DEU RUIM

“Mas se alguma coisa haviam aprendido juntos era que a

sabedoria nos chega quando já não serve para nada”

(Gabriel G. Márquez)

Anamnese

by Bebella

O alarme toca provocando um barulho ensurdecedor e indicando que são sete horas da manhã.

- Já? Já está na hora de levantar?! - o homem desliga o despertador - E vamos para mais um dia...

Vai direto para o banheiro escovar os dentes e tomar banho. Era necessário para que realmente acordasse... Depois, coloca uma roupa adequada para ir trabalhar, calça os sapatos confortáveis, pega a maleta, as chaves e sai do apartamento em direção à lanchonete, onde sempre para para tomar um café antes de iniciar sua rotina. Por algum motivo, a lanchonete esta fechada. Não pode tomar seu café como faz todas as manhãs. Após isso que seu dia começa de verdade. Vai para o ponto de ônibus torcendo para que o coletivo estivesse vazio. Na rua, só havia aqueles pés caminhando pelas calçadas. Como se todas as pessoas decidissem ficar em casa, entrassem em um consenso sobre isso. O moço repetia essas mesmas ações todos os dias, aquilo fazia parte do seu cotidiano, mas nunca tinha visto a rua daquele jeito. O ônibus então chega, vazio, com poucas pessoas sentadas distantes das outras. “Que antipáticos!”, exclama. No fim do trajeto do ônibus, um grupinho de adultos conversa. Ocasionalmente o homem tinha a sorte de encontrar com seus amigos e ir trabalhar com eles. Aquilo o animava.

- Bom dia! Tudo bem com você? Onde está sua máscara, Vitor?!

- Como? Minha máscara?! Ah não, deu ruim...

De novo o alarme tocava. Dessa vez indicava que já eram sete e dez da manhã.

- Ah... caí no sono de novo...

Ficar em casa todos os dias o lembrava dos seus antigos hábitos, dos amigos... O fazia pensar na saudade que tinha de realizar sua rotina, por mais simples e fútil que fosse. E isso também o fazia permanecer em casa. Aquela era a única forma que tinha de colaborar para que tudo voltasse ao normal e sabia que se fizesse aquilo, mais rapidamente aquele momento de isolamento iria passar.

- Agora vou levantar de verdade...


A pergunta que não se cala

by Isabella Martins

Já faz 58 dias que toda manhã peço para esse caos acabar, saio da cama, vou até o banheiro, lavo as minhas mãos, o meu rosto, escovo os dentes e vou trabalhar, sempre com aquela angústia, aquele medo que fica de sair ao casa e se deparar com pessoas doentes. Chegando lá, visto meu uniforme, passo álcool gel, coloco a máscara e vou atender meus pacientes.

Hoje, foi dia de atender uma menina, que havia sido internada há umas duas semanas, a cada dia que se passava ela melhorava, estava triste porque não podia ver seus familiares e amigos, mas eu disse a ela que com o tempo ela ia se recuperar e logo estaria com toda sua família novamente. Tive que me controlar emocionalmente, pois ela acreditava que não ia conseguir aguentar e que, infelizmente, sua hora estava chegando:

- Será que eu vivi a vida que queria ter vivido? Eu deveria ter apreciado as coisas boas da vida, sabe? Agradecer por cada segundo que respiro, dar valor àquilo que merecia ser valorizado, deveria ter feito até o que não achava que era capaz de fazer.

Aquelas palavras me atingiram que nem taco atinge a bola. Por um momento minha vida não fazia sentido, pensamentos e reflexões começaram a aparecer: será que eu vou voltar a ver meus amigos? Um dia o mundo vai voltar ao normal? Será que até este momento EU vivi a vida que queria ter vivido? - Tive que colocá-los de lado, para poder ajudar a pobre menina:

-Seja forte e não desista, eu acredito em você mais do que imagina, daqui a pouco estará com todos que ama, bons momentos virão, boas lembranças estão para acontecer e quando você sair deste inferno, faça somente uma coisa: simplesmente aproveite a sua vida.

Nesta hora a máquina que estava presa a ela começou a fazer barulho, ela estava perdendo o ar... Em questão de segundos seu quarto ficou uma bagunça, tinha uns 4 médicos presentes tentando resolver aquele problema. Foi aí que “caiu a minha ficha”: Deu ruim!


Aula online para quem?

por Amanda Baptista

Desde quando começou esse isolamento eu estou perdido, porque eu sempre reclamei da escola, mas não estava falando sério assim quando pedi férias antecipadas. Até porque não estamos de férias, e sim de quarentena.

Agora, no “novo normal", eu tenho que fazer atividades da escola na minha casa mesmo, pelo meu velho celular. O problema é que não tem Wi-Fi aqui, sabe? Minha mãe está trabalhando e quando recebe o pagamento, coloca crédito no meu celular, para enfim eu conseguir estudar um pouco pela internet. Mas ultimamente os casos do vírus no Brasil só aumentam, e tenho o receio constante de que ela possa se infectar durante o trajeto, que é feito de ônibus. Por causa disso, decidimos que seria bom ela ficar em casa alguns dias para evitar o risco. Nunca imaginei que presenciaria uma situação dessas, nem que fosse participar de aulas online... ou melhor, que fosse não participar.

No momento me preocupo com a aba do Google que sequer carrega, pois isso quer dizer os créditos do meu celular acabaram. Ou seja, deu muito ruim pra mim. Mais um dia que não vou conseguir realizar as tarefas que os professores passaram, e cada tarefa dessa é mais um conteúdo em que vou ficar atrasado em relação aos outros alunos. Alguns dizem que não há lição suficiente, que resta muito tempo livre, quando eu apenas queria conseguir acessar o material que é disponibilizado. É fácil pedir mais atividades quando se tem todo o apoio necessário: celular de última geração, computador, ou mesmo um quarto só para você em que há silêncio para se concentrar nas contas de matemática.

Coloco o celular sobre a mesa e ouço batidas na porta, já sabia quem era quando a abri. – Oi mãe, como foi no trabalho? – percebo que ela está com olhos marejados.

– Filho... sabe essa semana que fiquei em casa por causa do coronavírus? Minha patroa não gostou, e agora não tenho emprego.

Sem conseguir me expressar, não demonstro reação enquanto assimilo que existe uma chance de não haver comida na mesa por alguns dias. Abraço minha mãe para tentar dar a ela a segurança que não tenho certeza se tenho no momento.

Um "Admirável Mundo Novo"

por Diego Roiphe

Vendo o noticiário, André Melo ficou impressionado com a prorrogação do isolamento mais uma vez. Desligou a televisão; já tinha cumprido sua cota de notícias diárias. Pensou na lembrança do dia no qual, para ele, a ficha tinha caído a respeito do Coronavírus. Naquele momento, tinha deixado de subestimar a ameaça iminente e chegou a dizer para si mesmo: “Deu ruim”.

Porém, a situação agora era outra: essa vida em casa havia agradado ele, que agora via a ironia da situação. A ironia de tudo: crianças que não gostavam de ir à escola implorando pela volta às aulas presenciais; pessoas caseiras querendo sair pra rua; mas via, sobretudo, um povo afastado e unido como nunca antes. Percebia movimentos de união contra práticas ruins e pessoas se apoiando nessa péssima situação. Vislumbrava uma perspectiva de melhora em um mundo mais humanizado e menos inconsequente. Um mundo diferente. Uma quebra de paradigmas…

Saindo de seu devaneio, foi à varanda de sua casa, catou um caderno e começou a escrever o que viria a ser o seu discurso na Assembleia Geral pós-Covid-19 das Nações Unidas. Destampou a caneta, inspirou fundo e rabiscou no topo da página: “Coronavírus: o bode na sala mundial”. Sorriu para si mesmo e suspirou ao vislumbrar um futuro otimista para Terra; um Admirável Mundo Novo.


Fonte da imagem: https://home.kpmg/br/pt/home/insights/2020/04/impactos-no-setor-consumo-varejo.html


Que vida

by Barbato

Além da vida ser muito boa e também muito desesperadora, nos causa angústia e desespero por conta de atos de bravura ou não. O amor que não é forte o suficiente para aguentar alguns dias e meses longe deles mesmos. Só vemos o covid passeando onde nós queríamos estar, no parque ou com outra pessoas. A dor que ele nos trouxe muitas pessoas já desistiram e estão com sérios problemas. Mas elas esquecem que a vida é uma coisa preciosa como o tempo, mesmo dentro de nossas casas, vamos fazer algo para nos divertir. Sempre tem alguma coisa. A vida é cheia de altos e baixos, vai e vem. Mas no final a esperança de uma vida boa com alegria e amor é o que resta e o que acaba acontecendo.


pedido

By Kayque Moraes

Durante a quarentena eu estive bastante afastado de qualquer tipo de contato com as pessoas, isso tem feito que eu, que já era tímido, perdesse um pouco a minha habilidade de comunicação. Por um tempo eu achei que isso não iria me afetar enquanto a quarentena não acabasse, porém estava errado...
Ontem, notei que não tinha nada para preparar a janta, então decidi que iria comprar um lanche para a viagem em um fast-food e no dia seguinte iria comprar as coisas que faltavam em casa, pensei ”isso vai ser bom para quebrar a rotina”,vesti minha máscara e luvas, estava pronto para sair após tanto tempo.
Quando cheguei estava tudo como de costume, então esperei pacientemente na fila enquanto pensava o que iria pedir. chegando minha vez eu pedi:
-eu vou querer um x-salada, batata frita e um guaraná. Ah! E batata sem gelo por favor.
Quando percebi o que havia falado pensei rapidamente “deu ruim”, vi que o atendente estava olhando para mim sem entender. Eu tinha falado com tanta naturalidade que eu acabei bugando o atendente. Fiquei nervoso por ter trocado as palavras, mas logo me retratei sobre o erro, pensado o quão fácil é confundir uma pessoas apenas trocando as palavras.

Minha mais nova rotina

By Gabriela Pasqua

Saio de casa para chegar ao transporte público… Morro de preocupação e medo… Quem estará neste ônibus? Será que tem alguém com COVID? Se conseguir um lugar na janela, vou dar graças a Deus, mas já faço isso normalmente, afinal, vírus respiratórios sempre fizeram parte do nosso dia a dia, principalmente nesse período em que estamos enfrentando! Onde posso encostar? Onde posso segurar?

Desço do ônibus, higienizo as mãos extremamente bem com álcool gel e chego ao lugar onde trabalho: sinto-me orgulhoso em poder ajudar a salvar vidas. Após meu longo dia de trabalho volto para minha casa com o mesmo medo de ser infectado. Tiro a roupa na porta, tiro máscara e ao ir para o banheiro para tomar banho, me olho no espelho e fico assustado, com a marca da máscara hospitalar em meu rosto. Será que era por isso que eu estava sentindo tanta falta de ar durante o dia?

Ao sair do banho, me troco e vou medir minha temperatura, como fiz todos esses dias para garantir a segurança de meus pacientes. Ao ver me assustei, minha temperatura estava muito alta e ainda estava com falta de ar. Tinha teste de COVID-19 na minha casa, porque o hospital deu aos médicos para garantir a minha segurança e as de pessoas que convivem comigo. Puts deu ruim, peguei corona vírus.

A verdadeira beleza

by Brando

Acordei com o meu despertador apitado as 7:30 da manhã, como todos os 72 dias da quarentena. Levantei da cama, calcei os chinelos e fui ao banheiro esvaziar a minha bexiga. Lavei as mãos e me olhei pro espelho e reparei no meu nariz, parecia que cada vez que olhava pra ele, ele ficava mais feio e torto. A Mel latia desesperadamente pedindo que eu desse ração pra ela, fui pra cozinha e dei para o animal a comida que tanto pedia. Depois disso fui tomar café da manha.

Quando estava acabando o meu delicioso pão de queijo, a cachorra começou a rodopiar mais rápido que um peão, ela estava tentando pegar o rabo. Mas nunca entendi qual era a raiva do animal pelo rabo, ele é o meio de comunicação entre os animais, ele demonstra as intenções dela e, além disso, ajuda ela a manter o seu equilíbrio. Nesse mesmo instante o Cainã tinha me ligado por ligação de vídeo, e quando aceitei me deparei com o meu nariz e gritei:

- Meu Deus o meu nariz!

Naquele momento percebi a verdadeira beleza do meu nariz, mesmo eu odiando o meu olfato pela sua aparecia, como a minha cachorra odeia o seu rabo, eu percebi que é ele que permite ser o caminho pelo qual o ar passa para seguir em direção ao meu pulmão, ele filtra o ar impedindo que partículas estranhas tenham acesso às outras partes do meu sistema respiratório e muitas outras funções, fazendo com que eu esteja vivo. É estranho pensar que todos esses anos eu odeio o meu incrível nariz, sem percebendo a luta que ele me faz para me manter vivo.

Rotina

por Maria Clara Abreu

Seu Chico acordava às 8 da manhã todos os dias, tomava seu banho gelado e ia para padaria da esquina para tomar seu café com leite e pão na chapa. Lá conversa com todos, fazia carinho no cachorro que lá vivia e batia papos risonhos e sinceros com as crianças. Mas dos últimos três meses pra cá, não era mas assim, cava em casa o dia todo, todos os dias. Não só ele, mas todos a sua volta, viviam sem saber quando aquele pesadelo iria acabar e quando tudo iria voltar ao normal como era antes.

Sua vida estava monótona, sua rotina devagar e seus pensamentos à flor da pele. Sua ansiedade que antes não era rotineira, agora era diária. Sua cabeça doía, seus olhos ficavam cansados e suas pernas já não tinham a mesma disposição de sempre. Era triste ver sempre a mesma paisagem, conversar somente com o espelho e ter seus netos e filhos longe. É como eles diziam, “deu ruim”. Não tinham mais momentos alegres e cheios de descobertas. Agora, eles eram apenas solitários e vagarosos.

Hoje de manhã, Seu Chico ligou o rádio para ouvir as notícias do dia. E felizmente começou a tocar uma música muito especial para o mesmo, chamada “Trem das Onze”...cantava sempre em almoços e eventos de família, rodeado de netos, filhos, irmãos e cunhados. Era tradição. E quando a melodia começou, seu corpo arrepiou e as letras saíram naturalmente de sua boca. Nesse momento diversas lembranças tomaram sua cabeça e as lágrimas começaram a escorrer. Quando tudo aquilo iria acabar? Quando ele conseguiria voltar a sonhar e acreditar? Ele não sabia, e ninguém a sua volta aparentava saber. Portanto, o melhor e o mais difil a se fazer, era esperar.

"Overthinking" durante a quarentena

by Фелипе Котрим

Enquanto pensava no banho: “Acordo, escovo os dentes, tomo banho, vou para escritório do meu pai, faço as aulas, assisto Netflix. Todos os dias durante, com exceção de alguns, eu faço as mesmas coisas, parece um saco e é. Está tudo tão monótono, está tão parado, não tem nada interessante, uma das coisas mais legais é cuidar da vida alheia. Porém nessa pandemia, Jesus, a saúde mental de todo mundo se foi, passamos por cada coisa era , "vespas assassinas", quase uma terceira guerra mundial, um grupo de hackers, um possível universo paralelo, salvamos uma menina dos pais, maior "exposed" do ano e mais vários, e ainda tivemos momentos deploráveis como o assassinato de pessoas negras, algo que abalou a sociedade inteira, esse acontecimento desencadeou manifestações, "trendings", de tudo. Depois de sair do banho, fui para sala de estar, sentei do lado do meu pai que estava vendo as notícias e refleti: “cada coisa horrível que passava”, até que percebi que realmente deu ruim, “a situação de certas camadas sociais que não têm como se manter durante essa situação, eles não têm nenhuma fonte de renda, algo que afeta totalmente sua sobrevivência, eles não tem como comer, beber água, fatores essenciais para sua existência”, fiquei horas e horas pensando quando essa situação vai acabar, pensava se todos iam morrer, se esse vírus era algum sinal divino além de uma bactéria , coisas desse tipo, se todos iriam ficar bem, se essa fase já está acabando, ou se estamos apenas no meio, “só sei que não aguento mais”.


O que mais tem nos infectado?

by nick

A primeira frase do dia: “Que droga, mal começou e já deu ruim”. Ele não é um garoto mal-educado, apenas novo demais, por isso o uso dessa palavra “droga”, ele aprendeu há pouco tempo, ou melhor, está sendo uma das que ele mais tem ouvido. Mas, você deve estar se perguntando por que ele disse isso, a verdade é que ele mal levantou e já bateu o dedinho na quina da cama. Como você deve imaginar, isso deixou ele muito bravo, talvez até com vontade de chorar, mas ele está naquela fase de não admitir os sentimentos, por mais explícitos que estejam.

Ele pretendia tomar um café da manhã caprichado mas, para sua infelicidade, sua mãe ainda não tinha preparado o seu café, então ele preferiu ligar a sua televisão para assistir a um desenho. Nos dez primeiros canais que ele selecionou, a única coisa para se ver era a taxa de mortos por uma doença anunciada nos noticiários, doença essa que ele mal sabia sobre, a única coisa que ele sabia era que ela tinha sido a causa de ele não poder sair de casa para ir à escola, sair na rua para soltar pipa, jogar bola com seus amigos ou qualquer tipo de brincadeira. Bom, finalmente ele encontrou um canal que não falava sobre essa doença, que por coincidência estava passando seu desenho favorito.

O dia se passou e, como muitos outros, ele ficou na frente da televisão, só saia de lá para comer ou para desenhar, o que por sinal ele gostava muito de fazer. A noite chegou e quando ele havia acabado de comer, ouviu uma discussão entre sua mãe e seu pai, foi então que ele aumentou o volume da televisão, para que não ouvisse aquele barulho. Mas, dessa vez, ele não estava vendo um desenho, ele decidiu ver o noticiário, e cada minuto que passava seus olhos demonstravam um medo e tristeza, as únicas coisas que ele ouvia era como aquele vírus havia se espalhado, como as pessoas estavam morrendo. Até que em um dado momento, ele percebeu que não era apenas um vírus que estava matando as pessoas, havia um outro vírus que fazia com que as pessoas usassem máscaras, não apenas para impedir seu contágio, mas para que os infectados não as matassem ao reconhecê-las, um outro vírus, estava se aproveitando do isolamento, para fazer as pessoas se matarem, dentro de suas próprias casas. Foi enquanto essas notícias estavam sendo mostradas na televisão, que ele se deu conta que a discussão entre seus pais já tinha terminado, ao perceber ele achou melhor ir ver o que havia acontecido, mas já era tarde demais, pois sua mãe já havia sido uma vítima de um daqueles vírus, do qual provavelmente ele seria o próximo.

