pedi minha Água de Coco e aproveitei minha primeira e talvez unica refeição do dia. Aproveitando gole por gole , fui relembrando tudo de que a vida era tão doce quanto essa água de coco antes dessa pandemia , de quao refrescante era as vezes que depois do trabalho , eu e meu pai ,falecido por covid19 , era pular no mar gelado do Rio de Janeiro e acada minuto dess momento eu pensava , como tudo mudou tão rápido.

Me levantei e voltei ao trabalho pois a unica coisa que eu sabia do futuro era que eu era o único que ia me dar comida pois quando vive sozinho tudo depende de você , inckusive seu futuro. A cada água que eu vendia eu pensava , será que é o sufuciente para o meu futuro , será que é isso que eu terei de fazer para sempre e a cada onda que quebrava no mar , mais me doia não saber o que aconteceria e como o futuro não é algo do meu controle.Era final de tarde , sentei para ver o por do sol e aproveitar aquele momento e ter uma minima esperança e pensando no meu futuro .

Expectativas

Por Bernardo Castro

No início desse ano, acreditava que seriam os melhores doze meses da minha vida. Entre sonhos e planos, sabia que teriam viagens incríveis, festas e novas amizades. Estava bem animado com o início das aulas, pois finalmente cheguei no Ensino Médio e essa será uma etapa muito importante, senti a responsabilidade de fazer a melhor escolha de uma universidade e planejar o futuro.

Segunda Feira, 16 de março, logo pela manhã estava pronto para me mudar para a fazenda.Nos primeiros dias, todos com muito medo e a ordem era isolamento total. Vida transformada, moldada a um formato novo, não encontrava ninguém, fazia aulas online e não frequentava mais os restaurantes, shoppings e cinemas.

Estamos em agosto, algumas pessoas tentam retomar o antigo, mas continuo na fazenda, observando meu grande caderno em branco, contando talvez dez folhas escritas no caderno de dez matérias. Saudade e necessidade de ter minha vida de volta, buscar um novo início , de conviver, comemorar, encontrar, partilhar, socializar e escrever no meu caderno.

Sigo com tantas dúvidas e com tantas perdas, na incerteza do querer e do poder voltar a vida passada, mas com a entrega de que o meu futuro, será como Deus quiser!



Mais um dia, de novo

Por Matthias Guernet


Mais um dia, hoje estou escrevendo mais tarde. Acho que finalmente me acostumei com a quarentena, infelizmente. Meus amigos viraram uma voz pela internet e no máximo uma imagem na minha tela, e a escola agora é o computador. Depois do pôr do sol, que não vejo mais, fico nesse período que não tenho o que fazer, quer dizer, não quero fazer nada. Vou para a varanda para ver as luzes dos outros em quarentena, enquanto uma fria brisa começa a chegar. Ouço música enquanto olho para a mesma coisa de todo dia, é como o gosto da água que levo, não entendo por que não canso dele.

A esse ponto, não me incomodo mais com a quarentena e com o quanto vai durar, vejo que tudo se adaptou de alguma forma para que não vire uma loucura, mas claro, quero rever minha vida de antes. Me preocupo que muitos já se cansaram de ficar em casa, e que tudo está reabrindo de novo. Tudo isso só traz incertezas do que está por vir, e que de repente virou urgente prever o futuro, porque queremos saber o dia que a vida muda para o antigo normal, não temos nada a fazer a respeito disso, só o tempo dirá, de toda a forma temos o direito a especular. Acho que o que está por vir não será como hoje nem como antes, porém uma mistura dos dois que vai se aproximando do normal, e quando tudo isso vai acontecer é, de novo, imprevisível. Enfim, olhar para fora no frio da noite virou o momento para ver todas as possibilidades, que somente posso esperar para acontecer.


Vida

Por VItor Samezima


Há muito tempo eu estava deitado no gramado do campo de futebol pensando em tópicos insignificantes, estava ensolarado e, como um relâmpago, o céu escureceu, marcando início a uma longa tempestade, na época não pensei muito nisso, mas o clima pode ser incrivelmente imprevisível, assim como os acontecimentos da vida.

