“E que sou eu senão um náufrago, afinal? Por isso só em mim próprio posso confiar. Confiar em mim próprio? Que confiança poderei eu ter nestas linhas? Nenhuma. Quando volto a lê-las, o meu espírito sofre percebendo quão pretensiosas, quão a armar a um diário literário elas se apresentam!”
L do D, Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa). 25-7-1907
By Ana Dias
21/06/2020
Olá,
Eu já não sei quantos dias que estamos isolados. Nada é concreto, acho que por isso que tive tanta dificuldade em pensar no que escrever. Tanta coisa acontecendo e me sinto perdida. Não consigo escrever porque é difícil filtrar tudo, quanto mais eu leio fico pior, mas ainda com isso escolho sair da caverna, mesmo se quisesse voltar, não conseguiria.
Temos que manter a calma em uma situação caótica, faço meu exercício de matemática enquanto um jovem preto é espancado, ele poderia facilmente ser um amigo meu, tenho que me manter produtiva enquanto minha mãe se arrisca pegando transporte público para ir trabalhar, enquanto janto, o jornal anuncia o número de mortos, maior taxa na periferia, claro.
Tento procurar a razão de tudo isso, entendo que a construção da narrativa sempre nos desfavoreceu, uns mais, outros menos, mas a história não explica a maldade que mata a sangue frio, seja por um tiro ou por falta de um equipamento médico.
O sentimento é de insuficiência, impotência, tristeza. A saudade aperta, mas é passageira, escolho sentir falta agora a sentir para sempre, me expondo ou expondo quem eu amo ao perigo.
Em meio a tudo isso, a desmotivação me toma, não quero levantar, não quero ser produtiva, mas tenho, acima de tudo, não podemos parar.
E com tudo que acontece, o que escrevo não é nada.
Até mais.
Por Felipe Di Paula
20 de junho de 2020, São Paulo, Capital.
Oi, Diário! Hoje realmente não sei como estou me sentindo... Se estou sentindo alguma coisa... Se é só mais um pesadelo... Se é realmente a realidade... A vida pode ser realmente muito dura, mas inacreditável até um ponto que nós, a humanidade, jamais imaginamos... Ou isso é só comigo?
Sabe Diário, eu realmente nunca imaginei que chegaríamos a este ponto... Ao ponto de segundo país com mais mortes no mundo, sabe?... A COVID ainda não “atingiu” minha família, graças a quem quer que você acredite, mas tenho certeza que nosso isolamento como família e entre nós mesmos fortaleceu nossa segurança e está nos possibilitando passar por toda essa situação com menos prejuízos e situações dolorosas, mas fico pensando em quem não fez isso, ou em quem nem sabe como pegou e está neste momento numa cama de hospital à beira da morte... às vezes paro no meio do dia só para pensar como sou privilegiado por ter nascido numa família que tem uma situação financeira boa o suficiente para que eu não me preocupe com a compra de alimento, a manutenção da casa no geral, sabe?...
Não sei se é uma boa ideia ficar saindo por aí, para andar, tomar sorvete e essas coisas, mas minha mãe vive insistindo em fazermos alguma coisa fora de casa, mesmo assim, no momento só quero dormir mesmo. Não, sério, por mais paradoxal que seja isso – pelo menos no momento em que estamos vivendo – adoro ficar em casa dormindo, ou fazendo nada, ou jogando, ou todas as alternativas acima... mas, sabe Diário, não sei se é um momento muito propício para se sentir extremamente feliz, ou só feliz, enquanto há tantas famílias perdendo seus entes queridos por má administração das autoridades; eu queria poder ser mais útil para a sociedade, sabe? Meu sonho é ser médico e eles estão na linha de frente no combate ao vírus, então poder ajudar já seria suficiente para satisfazer por completo essa sensação de impotência e incapacidade que estou sentindo no momento.
Estive pensando esses dias e acho que cheguei a uma linha de raciocínio que faz sentido – pelo menos na minha cabeça – a sociedade funciona como um corpo humano, temos trilhões de células que têm funções diferentes e todas são essenciais para o bom funcionamento do corpo, e na sociedade temos exatamente isso, 7 bilhões de pessoas, cada uma cuidando de sua função para manter o equilíbrio do corpo. Os estudantes são como as células em treinamento nas medulas ósseas! E é justamente isso que me enfurece, ainda não estou apto para ajudar ninguém, pois minha formação me impede de avançar nos estudos da medicina, mesmo que, com o tempo, eu tenha certeza de que isso vai mudar!
Olha, realmente não sei como me sentir, acho que estou num estágio de transição, um tanto emocional quanto na minha situação social... “Estudante”... Assim como essa situação também é passageira; tudo é... Menos a morte... Se você acredita que ela seja a “barreira final”. Eu não acredito nisso, acredito que tudo tem um propósito, e quando este propósito é cumprido, viajamos para o futuro para continuarmos aprendendo. E isso acalma – um pouco – minha sensação de fúria com o estado de estudante..., mas a única coisa que, para mim, é a pior coisa neste período é a sensação de privação da liberdade. Por causa de uma pedra (gigante) no meio do caminho, o corpo parado. Entendo que é para o bem de todos, mas o contato
com outras células nunca foi tão difícil... Nunca estive tão distante…
Tchau!
Fonte da imagem: https://br.depositphotos.com/stock-photos/olhando-pela-janela.html
Por Gabriel Jeszensky Pitta
São Paulo, 19 de Junho de 2020
Querido diário, porque esse mundo é tão injusto?
Durante essa pandemia do coronavírus, involuntariamente, eu criei uma rotina, a qual se repetia da mesma forma todos os dias, e hoje não foi diferente. Depois de acordar, entrava na plataforma do estudo à distância, e já logava no Zoom, uma das coisas mais insuportáveis que eu já conheci. Mas entre as aulas, tinha um intervalo para o almoço e outro para o lanche, porque ninguém aguentaria ficar sentado o dia inteiro, com alguém falando sobre uma matéria chata pelo celular, enquanto tem uma cama atrás de você. Porém, após eu ter acabado aquela dia inteiro de chatices, minha mãe bateu na porta do meu quarto e disse “ Quer ir ao mercado comigo?”, e eu respondi “É obvio que sim, desde que me tire daqui”.
E assim fomos, e eu esqueci que teríamos que ficar passando álcool gel nas mãos, a cada 10 segundos, além de usar aquela fucinheira, que todo mundo chama de máscara. Após isso, entramos no nosso carro, e olhei um ônibus incrivelmente lotado, eu já ia falar olha mãe a gente está aqui todo preocupado e eles todos aglomerados. Mas pensei bem, decidi ficar quieto, e comecei a refletir que aquelas pessoas precisavam estar ali, senão não teriam o que comer, percebi que em um mesmo lugar pode ter situações muito diferentes.
Logo, chegamos em casa, descarregamos as compras e subimos. E não consegui parar de pensar naquela situação e quanto eu sou privilegiado, por poder fazer isolamento social, ainda em uma casa boa, ter álcool em gel e ter a minha própria fucinheira. Já muitas pessoas, não podem ficar de quarentena, porque não vão ter o que dar de comer para seus filhos, ou pagar as contas de água, luz e gás. Além de que, eu tenho acesso aos grandes hospitais, mas a maioria não consegue pagar e acabam morrendo no sistema público, quando pegam a COVID-19.
Em seguida, eu fiquei com bastante peso na consciência, porque não era justo que enquanto algumas pessoas são obrigadas a trabalhar e mais tarde perder seus empregos, mesmo tendo a chance de pegar um vírus e morrer. Enquanto outros, estão em casa fazendo Home-office ou EAD, cada um com um computador, tablet e celular, isolados em seus quartos. E tudo isso, acontece em um mesmo bairro, são realidades muito próximas geograficamente, mas muito distantes socialmente e economicamente.