Controle mundial

Por Isabela Margotto

Era uma manhã de domingo ensolarada, mas não para quem estava dentro de um escritório como John e seus colegas de trabalho. John é um homem sério, um dia já fora leve e risonho, mas o estresse de seu trabalho havia o corrompeu (ao menos é isso que dizem seus amigos). Possui um trabalho imenso para realizar, e bem pesado, principalmente por se tratar de um trabalho para o governo, haviam planilhas secretas para organizar códigos a computar, tata coisa que estava se sentindo sobrecarregado. Para acalmar um pouco a mente, resolveu jogar um jogo. -Bom dia, chefe. - disse John dirigindo-o a voz enquanto atravessava o corredor. O chefe levantou o olhar e seguiu em frente, tanto fez John. Finalmente, depois de atravessar aqueles corredores gigantes e extensos, havia chegado na sala de computadores. Decidiu jogar Plague Inc., um jogo de simulação onde o objetivo é criar um patógeno e controlar seu alcance no mundo. Depois de cerca de uma hora jogando e se divertindo, decidiu voltar a fazer seu trabalho. Saindo da sala de computadores, John levou um susto, não estava na localização certa, aquela não era a sala de informática e sim de controle mundial. ‘’Deu ruim...’’

"Tempos Modernos"

Por Sofia Hungria

Todo dia acordo e me preparo para o meu emocionante dia. Vou ao banheiro, escovo o meu dente; penteio o meu cabelo e troco apenas a parte de cima do meu pijama para uma blusa arrumada; abro o meu computador e me deparo com o relógio, já estou atrasada par a minha reunião online. Todo dia acaba sendo a mesma coisa, estou nessa prisão já faz 74 dias. Os cardápios não mudam quase nada, meu corpo já está no automático, meu autocontrole bugou. Tenho reuniões e atividades para fazer sem parar um segundo. Meu estresse nunca foi tão alto, ironicamente, pois estou em casa todos os dias.

Estranho pensar como a sociedade nos trata, não? Mesmo com dados e grandes informações de que essa época que estamos passando é a pior das últimas décadas, eles continuam nos tratando como máquinas pedindo sempre e sempre novos produtos.

Mas claro, claro que é mais fácil para nós, não temos mentes, somos apenas robôs que não contêm sentimentos e desejos; não, não entramos em desespero, pois o mundo só está acabando; não, não temos preocupações, pois amigos e familiares estão morrendo, ficando todos os dias doentes e sofrendo.

Mesmo assim, depois de tantos pensamentos, eu volto e acordo para realidade. Volto a olhar a tela brilhante de meu computador e digitar loucamente, pois tenho um prazo para entregar os meus produtos.


O futuro da sociedade

por Gabriel Pitta

Como todos os outros 72 dias, da quarentena, eu fiz os mesmos movimentos, que ontem. Depois de acordar, tomei café e comecei a trabalhar, através de reuniões virtuais, ou análise de documentos digitais. Mas, depois de três horas, que pareciam mais um dia inteiro. Agora, estou no meu intervalo de almoço, esperando o meu delivery chegar, enquanto, continuam a me chamar para resolver algum problema, pela telinha do computador.

Enquanto tudo isso acontece, comecei a pensar, se essa pandemia não tivesse acontecido, o que eu estaria fazendo agora? Com quem estaria? Onde eu estaria? Provavelmente, estaria em algum restaurante, com os meus colegas de trabalho, almoçando. Porém, percebi que “ Deu Ruim ” e que talvez tudo isso não acontecerá mais, e que seria uma transição para uma nova fase, toda essa proximidade não vai mais existir. Os chefes, já disseram aos empregados, que não irão mais todos voltar, e que o home office se tornará muito usual.

Diversos costumes, como ir a shows, festivais, festas, restaurantes e shopping, todos lotados, não vai mais ser a nova realidade. Os lugares que frequentamos com intensa concentração de pessoas, será substituído pelo medo da vulnerabilidade, como ficar doente, que vai existir.

Com o trabalho em casa, as pessoas vão se deslocar dos centros urbanos e seus aglomerados caríssimos, como a parte central de São Paulo, para as periferias, mais baratas e com belos condomínios, escolas e serviços, como Alphaville. Além, das viagens ao exterior, em que, os mais ricos no inverno esquiavam nas montanhas da Europa ou Estados Unidos, e no verão, iam para as praias gregas ou mexicanas, mas muitos governos vão restringir as entradas estrangeiras, obedecendo as população, que exige segurança sanitária.

Tudo que estamos passando será uma transição de épocas. Esses novos conceitos de sociedade serão muito profundos e modificadores, por isso, se eu estivesse agora, no mundo pós-pandemia, estaria em casa, esperando a minha entrega, como estou agora, ou em um restaurante, com 50% de sua capacidade, sozinho, porque as pessoas vão evitar o contato, somente quando necessário. Como uma forma de se previnir e do medo, que muitos terão, de algo de tal magnitude acontecer outra vez.

O egoísmo da sociedade

por Carolina Martins


Acabo de chegar em casa depois de ter ido no supermercado. Tiro a minha máscara e meu tênis, deixo as três sacolas de comida no chão e vou direto lavar as mãos. Guardo os alimentos e sento no sofá a procura de escrever alguma coisa, mas não consigo pensar em nada desde que a quarentena havia começado. Estamos ainda no mês de abril e o tempo não passa nunca. Sinto saudades de como era as coisas antes dessa tragédia enorme se espalhar pelo mundo inteiro como um piscar de olhos. Olho para a janela e percebo que o dia está nublado e úmido, me desmotivando ainda mais de escrever algo brilhante.

Resolvo bisbilhotar o que os meus vizinhos estão fazendo, pego novamente a minha máscara e vou para a sacada, não consigo enxergar nada apenas o reflexo do vidro do prédio, mesmo assim, começo a observar um vaso de flores murchas que está em cima de uma mesa de vidro, que deveriam estar assim desde a semana passada. Aquela orquídea acabou se desflorescendo, pelo simples fato de alguém não ter regado.

Depois de alguns minutos, começo a assemelhar a Terra com aquela orquídea, comecei a perceber que o nosso planeta está morrendo lentamente a cada dia que se passa devido aos humanos, pois nós só damos valor aquilo o que achamos importante para nossa vida e nada mais. A mesma coisa com a Terra, só demos valor a ela séculos atrás e só hoje em dia percebemos o quanto ela é importante, ela é a nossa única casa e por isso precisamos preservá-la o mais rápido possível, caso o contrário, vai dar ruim.

A vida na tela

por Gabi Horta

Já se passaram 72 dois dias. Estou em casa, e entediada. O sol até desistiu de queimar as poucas pessoas que passam na rua. Minha única janela neste momento é a tela do meu celular, porque a janela do meu quarto só leva ao prédio vizinho. E creio eu ter lido todos os cem livros que se dispõem em minha estante.

Sempre fui uma ótima leitora. Sempre gostei de entender e compreender o mundo em minha volta. De aprender e vivenciar os momentos da nossa cultura e história. Um dia desses até li sobre uma notícia que dizia que “O uso excessivo do celular pode comprometer a funcionalidade de neurônios”. E que até existe uma fobia que consiste no medo de viver sem o aparelho. Aliás, foi através da minha janela virtual que descobri sobre essa doença psicológica.

O celular, apesar do vício e de as vezes "bugar" enquanto utilizamos-o, tem sua praticidade. É possível se comunicar com alguém em qualquer lugar e em qualquer horário. Ouço, então, um “trim, trim, trim”.

- Alô

- Gostaria de falar com Dona Marta.

- É ela. Quem fala?

- É da operadora de...

- Muito obrigada, mas não estou interessada.

Desligo. Já é a quarta vez essa semana. Há sempre algum vendedor querendo impingir algum produto. Estar contatável pode ser bastante desvantajoso para chamadas imprevisíveis em meio a reuniões importantes. Se precisasse daquilo, teria procurado.

Não me lembro da última vez que liguei meu celular para ver o horário, e dez minutos depois não estava "stalkeando" algum famoso. Muitos desses artistas são vítimas de comentários maldosos. São comentários anônimos de ignorantes ou de pessoas de má-fé, de frustrados que foram vítimas da submissão ou de experiencias da vida. Qualquer e a todos que se conectem ao mundo virtual, podem estar submetidos a isso. Assim como, podem fazer parte da comunidade de pessoas de boa-fé que só usam o celular para comentar frases motivadoras, ou ler livros e jornais virtuais como eu.

Meu celular toca novamente. Devo atender?


Dias De Desafios!

Por Isabel Sanches

Mais uma segunda-feira difícil se iniciava, já que esse era o dia de eu ir ao mercado, ou seja, o dia em que eu era tomada pelo medo de ser infectada. Mas mesmo assim me levantei da cama, acordei os meninos, e fui ajuda- los no EAD (estudo a distância), pois eles estão com muita dificuldade de concentração durante a quarentena.

Após isso comecei a me arrumar e fazer a lista para o mercado.Estava saindo de casa quando me lembrei de pegar a máscara e mais um tubo de álcool em gel. Coloquei a máscara no elevador e quando cheguei lá em baixo sorri para o meu porteiro, como costumava fazer todos os dias de manhã antes desse período que estamos enfrentando, porém, não obtive de volta o sorriso cativante que eu esperava, e então me lembrei que ele não estava vendo o meu sorriso, por causa da máscara que estava usando, que nos protegia do vírus e nos distanciava do amor.

Ao chegar ao mercado me deparei com algumas pessoas sem máscara e fiquei de queixo caído com a falta de respeito e empatia. Comecei as minhas compras e então sinti um dos elásticos de minha máscara soltar. Meu Deus, deu ruim!


Reflexões de quarentena

por André Delfosse

Era oito horas da noite e Fábio assistia o noticiário na TV enquanto comia seu jantar típico. A TV jorrava a sala de jantar com uma luz azulada enquanto passava as notícias sobre o Coronavírus. Desconfortável, ele desligou o aparelho, não suportava mais ver tanta tragédia comprimida num aparelho tão pequeno. Preferia ignorar tudo e continuar isolado em seu apartamento, sozinho. Com a pandemia e o isolamento social, começou a ter mais tempo para refletir, começou a ver o mundo com outros olhos, agora até se incomodava com aspectos que antes não tinha tempo para se incomodar. Aquela parede descascando? Incomoda. Aquele pedaço do azulejo quebrado? Incomoda. Aquele “amassadinho” do carro? Incomoda, e muito.

Embora tivesse tempo para muito mais coisas do que antes, se sentia muito mal, embora fosse uma pessoa que nunca gostou muito de interação social, achava estranho como a falta de algo que nunca gostou muito o afetaria tanto em maneiras tão negativas, agora desejava desesperadamente ir a um shopping e gastar o seu salário que já era curto e E fico lá, com a TV desligada, pensando e pensando, sobre todos os problemas e insatisfações que surgiam diariamente e as suas possíveis soluções enquanto o jantar esfriava.

Interessante como uma quarentena mexe com a cabeça de um filósofo isolado-Fábio pensou.



3729° dia lavando a louça

por Julia Bitelli

Dia 3729 da quarentena, e eu já perdi a conta de quantas louças eu já lavei e lavo por dia. Minha rotina nesse período de isolamento social é praticamente, assistir as aulas online da escola e quando acabar adivinhem... sim, lavar a louça. No início, pensei que esse tempo em casa eu só iria dormir, assistir filmes e séries e se encontrar em casa com os amigos, porém minha desilusão veio rapidamente após as primeiras semanas de quarentena. Deveres, provas, crises existenciais, muita louça e falta de paciência eram constantes em todos esses 3729 dias. Certo dia, acordei umas 8 da manhã e já fui fazer minhas aulas online que se estendiam até 16:20, não sei o que aconteceu, mas naquele dia as lições estavam enormes e cansativas. Ao acabar fui até a cozinha, e me deparei com uma louça monstruosa, fiquei parada 10 minutos olhando para aquilo pensando, como de ontem a noite até a tarde de hoje formou-se isso? Talvez devido ao meu cansaço, peguei um snack e voltei para o meu quarto fingindo que não tinha visto aquela imagem que causa a qualquer um terrível pesadelo.

Um tempo depois, minha mãe bate no meu quarto e pede para eu voltar na cozinha e lavar o resto da louça, pois ela estava trabalhando. Minha cara logo se fechou, e minha mãe não gostou nada dizendo com um tom de braveza: “é melhor você ir lavar agora”. Revirei meus olhos e segui para a cozinha para lavar o monte de pratos, talieres e copos novamente. A única coisa que passava pela minha cabeça era a raiva que eu sentia por passar o meu tempo lavando a louça ao invés de me deitar na cama e fazer o que eu queria. Durante isso, o volume da TV estava consideravelmente alto, quando passou a notícia que o Brasil já alcançara as 30.000 vítimas do COVID-19, mostrando as angústias das famílias que perderam parentes. Essas imagens me tocaram profundamente, arrepiei-me só de pensar nas pessoas que estão lutando para sobreviver e para reencontrar suas famílias. E eu aqui, reclamando de ter que lavar uma louça para ajudar em casa. Isso me determinou a continuar lavando sem reclamar, pois era só uma louça, não é mesmo?

Passados 20 minutos terminei a limpeza, graças a Deus! Me estiquei no sofá para ver minha série, quando minha mãe apareceu e pediu para que eu limpasse a área de serviço, já que ela estava tendo uma consulta médica pelo ZOOM (maldito zoom). Minha expressão foi inexplicável, pausei a minha série, olhei para minha mãe, e ela disse: “Vai logo, é só a área de serviço!”. Levantei do sofá cansada, e falei em voz baixa, “Só queria dormir, deu ruim!”.


Fonte da Imagem: https://businessmanagement.news/2017/11/21/the-day-the-internet-died/amp/

A perda

por Melissa Takuno

Era um dia de sexta ou sábado, Augusto não conseguia se lembrar, para ele todos pareciam iguais. Era jovem e quase nunca ficava em seu apartamento,praticamente morava em seu trabalho, mas agora as coisas eram diferentes. Fazia dias que não saia de casa, seu único desejo era rever seus amigos, sentia falta de seu cotidiano, até mesmo de comprar jornal no caminho de seu trabalho.

Havia acabado de terminar seu trabalho naquele dia, enviado a última planilha para seu chefe. Sentado em seu sofá, checava suas redes sociais e os mais atuais acontecimentos do mundo em seu celular, aquilo era seu vínculo com a “normalidade”. Estava tranquilo quando subitamente as luzes de sua casa apagaram e voltaram segundos depois. Voltou então a mexer em seu celular, mas a página não carregava mais. Chegou a temerosa e dramática conclusão: sua internet bugou.

E agora, o que faria? Tentou restaura-la de alguma maneira, mas não conseguiu resultado algum. Ficava ultrapassado a cada segundo, parado no tempo sem ideia dos eventos presentes, conhecimento ou planos futuros. Estava impotente diante daquilo, e se seu chefe ou um amigo mandasse mensagem? Poderia viver sem comunicação? A partida havia sido tão súbita e repentina que Augusto mal conseguia processar essa perda angustiante. Estava duplamente isolado, sua ligação com o mundo havia sido retirada dolorosamente.

Então toda tensão do momento que parecia durar eternamente acabou quando recebeu uma notificação, uma mensagem de um amigo e viu todas as cinco barras preenchidas em seu celular. Sua conexão finalmente havia sido reestabelecida.

Ar Fresco

by A

Tive a coragem de sair de casa. Uma caminhada pelo quarteirão, um momento de fraqueza. Em uma travessa, porém, há um mercado (aquilo sim era uma aglomeração!) e ali começou o meu desespero. As pessoas na entrada do estabelecimento me olharam de repente, parecendo incomodadas com a minha presença. Começaram a se dispersar pela rua, com medo de algo.

Me indignei com aquilo. Como eles não poderiam estar aproveitando aquela curta liberdade, ter contato com outros ou simplesmente respirar um ar fresco, sem aquele cheiro de pano? Calma... o pano, ou melhor, a máscara. Eu havia esquecido de levá-la ao meu passeio. O desespero me atacou como uma facada nas costas. Pensei: "Deu ruim!". Será que eu havia me infectado? Ou pior, teria eu infectado outras pessoas?

Agora me lembrava que não havia lavado as mãos em casa e também não havia trazido comigo um álcool em gel. Que terrível monstro eu sou! Como eu poderia ter esquecido todos os protocolos de segurança e ter posto em perigo a mim mesmo? Mas então olhei para o meu redor e vi as pessoas cobrindo seus rostos, alguns não mostrando nenhuma parte do corpo (um trajava uma capa de chuva em um dia sem nuvens no céu, como se isso fosse ajudá-lo na prevenção), o medo atingindo a todos e pensei: "Como se pode viver assim?".

Culpa

by Beatriz Jordão

Mais um dia comum: acordo, tomo meu café, depois um banho, visto uma camisa social por cima do pijama e me sento em frente ao computador para uma reunião virtual com clientes do trabalho. Hoje levamos mais tempo para discutir os assuntos, assim, já estava na hora do meu almoço. Tínhamos estrogonofe, minha comida preferida, porém algo estava errado: eu mal sentia o cheiro e gosto da refeição. Achei estranho, mas comi. Logo após isso, minha irmã, asmática, me ligou dizendo que tinha sido contaminada pela “gripezinha” que nos prendeu em casa, a mesma que os médicos diziam ser a causa da morte de nossa avó (provavelmente foi uma infecção hospitalar). Mas havia um problema: eu tinha a encontrado dois dias atrás para jogar cartas, ambos estávamos entediados no momento. Sem preocupações, lhe disse para ficar tranquila, já que é apenas um vírus que logo passará, nem é algo tão grandioso assim, a mídia que está exagerando. Como de costume, assisti minha novela com um cobertor quente, pois estava sentindo muito frio, mesmo o programa de “clima” do meu celular marcando vinte e nove graus celsius lá fora. Só para garantir, coloquei o termômetro em mim. Em um minuto, o aparelho beirava os trinta e oito graus de temperatura. Pesquisei meus sintomas no Google, todos eles: falta de olfato e paladar, febre e até coloquei umas tosses (estava com elas há algum tempo, deve ter sido do ar condicionado gelado que eu havia ligado um dia desses). O primeiro link dizia “Sintomas do novo coronavírus e tratamento”, logo após “Como saber se está com o Covid-19?”. Talvez eu estivesse com aquilo mesmo. Então lembrei da minha irmã, e retornei a ligação para perguntar sobre quando ela começou a sentir os sintomas e quais eram eles, e a resposta foi “desde que você veio aqui em casa” e em seguida “ah, eu tava sem sentir cheiro, e não sentia o gosto das comidas também, além de tosses e febre”, ou seja, os sintomas eram os mesmos. E se a minha tosse vinha de mais de uma semana atrás, liguei os pontos. Deu ruim! Eu que havia contaminado a minha irmã e agora ela está com sua vida em risco. Caí num choque de realidade. Tudo isso acontecera devido à minha ignorância de sair para ir à casa dos amigos (uma “festinha”), ir no supermercado sem as devidas precauções, ir na casa da minha irmã, enfim. Me sentia culpado, não por eu ter contraído aquilo que eu chamava de “gripezinha”, mas por tê-la subestimado e agora a vida da minha irmã estava em risco, assim como a de minha avó, antes de ir, estava e eu lhe disse para ignorar, pois cria que era golpe dos médicos e do Estado. Acho que é por causa de pessoas como eu que agora os hospitais estão lotados e as ruas vazias.