Um ótimo exemplo dessas súbitas mudanças foi o próprio início dessa pandemia, de um dia para o outro a doença chegou no Brasil e infectou muita gente e, uma semana depois já havia pessoas mortas. As vidas de muitas pessoas foram embora como um “flash”, foi tudo muito rápido e inesperado, aposto que ninguém imaginava que uma doença tão potente apareceria. Eu espero que o fim da quarentena e dos dias de confinamento também serão rápidos e repentinos e que tudo volte ao normal, embora não achando que isso vai acontecer.

Quando isso acabar vai ser como qualquer outro acontecimento na vida, sendo que esse durou “apenas” meio ano, e logo vai ser superado e lembrado como outra experiência.


Um pequeno déjà vu

by Luiz Sassi

Estava em casa pensando e fazendo mais uma daquelas lições de casa chatas , eu estava desesperado pois eu tinha apenas vinte minutos para entregar a tarefa,eu estava escrevendo muito rápido e não percebi o tempo que já havia se passado, então escutei a professora pedindo para que entregássemos a lição. Como estávamos em período de quarentena eu consegui dar uma enrolada na aula online e entregar a lição cinco minutos atrasada e a professora ainda considerou.

Depois dessa aula ter acabado eu lembrei que precisava estudar muito meu inglês avançado para que eu pudesse passar na Avenues , minha escola dos sonhos. Quando a aula acabou , peguei meu livro de inglês e comecei a “devorar” ele de tanto estudar. Eu era ótimo na matéria de inglês mas eu tinha uma única dúvida nela que era meu pior inimigo, o meu public speaking, que era a habilidade de apresentar em público falando com um tipo de inglês extremamente preciso e perfeito sem errar. O problema é que a prova para ser aceito na escola aconteceria em uma semana e eu não conseguia melhorar a minha maldita fala e gramática no inglês, ainda mais com as aulas online onde eu não conseguia aprender absolutamente nada, resumindo eu estava extremamente desesperado.

O dia da prova chegou e eu fiz ela na maior calma possível lendo tudo com atenção. A prova era dívida em duas etapas, a parte escrita e a parte de falar com o professor ( maldito public speaking). Mesmo com um certo medo, depois de três horas eu finalmente tinha acabado a prova por completo , eu tinha confiança total do meu potencial para entrar na escola do meus sonhos e estava pensando que tinha ido bem.

8 meses se passaram para que a escola americana me enviasse a resposta para minha aceitação, até a quarentena já havia acabado eu estava feliz por isso, mas essa felicidade durou pouco, pois a resposta da escola é que eu não tinha sido aceito porque meu public speaking não era bom o suficiente para “ aguentar o tranco”. Na mesma hora fiquei muito magoado que não consegui entrar mas eu ainda pensava no meu futuro então continuei no Santo Américo para passar na faculdade e fazer economia no Brasil mesmo na faculdade Getúlio Vargas.

E a contagem vai crescendo

por Mariana Camargo

Mais um dia de quarentena, mais um dia em casa, mais um dia online. Já se faz mais de cinco meses, que estamos tendo que se adaptar a fazer as coisas que fazíamos fora de casa, agora dentro, já faz cinco meses, que nos questionamos, quando tudo isso vai passar? Estava indo, para a cozinha ver se os cookies que havia feito já estavam bons e, abrindo o fogão, aquele cheiro bom de cookie veio ao meu nariz, e parei por um instante , lembrei dos bons tempos, quando costumava fazer cookies com minhas amigas quase toda semana. Sinto muitas saudades do que antes desse caos era possível de se fazer.