Assim, espero que não seja só eu que perceba isso, as pessoas mais pobres não devem passar por todas essas dificuldades, elas merecem ter uma chance. Não podemos mais ter um mundo repleto de desigualdade, vivemos em uma sociedade tecnológica, muito avançada, mas continuamos com todas essas injustiças entre os humanos. Todos nós somos iguais e merecemos as mesmas oportunidades, principalmente, quando a vida delas está em risco. É necessária uma mudança nesse sistema desigual.
Imagem: https://www.politize.com.br/desigualdade-economica-5-causas/
by Gianfranco Baglioni
Hoje eu acordei com um pressentimento meio estranho, era 8:30 e a lição de física não tinha saindo ainda, fiquei feliz, pensei que não ia ter lição hoje de manhã, querido diário imagina que o professor mandou a lição as 10:10, fiquei muito bravo, não ia ter recreio hoje. Depois de ter acabado a lição de física já comecei a próxima que era de geografia, felizmente ela estava bem pequena e acabei em 1 hora. Voltei a cama e dormi mais 40 minutos, logo depois o almoço já tinha servido, fiquei empolgado pois a minha mãe disse que ia ter macarrão, mais na verdade foi peixe mesmo. No meio do almoço a minha mãe começou a falar que ela achava que a gente aí ficar em casa nas férias, fique muito triste, depois de ter acabado o almoço fui para o meu quarto e comecei a fazer aula de reforço de física, nem sei porque eu me inscrevi mesmo, fiquei com 8,7 em física, mas pelo menos era fácil, acabei em 50 minutos. Comecei a ficar entediado mais aí eu notei que tinha videogame, então comecei a jogar pelo resto da tarde. Chegando no jantar meu pai me falou que a gente ia viajar para a casa da praia nas férias, fiquei muito feliz. Estava comendo e minha mãe disse que o meu avô estava melhorando do corona vírus, ela já estava falando de novo, fiquei muito feliz, perguntei se podia visita-lo mais minha mãe disse que não era bom pois está cheio de pessoas que tem corona vírus no hospital e eu poderia pega-ló. Logo depois de ter acabado o jantar eu fui para o meu quarto escovei meu dente, deitei na cama e fiquei meche do no meu celular até pegar o sono e dormir.
by Bebella
14/06/2020, São Paulo, em casa (ainda bem)
Olá, Bella.
Hoje o dia foi um pouco incomum, para mim, e preciso pensar melhor sobre isso, ou, nesse caso, escrever. Mais uma vez eu acordei às 13:00 da tarde, afinal, não tem nada para fazer em casa. É tão entediante ficar no mesmo lugar, presa nessa casa, olhando para as paredes sem poder sair. Em pouco tempo as grades de proteção da janela do meu quarto se assemelham as grades de uma cela de cadeia, que me aprisiona em casa, sem contato com o meu mundo exterior. Eu só queria sair, sabe? Ver os meus amigos, ir ao shopping, me divertir, e a única coisa que me impede disso é essa maldita quarentena.
Mas hoje, finalmente, eu saí de casa. As celas se abriram. Minha mãe tinha que fazer as compras do mês e, para poder ir também, eu tive que implorar.
- Você vai me deixar detenta nessa casa por mais um dia?! O que eu fiz para você, mãe?
- Você é minha filha, eu só quero o seu bem.
- Então me tira daqui!! - Depois de tanto insistir, convenci minha mãe. No carro, já sentia a sensação de liberdade, o vento entrando pela janela... Como é bom sair de casa, daquele lugar horrível!
- Chegamos. Coloque a máscara e pegue o álcool em gel.
- Não, não vou usar essa coisa, vai esconder minha maquiagem.
- Então você não vai sair desse carro! Sem discussão, Gabriela. Você fica!
Nem preciso dizer que tive que ficar no carro, ali, sem fazer nada. Com o rosto apoiado na mão, o que me restava era olhar pela janela do carro e me contentar com aquele falso sentimento de alforria. Entre vultos de pessoas passando pela rua, vi alguém sentado no chão.
- O que esse louco está fazendo? Ficar sentado no chão, já deve estar infectado! Até eu, depois de tanto minha mãe falar, sei que isso é errado. Por que ele está ali?!
E foi aí que eu percebi... Ele estava ali porque não tinha escolha. Não podia ir pra casa para se proteger porque ele não tinha uma. Naquele momento, meus olhos focaram naquele homem, sentado na calçada, com uma sacola suja cobrindo a boca e o nariz. Aquela era sua proteção. Aquela era sua única proteção. Acho que só naquele momento eu saí de casa e tive contato com o real mundo externo. Diria até que saí da caverna. Aquela cena me incomodou. Me incomodou mais ainda porque todos deveriam ter o direito de ter uma casa, me incomodou porque eu tenho uma e não dei valor. Meu coração se partiu, minha cabeça abriu. Fiquei olhando por um bom tempo para aquele homem. Ficar em casa agora tem um novo significado para mim, diário. Não vejo mais como uma prisão, mas um como um escudo, um escudo, infelizmente, privado.
Sabe diário, é bom estar em casa.
Gabriela
Fonte da arte: @uendelns
by Henrique
Dia 19 de junho de 2020
Querido Diário,
O tempo não passa. Hoje eu acordei com a mesma sensação que estive sofrendo pelas últimas semanas, a sensação de que as paredes começavam a me encurralar, aproximando-se cada vez mais de mim. Elas me faziam me sentir uma sensação de falta de ar e tontura. Já se passaram 95 dias dentro de casa sem poder sair e o único passeio que poderia ir era ir para o supermercado. Nunca pensei que diria isto, mas sinto falta da minha escola.
Desejo que essa quarentena acabe logo, mas como o Brasil é o segundo país com mais doentes e mais mortos, duvido que isso tenha um final rápido. Por mais que seja bom colar nas provas e conseguir boas notas, prefiro a rotina de antes, de acordar mais cedo, ir para escola e me esforçar para aprender o conteúdo na minha carteira . Ontem estava conversando com os meus amigos e reparei que se eu continuasse assim, pegando as respostas dos meus amigos e não ligando para o conteúdo, isso afetaria o meu futuro, já que tenho mais de quatro conteúdos de química atrasados e no final o ano irei fazer o Enem como treinero. Não quero passar vergonha com os meus resultados.
É engraçado de se pensar que antes acreditamos que estávamos vivendo a rotina mais chata e sufocante de todas, de acordar cedo, ir para a escola e se esforçar para entender o conteúdo difícil que davam, mas não imaginávamos que em poucas semanas tudo iria piorar. Talvez continuará assim por muito tempo. Bom, espero que com o tempo as coisas não piorem, pois se já estamos vivendo em uma tempo ruim, eu não duvido que as coisas fiquem pior.
Por: Laura Kawakami
18/06/2020
Oi, querido diário!