Do limite à loucura

by Pipoca


Mais uma vez, nestes 72 dias confinada, conferia meu Twitter a fim de entender a situação do mundo atual. Sempre que o olho, vejo noticias sobre: a pandemia, ebola, assassinatos, estupros, racismo, tudo isso concentrado numa única mídia social, notícias, piadas, tudo junto e misturado.

A partir disso tirei duas conclusões, a primeira delas é que: O MUNDO TÁ LOUCO! A quantidade de atrocidades que o ser humano pratica contra seu próximo, contra o meio ambiente, contra os animais, mostra sua capacidade de agir como uma fera, muitas vezes, indomável e isso ainda assusta muita gente. Não apenas a fera humana, mas a natureza também vem mostrando sua força com os vírus, as doenças, erupções vulcânicas, tudo aquilo que está fora do nosso controle. Ou seja, deu ruim, sempre esteve ruim e a situação só piora.

A segunda conclusão foi sobre os nossos limites. Você se sente bem ao receber tanta informação em um período tão curto de tempo? Estamos na era da informação, elas transitam rapidamente com a ajuda da internet, e nos manter atualizados é necessário, mas vi que isso começou a me prejudicar quando deixei de fazer minhas tarefas e cuidar do meu desenvolvimento pessoal para esperar ansiosamente para o “exposed” do cartão daquele que eu chamo, carinhosamente, de Bonoro.

Percebi que é necessário manter um controle, um limite em relação às informações que eu adquiro, muitas são válidas, mas outras que não fazem tanta diferença (afinal, nem ia fazer compras com o cartão dele). O controle é necessário para que tudo isso não vire uma baderna dentro da minha cabeça, me fazendo dar relevância aquilo que não me agrega em nada e que me deixaria mais louca que o mundo onde vivo.

Por isso, agora, às quatro e meia da manhã, após uma longa reflexão, me deito depois de um dia louco, com uma cabeça mais louca, num mundo totalmente louco no qual a loucura se espalha entre as pessoas mais rápido que o glitter das fantasias de carnaval ou que o coronavírus.


O acaso do destino

por Maria Eduarda Carvalho

Era mais um dia, mesmo lugar, mesma rotina e mesmos afazeres. Acordo por voltas das oito da manhã, tomo banho, lavo a louça do jantar e preparo o café para Cristina que está sempre mal-humorada. Sinto que esses últimos três monótonos meses tem nos desgatado e esgotado a pouca paciência e resto de amor que ainda nos restava dos últimos trinta anos de casado. Sempre soube que Cristina era uma mulher com uma personalidade difícil, sua cabeça dura, teimosia e extremo ciúmes sempre nos impediu de evoluir, mas nunca pensei que as coisas chegariam a esse ponto, no qual a regressão se tornou algo rotineiro e como meu próprio neto diz: “Deu ruim!”.

Apesar do seu gênio difícil, nunca achei que isso iria nos destruir. Nossas vidas em questões de meses viraram de cabeça para baixo, e isso me fez refletir se realmente o amor já havia se acabado a anos e estávamos apenas resistindo devido às nossas rotinas corridas. Sou mestre de obra, minha carga horária é fora do comum, e Cristina, professora, só nos cruzávamos no período da manhã quando acordávamos e no da noite quando íamos dormir. Mas com o isolamento social nos víamos vinte quatro horas, sem descanso e mesmo os dois percebendo que aquilo não está mais funcionando, relutávamos em dizer.

Aquilo foi nos consumindo dia após dia, para mim era como se fôssemos estranhos com lindas memórias. O nosso “Bom dia amor” passou a ser uma frase de efeito dos filmes românEcos, e deixou de significar algo. Já haviam se passado quatro meses e enquanto assishamos o jornal da sete tomei coragem e disse tudo aquilo que precisava. Cristina com seu calmo e gentil tom de voz disse a mim:

-Tudo bem querido, eu entendo. Sempre teremos um eterno carinho pelo outro, nossos filhos e netos são o frutos do amor que um dia floresceu em nossa pele. Sempre seremos amigos, concordo com tudo que me disse.

E foi assim, com uma pacífica conversa e puras lágrimas caindo de seus olhos azuis, que entramos em consenso. Aquele pesadelo e medo incontrolável passou, cada um seguiu seu caminho e quando o isolamento acabou fomos ao cinema e demos boas risadas como amigos. Nunca esqueceremos de tudo que fizemos um pelo o outro, Cristina sempre terá um espaço em meu coração.



Menos dias de trabalho

Vitoria Almeida

Logo depois do almoço, recebo uma ligação. É do meu chefe, Rogério, ele é dono de uma loja de sapatos no shopping, que está fechado durante a quarentena, então não estou trabalhando. Já peguei férias e meu salário foi reduzido, tenho medo do que pode acontecer agora.

Apesar de estar com muitos problemas, tenho passado mais tempo com minhas filhas. A única coisa boa de toda essa situação. Fiquei a manhã tentando ajudá-las com a matéria da escola, mas aquelas aulas do governo não servem para nada. Como mãe solteira, tenho que ajudá-las do jeitos que posso e ainda cuidar de todas as tarefas e despesas da casa.

Após terminar de lavar a louça, seco minhas mãos e atendo o telefone.

- Oi, senhor Rogério, tudo bem?

- Não muito, Carol. Recebi uma ligação do banco e não tenho mais condições de manter a loja. Me desculpa, mas vou ter que te despedir, apesar de você ser uma ótima funcionária. – permaneço imóvel sem acreditar no que ouço - Te mando todos os documentos por e-mail, tá bom?

Nesse momento já estou tremendo e com um nó na garganta.

- Tudo bem, senhor Rogério. Obrigada por tudo o que o senhor fez, até mais.

- Tchau, querida.

Desligo o telefone, me jogo no sofá e a única coisa que posso pensar é que deu ruim, deu muito ruim. Como vou sustentar essa casa sozinha? Colocar mais água no feijão não vai adiantar. Vou tentar aquele auxílio emergencial, porque daqui a um tempo nem dinheiro para o arroz eu vou ter.

Será que alguém está contratando nessa época pessoas sem formação alguma como eu? No mercado, talvez. Eu realmente preciso trabalhar para sustentar as meninas, para elas terem um futuro melhor que o meu.

A falta de algo

por Joy

Estava indo preparar meu almoço hoje cedo, como tenho feito todos os dias desde do início da quarentena, porque decidi dispensar a moça que realizava isso por mim, pelo menos até a situação melhorar. Iria fazer um macarrão ao molho. Mas, quando abri meu armário para pegar o molho de tomate, fui surpreendido.

- Ah não! Deu ruim! Exclamei.

Essa foi minha reação, pois não encontrei nenhum molho de tomate no armário; havia acabado! De imediato pensei na possibilidade de ir ao mercado, mas seria realmente necessário? Eu bem poderia comer um macarrão de alho e óleo, ou poderia muito bem comer outra coisa. Seria minha ida ao mercado para comprar um molho de tomate algo válido, ou realmente necessário em meio a situação do mundo de hoje? Eu deveria correr o risco de talvez ser contaminado por causa de um molho de tomate? Ou talvez, assim como o molho de tomate acabou em minha casa, a esperança tenha acabado em alguns lares? A esperança de tudo voltar ao normal? A alegria tenha se esgotado? A situação que vivemos hoje é algo totalmente diferente e inusitada, eu mesma no auge dos meus trinta anos nunca vivi algo parecido, e posso afirmar que nem mesmo nas minhas mais loucas histórias, pensei em um enredo semelhante.

É tempo de reinventarmos nossos modos de vida e pensarmos nas coisas que realmente importam, como nossa família e amigos. Assim com daqui a alguns dias eu irei ao mercado, e comprarei o meu molho de tomate, daqui alguns dias, ou semanas, nós voltaremos ao nosso ``normal´´. E, assim como eu tenho esperança que eu irei comprar meu molho, não podemos nos deixar ficar sem esperança, não podemos nos vencer pela tristeza do momento, mas fazer o possível para sermos gratos e tentar ao máximo se sentir bem. Claro que temos que nos solidarizar com o próximo, não estou falando para deixarmos a dor do próximo de lado e ficarmos dentro de uma bolha. Acredito que esse seja o tempo em que devemos ter mais esperança e refletir sobre o agora e sobre as consequências da pandemia, de como nossa realidade foi brutalmente mudada por um vírus que mesmo sendo tão pequenino, teve poder de mudar totalmente nossas vidas. Temos que pesar as coisas que realmente nos deixam feliz e nos completam, agarrando- se na ideia que nenhuma tempestade dura para sempre e que logo sairemos dessa juntos.

Por fim, vi que o molho não valia o risco de ir ao mercado e decidi comer o arroz com feijão, que estava no freezer.

*Link da imagem: https://pt.vecteezy.com/arte-vetorial/938427-homem-com-gato-na-janela-auto-isolamento-conceito

Rotina

by Fernanda Natel

Todos os dias desde que essa quarentena começo tenho que me adaptar com tudo que está acontecendo. É difícil ter de acordar todos os dias e ter de ir para o trabalho com medo de passar pelas ruas, pegar os transportes públicos e pega essa doença que ninguém sabe direito do que se trata e como fazer para se proteje, apenas esperando os cientistas conseguirem lutar contra esse vírus que esta matando tanta gente. Mais por equanto que nós da sociedade não temos muito o que fazer além de tentarmos nos protejer temos de tentar se adaptar ao que seria nosso novo cotidiano.

Durante esses esse meses de quarentena como não podemos ver ninguém e sair para qualquer lugar o que nos resta é pensar e tentar entender o que está acontecendo, e perceber que temos de dar valor ao que realmente importa para nós, e assim ficar por um bom tempo.

Após terminar um longo dia de trabalho vou direto para casa, e quando chega como minha nova rotina pego todos os meus equipamentos como álcool gel, máscara e luvas e volto para casa para tomar um bom banho e retirar todas as bactérias de meu corpo. Depois e todas essa limpeza então é a parte boa, setar com a minha família a mesa e como nunca tinha conseguido antes conversar a mesa e saber como foi as aulas online dos meus filhos e conseguir saber como eles estão ligando com essa distância de seus amigos.

E agora minha vida está assim, da casa para o trabalho, do trabalho para casa, sempre rezando para que não aconteça nada comigo e com minha família até que isso tudo acabe e nossas vidas voltem ao normal

Em busca da plenitude

by Mariana Bloj

Era a segunda semana. A segunda semana que não ia a escola, a segunda semana que estavapresa em casa suportando as consequências do convívio frequente e constante. O despertador tinha acabado de tocar. Estava cansada e sem muita motivação, mas só o fato de não ter que me arrumar para sair de casa já me consolava. Valei o rosto e tomei café junto dos meus pais e irmão, algo nada comum. Já era quase oito horas quando iniciei os meus estudos. Assisti algumas videoaulas, fiz alguns exercícios, tive algumas aulas ao vivo. Independente da matéria, todos os fatos trabalhados nos levavam a um único assunto: a pandemia. Distraída com qualquer tipo de movimento ou barulho que fizessem, cabisbaixa por motivos desconhecidos e cansada mesmo não tento feito nada, eram alguns dos diversos sentimentos que caracterizavam aquela manhã. Independente de tudo aquilo, não deixava de estudar ou reconhecer o imenso esforço que os professores estavam fazendo para nos acomodar a esse novo método de estudo.

O tempo tinha passado voando, já era meio-dia e tinha que ajudar minha mãe na cozinha. A necessidade de evitar o contato com outras pessoas, fez com que nosso privilégio de termos alguém para arrumar a casa e cozinhar para nós fosse tirado. Durante o preparo, a única coisa que conversávamos era sobre a pandemia. Mortes, fome, desemprego. Mais uma vez aquele sentimento de angústia. Uma vez que servido, comemos. Os quatro, sentados na mesma mesa. Estranhávamos o fato de ser a segunda refeição que fazíamos todos juntos, algo nada comum. Mensagens e ligações, interromperam o almoço e fizeram com que meus meus pais se levantassem e tivessem que ir trabalhar, sobrando a mesa para tirar e a louça para lavar. Não me sentia incomodada com isso, afinal, clientes, que antes eram normais tinham se tornado raros.

Tinha acabado de tirar a mesa e a louça está pronta para ser lavada. Via todo aquela comida, a água saindo da torneira, a grande casa que estava e as roupas que vestia. Comecei a lavar antes que minha aula da tarde começasse. Mais uma vez aquele sentimento de angústia. Aquela sensação que consumia não só a mim, mas a todos. Mensagens atualizando as notícias chegavam a todo o instante, compartilhando uma energia pesada. A energia que o sofrimento de outras pessoas emitiam. Os pratos escorregavam de minhas mãos. Continuava a lavar. Conseguia sentir a solidão de um paciente infectado e internado que não podia ser visitado por sua família, o desespero de alunos que não tinham aula e a tristeza de familiares que perderam membros da famílias. Me sentia ingrata. Estava em uma casa grande, com saúde e ao lado da minha família mas não estava feliz. Percebi que aquilo não valia nada. Por um instante parei de esfregar o prato. A posse de bens ou de alguma riqueza não fazia nenhuma diferença. A única coisa que desejava naquele momento era o bem para todos. Um felicidade coletiva. Só assim, poderia alcançar a plenitude. Não só eu, mas todos. Voltei a esfregar, dessa vez com mais vontade e intensidade. Estava incentivada e mais animada. Tinha acabado de entender a causa de toda a angústia: não é possível ser feliz sozinho. Enquanto houver tristeza, não alcançaremos a plenitude. Tive meu pensamento interrompido:

- Crash!

- Beatriz! – gritou meus pais

- Deu ruim – eu disse em voz alta.

Tinha acabado de quebrar o prato.


Um susto de ignorância

by Isadora Fibra

No ano de 2020, um menino chamado Marcos enfrenta uma situação caótica, pois uma pandemia invadiu o mundo em que ele vivia. No entanto, Marcos que era alto, bonito, forte e muito saudável não havia sido afetado por essa pandemia, não haviam casos de pessoas próximas a ele e o menino ficava seguro em sua moradia sem preocupações. Marcos, apesar do pânico no mundo exterior, seguia sua vida normalmente; praticava esportes, fazia suas aulas online e tinha encontros de família quase toda semana nos quais encontrava seu irmão Ricardo do primeiro casamento de seu pai. Assim como Marcos, Ricardo estava tranquilo quanto a situação e com sua arrogância não achava que essa doença poderia atingi-lo.

Os primeiros meses de quarenta foram muito tranquilos para Marcos, pôde encontrar sua namorada, saía para dar voltas de carro e até ia na feira comer pastel com caldo de cana. Certo dia Marcos combinou de se encontrar com seu irmão para jogar ping pong, assistir um filme em sua casa e passarem um tempo juntos. Porém, no dia seguinte deste encontro Marcos recebe uma ligação inesperada de ricardo:

- E ai Marcos? Deu ruim.

- O que aconteceu?

- Como sou irresponsável e ignorante, não lhe avisei que minha mãe por ser médica estava infectada com a doença e eu estava com suspeita, mas não te avisei, pois achei que era só uma gripezinha e não seria afetado por ela.

- ....... - Marcos não respondeu nada, incrédulo com a atitude de seu irmão.

- Enfim, meu resultado chegou hoje e é positivo, fui infectado e talvez você também tenha sido.

- É serio???

- Sim, sou um idiota mesmo.

Após desligar o telefone, Marcos se tocou que agora poderia estar em perigo pela possibilidade de estar infectado com a doença. Felizmente, fez o teste e seu resultado deu negativo, mas experiência serviu para uma reflexão de que não deveria subestimar a pandemia e deveria respeitar seu isolamento.

Imagem:https://www.contioutra.com/ignorancia-motivada-nao-nascemos-ignorantes-aprendemos-a-ser-ignorantes/



O Fim de uma Longa Amizade

de Eugenia Roxo n6 1D

Estamos isolados a 72 dias. O que está acontecendo no mundo parece uma cena de filme, nunca achei que isso aconteceria. Me chamo Eugenia, tenho 19 anos e estou atualmente isolada em um pequeno quarto na minha faculdade. Eu estudo em uma pequena cidade no estado de São Paulo, por isso não posso me isolar com a minha família que mora no Rio Grande do Sul. Sou estudante de medicina, e estou morando aqui a 2 anos, num pequeno quarto que divido com minha melhor amiga.

Helena e eu já nos conhecíamos antes de estudar aqui, porém adimito que morar juntas nos aproximou. Estamos sozinhas desde março, tendo aulas on-line, que na minha opinião não são muito eficientes. Somos praticamente as únicas ainda aqui, pois os outros conseguiram voltar à suas cidades natais. Durante essa quarentena Helena e eu estamos assistindo muita TV e fizemos uma promessa de nunca assistir a um novo episódio sem a outra.

Certo dia, me levantei e fui até a TV assistir o noticiário, porém me deparei com Helena no sofá assistindo a um novo episódio! (DEU RUIM) “Não consegui te esperar” ela dizia! Mas eu não consegui acreditar no que eu estava vendo! Minha melhor amiga! Minha irmã! Comecei a chorar e sai correndo pra fora do quarto. Me escondi na escada de incêndio, porém ela me encontrou.

- Eugenia você está exagerando! Não é uma coisa tão séria!

- Eu? Exagerando? Helena você me traiu! Quebrou sua promessa!

- Pare de drama eu não consegui me segurar! Eu vejo eles de novo com você.

- Eles? Você está falando sério Helena!

Sai correndo para a recepção e solicitei um quarto novo. Em menos de algumas horas já havia retirado tudo do meu quarto e me mudado para o novo. Nunca havia me sentido tão desrespeitada em toda minha vida. Parecia que meus sentimentos não importavam nada pra ela! Todos esses anos de amizades foram jogados no lixo. Espero que ela tenha aprendido com seus erros e nunca mais faça isso com outra pessoa.