Estamos passando por um período diferente em nossas vidas. No qual há muitos desafios e aprendizagens, é a nova realidade que todos nós estamos tendo que vivenciar, na qual ocorrem muitas angústias de não sabermos quando tudo isso vai passar. Mas vai passar, só temos que esperar, para que tudo ocorra bem. Todos nesse tempo, se questionam sobre o futuro, sobre as possibilidades que vem daqui pra frente, se ainda continuaremos de quarentena ou se daqui alguns meses já estará tudo estabilizado e normal. Acho que daqui alguns meses, mais perto do final do ano, a vacina já irá estar disponível para todos, é o que espero, para assim, todos já ficarem imunes. Diante disso, nossas vidas irem voltando ao normal e de maneira controlada, iremos poder ir à escola, sair para passear com amigos e, familiares que não vemos há algum tempo.

Será que ainda teremos que usar máscaras, mesmo quando tudo já estiver se normalizando e a vacina já tiver chegado? Como será nossas vidas quando tudo voltar ao normal? Comecei a sentir um cheiro mais forte e lembrei que havia esquecido de tirar os cookies, estavam quase queimados, mas ainda estavam ótimos

Oque esperar ?

Por Ricardo Yuh

Hoje de manhã comecei a pensar sobre o futuro, e me perguntei sobre oque vou fazer quando a quarentena acabar de vez, já que queremos tanto que a quarentena acabe, pois tudo isso está muito cansativo, acordamos todos os dias com a mesma expectativa já não irá ter nenhuma novidade no dia.

Então pensando hoje me fez pensar que quando não havia quarentena, todos nós implorávamos pela quarentena, pois não aguentávamos mais as aulas presenciais e agora que temos aulas on line, queremos que volte as aulas, portanto percebi que a gente nunca vamos ficar contentes com oque temos.

Estou cansado que ouvir, ver, sentir a mesma coisa todos os dias, eu acordo e logo de cara leio " entre no zoom as 8:05", e quando eu entro tenho que me esforçar para me manter firme para não cair da cadeira. Com tantas cobranças, lições, compromissos me sinto preso na frente do Ipad, mas enfim que eu termino minha lições deito na cama e tenho os melhores 5 minutos do meu dia, onde não a ninguém me cobrando.

Entretanto nossas vidas não são feitas somente de problemas e desgraças, temos que agradecer por estarmos em casa com pessoas que se importam conosco, e o mais importante agradecer por estarmos aqui.

A queda,

por Carolina Gouvêa

Será que ainda me lembro da vida anterior, antes de tudo desmoronar? Outro dia estava caminhando na rua para me distrair do meu “novo real” e ouvi um grito desesperador. Não foi difícil encontrar a fonte do barulho, já que a máscara cobre apenas minha boca e nariz. A cada passo dado, mais alto era o ruído que vinha de uma senhora frágil caída no chão.

Não pensei duas vezes em ajudá-la, mas para minha surpresa, toda vez que chegava perto de encostar nela os gritos aumentavam. Até que veio em minha mente que a ajuda por mim oferecida era a razão de tanta agonia. O real medo era o toque, o coronavírus, ou seja: eu.

Não sei descrever como me senti, em meio a esse cenário que parece um filme de ficção científica, no qual ajudar uma senhora que caiu na rua, passou de uma atitude boa para uma atitude terrível. O que será da humanidade sem o tato?

E sobre a pergunta com a qual eu abri o texto, sim, ainda me recordo da vida antes de Março de 2020. Abraços, festas, shows, reuniões da família, amigos, sala de aula; Ah, que saudades! Saudades de esperar, de sentir esperança, e não da espera por uma cura que parece inatingível. Saudades de chegar perto de alguém sem sentir ou causar medo.

“Saudade” - uma palavra que antes só existia na língua portuguesa, e que hoje, 2021, é provavelmente a palavra mais conhecida e utilizada no mundo, sendo atualmente,a única emoção sentida pelo homem. É, realmente, o mundo mudou…

A cada passo que dava para me distanciar da senhora jogada no chão, via o sorriso dela aumentar junto com o fundo do poço no qual vivemos. Não estou me referindo à economia, ou política, e sim à humanidade, ou melhor à falta de humanidade. O único fator concreto trazido pela COVID-19, foi o ser humano aprender a apreciar os pequenos momentos da vida, como poder oferecer a mão para ajudar as pessoas. Mas parece que só valorizamos as coisas quando as perdemos.