Estou aqui mais um dia, mas hoje diferentemente dos outros dias, sinto muitas emoções. Agora todos os meus trabalhos de escola são sobre o COVID-19 e assim eu vou descobrindo mais e mais sobre o Brasil e como nós, a população e o governo, estamos agindo. Isso vai me dando tristeza, porque sinto que todas as escolhas são erradas e só vão nos colocando para cima em relação ao número de mortos. Por que precisamos de tantas pessoas perdendo seus familiares quando podemos e devemos fazer o certo? Ficar na quarentena é bem difícil e eu entendo, mas as pessoas não conseguem suportar e por isso que o nosso número de casos causa um espanto à população. E diário, como você sabe, durante o dia a alegria prevalece em mim, estou perto da minha família, rimos o tempo inteiro e quase nunca pensamos no que está acontecendo lá fora, o que causa uma distração para que eu não fique lembrando o tempo inteiro das tragédias. Mesmo que muitas vezes meu pai, meus amigos e o meu próprio irmão acabem me desapontando, o que me deixa muito triste e querido diário você já sabe, porque toda noite você fica todo molhado das minhas lágrimas, mas sempre o dia seguinte vai me trazendo uma alegria novamente. O mundo lá fora está um caos, eu me sinto nervosa e chateada por ver que todos estão passando por dificuldades, também já senti medo, porque pode ser que eu não volte para a escola esse ano, mas eu quero reencontrar meus amigos, que sempre conseguem botar o meu sorriso no rosto e que eu não consigo viver sem eles, quero rever os professores e voltar para a minha segunda casa.
Fonte da imagem: https://www.cloudcoaching.com.br/diario-de-emocoes-inteligencia-emocional/
Por Isabela Margotto
O sol já estava nascendo, eram sete horas.
Dentro de mim apenas uma paz.
Uma sensação muito rara dentre meus dias de quarentena. Ultimamente só tenho sentido... nada. Nem pra baixo nem pra cima, meus dias caíram na rotina, eu me sinto como se eu tivesse vivendo o mesmo dia em looping.
Mas hoje não, hoje eu acordei bem.
Preparei um café, bem forte, conforme eu tomava, aquela sensação de sono já desaparecia.
Eram oito. Das oito as quatro apenas aulas, também uma avaliação que tive medo de não conseguir realizar a tempo, mas em relação ao alívio de quando apertei o botão de entregar, nunca senti maior.
O celular estava tocando, chegou então a melhor hora do meu dia; falar com os meus amigos. Obviamente não é a mesma coisa... a vontade de dar um abraço neles é muito grande, mas infelizmente nesses tempos não é possível.
Não consegui ficar muito tempo na ligação, o professor de violino estava me ligando. Hoje a minha vontade de ter mais uma aula era zero. Queria apenas tomar um banho, pegar um chá, e assistir a um filme.
Depois da aula fui ajudar a minha mãe a cuidar da casa, lavei e sequei as louças, limpei o chão, ajudei a estender roupas e reguei as plantas.
Com exceção de regar as plantas, todas as tarefas foram meio entediantes.
Chegou então o final do dia.
Jantamos.
Em seguida tomei um bom banho quente, muito relaxante.
Fui para minha cama, já estava um pouco tarde e eu estava realmente cansada.
por Amanda Baptista
19 de junho de 2020.
Querido Dia,
Mais uma vez vou te encher com minhas preocupações, mas você não vai achar ruim, não é? Eu tento te informar sobre tudo que acontece comigo por fora, mas principalmente explicar tudo que se mistura por dentro.
Então estou aqui para relatar a minha insatisfação sobre a quarentena. Hoje tive que ir à farmácia e vi várias pessoas – aparentemente – passeando na rua, algumas nem mesmo usando máscara, enquanto eu estou trancada em casa há três meses! Os casos e as mortes no Brasil só crescem, e, ainda assim, o comércio foi aberto. A minha indignação é maior que eu, no momento. Não que eu seja muito alta... mas acho que deu para entender. Não sei qual é a dificuldade das pessoas em perceber que ainda não está tudo bem em sair para festas ou para curtir um feriado na praia. Poxa, tem uma doença extremamente contagiosa lá fora!
Andei pensando sobre a empatia que temos dentro de nós, ou melhor, que algumas pessoas têm e outras não. No meio dessa situação toda, fico muito feliz e muito triste ao mesmo tempo. Feliz porque posso ter um pouco de esperança na humanidade, já que muita gente está se mobilizando para ajudar os menos favorecidos; a natureza está conseguindo dar uma “respirada” sem toda aquela atividade industrial no mundo inteiro; e as pessoas agora têm algum tempo em casa consigo mesmas. Mas em contrapartida, muitas pessoas estão sofrendo por abusadores, caladas em casa; isso quebra muito o coração. Além, é claro, de todas as famílias perdendo parentes para a doença, algumas por falta de responsabilidade e outras por falta de condições mesmo.
Sabe, Dia, com esse caos lá fora, meu interior fica caótico também. Mas eu acho que tudo tem seu tempo pra se resolver, né? Fico feliz que possa conversar com você, esvaziar minhas preocupações um pouco, caso contrário eu transbordaria. Você vai estar me esperando quando eu voltar amanhã, certo? Obrigada por me ouvir, até amanhã, meu lindo!
Ilustração: https://super.abril.com.br/comportamento/mindfulness-aqui-e-agora/
by Nick
São Paulo, 19 de Junho de 2020
Prezado diário,
Antes de mais nada, eu queria te pedir desculpa, já que faz um tempo que não escrevo algo para você, é que eu não tenho tido muito sobre o que escrever, todo dia tenho tido a mesma rotina, aquilo que eu mais queria agora é o que me deixa mais incomodado: ficar em casa. Tenho tido uma rotina que de tão repetitiva, se tornou insuportável.
No entanto, hoje eu tenho algo sobre o que falar, eu finalmente, depois de dois meses preso dentro de casa, pude sair. Levantei bem cedo e pedi para minha mãe que me deixasse comprar pão, o que ela logo recusou, mas você sabe como eu sou insistente e não desisto fácil. Então, ela me deu o dinheiro e uma máscara (que por sinal eu não gosto usar). Ao sair de casa, eu tive uma surpresa, o senhor que sempre estava deitado na calçada não estava mais lá, meus amigos não estavam chutando bola no muro do vizinho, nem mesmo as vizinhas que sempre estavam em suas varandas, olhando tudo o que acontecia na rua, saíram hoje.
Aquela sensação que eu senti quando vi aquele cenário (quase apocalíptico) está em mim até agora, a sensação não apenas causada pela quarentena em si, mas pelo distanciamento que não é mais apenas físico, mas também emocional. Infelizmente, além das mortes pelo novo coronavírus, as pessoas estão matando a si mesmas, e quando eu entro nas redes sociais, nos perfis, as fotos pessoais foram trocadas por fundos escuros, com uma única palavra em destaque: LUTO. As pessoas trocaram as postagens de amor, por mensagens de ódio, de desespero, por mensagens que demonstram falta de esperança. Antes, o horário do almoço era o momento de nos reunirmos na frente da televisão para assistir a algum filme, talvez uma comédia familiar, ou filme de aventura, no entanto quando ligamos a televisão, a única coisa que vemos são dados que mostram a quantidade de mortos e infectados pelo vírus, ou melhor, o que esses dados realmente demonstram, é a nossa fragilidade e limitação . A verdade é que eu já não sei mais o que fazer, o que eu sei é que isso precisa terminar.
Por: Marianna Jardim
Querido Diário (ou querido Dustin, como preferir),
Hoje é sexta-feira, dia 19/06. Sei disso porque olhei no calendário várias vezes pra ter certeza de que já estamos em junho. É, Dustin, as coisas aconteceram mais rápido do que o planejado. A quarentena faz aniversário de três meses essa semana e estou começando a ter a impressão que você está cansado de todo dia ouvir sobre a mesma rotina.
Decidi, então, variar um pouco hoje e acordar cedo. Estranhei que, quando fui tomar café, fiz o mesmo café, na mesma xícara, na mesma mesa. Achei que hoje fugiria do comum, e assim passaria despercebida pelo vazio que sinto no meio do dia, mas me provei errada.