Um novo normal

Por Laura Kawakami


Era a primeira semana de quarentena 5° dia, eu acordei, fui tomar café, escovei os dentes e já liguei o computador como de costume para a primeira aula. Era mais um dia de EAD (estudo à distância). Quando fazia minhas tarefas com as minhas amigas pelo Facetime comecei a notar que esse seria o nosso novo normal, tudo por trás das telas. Mesmo tentando estar perto delas nunca seria a mesma coisa que ir para a escola e sentir o afeto e o carinho delas. Tentávamos nos distrair que não precisássemos lembrar do que estava ocorrendo lá fora, os casos só iam aumentando e aumentando, os governos de todos os países não sabiam como reagir, lojas e restaurantes todos fechados, os mercados nunca estiveram tão vazios, muitos tomando decisões erradas e outros não conseguindo lidar com muita pressão. Toda essa situação de desespero que o mundo estava passando lá fora só fazia eu me lembrar do dia que ficamos sabendo que não iríamos mais para a escola. Eu e as minhas amigas nem nos despedimos direto e estávamos achando que seria somente semanas de quarentena e que rapidamente voltaríamos para a nossa rotina normal. Agora o que virou o nosso novo normal é o isolamento social, distanciamento das pessoas, todos de máscara e sempre lavando as mãos ou passando álcool em gel. Todos os países estão em crise, em pandemia e por ser muito novo ninguém sabe lidar e assim é uma das primeiras vezes que toda a população não sabe o que fazer, nem como agir. O mundo simplesmente bugou.


O Computador

por Eduardo Horta

Era uma vez um menino que adorava ficar em seu computador jogando e assistindo filmes, séries e

Muito mais. Sua rotina era bem monotona, acordava, tomava café, ia a escola, voltava, fazia seu dever de casa e jogava até ficar com vontade de dormir, mas ele gostava e se sentia bem com sua rotina. Mas um dia quando foi ligar seu computador e ele não ligava, o menino tentou todas as coisas que podia fazer, mesmo assim o computador não ligou então ele foi até seu pai e falou:

- pai meu PC bugou você pode conserta-lo, porfavor!

E o pai concordou. Depois de varios meses o computador não foi consertado e o filho muito triste sem seu computador

perguntou:

-cadê meu computador?

O pai responde:

-ele ainda não foi consertado .

o filho esperou, esperou, e esperou, até que desistiu de esperar e foi até a loja onde estava sendo consertado e descobriu que seu eletrônico foi vendido por engano, então o menino deu uma espiada na porta de traz e viu seu computador, então deduziu que o cara ia vender seu computador para ganhar dinheiro sem gastar nada, mas ele não sabia o que fazer então falou como seu pai que teve que pagar de novo o seu computador.


O "novo normal"

por Ana Carolina Padin

Caminhando pelo meu bairro , tive a sensação de liberdade que há tanto não vivenciava. O sol brilhava, o céu estava límpido e azul , o noticiário divulgava logo cedo que tínhamos o menor índice de poluição dos últimos 2 anos, ouvia-se cantos de pássaros e as ruas estavam tranquilas.

Mas, Aprimorando minha observação vejo que as pessoas que trafegavam assim como eu, na menor possibilidade de aproximação... se esquivavam, atravessavam calçadas para evitar qualquer tipo de contato.

Meu olhar atento e apreensivo, começou a desconfiar daquela paisagem tranquila e inimaginável da Cidade de São Paulo. E, agora ,todos estavam mascarados e muitas das vezes ofegantes. A sensação de liberdade se transformou para a de segregação, afastamento e de fato percebo o real significado do isolamento.

Adentro a frutaria para compras essenciais e coloco-me na linha exata marcada no chão onde está escrito: mantenha-se afastado, distância de 1m. E, repentinamente uma senhora emite o tão comum “atchim” e então ao invés de dizerem “saúde” , todos se afastam e gritam “Deu ruim!”, “Salvem suas saúdes!”.

Contando sem saber quantos dias contar

Por Valentina Z

O som do alarme não precisava insistir, pois levantar não era um dificuldade para Seu Antônio. Logo, entrou em um banho gelado, escovou os dentes, colocou uma roupa confortável e foi direto para sua padaria, o lugar que mais amava. O transporte estava mais vazio que de costume, mas, para um senhor como ele, nada poderia ser melhor do que isso. Como sempre, tinha sido o primeiro a chegar. A cada vez que abria as portas do local, seu coração palpitava.

Naquele dia, quase não viu ninguém. A padaria estava mais vazia do que nunca. Quase nenhum cachorro passava por sua porta, quase nenhum cliente chegou dando o caloroso “bom dia”, como também nenhuma criança passou a caminho da escola. Mesmo se questionando do que poderia ter acontecido, nenhuma resposta vinha à sua mente. “Como em um dia tudo está normal e, no outro, tudo tenha mudado?”, pensava. Após chegar em casa, frustrado e pensativo coloca seu pijama e, ao invés de fazer sua leitura diária -como de costume- vai direto para a televisão, em busca de alguma explicação. Apesar de passar por diferentes canais, todos falavam do mesmo assunto. “O que poderia ser tão importante?”, era tudo que o velho senhor podia pensar. Pois bem, o vírus que até então parecia passageiro, havia estourado. Se deu conta que, a partir da atual situação de hospitais já estarem lotados, escolas fechadas e pessoas trancadas em suas casas, algo sério estava ocorrendo. Não dava mais para tentar ignorar. Apesar de sua ficha não ter caído, nada além de “deu ruim”passava por sua cabeça no momento.

Tempo transfigurado

Por Clara Yumi

Faz mais de dois meses que decidiram colocar a cidade de São Paulo em quarentena e, sinceramente, já me acostumei tanto com essa rotina que sinto como se tivesse vivido a minha vida inteira dessa maneira. Outro dia, eu estava tomando banho para me ajudar a relaxar, porque era o fim de uma semana bastante estressante, quando parei para pensar sobre o quão estanho era o fato de que eu havia passado os últimos meses correndo para entregar as atividades da escola no horário, ajudar com as tarefas de casa, manter uma quantidade aceitável de exercícios físicos e, ainda, conseguir tempo para conversar com meus amigos e descansar. Quer dizer, como é possível que eu “tenha menos tempo” durante o isolamento, sendo que não há tempo perdido com a locomoção ou distrações por outras pessoas, do que durante o que era meu dia-a-dia?

É claro que o tempo é relativo, que, na verdade, é a nossa percepção que faz com que o ele passe mais rápida ou lentamente. Mas, estar em quarentena não significa ter 24 horas (um dia inteiro) para realizar todas as suas atividades; em oposição aos dias “normais”, nos quais temos que lidar com as variáveis de tempo perdido, tendo, assim, mais horas para fazer nossas obrigações? Provavelmente. Mas acho que isso não significa que nossa produtividade será a mesma para ambos os períodos. Talvez isso seja um defeito meu; ou quem sabe isso seja um problema da sociedade como um todo. A verdade é que não sei quem começou com esse hábito ruim; só sei que a maioria das pessoas que eu conheço – me incluo nesse grupo – gosta de deixar tudo para o último minuto. Perdemos horas e horas do dia procrastinando e, por isso, acabamos sempre estressados e correndo de um lado para o outro tentando fazer tudo aquilo que acumulamos anteriormente. Deu ruim! Será que estaremos sempre destinados a desvalorizar o tempo e, por isso, sempre estar correndo?

Porventura, a dura realidade é que quanto mais tempo temos, mais tempo desperdiçamos. Suponho que isso se dê, pois pensamos sempre que haverá mais horas para fazer aquilo que precisamos (mas não queremos) fazer; e que em situações nas quais realmente há, tomamos esse fato como garantia e desculpa para continuar enrolando. Mas me pergunto: por que fazemos isso? Por que sentimos tanta necessidade de procrastinar e não conseguimos simplesmente realizar nossas pendências? A princípio, diria que é por preguiça. Mas se estou sendo cem por cento honesta, não sei se esse é o verdadeiro motivo. Talvez tenhamos medo de tentar resolver nossos problemas e, pois, preferimos permanecer em nossa zona de conforto; ou quem sabe, gostamos da adrenalina que passa por nosso corpo ao deixar tudo para o ultimo minuto. Provavelmente estou sendo dramática e o grande problema é que o ser humano muitas vezes só vai conseguir agir sob a pressão e necessidade extrema; vai deixar a preguiça dominá-lo até que realmente não possa mais. A verdade é que não sei.

Nesse momento, percebi que havia me perdido em meus devaneios. Já tinha terminado meu banho e precisava voltar para a realidade, na qual esperavam por mim, minhas obrigações. Não podia mais enrolar. Saí do banheiro, me troquei e fui jantar; deixando a água quente levar, ralo abaixo, minhas dúvidas e preocupações.


Brasil, uma máquina do tempo

By Ana Dias

Oito da manhã, tendo acordado atrasado, o menino entrou rapidamente na aula. Apesar de ter perdido a explicação quase que por completo, o aluno escolhe assisEr os úlEmos minutos. Entre problemas com o áudio e com a conexão, a professora explicava:

- ...Esse é o cenário: nos bairros pobres, as pessoas morrem sem tratamento ou diagnósEco. Os médicos tentam informar sobre a doença mas o governo os desmentem, dizendo que a mídia esta sendo alarmista, o presidente, ao invés de tentar controlar a situação, fala que não era nada demais, enquanto isso, o trabalho dos profissionais da saúde é prejudicado...

Ao fim da explicação, o menino escreveu para a professora perguntando-lhe o porquê de estarem estudando sobre a pandemia em história se seria um papel da matéria de atualidades. A professora respondeu:

- Mas o tema da aula foi sobre a epidemia no Brasil, aquela que aconteceu em 1970, sabe?

R.I.P Rolês

By: AMN


Nunca pensei que doenças pudessem causar um problema desse tamanho, na verdade, nunca pensei sobre doenças em geral. Como passo a maior parte da minha vida na rua, só volto pra casa para tomar banho, comer ou dormir, fiquei sabendo sobre o Corona por meio da minha mãe. E você sabe como mães são, super protetoras, e a minha não podia ser diferente. Logo que soube do tal Corona deu um berro a ponto do morro inteiro ouvir, como os barracos do Colombo ficam perto um do outro, qualquer barulhinho chega em todas as casas.

De primeira não dei muita importância para a quarentena e continuei saindo, não conseguia resistir à tentação de jogar um “fut” ou de descer o morro de bike, passear na pracinha também era legal, ainda mais quando as meninas bonitas também desciam. Tudo isso escondido da minha mãe é claro. Porém, um dia minha mãe, nos sermões diários por estar “brincando com a morte”, minha mãe citou que uma tia de um amigo próximo havia morrido de corona, no momento achei que era apenas aquelas histórias inventadas para me botar medo, depois que descobri que era verdade, não é que eu fiquei assustado mesmo?

Acabei ficando com medo, e se fosse tudo minha culpa? E se os “rolês” escondidos que fizemos acabaram de certo modo levando o vírus para a tia do meu parceiro? Será que meu amigo pode morrer com isso também? E cada momento era uma pergunta nova e mais preocupação, pensei mais em um dia sobre uma doença do que quando precisei correr atrás das minhas notas. Porém, o pensamento de não poder ver meus amigos até o fim de uma quarentena me deixa muito preocupado, e as outras Marias mães de moleque de rua? Será que estão salvas?

No caso meus amigos não ficaram com tanto medo quanto eu, nem mesmo o meu amigo próximo, combinamos de não sair por enquanto e de se comunicar apenas por jogos online, mensagens e ligações. Até porque mesmo quem joga futebol de baixo de chuva ácida e empina pipa de frente pro sol sem protetor e sem se cegar deveria ficar em casa, né? Por mais jovens que possamos ser, há pessoas próximas que se prejudicariam muito ao se contaminar, não quero que a minha tia seja a próxima a ocupar sua vaga no céu e não desejo o mesmo para a sua. Entramos em um consenso, não sairemos. Fique em casa.

Deu Ruim na Quarentena

Por Maria Fernanda Moraes

Hoje é dia 02 de junho de 2020 e eu estou olhando o café caindo da máquina. Eu acordei faz um tempo, tomei banho e estou morrendo de fome, então fui para a cozinha comer algo. Parece um dia como outro qualquer, mas enquanto eu olho o café cair, me lembro. Não é um dia normal, não é um dia como qualquer outro. Na realidade, é um dia muito diferente de todos os outros 8367 dias que eu já vivi. Não é um dia ordinário, porque eu não saí de casa as pressas às 7:20 para chegar a tempo para a primeira reunião do dia, ou porque eu não vi meus amigos, ou também porque às 8 da manhã, ao em vez de eu estar entrando no escritório, eu estou em casa, abrindo meu computador. E tudo isso, por causa da tal pandemia do Coronavírus.

Estou há 79 dias em quarentena, ou fazendo distanciamento social, como você preferir chamar essa situação. E todo o dia a mesma coisa, nenhuma novidade. Acordo, como, trabalho, como de novo, tenho reuniões por zoom, e quando vou ver já é de noite. As redes sociais, como Instagram, Tik Tok e serviços de streaming como Netflix e Amazon Prime viraram os “queridinhos” de toda a população, inclusive eu. Nas notícias, geralmente a mesma coisa também: mais casos e mais mortes. Hoje são quase 7 milhões de infectados no mundo, 550 mil só no Brasil. E as mortes, aqui no país, atingem 31 mil. Amanhã, mais mil serão adicionadas à conta.

O café continua a cair e eu começo a pensar sobre a vida e o futuro, tópicos que eu geralmente evito pensar. Será que eu quero passar minha vida inteira fazendo isso? Vou ser bem-sucedida? Quais dificuldades vou ter que enfrentar na vida? Vou encontrar alguém que me faça feliz? Além das perguntas que acho que, atualmente, todos estão se perguntando: será que eu vou pegar Coronavírus? Até quando vamos ter que ficar em casa? Quando será que eu vou poder sair com os meus amigos? Quando a vida vai voltar a ser o que era antes? Tantas perguntas turbilhando em minha mente. Por que esses sentimentos vêm à minha cabeça? Acho que é um certo “efeito pandemia”.

Os noticiários só trazem notícias ruins. Entretanto, está um pouco difícil de ter boas notícias. Protestos ao redor do mundo, infectados e mortes que aumentam a cada dia e um país sem Ministro da Saúde. Continuo a refletir, e começo a ter “flashs” da vida pré-pandemia. Ir ao trabalho diariamente, sair de casa, poder ir a lugares movimentados e ver as ruas cheias de pessoas alegres. Realmente, a realidade era muito diferente da atual.

Penso, penso e penso. Penso mais um pouco. Na TV atrás de mim, falam sobre as tragédias do dia de hoje. Maiores que as de ontem, menores que as de amanhã. Chego à conclusão de que, literalmente “deu ruim” para o mundo inteiro. O café termina de cair, eu coloco um pouco na xícara e me sento para comer.


O que uma pizza não faz...

por antonio bichucher

Estava em casa, em meio a pandemia, no meio da minha rotina completamente aleatória e tive fome: então, no conforto do sofá da minha casa, com um cobertor quentinho, puxei meu telefone e em poucos cliques já tinha pedido uma pizza. Guardo e celular e volto pra minha série da Netflix.

Se passam 30 minutos e toca o telefone da minha casa. "Seu pedido chegou". Calcei um tênis, coloquei um casaco e desci para buscar.

Cheguei na portaria e me deparo com uma cena diferente: um motoboy de 18 anos, sem capacete e sem casaco, em um frio de 12ºC. Buguei. Aí eu pensei "Se minha quarentena já esta complicada, imagina a dele". Paguei minha pizza, dei uma gorjeta e subi. Ainda no elevador, não conseguia parar de pensar no motoboy, apenas 2 anos mais velho que eu, trabalhando no frio, enquanto eu estava lá, no sofá assistindo minha série com uma pizza.



Como serão nossas vidas após essa situação?

por Mariana Camargo

Era dezembro de 2019 quando um surto começou a aparecer na China. Passados seis meses, agora estamos aqui, há quase três meses nessa situação de quarentena ou distanciamento social, sem poder sair, sem ter contato físico com ninguém, sem poder ver os amigos que via quase todos os dias, com vários pressentimentos e angústias de não saber quando isso tudo irá passar.

Entrando para tomar banho, comecei a pensar, já faz dias, meses, que estamos de quarentena, sem poder sair, tomando cuidado com tudo, lavando as mãos quase todo o tempo, colocando máscaras, para quando seja necessário sair, estando atentos a todas as novas noticias sobre o coronavírus. Por exemplo, todos de alguma forma, tiveram que se adaptar a recursos novos, para que as nossas rotinas não parem, mas é claro que está sendo bem diferente.

Agora é diferente, de tal modo que, por exemplo, eu acordo cedo, tenho varias aulas durante o dia através de telas, reuniões no aplicativo Zoom, atividades que não param de serem feitas e quando me deparo já está de tarde quase noite, já se passou mais um dia para a contagem dessa situação.

Vendo os pingos cair, retomei e pensei, quando os casos forem diminuindo e o comércio, restaurantes, escolas, faculdades e etc forem abrindo, as pessoas vão ter medo de sair ou vão estar desesperadas para sair? E quando isso vai ocorrer? Já não temos muita noção das coisas, apenas vamos ter que esperar, aguentar e fazer nossa parte para que tudo isso passe logo. Estamos passando por um momento muito complicado, o qual não podemos ficar saindo pelos lugares, como antes era possível.

Mas quando, voltarmos a sair, será que voltará a ser como era antes? Buguei e desliguei o chuveiro.

Como foi para você?

Por Erik

Lá estava eu, pegando um ônibus para ir para a escola à qual estudo, como em todos os outros dias, encontrei um amigo e começamos a conversar:

- E aí, tudo bem?

- Eu tô bem.

- Você viu que o menino que estava na Itália está indo pra escola normal?

- Vi sim, achei estranho, mas fazer o quê?

Cheguei à escola, comecei o dia jogando basquete com meus amigos, coisas normais que fazíamos todos os dias, depois fomos para a aula. Tive várias aulas e praticamente todos os professores comentavam com os alunos sobre a pandemia do corona-vírus, porém ninguém estava muito preocupado. Terminei o dia indo para minha casa, apenas mais um dia normal.

No dia seguinte eu estava indo ao shopping com minha família e escutamos no rádio: “O estado começará a implantar um distanciamento social, escolas começaram a fechar”. Então, logo depois, a minha escola mandou uma mensagem para os pais dizendo que deveríamos buscar nossos materiais na escola para termos aula em casa. Achei estranho, “como iria ter aula em casa? O que é um distanciamento social?”.

Dias depois fui buscar meus materiais na escola, realmente tudo vazio, menos os ônibus, muitas pessoas não podiam parar de trabalhar, até mesmo na minha casa alguns tios meus continuavam à trabalhar.