Sabe, Dustin, alguns dias parecem que estou em um velejo a vela, no meio do oceano. Sem colete salva-vidas, sem âncora, sem bússola, sem nada. Só eu e o barco, navegando em linha reta, sem conseguir ver nem uma porção de terra. Com o mar calmo, surge a impressão de que o velejo vai bem. O problema é que a tempestade não avisa quando vai vir. De repente as ondas crescem, o céu fica escuro e o vento fica forte e devastador, tentando levar tudo o que consegue. E ficar em pé, de uma hora para outra, é tudo o que importa. No fim das contas, não há muito o que fazer além de respirar, segurar bem o timão, e conduzir o barco para fora de toda essa confusão. Sem bússola. Sem direção. Guiada apenas pelo próprio instinto.
Em algumas horas a tempestade passa, o barco fica estável novamente e o céu abre. O sol vem, aos pouquinhos, para iluminar e aquecer o dia. A tormenta deixa evidente sua passagem: um risquinho no barco, um dano ou outro na vela. Mas com a comandante de volta no controle, e apesar das marcas deixadas, o barco flui novamente no mar. Esse vasto oceano, que a pouco tempo era um lugar hostil, sem toda a turbulência, se torna monótono, fazendo estar sozinha parece meio vazio. Mas convenhamos que, depois de ter sobrevivido a uma tempestade, estar sozinha não parece tão ruim assim. Além do mais, é sempre bom apreciar uma boa companhia.
por Gabi Horta
19/06/2020
Querido diário,
Já se passaram pelo menos 23456 dias – ao que parece .
Ontem vi o 234° filme deste mês. Minha irmã mais nova de dezesseis anos decidiu que aquele era o filme da década. Não discordei: pelo menos não na frente dela. É sobre um grupo de crianças que se uniram para investigar o desaparecimento de outras crianças. No final os protagonistas acabam descobrindo que o real culpado é um tal de Pennywise, um espírito maligno com a aparência de um palhaço que se alimenta de medos.
Para mim, o filme é só uma adaptação de Scooby-doo: um grupo de jovens a fim de descobrir algum mistério. Mas o que mais me incomoda é que são crianças que por vontade própria decidem que querem combater o mal. Creio que o mais próximo que cheguei de uma aventura, foi quando andei do meu quarto até a cozinha à noite - o que é bastante assustador, visto que morro de medo de andar sozinha no escuro.
Já, no entanto, minha irmã amou o filme mesmo morrendo de medo de palhaços. Disse que gosta da sensação da adrenalina pulsando em suas veias. Eu já acho isso uma besteira. O medo é um estado emocional que surge em reposta da consciência perante uma situação de eventual perigo, e tem potencial de prejudicar a pessoa que o irradia. O medo pode causar transtornos psicológicos e provocar imprevisíveis ataques de pânico. Como alguém pode gostar de algo tão ruim.
Não entendo, Querido Diário. Acho que a última coisa que gostaria de ter era medo. Imagina não poder sair de casa por ter uma condição chamada agorafobia. Ou de constantemente lavar as mãos por ter germo fobia. Deus me livre! Os medos muitas vezes nos impedem de viver o momento. Imagina ter um ataque de ansiedade durante uma viagem em um cruzeiro por conta de uma condição chamada talassofobia.
Mas de todo modo, acho que o medo pode ser DE VEZ em quando bom – não que ter um palhaço nos perseguindo seja algo legal. Porque infelizmente, ter medo é algo natural. Precisamos do medo para sobreviver em muitos dos casos. É fato, portanto, que o medo pode ter um valor preventivo. O medo, mesmo sendo abstrato, pode nos alertar de perigos. E acho que atualmente, compartilhamos um mesmo medo.
PS: Não conta para ninguém que eu tenho medo do escuro.
Por Laura Pacheco
19 de junho de 2020
Querido diário,
Hoje faz 90 dias em que estou trancada em casa praticamente sem contato social com o mundo lá fora. Acordei, tomei café, e liguei meu computador para assistir minha aula online. Nem me dei o trabalho de pentear meu cabelo; qual seria o sentido de me arrumar para o espelho? Esse tempo em casa só me fez refletir mais sobre mim mesma e meu dever na sociedade. Por um lado, tudo que eu conseguia pensar era sobre todo o tempo, emoções e memórias que eu estava perdendo por estar trancada dentro de casa, conta a minha vontade; mas você já está cansado de ouvir isso. No começo desse período, eu estava tentando aproveitar ao máximo meu tempo livre, mas agora, não tenho mais motivação para mais nada; será que ficaremos assim para sempre? Não sei mais quantos meses eu vou aguentar somente com a companhia dos meus pensamentos. Mas, por outro lado, penso que estou fazendo minha parte, ficando em casa para assim, diminuir a proliferação de um vírus que não vai ser superado apenas por isolamento social, higiene e informação, mas sim pela solidariedade.
Tento pensar sobre aquelas pessoas que efetivamente tem que trabalhar para que a doença não nos alcance; como essas pessoas trabalham em ritmo alucinante para tratar dos doentes (e que, de quebra, se expõem ao risco de contaminação). Tento pensar em como esse vírus tem matado tanta gente no mundo (tendo números que se assemelham às taxas de óbitos de cenários de guerra). Penso também, ocasionalmente, nas pessoas que estão enfrentando esse vírus sem acesso a sequer uma rede de água potável encanada para fazer a higiene mínima, que reduziria o risco de exposição delas a doença; como elas estão lidando com isso? E eu aqui sem dar o mínimo de valor para as coisas que tenho, e reclamando por não aguentar ficar em casa; patético.
Esse conflito constante de pensamentos me consome. Mas quando penso nos meus próprios problemas, de alguma forma me sinto ignorante. Ignorante em relação às coisas que tenho; plano de saúde, acesso à internet, comida, saneamento básico, e um teto sobre minha cabeça. Muitos desses privilégios que grande parte da população brasileira não tem, que eu julgo como sendo “ordinários”. Existem pessoas em situações que estão em situações de muito maior vulnerabilidade que nos, e eu continuo reclamando por “não ter festa junina, ter perdido aquela festa, não ter ido naquele show e não poder ir ao shopping”. Realmente preciso começar a refletir mais; e pensar mais nos outros do que em mim. Falta empatia no mundo, como também em mim.
Por Isabel Sanches
Dia 19/06/20 -
Querido Diário, mais um dia se inicia nesse mundo de incertezas, confesso que estou com medo, pois ver tantos casos de pessoas infectadas e mortas nos jornais assusta. De vez em quando me sinto muito sozinha, embora tenha a minha família, pois estou com tanta vontade de encontrar meus amigos que até dói. Acho que nunca fiquei tanto tempo sem vê-los. Estou com muita saudades deles, de sair para me divertir, da minha rotina e até de ir para a escola.
Não sei se já te disse, mas agora estou em Indaiatuba, já estou há mais de um mês aqui, e desde quando cheguei o tempo está passando bem rápido, acredita que só falta uma semana para as férias de julho? Pois é, eu disse que o tempo está passando muito rápido! Graças a Deus, a escola estava me matando! Estou passando quase o dia inteiro estudando e não aguento mais. Mas sendo bem sincera não sei se estou muito animada para as férias, sou muito ansiosa e ficar em casa o dia inteiro fazendo nada, só pensando em coisas que não são muito legais e reais, não vai me fazer bem. Além de eu estar com medo de começar a ter crises novamente.
Mas hoje estou um pouco animada, pois finalmente vou ver meus primos. Eles me irritam um pouco, mas até que gosto deles. Hahaha! Agora tenho que ir, já que tenho que arrumar algumas coisas antes deles chegaram. Vou te atualizando das notícias, embora nada de mais esteja acontecendo esses dias. Beijos!