Eu amo sair, amo o ar livre, mas agora não poderia mais sair. Logicamente, isso me deixou em conflito, chegando a me estressar muito. Não aguentava mais ficar na minha casa, eu até saía de vez em quando, para pagar alguma conta, mas tudo estava mudado, máscaras começaram a fazer parte do “look” das pessoas e não podiam entrar todos no mercado ao mesmo tempo, por exemplo.

Aos poucos fiquei ainda mais inquieto por ter de ficar em casa, pelos meus tios terem que continuar trabalhando, mesmo um deles apenas estacionando carros em um apartamento, então sempre me perguntava “eles não sabem estacionar o próprio carro?” e pela minha mãe estar trabalhando umas três vezes mais que o normal o que a cansava muito. Isso na verdade me estressa até hoje.

Hoje em dia estou um pouco mais adaptado a ficar em casa, mas não muito. Ainda acho um saco não poder ver meus amigos, minha família e não poder sair de casa, mas até que tudo passe eu aguento. Então, pelo jeito, deu ruim.

O tempo vai passando

Por Pietra Antunes

Já fazem 73 dias que estou trancada dentro de casa. Já fiz de tudo, desde faxinar a casa até pintar o cabelo. Sinto-me a cada dia mais solitária, mesmo estando junto de minha família. Nos primeiros dias de confinamento não senti falta da escola, dos amigos, de conversar. Comemorei no momento errado, e agora, sofro. Muitos conhecidos afetados, inclusive familiares... As mudanças de comportamento vieram, em cerca de 15 dias isolada eu comecei a ter um comportamento agressivo e arrisco, me sentindo como um gato, um bicho do mato. Faço as mesmas coisas dia pós dia: Levanto, escovo os dentes, tomo banho, deito, abro o computador, vejo series e filmes, durmo. O pior de tudo é que sofro de ansiedade e hiperatvidade então a vontade de sair ou fazer alguma besteira vem. Um dia faço receitas loucas, noutro tento ensinar minha cadelinha a dar cambalhota... A loucura meu Senhor-meu jeito único de ver o tempo passar.

São tantas perguntas

Por Rafaella Giaffone

Era apenas mais um dia. Meu despertador tocou e, como de costume, enrolei mais 5 minutinhos. Me levantei, vesti minha pantufa e fui em direção a sala pra tomar meu café da manha. Sentei-me na mesa, olhei pela janela e reparei que o céu estava cinza e o dia triste, não que não estivesse acostumada, até porque depois de 1 semana de isolamento social, os dias pareciam todos iguais: acinzentados e deprimentes. Comi minha panqueca e tomei meu café com leite ao lado de meu cachorro, que se aproveitava das migalhas que caiam no chão.

Voltei ao meu quarto para logo começar as atividades do dia, me troquei e fui ao banheiro para escovar meus dentes. Estendi minha mão em direção ao potinho que ficam as 1001 escovas de dente; sim 1001, uma minha, umas três de minhas amigas e mais duas de minhas primas. E foi aí que bateu em mim e minha ficha caiu. Quando será que poderia vê-las novamente? Será que veria elas de novo? Eu havia perdido noção do tempo, não sabia de mais nada, minha mente havia virado uma imensa nuvem branca.

Já haviam se passado 70 dias. Quantos dias ainda estavam por vir? Ou quantos meses? Eram tantas dúvidas, tantas incertezas, mas ninguém podia ou muito menos sabia respondê-las. O mundo estava parado, todos em suas casas, tudo isso por causa de um vírus microscópico; como uma coisa tão pequena foi capaz de dominar a tudo e a todos? Comecei a refletir mais e mais, e a cada segundo mais uma pergunta surgia. Não sabia mais o que fazer a esse ponto, já havia brigado ao menos duas vezes com toda minha família, não sei nem contar quantas vezes me encontrei entediada e quantas vezes me prendia no sentimento de saudades. Saudades de tudo e de todos. Saudades até do que não gostava. Ah, se eu soubesse disso antes, tudo teria sido tão diferente; realmente, deu ruim.


Lembrança perseguidora

Por I.S.

Mais um dia começou. Eu abro os olhos e fico horas diante de uma tela, captada por toda informação que recebo da mídia. O tempo passa tão rapidamente que nem percebo que já é hora do almoço, sendo que eu nem tomei café da manhã. Quando isso acontece, o que é quase todo dia, eu levanto e me arrumo simplesmente para sentir que fiz algo “produtivo”. Apesar de o tempo passar rápido quando estou na internet, ele passa lentamente quando não estou e, já que moro sozinho, é muito solitário e calmo em tempos como este, então eu procuro outras formas de me ocupar, como com um quebra-cabeça, exercício físico, leitura ou cozinhar.

Nessa rotina de isolamento, uma vez a cada duas semanas eu saio para ir à farmácia e ao mercado, mesmo tendo receio. E hoje é dia de sair, então eu fui me arrumar logo depois que eu almocei. Durante o banho, comecei a pensar em como tudo mudou tão rapidamente. Começou com muita calma, ninguém tinha noção do quão grave esse vírus ela. Muitas propagandas de higiene e de preservação contra o coronavírus começaram a ser feitas. Estas medidas preventivas podem salvar vidas de muitas pessoas e eu penso como um simples ato tem tanta importância. Muitos ainda não estão acostumados com tudo isso, inclusive eu. Agora, quando andamos pelas ruas é completamente normal andar de máscara, na verdade é necessário andar de máscara e quem não usa recebe muitos olhares. Eu nunca pensaria que essa seria a nossa realidade.

Depois de muito pensar, saí de casa. Eu esqueci de colocar a máscara, mas quando cheguei no supermercado, me lembrei e coloquei. Imediatamente, pensei em todos os lugares que eu poderia ter tocado e ter pego o vírus. No elevador, na maçaneta da porta, no ambiente em si! Deu ruim! Eu tinha certeza que tinha me infectado, mas mesmo assim continuei o dia. Quando cheguei em casa, tomei banho novamente e decidi relaxar um pouco. Os pensamentos ainda me seguiam. Eu não havia me prevenido e agora sofreria com as possíveis consequências. Eu acabei indo dormir, e amanhã eu recomeçaria o meu dia, sempre com a rotina de não fazer nada.

O que antes era uma simples ação se tornou um ato que vulnerabiliza o ser humano. Certamente é um mundo novo, com novas consequências, no qual se você não se previne é possível que o próximo dia seja cheio de arrependimento. E agora, eu vivo em dias cheios de arrependimento, porque este dia que acabei de contar é uma memória do dia em que eu fui infectado com o coronavírus. Eu não usei máscara, álcool gel, luvas e não fiz nenhum outro procedimento como lavar as mãos por 20 segundos. Minhas ações acarretaram em graves consequências, e agora sempre terei a lembrança perseguidora de meu terrível erro.

A saudadade

Fazia um tempo que ela já tinha perdido as contas de quantos dias fazia que estava de quarentena, pra ela e para provavelmente o mundo inteiro esse momento estava sendo muito diferente, estranho, algo que nunca tinha vivido antes. Esse tempo todo em casa, vivendo o tempo todo só com a sua mãe, estava a deixando estressada e sem saber o que fazer para passar o tempo. Então... o que mais fazia era entrar em seu computador e ver filmes e séries. Mas nesse dia ela decidiu que iria ver vídeos de maquiagem para fazer algumas em si mesma, já que era uma coisa diferente doque ela estava costumada a fazer.

Procurou vários vídeos, e de repente ela percebeu que na página do youtube, como recomendação estava aparecendo vídeos de festas, festivais, e então por algum motivo ela decidiu clicar e assistir. Isso obviamente deu ruim, ela ficou muito triste, pois estava com saudades da sua vida de festejar e sair com seus amigos, estava com saudades da sua vida de antes, e desde esse dia a coisa que ela mais pensava era quando que essa epidemia iria acabar e quando ela finalmente poderia ter sua vida de volta.


O bolo arruinado

Por Laura Pacheco

Como qualquer outro dia, me levantei, escovei os dentes, tomei meu café, arrumei minha cama e me perguntei o que iria fazer hoje; o que me fez pensar. O isolamento gerado pela quarentena levou muitas pessoas a usufruir -mesmo forçadamente- de um descanso. Ate aí, tudo bem. Mas eu, decidi fazer diferente. Nesse dia decidi mudar minha rotina e aproveitar meus dias em casa para fazer coisas prazerosas que raramente tenho tempo para fazer. Assim, um grande desejo de comer meu bolo favorito feito pela minha avó, a qual eu não vejo a mais de 6 meses, surgiu na minha cabeça. Sem saber muito por onde começar, já que aquilo tudo era novo para mim, juntei os ingredientes, dei uma olhada na receita e coloquei a mão na massa sem saber no que isso tudo ia dar. Superestimei minhas habilidades na cozinha e julgando conseguir fazer tudo sozinha, não pedi a ajuda de ninguém. Estava tudo sobre controle quando coloquei a mistura no forno. Subi para meu quarto, satisfeita. Até começar a sentir um cheiro estranho. Desci as escadas correndo e me deparei com meu bolo entrando em erupção dentro do forno. Rapidamente desliguei o fogo e tirei o bolo. Limpei a minha bagunça, tentei consertar o bolo na forma. Tinha conseguido salvá-lo. Bom, pelo menos foi o que eu achava. Ao desenformar, o bolo despedaçou diante meus olhos. Deu ruim. Nesse momento pude perceber como aquele bolo representava minha vida.


Memórias em distância

Por Eva Gaiotto

Mais um dia normal na minha vida. Acordar, ir para a escola, voltar, tarefas, dormir. Uma roTna a ser seguida, literalmente. Já não aguentava mais, todos os dias a mesma coisa. Chegou a sexta- feira, dia de sair, aproveitar e curTr, então recebo uma noTficação das minhas amigas me convidando para sair. Para onde? Nem sei. Só sei que não queria ir, queria ficar em casa, relaxar. Então foi isso o que fiz.

Mais tarde, ouço minha família inteira fazendo muito barulho, achei estranho e fui ver o que era: o Governo havia acabado de anuncar Lockdown total em nossa cidade. Vários senTmentos de incertezas e arrependimentos vieram à tona na minha cabeça: será que aproveitei o bastante? Será que eu deveria ter ido com minhas amigas? Quando será que eu vou ver elas de novo? A resposta era simples: ninguém sabe.

Tentei não pensar muito nisso, e fui aproveitar um tempo para eu mesma. Cuidei da minha pele, do meu cabelo e fui ver um filme. Ao ligar o site, lembrei- me dos momentos em que esTve com elas, vendo filmes, fofocando e aproveitando o momento, enquanto podia. E através de tudo isso, cheguei a uma conclusão: deu ruim.

O último chocolate

Por Carolina Lima

Era mais um dia normal de isolamento social, levantei da cama, tomei café e fiz algumas atividades. No que se pode chamar de intervalo entre duas aulas, resolvi ir até a cozinha pegar um chocolate para comer. Quando cheguei ao armário e alcancei o pote de chocolate, automaticamente peguei duas unidades, uma que seria para mim, e outra para minha amiga, Eva. Todo recreio na escola que eu ia à lanchonete, se eu comprava chocolate, já comprava para ela também, já que ela ama. Segui com os dois chocolates na mão até a escada da minha casa, e ali me dei conta de que a Eva não estava lá para comer o chocolate, que eu não estava na escola e que eu não lhe entregaria o chocolate rotineiro a ela por um bom tempo. Foi naquele momento que caiu minha ficha de como e sentia falta dos pequenos acontecimentos do meu cotidiano, principalmente da escola.

Voltei à cozinha e devolvi o segundo chocolate com tristeza no pensamento. Ao chegar ao meu quarto deitei na minha cama e fiquei olhando para cima pensando em tudo que estava acontecendo no mundo agora. Um vírus virou nossa vida de cabeça para baixo e mudou nossa rotina de um dia para o outro. Comecei a lembrar de como não me despedi de várias pessoas direito, achando que nos veríamos em uma semana. E então pensei em quando isso iria acabar, se for acabar, mas percebi que nossa vida jamais será a mesma e que nós não valorizávamos tudo que tínhamos. Antes de tudo isso, todos sempre pediam um tempo para descansar, um tempo fora da escola, um tempo fora do trabalho. Agora entramos em um paradoxo, temos todo o tempo do mundo mas não podemos fazer nada nem dividi-lo com as pessoas que amamos. Talvez seja o universo nos ensinando uma lição. Buguei.


Idas e vindas

Por Beatriz Adati

Era um dia mais comum na quarentena. Eu fiz as mesmas coisas de sempre, porque já havia virado uma rotina. Acordei, fiz as lições e finalmente no final do dia fui descansar e relaxar. Quando meu pai chegou em casa do trabalho e a gente ficou conversando um pouco sobre o dia, eu percebi que nada seria a mesma coisa. E bem na hora pensei: “Deu ruim”, tudo mudou e eu nem vi. Sempre meu pai me levava para escola e a gente ficava ouvindo músicas o caminho inteiro. Alguns meses antes meu pai havia chegado do Japão, depois de ter passado um ano lá e estava muito ansiosa para ele chegar, principalmente por conta dessa nossa tradição. Por isso eu fiquei pensando que como nós estávamos na quarentena ele não poderia mais me levar e a gente não poderia mais fazer nossas tradições. Isso me deixou muito triste, pois que tinha esperado muito para que ele chegasse e para que minha rotina virasse como era antes dele ir para o Japão e antes que tudo isso acontecesse. E porque por um bom tempo as coisas não seriam as mesmas e que tudo iria ficar diferente mesmo depois que voltássemos. E eu iria sentir muita falta de tudo isso, porque mesmo que eu reclamava da escola, no fundo eu gostava e me preocupava se a gente não iria poder ir. Eu percebi que no fundo eu sentia muita falta e que eu realmente gostava de ir para lá todos os dias, e que por um bom tempo a gente não iria poder ir e que depois quando tudo voltasse ao normal, as coisas não seriam as mesmas e enquanto isso eu e meu pai não iríamos poder fazer nossas tradições e aproveitar esse nosso tempo juntos.


Vazio

G. Campos

Acabei de acordar e já recebi uma ligação, é meu patrão Fábio, dono do restaurante de esquina que eu trabalho, fomos proibidos de trabalhar pela prefeitura. Já não recebo meu salário inteiro, estou desolado...

Tento ajudar meus filhos para limpar a cabeça, mas não sei resolver as equações que eles aprendem, já são mais inteligentes que eu, que comecei a trabalhar com 13 anos. Depois de lavar a xicara de café que dividi com meus filhos, atendo o telefone.

-Alô, Seu Fábio? Tudo bem com o senhor?

-Infelizmente não... vou ter que fechar o restaurante e demitir todos vocês, me desculpa Pedro, eu fiz de tudo pra manter o restaurante aberto e já estou endividado, não tem mais jeito.

Quando ele desligou já comecei a chorar, desesperado, sabendo que não teria comida na mesa por alguns dias. Não aguento ver meus pequenos passando fome, preciso trabalhar para poder oferecer um futuro melhor aos meus filhos. Mas quem vai contratar uma pessoa como eu? Numa crise como essa, ninguém. Não sinto apenas tristeza, sinto-me vazio.


Gota d'agua no deserto

Por Marianna Jardim


Chico tinha acordado cedo para trabalhar, mais uma vez. Era uma segunda feira fria, e precisou fazer mais esforço do que o comum para sair da cama, já que não poderia se atrasar pro trabalho. Tinha que ir, mesmo que estivesse com muito medo. Tomou café, se despediu de sua esposa e seus três filhos com um beijo no rosto. Respirou fundo e saiu. Conferiu: máscara, luva e álcool gel.

Já na rua, viu que passava o ônibus que precisava pegar. Estava atrasado, então teve que correr. Por gentileza do motorista, conseguiu alcançar o seu transporte. Estava muito mais cheio do que imaginava. Pensava que as pessoas estariam distanciadas umas das outras. Logo, o homem pensou: é, deu ruim. Chico encostou num canto do ônibus e sua mente não conseguia evitar pensar em tudo que estava se passando. Se sentia angustiado, sufocado. Mesmo estando cercado de pessoas, o homem sentia sozinho, como se tivesse num deserto. Nesse lugar, seco e quente, seus olhos não conseguiam enxergar o horizonte além da areia e do Sol. O silêncio predomina, e não há ninguém para responder as milhares de perguntas em sua cabeça. Tem medo de nunca conseguir sair daquele lugar, de nunca mais ver a sua família, e, exatamente nesse dia que está vivendo, não consegui voltar pra casa.

Anseia, por sua necessidade, encontrar um oásis, cheio de vida, de graça, que o salve do desconforto que sente. Onde o sol não arda tanto, e onde possa se livrar do peso que carrega. Onde ache mais liberdade, e não tenha que ter medo dos males que possam suceder. Era o que o procurava entre toda a areia.

Em um instante, foi obrigado a voltar a realidade e se desligar do seus pensamentos. Chico viu que estava perto do trabalho. Saiu do canto estava encostado para que pudesse pagar o ônibus. Abriu sua carteira, deu dinheiro pro cobrador e, antes que a pudesse a guardar novamente, viu no meio de seus documentos uma foto bem dobrada e amassada. A tirou da carteira, desdobrou, e viu ele, sua esposa e seus três filhos, no seu aniversário, uns anos atrás. Só ele sabia o quão importante aquela foto era. Depois de a olhar fixamente, a dobrou exatamente como estava e guardou novamente no fundo da carteira. Desceu do ônibus, levantou a cabeça e seguiu. Precisava andar mais um pouco no deserto para que pudesse reencontrar o seu oásis todos os dias.



Reencontro

Por Laura Graziano

Em um dia como qualquer outro do isolamento social, a menina pedia diversas vezes para que seus pais deixassem que ela saísse de casa e visse suas amigas. Os pais, com medo de que sua filha pegasse o vírus, negaram a todos os pedidos feitos pela garota.

Como a família já estava em quarentena fazia dois meses e a menina já estava insistindo sobre o assunto há bastante tempo, os pais decidiram repensar a decisão e deixá-la sair de casa. Apesar disso chegaram para ela e disseram:

-Caso você pegue a doença, você não vai mais encontrar ninguém até o fim da quarentena. A menina concordou com a cabeça, já que tinha certeza de que nenhum de seus conhecidos mais próximos estava com o vírus.

Ela passou o dia inteiro com suas amigas e, quando voltou para casa, começou a ter alguns sintomas e por conta disso seus pais decidiram levá-la ao hospital para ver o que estava havendo. Quando o resultado chegou e o médico falou:

-Você está com covid-19.

A menina logo já falou:

- Deu ruim!

Já que percebeu que seus pais estavam certos e que devia ter os escutado.


Meu mais novo passatempo...

por Felipe Di Paula

Ai, ai... ficar em casa não tem muita graça depois de quase 75 dias... são as mesmas paredes, as mesmas receitas diferentes de bolo... tudo por causa de um treco que não dá pra ver e que pode ou não ter te infectado e não dá pra saber até testar, mas como sou preguiçoso não fui ver minha situação ainda – nossa pareci um rapper pensando rápido assim. Pelo menos ainda tenho uma coisa nova para admirar... o teto! É... o teto! Coitado... sempre nos esquecemos que ele existe (até dar alguma infiltração ou o vizinho fazer barulho) e acho que agora estou dando a devida atenção que ele merece.

Nunca pensei que o teto pudesse ser tão bonito; com sua cor branca, iluminada por lâmpadas amarelas e brancas (LEDs talvez? Não lembro se troquei na época que não podia ter a outra – esqueci o nome dela). Ah, como é bonita a vista da cor que repele o espectro visível inteiro para que a minha retina consiga enxergá-la! – mas pensando bem, acho que um cinza cairia melhor com o contraste azul cobalto das paredes... ou será que um preto quartz fica melhor? Estou "bugado" agora...

Enquanto me decidia, a receita igual de bolo diferente chegou! O entregador de pizza foi super legal, perguntou como eu estava e tudo mais... paguei e fui comer meu bolo – que por sinal estava maravilhosa.

Não sei onde vi, mas lembrei que a quarentena deixa as pessoas loucas: confundindo comida, conversando com objetos inanimados, olhando para o nada... pelo menos não sou uma delas, né?... NÉ!?................... TÁ, DEU MUITO RUIM.

Nossa que saudade

By: Pedro Henrique

Como de costume, acordei e fui logo ao banheiro, depois tomei meu café enquanto ligava o PC para assistir a aula online. Quando abri a página da escola vi que a professora realizaria uma chamada oral, pensei: Deu ruim! Nessa hora eu gelei, pois não tinha estudado o conteúdo no dia anterior, além disso, tinha ido dormir tarde jogando Fifa.

O tempo foi passando e o pior aconteceu, chegou minha hora de responder a pergunta. A professora me dirigiu a pergunta e, como era de se esperar, eu não tinha mínima ideia de qual era a resposta, mas como brasileiro nunca desiste, comecei a falar o que veio na mente. Quando menos espero, a professora me interrompe e diz “Alunos isso que o Pedro disse me fez lembrar das aulas presenciais, sinto tanta falta de dar aula para vocês dentro de uma sala de aula”.

Depois de ela falar isso, eu pensei comigo mesmo: Antes dessa quarentena nós reclamávamos tanto das aulas presenciais, e agora estamos querendo elas de volta. Comecei a pensar se realmente damos o valor merecido para o que temos, sempre disse que não gostava de abraços, e agora tudo o que eu quero é alguém para abraçar, que ironia, não?

Quando me dei conta, a professora estava dizendo: “Pedro? Ainda tá ai?” Para não parecer louco disse: Sim professora, foi só a internet que bugou. Mas o questionamento foi o que ficou, será que a gente só consegue dar valor depois que perdemos?

O antes

por Marcela Palomares

Acordei, era sábado "ah, como eu amo sábado...." sábado ERA dia de sair com os amigos, ver a família, ir ao shopping, passear, por que? ERA sábado. Ué mas por que "era sábado?" por que estamos em meio á uma pandemia onde temo que ficar isolados de todos que amamos, amigos, família, namorado(a), entre outros....

Mas como essa quarentena era algo novo, algo que ainda não me costumei, acordei eram 9 horas, tomei meu café da manhã e vi que minha cachorrinha ainda não tinha ido passear, fui la me troquei e desci do prédio para andar com ela, mas eu comecei a perceber que as pessoas estavam me olhando estranho, e cochichando sobre mim até que eu percebo que estou sem minha máscara e já toquei em vários lugares da rua não higienizei minha mão ai nisso eu pensei "deu ruim!"

Com isso voltei direto para casa, tomei banho, higienizei minhas mãos, e comecei a pensar, que loucura né? Antes já era importante higienizar as mãos mas agora isso é praticamente um risco de vida ou morte, é tão estranho como o mundo pode mudar literalmente da noite para o dia.

No último fim de semana antes de começar a quarentena, foi minha viagem de 15 anos, foi muito legal e divertido, mas nós nunca imaginamos que aquele fim de semana seria a "ultima vez" que nos veríamos depois de m longo tempo, muito estranho pensar desse modo.

Um dia triste e feliz

by Luiz Sassi

Era 24 de Março de 2020 eu estava tranquilamente tomando banho e pensando nas festas que estavam por vir nos próximos meses, estava muito ancioso pois achava que seria um ano de pura diversão onde eu faria novos amigos e tentaria arranjar uma namoradinha.Como disse eu estava pensando muito e muito animado, ainda mais com aquela música que tocava de meu celular e aquela água quente batendo em minhas costas me deixava ainda mais relaxado para pensar. No exato momento que desliguei o chuveiro e parei de pensar naquelas coisas, eu acabei me dando conta na realidade que eu estava, uma pandemia que afetou o mundo e que foi a responsável pelo prefeito ter que declarar estado de calamidade em São Paulo. É bom recordar isso pois nesse momento que entrei no mundo real e me dei conta de que não haveria festas, namoradas e amigos que pensei “ agora deu ruim”.


A aula fora da sala

By: Enzo Lazaroni

Mais uma vez, o dia amanheceu, e Aline se levantou. Como de costume, ela foi tomar seu café, e enquanto mordia seu delicioso pão com manteiga, ela percebe que recebeu 11 mensagens de um aluno perguntando sobre um trabalho que ela já havia explicado (com detalhes). Aline é uma professora de Escola Pública, e esse período de isolamento está dando diversas dificuldades para ela. Depois de visualizar as mensagens do aluno, mesmo com uma certa raiva, ela faz de tudo para respondê-lo da forma mais educada possível.

O dia vai passando, e ela faz uma chamada de vídeo com alguns alunos para tirar dúvidas e explicar outros conteúdos pros alunos, mas muitos alunos acabam atrapalhando, todos falando ao mesmo tempo, alguns não levando a sério, ou fazendo conversas paralelas à aula.

Depois de terminar a chamada, ela acaba refletindo, como essa situação está sendo difícil pra ela, pois ela adorava interagir pessoalmente pra sala de aula, como ela gostava de ver os outros funcionários, ela estava até com saudade do caminho pra escola, que era longo, mas ela gostava. A saudade começa a apertar, afinal, ela não sente que está ajudando todos os alunos, sente que pessoalmente poderia fazer mais por eles, e com as aulas presenciais podia ter mais tempo para si mesma, pensando que, em casa, “deu ruim” pra ela, a vontade dela é que esse vírus nunca tivesse aparecido.

Mas infelizmente esse vírus apareceu, e ela não pode fazer nada. Com isso, ela pensa que o que ela pode fazer é, dar o seu melhor nessa situação, continuar com o trabalho dela em casa (que já acontece há mais de 70 dias), pois ficar em casa é necessário, e por mais que ela não goste dessa situação, ela tem que aprender a lidar com isso. Então, depois dessa reflexão, no fim do dia, ela se deita, de forma tranquila, e com esperança de dias melhores.

Fantasmas não existem

por Bernardo Dohan

Minha mãe sempre dizia que fantasmas não existem, criaturas que não conseguimos ver mas estão ali para nos amedrontar sempre me apavoraram... pois é, enfim elas chegaram, porém na forma de COVID-19, mais conhecido como Corona Vírus, um vírus que fez com que o mundo se paralisasse, de forma que olho para rua e não vejo ninguém mas olho para os outros prédios e estão todos lotados.

É necessária a quarentena e muitas outras prevenções contra a contaminação. Algumas das mais conhecidas são o uso de máscaras e álcool gel, porém sempre achei o álcool gel mais protetor e eficaz já que mata o vírus presente em seu corpo de uma vez por todas, dando até uma satisfação de saber que matou ele.

Ontem, preso nessa rotina, estava sem ideias do que fazer dentro de casa, que já estou há 2 meses sem respirar um ar puro, e pensei: se álcool em gel mata o desgraçado, o álcool em bebidas devem matar esse tédio que ele nos trás... portanto corri bara o bar dos meus pais, peguei a chave que eles escondem dentro de um pequeno copinho azul e lentamente puxei um gin de lá e voltei ao meu quarto sorrateiramente, com passos mais leves que uma pena.

Virei um, dois, três, quatro copinhos de gin puro e já estava quase vendo cangurus saindo de meu armário e quando vi já estava quase ligando para minha ex namorada quando minha mãe bateu na porta do quarto para falar que o jantar estava pronto:

- Felipe, vamos, o jantar já está na mesa!

- tabom mã, já tu indu palá!

- tá falando assim porque, maluco? Vamos logo!

Portando fui ao banheiro, lavei a cara e me olhei no espelho para saber se estava muito perceptível que eu me sentia em outro planeta. Comecei a rir e mostrar a língua pra meu próprio reflexo e quando percebi, sim, estava completamente perveptivel. Meu cérebro bugou!

Assim não lembro de mais nada, só sei que hoje acordei com a luz do sol em minha janela brilhando em meu olho e meu quarto todo desarrumado, em mais um dia na quarentena. Deu ruim!


por Pietra Ribeiro

2020 Estava sendo um ano de ouro, todos os fatores indicavam que esse seria um ano incrível para seu José. O seu bar estava com uma clientela enorme nas férias de verão, pois as pessoas sempre iam lá no final da tarde beber um pouco, ouvir um samba e jogar uns jogos com os seus amigos, e no carnaval sua clientela só aumentou, tendo diversos blocos perto de seu bar, transformando o em um lugar apesar de simples, muito badalado.

Seu José cuidava deste bar com todo o seu coração, e com o dinheiro que ele estava ganhando ajudava a sua filha com as despesas dos seus netos. E ele até tinha conseguido comprar a casa vizinha para ampliar o seu bar, e estava tudo ótimo, porém o pior aconteceu, e a felicidade de Seu José durou apenas dois meses e alguns dias.

Um dia ele estava com alguns clientes, assistindo a televisão, e ouviu de um tal de corona vírus, porém achou que isso não seria nada... Com isso sem nem uma semana passar ele viu uma nota do governo que falava para os restaurantes e bares se fecharem, e apenas realizarem pedidos por delivery, porém como ele entregaria as coisas de seu bar?

Ele não podia acreditar, pois queria se divertir com os seus clientes, que nesse ponto já eram amigos próximos e sem o bar ele não teria dinheiro, justo quando o seu negócio estava se ampliando isso não podia acontecer.

Seu José buscou diversas maneiras isso melhorar, mas ele nunca achava uma solução. Até que no final do mês quando chegaram as despesas, ele não conseguia pagar tudo, e teve que vender o seu bar. Ele chorava e chorava, mas não tinha nada para fazer.

Rotina de uma data indefinida

by Keké

Hoje, dia 128 da quarentena, é a 128º vez que arrumo minha cama. Cada dia que passa parece que a minha cama fica mais desarrumada, ou é porque eu não aguento mais fazer as mesmas coisas todos os dias. No último dia de aula antes do primeiro de quarentena, me iludi achando que seria como um feriado e todos nós estávamos agradecendo por ficar duas semanas sem ir a escola, mas tudo acabou piorando e cá estamos, em casa a mais de 4 meses.

Minha rotina com as aulas online é sempre a mesma, eu acordo toma café, faço a primeira aula do dia, ligo para umas amigas para conversar durante o almoço, faço a segunda aula e depois a terceira. Assim que acabo tudo de escola, durmo ou fico jogando vídeo game, mas a minha mãe me enche o dia inteiro para arrumar minha cama e meu quarto em geral. Porem, como eu fico a tarde inteira estudando, esqueço ou não da tempo de terminar todas as minhas obrigações.

Minha família é composta por cinco pessoas no total e cada um de nós temos uma obrigação nessa quarentena infinita. Meu irmão mais novo que ainda não sabe ler e escrever tudo direitinho, precisa de ajuda com seus afazeres do colégio e eu sempre ajudo-o, e meu irmão mais velho que arruma o quarto para ele. Meu pai reveza com a minha mãe para fazer comida e arrumar a casa e todos nos (menos o meu irmão pequeno) lavamos a louça.

Essa semana eu estava reclamando muito para arrumar minha cama com o mesmo argumento de sempre: “Porque arrumar a cama, se eu vou bagunça-la de novo?”. Minha mãe, de saco na lua dessa historia, mandou eu arrumar do meu irmão novinho e o dela todos os dias. E acabei de perceber o quanto estava sendo ingrata de reclamar sobre arrumar a cama, enquanto todos os dias tem gente em todos os hospitais do mundo lutando por sua vida. Porem, agora é tarde demais e vou, ao invés de só uma, arrumar 3 camas, ou seja, deu ruim.


Fã Número 1

por Isabela Dal Pozzo

Agora mais do que nunca é hora de darmos as mãos a nossa fiel escudeira “internet”, que antes nos recusávamos a admitir que precisávamos dela em nossas vidas. Tanto pelos infinitos comentários reclamando que a geração de hoje em dia só passa tempo “enfurnada” nas telas, tanto por não querermos nos sentir dependentes da tecnologia ou menos esforçados por não termos mais que “ir em bibliotecas e buscar em enormes enciclopédias ou até mesmo não achar as respostas para nosso estudos” como dizem nossos pais e avós.

Estamos no momento de quebrarmos estas barreiras, e aceitarmos que o único e melhor jeito de não só mantermos nossas rotinas, trabalhos, estudos, compras do mês e os boletos em dia, mas principalmente atualizarmos as fofocas, nossos romances adolescentes, nossos amores platônicos dos galãs e musas das nossas séries é a nossa queridinha plataforma digital.

Agora que não temos mais que correr contra o tempo, é através da minha amada plataforma digital que consigo achar as milhares de receitas, vários vídeos de “faça você mesmo sem precisar sair de casa”, as infinitas aulas de “fit dance” e “crossfit” e as “lives” dos cantores preferidos além do conhecimento que a escola nos fornece através do ensino à distância. Graças a ela, conseguimos preencher nosso tempo livre.

Nossa grande companheira, se tornou como um respiro em tempos sufocantes, e nos confortou com companhia, na hora em que mais estamos precisando. Acredito que aos antigos “haters” dela e defensores de que precisamos nos conectar com a “vida real”, perceberam que em meio a esse cenário atual caótico, inimaginável e quase fictício, que ela faz parte da nossa “vida real” e hoje em dia tenho orgulho de dizer que sou fã e defensora do uso dela.

Papai o que aconteceu em 2020?

Por Fernando Reppucci

Josué trabalhava dia e noite para conseguir sustentar sua amada familia. Um dia chegando em casa, seu filho lhe pergunta:

- Pai, na escola não param de falar sobre o terrivel ano de 2020. O que que aconteceu?

Josué respira e se entristece.

- Filho, eu não sei se me sinto bem contando para você. Foi uma época de muita tristeza...

- Vai papai por favor me conta!

- Bom se você insiste tanto vamos lá.

O ano era 2020, todos pensavam que ia ser um ano incrível de prosperidade, mas as pessoas não sabiam o que estava por vir. Tudo começou na China. Um vírus chamado Covid-19 (corona vírus) surgiu primeiramente no país asiático. No começo ninguém estava se preocupando, era algo muito pequeno. Porém foi ai que deu ruim! Ele foi se espalhando e criando forças. De um dia para o outro eu me vi trancado em casa de quarentena.

Nós nunca pensavamos que iamos ter que um dia ficar trancados em casa. No começo as pessoas estavam gostando da quarentena. Elas ficavam em casa, deitadas no sofá, comendo o dia inteiro e sem fazer nada. Com o tempo, a solidão veio, e as pessoas perceberam o quão importante para elas era socializar, o quanto que melhorava a saúde mental. Com o desenrolar do tempo de quarentena fomos percebendo e descobrindo essências da vida que nunca tinhamos parado para perceber, pois vivíamos na correria.

O mundo nesse tempo foi destruido pelo vírus, por política e por questões sociais. Eu pensava que seria o fim do mundo. Tudo estava indo a ruínas, mais de 800.000 pessoas faleceram devido a covid-19. Ficamos quatro meses e meio de quarentena e parece que o tempo não passava. Era vinte e um de novembro quando recebemos a noticia. A vacina para o corona vírus já estava em produção em massa. A quarentena acabou e tudo voltou ao normal, porém sempre com o dobro de higiene. O mundo e as pessoas não eram mais as mesmas coisas de antes.

- Caramba papai, realmente foi muito triste mesmo. Obrigado por ter me contado, anotei pois vou ter uma prova sobre 2020 semana que vem. Obrigado mais uma vez!


Recreio

Por José Lara


Ontem, por volta de umas 9:00 da manhã eu estava acordando, nada diferente apenas ia ficar mais um dia em casa, estudando e jogando PlayStation. Comecei o dia tomando café, e por volta das 9:30 comecei a fazer a lição de Biologia. Eu terminei a lição por volta das 10:30, olhei o horário e pensei, nossa já é recreio. Mas aí eu parei para pensar, como assim recreio? 72 dias já está sendo um recreio, não tenho feito nada, apenas academia, lições, ficando no celular e na TV o dia todo. Não vejo meus amigos, vejo apenas poucos familiares. Um vírus que no começo eu pensei que não era nada acabou mudando totalmente minha vida e de todos, mudou nossa rotina completamente.

Após isto voltei para minha cadeira para fazer a próxima lição, mas fiquei pensando, que maluco tudo isso né? Um vírus que não se sabe dá onde surgiu se espalhou pelo mundo inteiro, contaminando milhões de pessoas e matando principalmente senhores e senhoras. Quando me falaram que o Brasil ia aderir o isolamento social, eu fiquei feliz, pois pensei... que legal né, ficar um semana sem escola, apenas me divertindo. Mas depois foi se estendendo e estendendo, até chegar agora, após 72 dias de isolamento social. Esse ano vai ficar para a história e daqui 200 anos vão estar falando desta época, como ela foi importante e terrível para o mundo. Eu penso que tudo isso é uma lição para o mundo todo, uma lição que vai mudar a sociedade, sei lá, buguei após pensar tanto.



O plano

Por Matthias Guernet

Mais um dia. hoje é sábado, aquele dia que o objetivo é ficar acordado para sentir sono de novo. Já são 10 da manhã e vou tomar o café da manhã, já pensando o que eu vou fazer hoje. Me lembrei do trabalho da escola que tenho que fazer, do meu plano para toda vez que isso acontece, que funciona da seguinte forma: Mais tarde eu faço. Aliás, eu acabei de acordar, é hora de jogar. A parte mais importante desse plano é que esse “mais tarde” nunca chegue, e assim vai passando o dia. E somente depois, se eu quiser, eu explico como funciona a segunda parte. Com o meu grande esforço eu fui seguindo o meu plano, com a ajuda da internet e dos videogames, dizendo para mim mesmo que às 5 eu vou fazer a tarefa.