São Paulo, 19 de junho de 2020.
Querido diário,
Quando o isolamento social começou, achei que duraria menos de 1 mês e que depois tudo voltaria ao normal. Porém, não foi isso que aconteceu. Até hoje estamos isolados e ficar em casa o dia inteiro em casa, sem poder sair, virou a nova rotina.
Sinto-me em uma tristeza profunda... sem amigos, sem familiares, só minha alma e corpo. Pensei que com essa trágica situação que o mundo inteiro está enfrentando, todos seriam mais empáticos, se colocariam no lugar do outro e respeitariam o isolamento, só saindo de casa para comprar itens de subsistência.
No entanto, grande parte das pessoas não estão fazendo isso...Não é à toa que o Brasil tem o segundo maior número de mortes devido a esse vírus. E apesar dessa solidão imensa que sinto, o que mais me entristece é ver essa falta de empatia.
Sei que é horrível ter que ficar em casa 24 horas por dia, mas não temos outra opção. Se todos cumprirem essa norma iremos amenizar essa situação o mais rápido possível e, assim, menos gente irá morrer, menos pessoas perderão entes queridos e conseguiremos voltar ao normal mais rapidamente.
Essa pandemia não só tirou minha liberdade, como também tirou um ente querido de minha vida. A dor que eu sinto é imensa e inexplicável. Minha única avó se foi, minha segunda mãe. É como se uma parte de mim não existisse mais. Ando pensando que, infelizmente, a maioria da população só entenderá a gravidade desse surto quando ele levar alguém de sua família embora.
Além disso, não vejo minha irmã há 4 meses. Mas não porquê não queremos nos encontrar e sim porque não podemos. Como a Manu é médica, ela fica o dia inteiro em um hospital cuidando de milhares de pessoas que estão prestes a morrer e ela não consegue indicar um tratamento ou uma medição muito eficaz, porque simplesmente ainda não existe. Porém, o pior de tudo é ver muitos daqueles doentes terem que ficar no chão, pois o hospital está sem leitos suficientes.
Hoje, tenho uma enorme sensação de impotência, não só com relação a mim, mas ao ser humano. Pois, mesmo com toda a tecnologia e dinheiro que os países têm, nada disso conseguiu resolver o problema que estamos passando. Ademais, se os políticos tivessem dado mais importância a essa pandemia quando ela ainda estava no início, provavelmente não estaríamos nessa terrível situação que estamos.Mas em vez disso, como sempre, eles só pensaram no dinheiro.
Espero que todos comecem a ter mais empatia com o próximo e que tomem consciência de que essa situação é muito séria. Para assim, termos nossa liberdade de volta.
Até amanhã, querido diário! Obrigada por me ouvir mais uma vez!
by Joy
15 de Junho de 2020 – Segunda-Feira.
Oi José, tudo bem?
Mais uma vez estou aqui, escrevendo, registrando. Hoje foi um dia bom, muito melhor do que ontem. Consegui fazer praticamente todas as coisas que tinha para fazer e uma delas era ir ao mercado, para isso me preparei todo, coloquei máscara, luva e parti para minha missão. Tudo ocorreu bem, mas algo curioso me chamou a atenção. Um tucano estava no mercado! Sim, um tucano! Na verdade não um tucano, mas uma moça que, usando uma máscara, me pareceu muito semelhante a um. Achei muito engraçado e ri da situação, e continuo rindo agora enquanto escrevo, nunca imaginaria que um dia iria ver pessoas semelhantes a tucanos. Na verdade nunca imaginaria estar na situação que me encontro agora, no auge dos meus 30 anos passando por uma pandemia, rindo de uma máscara. Acho que é a consequência de estar a maioria do tempo trancafiado em casa, sem sair, andar, ver pessoas.
Essa situação de quarentena me fez refletir, José, eu ficar trancafiado assim, como milhões de pessoas, que assim como eu puderam cumprir o isolamento e não irem trabalhar, ajudaram para que agora estarmos em uma fase mais flexível da quarentena, não que eu concorde com isso. Entretanto a ideia de que estamos passando pela tempestade e que logo veremos o arco - íris me dá algo que eu não possuía há muito tempo, esperança, esperança que logo poderemos rever nossa família, amigos e professores. Acho importante que não nos deixemos ficar tristes o tempo todo. Algo que venho fazendo, Zé, e que vem me ajudando muito, é encontrar alegria nas pequenas coisas, como hoje, em que uma simples máscara tornou meu dia super feliz e leve, pude descontrair, parar de pensar nos problemas e aflições durante um tempo, foi muito benéfico, acho que todos nós deveríamos fazer esse exercício, parando de ver apenas as situações ruins, e tentarmos encontrar as pequenas alegrias da vida, porque mesmo em meio a tantas coisas ruins, elas ainda existem, e para isso eu já estou fazendo planos de filmes, chamadas de vídeo com amigos e jogos online para me ajudarem. Acho que é isso por hoje, José, estou indo dormir agora e, como sempre, obrigado por me ouvir! Estou feliz, em muitos dias de confinamento, posso dizer que hoje foi um dia bom é até engraçado. Espero que amanhã seja como hoje.
Felipe.
Fonte da imagem: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Tucanos_no_Viveiro_Aves_de_Rios_e_Mangues.jpg
Querido diário,
Hoje, dia 19 de junho, acordei quando ainda estava escuro. Já não tinha energia para abrir a janela e muito menos fazer a cama. A vida parecia passar devagar e cada vez mais monótona. Há três meses a rotina é a mesma, até as flores do quintal já não têm o mesmo brilho. Não se via ninguém na rua, a música não tocava mais, os carros pararam e nas padarias não havia mais o pão quentinho de manhã. Há tempos que não recebemos alguma notícia que acalente nossos corações, pelo menos durante um tempo, e sim cada vez mais tristeza e falta de leitos nos hospitais. Mas não tenho do que reclamar, estou em um casa confortável, quentinha e com todas as refeições completas. Lá fora, tudo está um verdadeiro caos, as máscaras sendo procuradas mais do que água, as luvas desaparecidas, os meios de proteção esgotados e a esperança em falta. Não tenho mais o que fazer, as receitas estão feitas, as flores e plantas regadas, os filmes cansativos, os desenhos finalizados e os pensamentos em seu auge de produção. Todas as noites sento no sofá para assistir o jornal, e são cada vez mais mortes e mais doentes, mais hospitais lotados, mais fome e mais necessidades. Fico pensando como ficamos assim tão rápido, mas ao mesmo tempo não me lembro do antes, apenas imagino onde estaremos e como será o depois. Espero que os mares estejam transparentes, a areia branquinha e o ar mais leve. Mas até lá seguimos aqui, contando os incontáveis dias se acabarem.
IMAGEM: https://images.app.goo.gl/grYLLiaBUuisBo
POR CAROLINA MARTIS
19/06/2020
Já se passaram oitenta e nove dias de quarentena e eu não tenho quase nenhuma esperança que o mundo irá voltar ao normal. Todo dia é a mesma coisa, acordo, tomo café da manhã, estudo o dia inteiro, almoço e apenas cinco da tarde consigo relaxar, de vez em quando eu leio um livro e na maioria das vezes fico maratonando o meu seriado predileto. Não consigo mais me socializar com a minha família, todos estão muitos estressados de ficar dentro de casa e ninguém poder sair nem para respirar um ar, a maioria dos dias brigamos por coisas bobas, como por exemplo “nossa você acordou tarde hoje e não vai aproveitar tanto o dia como deveria” apenas com esta frase a minha casa se torna um caos.
Tendo fazer o meu máximo para não pensar nas coisas ruins que está acontecendo no mundo, por isso me distancio de todas as coisas desagradáveis que tentam me atrair, mas é muito difícil fingir que tudo está bem. Ainda tenho um pouco de esperança que através da evolução e inteligência do ser humano, os cientistas descobriram a vacina para erradicar o coronavírus, tornando se mais umas das doenças que a humanidade teve que passar durante sua a evolução.
Estou com medo, sobre como vai ser quando essa quarentena acabar, será que as pessoas vão voltar a fazer suas tarefas do dia a dia como era antigamente, será que a vida da gente continuará sendo a mesma? Não tenho ideia do que vai acontecer depois desse transtorno, mas espero no fundo do meu coração que dê tudo certo depois desta pandemia.
Bom, por isso foi hoje, espero que amanhã seja um dia melhor meu diário.
IMAGEM:
https://images.app.goo.gl/9vqfoTjoaV2i5bqM8
By Isadora Fibra
19/06/2020
Querida Babi,
Acredita que fazem mais ou menos uns 4 meses desde que a quarentena começou? Parece que se passaram anos e já estava cansada dessa rotina de aula online, ainda bem que as férias começam semana que vem! Já estou ansiosa, não vejo a hora de poder acordar tarde, ficar acordada até de madrugada, assistir minhas séries e poder passar bastante tempo com a minha família, já que não posso sair de casa.
Como você já sabe, quando começou a quarentena, fiquei meio desesperada, aconteceu tudo muito do nada, tive que ficar sem ver meus amigos, meu namorado, sem poder sair, e confesso que no começo não foi muito fácil para me adaptar, mas até que agora estou lidando bem com toda essa situação. Quando toda essa pandemia começou estava tranquila com isso, mas agora estou um pouco preocupada, porque o número de mortes não para de crescer e isso me dá um pouco de medo. Vejo no meu instagram muitas pessoas saindo e se divertindo e fico me questionando se elas não entendem a seriedade da situação, milhares de pessoas morrendo todos os dias e eles só pensando em curtir.
Ai Babi, com tudo isso confesso que as vezes me sinto um pouco sozinha, mas nada que me deixe muito chateada e acho que isso é normal com toda essa situação. Imagino como as outras pessoas devem estar se sentindo, o que estamos passando não é nada comum e além de estarmos convivendo com várias mortes todos os dias ainda temos que cuidar de nossa saúde mental, são mudanças muito rápidas com as quais não estamos acostumados.
Enfim Babi, agora tenho que ir, o almoço acabou de ficar pronto e estou morrendo de fome.
Beijos!!
Imagem: http://www.ecp.org.br/proteja-sua-saude-mental-em-tempos-de-crise/
O tal do coronavírus (humorística)
Por André Delfosse
São Paulo, 19 de Junho de 2020
Querido diário,
Hoje a minha quarentena foi relativamente tranquila, fui ao supermercado como sempre, me irritei com a fila. Fiz minha rotina de exercícios diários sem problemas, almocei e jantei bem. Então podemos dizer que meu dia foi tranquilo, com exceção de um acontecimento bem engraçado e estressante que aconteceu hoje a noite.
Segue abaixo a história
O relógio já batia dez horas da noite quando eu dirigia meu carro pelas ruas desertas de São Paulo para ajudar meu amigo Paulo, que havia me ligado desesperado meia hora atrás me pedindo ajuda com algo que não ficou muito claro pelo telefone. E claro, como um bom amigo, fui ajudá-lo.
Cheguei em sua casa alguns minutos depois. Estava tudo escuro, nenhuma luz acesa, a casa aparecia abandonada. Será que eu havia chegado tarde demais? A porta estava aberta, então entrei, com um pouco de medo, para ser honesto. Estava tudo um breu, nem uma luz acesa para me indicar um caminho a ser seguido, estava perdido. Foi então que o avistei. Paulo estava encolhido debaixo da mesa da sala de jantar, imóvel como uma tartaruga.
-Paulo! Mas o que diabos você está fazendo aí embaixo?- Eu sussurrei.
-Me escondendo do coronavírus- Respondeu ele com uma voz repleta de medo.
-Como é que é?- Eu respondi.
-Hoje a tarde um vizinho meu teve confirmação que havia contraído o Coronavírus e ele havia estado aqui ontem! Então estou me escondendo dele, mais alguns dias e eu posso sair daqui.
-Cara, isso é loucura, você pega o vírus através da boca, olhos nariz, essas coisas. O vírus ainda vai te achar se você estiver aí embaixo- Respondi.
-Sério? -Perguntou ele incrédulo.
- Claro que sim! Você esteve onde nesses últimos meses, todo mundo já sabe sobre isso!
-Bom, para ser honesto, nesses últimos meses eu estava acampando na Groenlândia e lá não temos sinal de celular, então ficamos meio que no escuro, sabe? – Respondeu Paulo, meio envergonhado.
-Mas como é que pode isso? Paulo, cara, não tem condição um negócio desse!
-Desculpa cara, é que eu realmente não sabia o que fazer. Descobri isso no YouTube e achei uma boa ideia.
-Sério? Uma boa ideia?- Respondi.
-Sim, e também vi que precisamos usar sempre máscara ao sair de casa.
-Mas que absurdo! Não precisamos usar máscara Paulo, o corpo já filtra o vírus sozinho! -Respondi irritado.
-Puxa eu não sabia disso, que boa notícia!- disse ele.
-Pois é. Agora que você está devidamente informado, acende a luz dessa casa por que você não é morcego e curte a vida, ok?
-Sim- Respondeu ele mais confiante agora.
-Bom, agora tenho que voltar para casa. Se cuida, viu? E lembre-se nada de esconde- esconde com o vírus e nada de máscara, combinado?
-Combinado.
-Ótimo- Respondi.
E assim eu fui embora satisfeito com o resultado, havia ensinado ele a realmente se cuidar e para de usar aquela máscara ridícula que todo mundo usa. Como é bom ajudar as pessoas não?
Ficamos aqui por hoje, diário.
Sexta-feira, 19/06/2020,
Acho que já esqueci como se conta o tempo: noventa dias ou uma estação? Já não sei como definir a passagem do tempo, só sei que no fim da primavera estava livre, sem medo... E de repente me vi impedida de realizar coisas para as quais nem costumava dar tanta importância, como poder ir ao supermercado se, ter medo de me contaminar ou contaminar minha família. Mas o final da primavera, apesar de turbulento ainda trazia a esperança do “isso vai passar”. Então o Outono chegou e com ele as folhas da minha esperança foram caindo, sei que isso vai passar, mas não sei mais quando e nem como... Aliás ninguém no mundo parece saber. E enquanto isso os números só sobem...
Muitas vezes sinto falta de ar e não é porque estou infectada pela COVID-19, ou porque a máscara está atrapalhando minha respiração, mas sim porque cada vez mais os números sobem. Não! Não estou falando dos números de dias, já disse que esses eu nem sei mais como contar, estou falando dos números de pessoas que perderam suas vidas por um vírus, quieto, invisível, minúsculo, mas que é tão forte que fez o mundo inteiro parar. Estou em casa pela pandemia do Coronavírus, entretanto não me sinto prisioneira, lógico que não é a forma que eu gostaria de ter passado uma estação inteira do ano, mas me sinto sortuda por ter casa, comida e educação (conseguir estudar em casa é um privilégio, porque a maioria dos brasileiros não conseguem). Mas ao mesmo tempo me sinto impotente, pois por mais que eu faça tudo que está ao meu alcance para manter a mim e as pessoas próximas a mim a salvo, os números só crescem...