Parece que nesses tempos as dificuldades minhas no dia-a-dia ficam cada vez mais simples, por exemplo, a maior problema do meu dia foi receber um convite para jogar online do meu amigo, bem no horário que eu iria fazer a tarefa, sabia que não poderia deixar para amanhã, porque naquele dia eu seguiria a segunda parte do plano. É claro que a primeira parte do meu plano infalível não iria fracassar tão facilmente na primeira hora. Depois do jogo, fui fazer o trabalho, quer dizer, ver vídeos na internet. Mesmo não parecendo, eu não odeio meu plano completamente, já que eu já vim de uma semana cansativa, projetando tudo o que eu queria fazer nessas 48 horas. Uma hora tudo isso tem que acontecer, não é mesmo? Provavelmente é esse plano que me mantêm em pé (ou sentado) durante a semana, com a cabeça no lugar. Escuto vários gêneros de música diferentes e vou aumentando a minha biblioteca de jogos. Voltando aos vídeos, são eles que me ensinam quase tudo o que eu aprendo de importante sem ser a escola. Já que não vou fazer a atividade, é melhor que eu esteja aprendendo algo, mas nada de história, por que como é uma noite de sábado sem conseguir dormir porque não fiz alguma coisa?


Ouvidos que enganam

Por M. Almeida

Ja fazia cinco semana que Walter acordava e se perguntava “quando isso vai acabar?”, sem respostas ele só seguia o que o governo mandava, não manter contato físico com pessoas que não moram com você e apenas sair de casa para emergência, mas ele já estava de saco cheio e foi a rua dar uma volta e quem sabe encontrar algum conhecido que pensasse como ele, ao sair deu uma corrida no parque, para ser mais exato três voltas inteiras, ao acabar sua corrida estava indo a caminho de casa quando deu de cara com seu chefe, Carlos, que estava voltando do hospital, pois sua mulher estava péssima, então ele perguntou para Walter “ O que está fazendo aqui fora? Não viu as ordens do governo?” e Walter respondeu “Apenas sai para dar uma volta, estava cheio do meu apartamento”, então Carlos, ja estava triste por sua mulher, mas agora aquilo se transformou em raiva e Walter tomou uma bela bronca por não estar seguindo à quarentena, então os dois se deram “tchau” e cada um foi para seu caminho, e ao Carlos dar as costas Walter susurrou “Velho rabugento” pensando que seu chefe não iria ouvir, e mesmo tendo ouvidos de idoso Carlos conseguiu ouvir e apenas gritou “Demitido!!!” e saiu rindo, a única coisa que Walter pode pensar, foi “deu ruim”.


A única alegria

Por Enzo Guaspari

Cinco e meia da tarde o alarme toca, Claudio levanta com um sorriso no rosto, é hora de ir ao mercado. Muito feliz coloca suas roupas novas passar perfume e pega sua máscara e então segue em direção ao mercado andando calmamente. Chegando no supermercado escolhe suas coisas e as leva ao caixa, após pagar agradece o atendente e então pega suas sacolas e volta para casa. Chegando em casa organiza suas compras e vai para o sofá, liga sua televisão e rapidamente perde sua felicidade, seu sorriso desaparece e o som do jornal toma sua cabeça. Ele é atacado por uma série de notícias ruins e desastres uma sensação ruim junto com o medo toma seu corpo e então começa a relembrar de seus pais que não vê a quase 3 meses por conta da pandemia, e relembra de como era sair na rua, abraçar pessoas e não se preocupar em contrair um vírus e que hoje sua maior alegria e sair para ir ao supermercado.

Com tudo isso em sua cabeça Claudio decide desligar a sua televisão e então no silêncio de sua casa começa a pensar em como era feliz antes da pandemia e não dava valor aquilo e com tudo isso circulando em sua cabeça percebe, que a forma em que vê o mundo nunca mais será a mesma.

Uma Prisão Confortável

Por: João Pedro Nastari

Deu ruim. Com toda essa situação que estamos vivendo sobre a pandemia do Coronavírus, o mundo todo tem pensado em diversas soluções para o problema, mas além de tudo as pessoas também estão pensando em suas emoções e vontades diante da quarenta, pois certamente não é fácil ficar todo esse tempo em isolamento. Não podemos ver nossos amigos, alguns familiares, praticar certos tipos de esporte e temos de nos contentar em passar o dia todo trancados em nossas casas, lugar onde devia servir como um certo tipo de aconchego, mas está mais para uma prisão.

Temos de encontrar maneiras de distrair nossa mente, vemos muitas notícias ruins todos os dias sobre a pandemia e se não encontrarmos uma forma de deixá-las de lado por um certo tempo, certamente nossos pensamentos podem fazer mal e acabar nos prejudicando. Tudo tem mudado ultimamente e temos que acompanhar essas mudanças, tendo paciência e além de tudo não podemos deixar nos afundar em um poço de solidão e tristeza. É claro que as atividades cotidianas fazem falta, como o trabalho, escola, academia, festas e afins, mas para uma causa maior temos de nos reprimir a apenas assistir um filme ou série em nosso quarto.

Muitos podem não entender o por quê do confinamento absoluto, mas como estamos lidando com um vírus altamente contagioso, é preciso ficar em casa, é normal nos sentirmos tristes e sozinhos, mas temos que ajudar também os médicos e cientistas que estão trabalhando igual loucos atrás de uma solução; eles também se sentem sozinhos e ficam tristes com toda essa situações. Muitos já perderam familiares e pessoas que amam, então é preciso colaborar para que isso não aconteça mais, sendo assim apesar de todos os sentimentos e pensamentos ruins, temos de seguir as regras e ter fé, com isso podemos retornar a nossa sociedade normalmente de uma forma mais rápida.

A nova rotina

Por Raphael Saad

No dia 13 de marco de 2020 as aulas foram canceladas por conta da pandemia do Covid- 19, assim foi declarado que o isolamento social estava por vir. O isolamento social é quando você não pode ver outras pessoas, pois elas tem risco de estar infectadas pelo vírus. Desde então na eu e minha familia estamos todos dentro de casa, já são 72 dias vendo apenas minha família e mais ninguém. São varias reflexões, conversas, discussões entre nós. Essa quarentena esta fazendo com que minha familia nos enxergamos melhor, criem um ciclo melhor de amizade dentro da família, mas também como uma típica família brasileira tem brigas e discussões que são as que machucam as pessoas, pois sao com as brigas que voce acaba ouvindo o que te machuca e nesse momento dificil como todos estao tridtes, preocupados e com sentimentos ruins, as palavras podem acabar te machucado e muito. Dentro da minha casa estamos dizendo que esta quarentena esta deixando todos mudados do que realmente são.

Esse vírus mudou 100% a rotina da maioria da população. Todos os dias eu acordava, escovava meus dentes tomava um banho e tinha que sair rapidamente de casa para chegra na 1 aula do dia, voltava da escola e ia treinar no meu clube, mas agora ja fazem 72 dias que minha rotina mudou de uma forma muito brusca, eu acordo enrolo 10 minutinhos na minha cama, tomo um banho, vou escovar os dentes e abro a tela do meu computador para ver as aulas e fazer o EAD (estudo a distancia). Estou fazendo muitas coisas que eu nao conseguia fazer por falta de tempo, passear com os meus cachorros, ajudar a fazer as comidas dentro de casa, ajudar na limpeza e organizacao da casa, ficar maratonando series, filmes, ficar horas olhando para tela do celular depois de fazer as licoes e foi nesse momento que eu percebi que muitas coisas tinham mudado, eu nao via as mesmas pessoas, nao fazia as mesmas coisas e quando fui ver, ja fazia muito tempo esse isolamento e eu pensei:

-Putzz, deu ruim!

Essa rotina nao tinha mudado apenas mudado para mim e sim para todas as pessoas. Muitos trabalhadores que ganhavam seu dinheiro durante o dia, como motoboys podem ter atrapalhado e muito suas vidas, porque nós estamos tendo essa educacao de longe, conseguindo estudar e rabalhar de longe, porem temos pessoas que nao tem essa mesma situacao que nós. Todos esses aspectos deixam as pessoas angustiadas e com medo de nunca mais voltar ao normal. Com certeza esse ano pode ser o que mais impactou na vida de todos e pode sim, ser a época e a maior pandemia de todos os tempos e que pode dar ruim para voltar a normalidade de antes, pois será um processo muito complicado.

50 tons de preguiça

por Giovanna Casmerides

Já eram 8:30 da manhã quando o despertador toca e já estava pronta para fazer minha rotina da semana da quarentena,já perdi a conta de quantas vezes já a fiz: acordar, lavar a minha cara, tomar café da manha e me preparar para aula on-line da faculdade que começava as 9:30. Acabando esta aula eu almoço e logo em seguida, já que eu moro sozinha eu mesma preciso fazer as atividade domésticas: lavar a louça, arrumar o quarto, tirar o lixo, limpar a cozinha e o banheiro, porém nesse dia eu estava muito enrolada com as coisas da faculdade que no final acabei não fazendo por preguiça e decidi deixar pra levar o lixo no dia seguinte! Chegou o dia seguinte e fiz a mesma rotina de sempre, porém na hora de levar o lixo para a lixeira na frente do portão do prédio eu procrastinei de novo, e foi essa mesma coisa durante mais 7 dias.

No oitavo dia, quando foi a hora de levar a lixeira lá para baixo eu já fui com o pensamento de procrastinar de novo, porém chegando lá para jogar fora um resto de bolo que não queria mais, eu me deparei com uma montanha de lixo, era enorme!! Parecia ate um monstro! E olhando para aquela montanha eu fiquei parada por 10 minutos e refletindo muito o quanto que eu estava procrastinando as coisas! DEU RUIM! e percebi que não só as tarefas doméstica, mas também atividades da faculdade, e acho que era ate por isso que eu estava indo mal e pegando recuperação de várias matérias!

Depois deste ocorrido,percebi o quanto eu tinha que mudar para ir melhor na faculdade e deixar a minha casa em ordem. Depois de muito tempo pensando em como poderia mudar, lembrei que tinha um contato de um cara que ajudava a fazer “planner” semanal, no qual tinha tudo anotado do que fazer com horários. E agora estou conseguindo me organizar e não procrastinar mais.

Reclame menos, ajude mais

por Anna b Alonso

Já estou trancada em casa ha muito tempo e não aguento mais já fiz de tudo lavei louça, cozinhei e queimei o cookie, pintei, malhei, dormir, estudei e principalmente passeei com meu cachorro. Estou seguindo uma rotina desde o dia que começou essa quarentena que é acordar as oito, tomar café da manha, estudar ate acabar tudo e quando pensava que estava livre e podia ficar detida na cama vinha o Snow para passear já estou cansada dessa rotina que é infinita parece que nunca vai acabar. No começo dessa quarentena eu pensava que ia ficar o dia todo dormindo, assistindo serie, vendo os amigos e logo ia voltar para a escola, mas depois de duas semanas trancada eu percebi que estava enganada nesse momento eu pensei “É deu ruim”. Teve um dia que nunca vou me esquecer tinha uma prova de história gigante para fazer e no mesmo dia tinha uma prova de biologia gigante e complicada para fazer, naquele dia parecia que as provas nunca iam acabar, mas as 17:59 consegui enviar as provas fiquei muito aliviada deitei na minha cama fechei os olhos para relaxar e escutei um barulho, era o Snow querendo passear eu quase chorei nessa hora estava muito cansada, mas como eu tenho que levar ele todos os dias para passear eu desci com ele.

Nesse mesmo dia na hora do jantar estava passando o Jornal Nacional que estava mostrando a situação moradores de rua durante essa pandemia. Eu e minha mãe ficamos muito tocadas ao ver como eles estavam então falei para a minha mãe: “Mãeeee que tal a gente fazer tipo uma marmita com coisas que dão sustância e levar para os moradores de rua!!!!“ na hora ela já topou fazer isso e deu a ideia de também levarmos alguns cobertores já que Junho é um mês que faz frio. Então nos preparamos com uma amiga da minha mãe que já fazia isso para levar a marmita era uma Terça- feira foi um dos melhores dias da minha vida e acho que também da vida deles, poder ajudar ao próximo é tão satisfatório e emocionante, depois daquele dia eu nunca mais reclamei de levar o Snow para passear porque tem tanta gente que não tem nada para comer e não reclama e eu reclamando de apenas levar o meu cachorro para passear. Se você tiver condições de ajudar ao próximo ajude você irá se sentir muito melhor sabendo que você conseguiu transformar o dia de uma pessoa mais feliz ajudando-a nesse momento muito difícil que o mundo todo está passando.

O Feitiço do Tempo

by Camila Cerresi

Desde pequena eu fui acostumada a ver filmes. Eu me lembro que todo dia quando chegava da escola eu me sentava no sofá da sala de estar e esperava o meu pai chegar do trabalho, a minha hora preferida do dia era quando ele finalmente chegava, se sentava no sofá e colocava um bom filme na tevê. Os nossos gêneros preferidos sempre foram comédia e ficção, assistíamos sem parar filmes do Jim Carrey, Adam Sandler, entre outros, mas de todos os filmes tinha um que sempre que passava parávamos para ver, meio bobo mas que era um dos nossos favoritos. O filme se chama “O Feitiço do Tempo”. A história gira em torno de Phil, um repórter do tempo que vai para uma cidade chamada Punxsutawney para cobrir uma reportagem, o problema começa quando ele revive o mesmo dia todos os dias, por exemplo, ele vai dormir na segunda-feira e acorda na mesma segunda-feira, e o filme mostra o protagonista tentando sair desse looping aparentemente infinito. Bem, eu me lembro de assistir esse filme quando eu tinha uns 8 ou 9 anos e pensar que isso era muito fora da realidade e que algo assim nunca aconteceria pois comigo, todos os dias eram pelo menos um pouco diferentes. Isso era o que eu pensava, até ontem. Eu estava assistindo tevê com minha família e passou esse filme, e foi o revendo que minha mente bugou! Eu passei a noite inteira refletindo e cheguei à conclusão que a nossa realidade nunca esteve tão perto da ficção que eu achava tão absurda, parei para pensar e nessa quarentena tenho revivido todos os meus dias, são todos iguais: acordo, faço aula, almoço , faço mais aulas, descanso, janto e durmo. É tudo igual, parece que estou presa nesse looping do filme, mas o que mais me preocupa é que estamos todos presos nesse feitiço do tempo, e diferente do filme, não cabe a nós sairmos dele.

O Mundo hoje em dia

by Marina Tomasi

Ao contrário do que muitos acreditam que seja possível, estou trancada em minha casa faz mais ou menos 72 dias. Nesse período não estive em contato com meus amigos e muito menos com a escola, porém as aulas não pararam. Todos os dias acordo em torno das 7:30 e vou me arrumar para o início das aulas on-line, posso dizer que ao contrário de muitos, acabei me acostumando muito rápido com esse método de ensino, ainda assim é um pouco estranho em razão de eu ter aula e fazer provas através do meu computador.

Comecei o dia com minha aula normal de inglês e às 10:20 foi o horário do meu intervalo entre as aulas. Ao abrir o site de notícias e ligar a televisão, o meu primeiro pensamento foi “deu ruim”, o mundo não estava somente em colapso em razão da pandemia do corona vírus, onde cerca de 30.058 brasileiros haviam morrido, mas o problema ao redor do mundo estava maior.

Pelo New York Times e pelo Twitter, pude ver que algo não somente ruim, mas totalmente errado, havia acontecido. Um policial havia matado por asfixia um homem chamado George Floyd, em razão dele ter cometido um crime, em que o tamanho dessa brutalidade não estava adequada. Essa ação desencadeou algo que já estava presente na sociedade há muito tempo e que apesar de ao longo das décadas ocorrerem muitos movimentos para que houvesse alguma mudança, o modo de como as pessoas olham para essa questão não muda, o racismo. Milhares de pessoas foram para as ruas protestar usando o slogan “Black Lives Matter” (vidas negras importam). Sendo um dos tópicos mais falados na internet, agravando várias petições e a mobilização de todos ao redor do mundo.

A QUARENTENA

por helena fachada
Já estava amanhecendo e Maria estava fazendo seu café da manhã como de costume , pegou seu jornal e começou a ler , quase todos os dias estavam falando sobre o covid-19 e sobre as mortes . Maria ficava muito abalada com toda essa situação , pois é muito triste , muitas pessoas estão morrendo e Maria tem muito medo de perder alguém importante em sua vida , mas ao mesmo tempo não aguenta mais ouvir sobre essas noticias , sao as mesmas coisas todos os dias , falando para ficar em casa e etc .

O tempo esta passando e Maria conFnucontinua lendo os jornais , são tantas coisas acontecendo ..., então ela tentou parar de ler e pensar um pouco sobre a situação em nosso país , olhou para sua janela e comevou a preciar a vista , e seus pensamentos comecaram a ir longe ... . Maria ficou o dia inteiro refletindo e começou a ficar muito angustiada , pois começou a ver que estava a quase 3 meses sem contato fsico com ninguém e sem sair para a rua , ficou muito abalada , pois contato fisico é muito importante e ela sente muita falta , enato Maria pensou : a situação é séria mesmo , preciso me cuidar e ficar em casa , nunca pensei que algo que nem podemos ver ( vírus) pudesse fazer com que o mundo todo ficasse paralisado e de quarentena . Quando tudo voltar , vou começar a apreciar cada momento e aproveitar cada segundo de minha vida . Ela pensou que , que ate que esta conseguindo lidar com isso , pois tem uma casa , comida e etc , pois imagina como deve estar as pessoas que nao tem muitas condicoes , os que lutam todos os dias trabalhando para levar comida para a familia no final do dia e hoje nao estao mais trabalhando ... , imagina os que moram na rua passando frio e fome , e tambem aqueles que viraram desempregados e nao comseguem ganhar dinheiro para sustentar a familia ... sou muito previlegiada , pensou maria


por Sofia Fachada

Há muito tempo, nosso estilo de vida enquanto comunidade nos mostrava que precisávamos desacelerar, e de certa forma, foi o que o coronavírus acabou fazendo acontecer, esse é um momento na vida de todos que faz com que a população reflita sobre o mundo de hoje em dia e reflita o que estamos vivendo. O vírus está causando crises financeiras crises na área da saúde e também uma crise mental, tudo isso que estamos vivendo veio sem expectativas, fazendo com que a população do mundo inteiro fosse obrigada a se trancar em casa e sem contato físico, o que não é normal nas nossas vidas hoje em dia; é sabido que frente a uma pandemia, sentimentos de

desesperança, ansiedade, humor deprimido e estresse podem ser frequentes e é por conta disso que a saúde mental de um grande número de pessoas vêm sendo afetada.