Meu sentimento de impotência cresce junto com os números de infectados e mortos no mundo, mas devo confessar que o Brasil me preocupa mais. Lógico que meu país deveria me preocupar mais, entretanto ele vem preocupando o mundo inteiro, e não apenas eu, uma aluna paulista do nono ano que está escrevendo um diário. Eu, como uma adolescente comum, consigo ver e sentir porque o mundo está preocupado com o Brasil, e não é apenas porque os números só crescem, mas sim o porquê eles crescem.
Brigas políticas, divisão da sociedade entre “bons” e “maus”, tornaram-se mais importantes do que salvar vidas, do que estar a salvo em casa... Todo dia uma enxurrada de notícias negativas sobre o Brasil entra pelos meus ouvidos e sai pelos meus olhos como lágrimas silenciosas. Sei que estou protegida, mas não consigo parar de pensar em todas as pessoas que conheço, aliás não consigo para de pensar em todas as pessoas que não têm a mesma sorte que eu.
Hoje é o último dia de outono, amanhã começa o inverno... Em uma semana estarei de férias, e nunca desejei tanto estar na escola. Espero “voltar” das “férias” podendo ver meus amigos, mesmo sem abraçar e espero que minha contagem de tempo volte a ser por dias e não por estações. E por falar em esperar, repare como estou ficando boa nisso, espero que o Brasil deixe de ser uma preocupação mundial, espero, principalmente, que os números parem de crescer.
São Paulo, 19 de junho de 2020
Querido Diário,
Minha cabeça está girando, realmente não sei por onde começar. Hoje foi um dia muito intenso, tive a minha última prova de redação e foi a partir disso que eu tive o sentimento de que as férias estão realmente se aproximando; mas isso não muda o fato do Corona ainda estar presente e minha vida não ter voltado ao normal. Na minha cidade, a quantidade de infectados de Covid-19 está aumentando a cada dia, tendo cerca de 178.202 casos com 10.694 mortes. Para muitos isso pode ser apenas um número, mas para mim são vidas de pessoas próximas que se foram. Hoje faz cerca de um mês que minha melhor amiga e companheira me deixou. No início, a sua falta não ficou tão presente, porém, com os dias, a perda da minha avó foi vindo à tona. Eu não tinha mais aquela pessoa que me aconselhava quando eu estava com algum problema ou que limpava minhas lágrimas quando eu chorava. Acabei ligando para o seu número para termos nossa conversa diária e a chamada da ligação foi direto para a caixa postal, junto com a última vez que ouvi a sua voz. A notícia veio como uma dor no estômago, que nunca vai embora e que sempre vai aumentando. Só queria que ela não tivesse me deixado.
Marina
by Филипп
19 de Junho de 2020
Querida Anne,
Estou de volta, Anne, sentiu saudades? Estou ficando cada dia mais louco, faço as mesmas coisas todos os dias, acordo, faço as aulas, vejo filme, durmo, mas o filme de hoje me deixou pensativo, pois o filme está igual minha vida. Neste filme a protagonista está num loping até descobrir quem a matou, parece que o mesmo esta acontecendo comigo só que eu sei quem tá me matando e eu não tenho como impedir, cheguei ao ponto de me sentir impotente, isso me fez pensar que tem uma galera se arriscando todo o dia para conseguir ter seus direitos básicos como água, comida, moradia e dentre outros, enquanto dez porcento da população brasileira pode ficar em casa, sem se preocupar, mesmo assim ainda existe pessoas que saem por ai sem se preocupar com nada, nem ninguém, que vergonha, né Anne. Pelo outro lado, eu estou fazendo o que posso, estou seguinte a quarentena direitinho, tá orgulhosa de mim que eu sei Anne. Porém, eu fico aqui em casa reclamando que não tem nada para comer, sendo que eu já almocei, jantei e fiquei com fome na madrugada. Fico reclamando porque meus planos de passar meu aniversário em Los Angeles com meus amigos foram por água abaixo, em que mundo vivemos, Anne. Além disso, durante uma das aulas, eu quase tive um “mental breakdown” quando vi a assinatura dos meu colegas no meu estojo, senti saudades de tudo, da risada deles, do calor humano, de sermos bobos, só queria abraçar eles, porém como estamos no segundo país com mais infectados, a única coisa que eu tenho certeza é que esse abraço vai demorar, ai, Anne, não sei se vou aguentar mais. Estou indo para cama, espero que ocorra algo diferente amanhã, Boa noite.
Dia 19/06/2020
Querido diário, Ontem foi um dia intermediário entre emoções boas e ruins, tristeza e alegria, amor e ódio. Estava tudo normal até que fazendo exercícios físicos, eu machuquei a minha perna. Estava doendo bastante e foi aí que minha irmã foi me ajudar para pegar um gelo. Mas por outro lado eu estava feliz, não pelo fato de ter machucado minha perna, porém pelo fato de nessa quarentena ter me aproximado de pessoas que eu tinha da minha escola antiga. Percebi que a vida é cheia de altos e baixos e uma hora ela te derruba, estou falando de que a vida estava muito boa, mas aí veio o covid-19 e me "derrubou". Esse isolamento não foi muito ruim, consegui começar a pensar mais em mim do que nos outros e refletir mais sobre minha ações e sentimentos. Eu sou uma pessoa muito ansiosa e não consegue não fazer nada e foi isso que esse isolamento me fez, tive que ficar dentro de casa todos e todos os dias e isso foi muito ruim pra mim, eu me senti enjaulado, não pode do fazer o que eu queria e pretendia. Foi bem ruim essa parte, mas também teve coisas ótimas.
30 de maio, 2020
Querido diário, já se passou mais de um mês desde que o COVID-19 nos pegou de surpresa e tivemos que nos isolar em nossas casas, meus dias foram imensamente tediosos e, por isso decidi escrever esse diário. Minha rotina até o momento foi realizar as atividades escolares, o que acabou se tornando chato e repetitivo, além de ter que acordar cedo todos os dias. Meio a essa tediosidade acabei descobrindo várias pessoas que, com pequenas ações, conseguiram ajudar inúmeras pessoas assim, ao invéz de ficar preso à minha realidade de chatice, decidi ajudar também por meio de doações, o que acabou sendo incrivelmente divertido. Nesse momento de pandemia as pessoas deveriam estar se ajudando, não se agarrando a desejos egoístas, como o eu de antes. Essa situação ainda vai durar um bom tempo até que seja controlada, os números de infectados e mortos aumentam todos os dias, além disso os principais afetados são as pessoas sem teto, sem acesso a centros médicos, comunidades indígenas, e os menos afetados somos nós, presos em nossas casas e pensando quando vamos poder sair de novo e “curtir” a vida.
19 de junho de 2020
Querido diário, aqui estou de novo! Não tenho muitas novidades para contar ... ainda estou preso dentro de casa. Hoje acordei meio lesado, mas consegui tomar café e ganhar mais energia. As aulas demoraram horas e horas para passar e o almoço foi aquele bom prato feito. o nonagésimo quinto dia de isolamento, igual a todos os outros. ao terminar minhas atividades, finalmente, tive um momento de descanso. Um momento para digerir tudo o que estava acontecendo. Agora o Brasil é o segundo país com o maior número de mortes no mundo! Penso se algum dia vou voltar a ver meus amigos ou parentes, conhecidos ou desconhecidos.
Pela internet vejo pessoas em outros países já vivendo suas vidas como antes, porém ainda não posso sair de casa! Minha casa parece estar cada vez menor, os móveis se encolhem, as paredes se aproximam, e a minha clustrofobia aumenta cada vez mais. Preciso sair daqui. Por quê eu não posso sair? Outros saem, recebem pessoas em casa, vivem suas vidas como se nada estivesse acontecendo! Tenho certeza que a comida está acabando, vou ter que racioná-la! A luz, o gás, a água, a internet, todos estão falhando. Por quê apenas eu pareço ter problemas? Eu preciso sair. Mas não, não posso. Estaria pondo outros em perigo, arriscando vidas desconhecidas! Mas e eu? E nós? Mas e os outros?