O covid é um vírus novo, e por conta disso não e muito conhecido, por isso é extremamente necessário que o contato humano físico seja evitado mesmo que não seja exatamente essa a situação da sociedade hoje em dia. No entanto, junto com o suposto isolamento também temos que lidar com o bombardeio de notícias sobre o aumento de casos, mortes e muito mais. Uma das nossas saídas para tudo isso é “filtrar as notícias”, seguir as recomendações da organização mundial da saúde e manter a esperança para que tudo de certo; o ideal é que a sociedade viva um dia de casa vez sempre buscando o melhor para si e para o próximo, essa pandemia vem nos ensinando muita coisa e com isso vem a confiança de que teremos um mundo melhor, mais justo e igual para todos, pois hoje em dia nos vivemos no mundo atual/real e não o ideal para todos.


Vi alguém andando

by Fernando Barbosa

Da janela da minha solitária domiciliar, avistava, na calçada, passos curtos e lentos que se alternavam como um galope. Passos tais que nunca me fizeram antes refletir, entretanto, neste momento, uma simples caminhada exibiu-me a burrice que esta pessoa estava cometendo. Como podia alguém submeter-se a uma situação desastrosa destas? Enfrentar um monstro devorador de vidas sem ao menos ter armas para destruí-lo! A vulnerabilidade era tanta, que na pior das hipóteses, esta pessoa tenha se tornado parte deste desastre, potencializando a força deste monstro. Talvez eu nunca mais veja estes passos.Eles se mantenham apenas em minha memória, este é o legado que eles deixaram e deu ruim quando, dona destes passos era apenas uma senhora. Minhas condolências.

Quarentena dia ?

Por Leonardo Machado

Com a pandemia quase todos n’os estamos em estado de calamidade para conter o COVID-19 porém algumas coisas que eu achava banais, e que muitas vezes eu nem as executava viraram tarefas do meu dia a dia como por exemplo, arrumar meu quarto, onde eu ia pra escola ou saia aos finais de semana e quando eu retornava já estava limpo com a cama arrumada, roupas que eu as deixava largada no chão já estavam na lavanderia, o que muitas vezes me desestressava quando eu chegava irritado e com fome da escola, porém com isso tudo acontecendo não tem ninguém mais para fazer isso pra mim. E adivinhem o que aconteceu eu saia do quarto e quando eu voltava, estava da mesma maneira que eu tinha o deixado a 1 dia atrás, com roupa em cima da mesa, toalha molhada, cama desarrumada entre outras coisas. Então lá pela segunda semana de quarentena minha vida mudou totalmente, em um dia eu fiquei tão estressado por estar longe do amigos, da escola e principalmente da minha avó que minha mente bugou, fiz minha própria quarentena dentro de casa sem sair do quarto por 14 horas, até que resolvi arrumar meu quarto que aos poucos foi me desestressando e desde então arrumo meu quarto todos os dias antes de fazer qualquer coisa, o que vem me ajudando muito nessa quarentena a ficar mais feliz e desestressado.


Saudade

By Giulia Trasatti

Já se passaram meses que vivemos enjaulados, os dias passam, as noites chegam e continuamos assim, presos em casa. Engraçado como antes reclamamos que o tempo passava rápido, como momentos iam como se fosse água e agora como reclamamos que a noite demora para chegar, como os dias demoram e como torcemos para o tempo passar rápido. Talvez, para alguns isso tenha trazido algum aprendizado, como para mim vem trazendo.

Hoje, dou mais valor para uma palavra que quero resgatar no meio desse turbilhão, saudade. Sim, porque entre todas as limitações da quarentena, o que mais sentimos é falta das pessoas que amamos e com quem convivemos. Não é da falta de paisagens que nos assalta, mas a ausência de pessoas nelas, nem é a distância do colégio que incomoda, mas a falta do calor e do afeto dos colegas. Cada vez mais estamos vendo a falta que fazem, pais, avôs, avós, que estão distantes, amigos, parceiros, que não podem confraternizar como antes.

Estamos descobrindo a saudade que tem horizonte, as que podem e devem virar vontades e acontecer de verdade. Vontade de rever quem gostamos, de reatar, de reagir, de amar intensamente outra vez. Vontade de estudar, de trabalhar, de festejar, vontade de viver, de vencer, de fazer vibrar e vontade de cada vez mais de criar momentos. Nunca paramos para pensar que talvez essa saudade seria muito maior, como era em outras épocas, se não tivéssemos meios tão modernos de comunicação. Podemos, com eles, atenuar a nossa saudade, o nosso sofrimento e o impacto que a distância vem trazendo.

Infelizmente não sabemos por quanto tempo mais ficaremos em quarentena. Com a ansiedade de todos, não será fácil aguentar mais alguns meses. Não há jeito de eliminar a saudade, que se torna cada vez mais presente nesses momentos. Um desejo agora? Quero que tudo isso acabe e que todos terminem bem, voltando a como era.




Saudade

By Giulia Trasatti

Já se passaram meses que vivemos enjaulados, os dias passam, as noites chegam e continuamos assim, presos em casa. Engraçado como antes reclamamos que o tempo passava rápido, como momentos iam como se fosse água e agora como reclamamos que a noite demora para chegar, como os dias demoram e como torcemos para o tempo passar rápido. Talvez, para alguns isso tenha trazido algum aprendizado, como para mim vem trazendo.

Hoje, dou mais valor para uma palavra que quero resgatar no meio desse turbilhão, saudade. Sim, porque entre todas as limitações da quarentena, o que mais sentimos é falta das pessoas que amamos e com quem convivemos. Não é da falta de paisagens que nos assalta, mas a ausência de pessoas nelas, nem é a distância do colégio que incomoda, mas a falta do calor e do afeto dos colegas. Cada vez mais estamos vendo a falta que fazem, pais, avôs, avós, que estão distantes, amigos, parceiros, que não podem confraternizar como antes.

Estamos descobrindo a saudade que tem horizonte, as que podem e devem virar vontades e acontecer de verdade. Vontade de rever quem gostamos, de reatar, de reagir, de amar intensamente outra vez. Vontade de estudar, de trabalhar, de festejar, vontade de viver, de vencer, de fazer vibrar e vontade de cada vez mais de criar momentos. Nunca paramos para pensar que talvez essa saudade seria muito maior, como era em outras épocas, se não tivéssemos meios tão modernos de comunicação. Podemos, com eles, atenuar a nossa saudade, o nosso sofrimento e o impacto que a distância vem trazendo.

Infelizmente não sabemos por quanto tempo mais ficaremos em quarentena. Com a ansiedade de todos, não será fácil aguentar mais alguns meses. Não há jeito de eliminar a saudade, que se torna cada vez mais presente nesses momentos. Um desejo agora? Quero que tudo isso acabe e que todos terminem bem, voltando a como era.




A triste realidade que invadiu minha consciência

Por Gabriel Vidigal

Quando acordei, a primeira coisa que pensei foi “que dia ensolarado, mais um desperdiçado”. Minha rotina tem sido a mesma já faz um tempo, nada muda, todo dia é igual ao dia anterior. Por isso, hoje seria um dia qualquer, como os outros. Tomei meu café da manhã mais tarde, fiz cerca de uma hora de esporte e logo depois tomei banho para almoçar. Acredito que não apenas eu, mas todo mundo, está tendo uma rotina que se repete todos os dias, afinal, estamos cumprindo o isolamento social e por isso não há muito o que fazer.

A nova pandemia do coronavírus já tinha invadido o mundo inteiro, incluindo o Brasil e minha cidade, São Paulo. Creio que todos estão com um mínimo receio das consequências que o vírus trará a si próprio e à família, caso seja infectado. Eu tinha uma maior noção da realidade já que meu avô estava infectado e ele está dentro do grupo de risco, mas ainda assim, não fazia ideia da dimensão até hoje à tarde. Após ter realizado as tarefas do dia, liguei a televisa e comecei a passar os canais. Foi quando cheguei em um canal que estava passando reprises de jogos de futebol. Me deu muita saudade de ver meu time jogar e de ir no estádio torcer. Quando passei mais um canal, vi uma reportagem de relações pessoais. Lembrei das relações e contatos que tínhamos e como era boa a vida em ‘aglomeração’. Logo depois de ter passado esses dois canais, eu desliguei a TV, pois percebi que tudo estava me deixando com saudades da vida que eu tinha e com vontade que tudo voltasse ao normal.

Hoje foi um dia que caiu a fixa pra mim da situação que estamos. Refleti muito sobre o ensinamento que possivelmente o isolamento esteja passando para nós. Cheguei a conclusão que todas as pessoas passarão a valorizar muito mais os momentos, as pessoas, etc. Também acredito que a quantidade de reclamações que nós fazíamos no dia-a-dia reduzirá muito. Reclamávamos de assuntos bobos e, depois da quarentena, saberemos que já sentimos falta daquilo que agora está nos irritando. E todas situações ruins que passarmos, lembraremos que já passamos por pior, e mesmo assim, superamos as dificuldades.

Enfim, apesar desses pensamentos, ainda não passamos por tudo isso por completo. Quanto será que falta? Nunca vai acabar? Acho que deu ruim!


A Casa no campo

Por Bernardo Castro

Minhas expectativas para esse ano eram altas. Acreditava que iria ser diferente e divertido, várias festas e novas amizades. Mas algo estranho aconteceu, fui surpreendido por uma pandemia que fez o Mundo parar, o COVID-19.

O vírus que chegou sem avisar causou mudanças para todos nós. Por segurança eu e minha família tomamos a decisão de ir para nossa casa de campo e, as expectativas de um 2020 movimentado DEU RUIM, pois no campo minhas novas amizades são os cavalos, pássaros e coelhos, as vezes, com sorte, também consigo diversão e movimento com os cachorros.

Minha rotina de cidade grande teve de ser “adaptada”. O corre corre da manhã foi substituído por uma longa refeição, trânsito e buzinas foram trocados por sons de animais e o tempo parece passar mais devagar. Agora penso na volta, ainda desejo o meu ano repleto de novidades animadas, festas de 15 anos e amizades sem corona.

Que eu acorde amanha deste sonho e corra para não me atrasar para a vida!


Nossa vida atual

por Carolina Maccaferri

Estamos no 4 mês de quarentena , sem ver ninguém e tentando não contrair o Covid19. Está muito difícil essa fase, pois, estou com medo d e quanto tempo ela durará. Me preocupo em perder alguém que amamos ou alguém especial.

Sem contar que este virus está destruindo meu ano escolar e de muitos estudantes em vários aspectos , tais como, frequentar as aulas, conviver com os colegas e estar presente em todas as atividades que a escola nos oferece.

Não é fácil viver todos os dias dentro de casa sem poder ver ninguém, além de sua família. Torço para que encontrem logo um remédio a fim de, proteger as pessoas .. São muitos contaminados até o momento, e o medo está presente em nós todos.

Em casa tenho uma situação muito delicada, tenho minha avó que está dentro do grupo de risco...

O pior, ainda é ver as notícias dos Jornais e perceber que isso não acabará em breve pois, as mortes e os casos aumentam diariamente. N osso país é o segundo com mais casos no mundo. A recomendação continua sendo" Fique em casa", que nada mais é continuar na quarentena.

Sinceramente, torço para que, todos os responsáveis pela saúde e pelo nosso país, se unam sem fins políticos, mas sim, a procura de uma vacina para proteger o Brasil e outros países do Convi-19.


Dias de Quarentena

By Ricardo Yuh


Já se passaram 4 meses de uma solidão que nós não sabemos quando isso vai acabar, ainda mais, pois nosso país é o segundo mais afetado pelo COVID-19.

Eu esperava mais de 2020, pensava que ia ser um ano bom, movimentado igual aos outro, portanto minhas expectativas DERAM RUIM. É difícil pensar que passamos 4 meses sem ver ninguém ou até que podemos passar 1 ano sem ver alguém.

Minha família achou melhor que nos saníssimo da cidade, portanto estou em um lugar muito mais tranquilo, onde dificilmente minha paz irá ser tirada, mas confesso já estou canado de tudo isso, parece um looping infinito, todos os dias faço as mesmas coisas, falo com as mesmas pessoas e não aguento mais isso, porém é a situação que vivemos hoje infelizmente.

Para que isso não se repita precisamos abrir nossos olhos para vemos as pessoas que nós estamos votando para representar nosso país.

Ingratidão

Meu amado diário, que guarda todos meus segredos em segurança e atualmente meu melhor amigo com quem posso conversar, já que mamãe tirou meu celular, pelo jeito como podemos ver não tenho tido os melhores dias, passo um tédio que só, sinto falta das pessoas, sinto falta de sair de casa, sinto falta até de olhar pra cara das pessoas que eu não gosto, porque olhando para a cara dessas pessoas pelo menos eu estava fora de casa e até junto aos meus amigos, que com certeza sinto muita falta também.

Hoje logo após acordar fui tomar um banho como eu sempre faço e eu lembrei que era o mesmo que eu fazia quando ia me arrumar para a escola, logo após tomei meu café e fui arrumar a casa, mais um dia normal como sempre, faço minha lições e depois fico desocupada. Sinto falta de ficar desocupada com meus amigos, ou ficar desocupada até mesmo na sala de aula após terminar uma atividade.

Héctor, eu devia ter aproveitado mais aqueles tempos ao invés de viver reclamando de ter que acordar cedo, de viver reclamando sobre ter que fazer lição, agora eu vivo reclamando de ter que ficar em casa, percebi que o ser humano é tão ingrato com tudo, vive reclamando, sei que sou uma ingrata, não agradeço pela minha vida é só sei reclamar, se for checar todas as páginas que escrevi em você, Héctor, certeza que terão poucas onde agradeço por ninguém, da minha família estar doente.

Me desculpa Héctor, desculpa pelas reclamações, devo começar a ver o lado bom, mesmo que seja um grande desastre todos esses acontecimentos, ainda assim deveria agradecer pela minha vida e de minha família. Semana passada fui alertada sobre a quantidade de mortes que estão acontecendo, minha vida poderia estar pior se agora eu estivesse infectada com esse vírus.

Héctor eu gostaria de saber sobre sua vida, pra mim você não é mais como só um diário, você está sendo como um amigo, tem me ajudado a refletir e buscar seguir pelo certo, pra mim é como um conselheiro então agradeço-te.

Deviamos valorizar tudo de bom, ao invés de focar no ruim, não acha Héctor?

Cada dia dessa quarentena deviamos pelo menos dizer, obrigado por continuar respirando.


Ingratidão

Meu amado diário, que guarda todos meus segredos em segurança e atualmente meu melhor amigo com quem posso conversar, já que mamãe tirou meu celular, pelo jeito como podemos ver não tenho tido os melhores dias, passo um tédio que só, sinto falta das pessoas, sinto falta de sair de casa, sinto falta até de olhar pra cara das pessoas que eu não gosto, porque olhando para a cara dessas pessoas pelo menos eu estava fora de casa e até junto aos meus amigos, que com certeza sinto muita falta também.

Hoje logo após acordar fui tomar um banho como eu sempre faço e eu lembrei que era o mesmo que eu fazia quando ia me arrumar para a escola, logo após tomei meu café e fui arrumar a casa, mais um dia normal como sempre, faço minha lições e depois fico desocupada. Sinto falta de ficar desocupada com meus amigos, ou ficar desocupada até mesmo na sala de aula após terminar uma atividade.

Héctor, eu devia ter aproveitado mais aqueles tempos ao invés de viver reclamando de ter que acordar cedo, de viver reclamando sobre ter que fazer lição, agora eu vivo reclamando de ter que ficar em casa, percebi que o ser humano é tão ingrato com tudo, vive reclamando, sei que sou uma ingrata, não agradeço pela minha vida é só sei reclamar, se for checar todas as páginas que escrevi em você, Héctor, certeza que terão poucas onde agradeço por ninguém, da minha família estar doente.

Me desculpa Héctor, desculpa pelas reclamações, devo começar a ver o lado bom, mesmo que seja um grande desastre todos esses acontecimentos, ainda assim deveria agradecer pela minha vida e de minha família. Semana passada fui alertada sobre a quantidade de mortes que estão acontecendo, minha vida poderia estar pior se agora eu estivesse infectada com esse vírus.

Héctor eu gostaria de saber sobre sua vida, pra mim você não é mais como só um diário, você está sendo como um amigo, tem me ajudado a refletir e buscar seguir pelo certo, pra mim é como um conselheiro então agradeço-te.

Deviamos valorizar tudo de bom, ao invés de focar no ruim, não acha Héctor?

Cada dia dessa quarentena deviamos pelo menos dizer, obrigado por continuar respirando.


Ingratidão

Meu amado diário, que guarda todos meus segredos em segurança e atualmente meu melhor amigo com quem posso conversar, já que mamãe tirou meu celular, pelo jeito como podemos ver não tenho tido os melhores dias, passo um tédio que só, sinto falta das pessoas, sinto falta de sair de casa, sinto falta até de olhar pra cara das pessoas que eu não gosto, porque olhando para a cara dessas pessoas pelo menos eu estava fora de casa e até junto aos meus amigos, que com certeza sinto muita falta também.

Hoje logo após acordar fui tomar um banho como eu sempre faço e eu lembrei que era o mesmo que eu fazia quando ia me arrumar para a escola, logo após tomei meu café e fui arrumar a casa, mais um dia normal como sempre, faço minha lições e depois fico desocupada. Sinto falta de ficar desocupada com meus amigos, ou ficar desocupada até mesmo na sala de aula após terminar uma atividade.

Héctor, eu devia ter aproveitado mais aqueles tempos ao invés de viver reclamando de ter que acordar cedo, de viver reclamando sobre ter que fazer lição, agora eu vivo reclamando de ter que ficar em casa, percebi que o ser humano é tão ingrato com tudo, vive reclamando, sei que sou uma ingrata, não agradeço pela minha vida é só sei reclamar, se for checar todas as páginas que escrevi em você, Héctor, certeza que terão poucas onde agradeço por ninguém, da minha família estar doente.

Me desculpa Héctor, desculpa pelas reclamações, devo começar a ver o lado bom, mesmo que seja um grande desastre todos esses acontecimentos, ainda assim deveria agradecer pela minha vida e de minha família. Semana passada fui alertada sobre a quantidade de mortes que estão acontecendo, minha vida poderia estar pior se agora eu estivesse infectada com esse vírus.

Héctor eu gostaria de saber sobre sua vida, pra mim você não é mais como só um diário, você está sendo como um amigo, tem me ajudado a refletir e buscar seguir pelo certo, pra mim é como um conselheiro então agradeço-te.

Deviamos valorizar tudo de bom, ao invés de focar no ruim, não acha Héctor?

Cada dia dessa quarentena deviamos pelo menos dizer, obrigado por continuar respirando.


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