São Paulo, 19 de junho de 2020
Querido Aurélio,
Hoje não foi um dia muito bom. De manhã, estava tudo certo: estava fazendo meu home office e almocei. Como fui liberado mais cedo do trabalho, fui ver televisão. Ligando o noticiário, as consequências da pandemia me abateram como nunca antes. De repente, me vi deprimido, rodeado por inúmeras notícias e acontecimentos ruins, sem um fio de esperança.
Fiquei triste ao ver o número de pessoas mortas, que tiveram sua vida encurtada por um vírus; muitas vezes por trabalharem em um hospital, ou por terem de ir ao trabalho, sua fonte de subsistência. Essas mortes, as quais, além de abaterem entes queridos, levam para o túmulo ideias, projetos, iniciativas interessantes. Com o fim da vida, tudo vai por água abaixo, inclusive a oportunidade de mudar o mundo. Mais dois dados me entristeceram: o número de pessoas desempregadas e o número de pequenos negócios promissores que faliram.
Tudo isso por conta de um vírus, ou melhor, a má ação por parte do governo. Pessoas normais, boas, trabalhadoras, amadas prejudicadas. Poderia ter sido eu; na verdade, ainda corro perigo constante de ser demitido ou de contrair a doença, apesar de todo meu cuidado nas idas ao supermercado. E eu me sinto impotente diante disso tudo. Eu dou meu máximo, participando de campanhas de solidariedade, ajudando hospitais e pequenas empresas, mas não parece ser suficiente.
Enfim, eu desliguei a televisão e segui com meu dia, carregando comigo esse envoltório de tristeza. Espero que amanhã seja um dia melhor. Que eu consiga recuperar o fio de esperança que se dissolveu em meus dedos, para usá-lo de guia nessa terrível tempestade.
Fonte da imagem: https://blog.psicologiaviva.com.br/e-depressao-ou-tristeza/
Vizinha
Sexta-feira, 19 de junho de 2020
E aí, como vai ? Sei que não apareço aqui há muito tempo, mas estou tão sozinha e você foi o único que sobrou, então não fica chateado, tá bom? Na última vez que apareci aqui, a quarentena tinha acabado de começar e eu, iludida, achava que ia durar duas semanas e que ia ser divertido, mas faz três meses que estou trancada dentro de casa.
Estou escrevendo porque, ultimamente, me sinto sozinha e confusa. Hoje de manhã entrei no meu aplicativo de mensagens e lá só havia uma conversa, de um grupo e foi aí que minha ficha caiu. Me sinto sozinha porque eu me afastei dos meus amigos, das pessoas que sempre me dão forças e me apoiam, sinto saudades deles. Eu me senti destruída, pois nesse momento em que todos nós precisamos de ajuda, eu não apoiei eles.
Meu coração ficou apertado, então mandei uma mensagem, lê-se texto enorme, no grupo, e foi um alívio tão grande. Eles disseram que não se importaram com o meu sumiço e vão continuar me amando sempre, porque sabem que quando for necessário eu vou estar lá para apoiá-los e que eu nunca respondo nenhuma mensagem, então já se acostumaram.
Mas, mesmo com tudo resolvido, eu chorei por conta do remorso. E sempre que choro, mais pensamentos ruins invadem minha mente. Comecei a pensar sobre toda a situação que estamos vivendo (a crise do coronavírus) e em como algumas pessoas são desprezíveis. Tantas mortes, tanto sofrimento e ainda sim tanto descaso.
Atualmente estamos com 1 milhão de casos e 50 mil mortes, mas por algum motivo, que até agora não descobri qual é, decidiram abrir o comércio. Por que há tantas mortes e as pessoas agem como se não fosse nada, por que essas pessoas vão ao shopping passear? É como se a vida de alguém valesse menos do que uma roupa. Quando nos tornamos pessoas que só pensam em dinheiro, sendo que o que mais temos que dar valor são os momentos que passamos com as pessoas que amamos? Porque amanhã elas podem não estar entre nós. O mais injusto é descaso com os mais pobres, pois são eles quem não têm escolha; a não ser trabalhar para pôr comida na mesa, são eles quem vivem em uma casa pequena e podem transmitir facilmente o vírus. São eles quem mais morrem, pois não têm condições de pagarem por um hospital particular e um tratamento de qualidade.
Enquanto isso, as pessoas que estão em classes mais altas não têm tanta preocupação e cuidado para se proteger contra o vírus, mesmo que tenham condições. Pois, se algo de ruim acontecer, eles terão condições de ter um tratamento de qualidade em um hospital particular, enquanto os mais pobres nem respiradores têm. E não quero nem falar sobre o presidente, ministros e governadores.
Com todos esses pensamentos o que pôde me acalmar foi a música. Ela passa calma, me desliga do resto do mundo e de todos os problemas. Sempre que pego meus fones de ouvido e ponho em uma playlist aleatória, sinto que estou flutuando, pois fico leve. É uma sensação incrível . Então, eu passei parte da tarde ouvindo músicas deitada na cama, depois fui fazer minhas lições e agora vim escrever para tirar todos esses pensamentos de dentro de mim.
Nesse momento eu só quero ler alguma história. Os livros e fanfics são outros companheiros meus durante a quarentena. Eu me sinto tão feliz e eufórica quando estou lendo, é como se eu saísse do meu quarto e fosse algum daqueles personagens que estão na história, assim posso viver várias vidas sem sair de casa. Como eu já li todos os livros daqui de casa, estou lendo fanfics, mais especificamente “Ele é como Rheya”. O enredo é incrível, a escrita e os personagens também, é tudo de bom. E hoje recebi a notícia que vou ganhar mais livros de aniversário.
Eu falei que música e livros me acalmam, mas não é que eu tenha muitos problemas, principalmente agora que minha vida está tão monótona. Acordo o mesmo horário, me arrumo, passo o dia fazendo lição e quando termino, leio ou assisto algo.
Essas são minhas angústias atuais, obrigada por sempre me ouvir e guardar meus segredos, meu amigo, Diário.
Imagem: https://pin.it/6kc7pKq
Imagem da artista iraniana Alireza Pakdel.
Taboão da Serra, 19 de junho de 2020.
É Adelson, eu voltei...
Deve ser meio maçante para você guardar nessas páginas tantas palavras, as quais carregam os meus sentimentos mais profundos, sejam eles alegres ou totalmente perturbadores.
Hoje é mais um desses dias em que eu fico totalmente preocupada, o medo me corrói de um jeito inexplicável. Estamos no meio de uma pandemia, com vários dados manipulados pelo atual governo, que não nos proporciona a noção da gravidade real do que estamos passando e, adivinha? Minha mãe acabou de chegar com uma passagem de rodoviária para Minas Gerais. Sim, ela está indo para a roça!
O problema não é nem o fato dela ficar lá (porque ela está fazendo praticamente uma mudança, sem previsão de volta, até as suas 40 plantas vai levar), o problema na verdade é o caminho e o contato que ela vai ter com pessoas desconhecidas que podem transmitir o vírus.
Ela tem plano de saúde e, na minha percepção, o fato dela se se infectar é o de menos (pois terá pessoas para cuidar dela e buscá-la se necessário), o problema é, realmente, as pessoas que a esperam lá, algumas mal tem o que comer, apresentam grandes dificuldades financeiras, além do fato da cidade ser pequena; então, basta um infectado para infectar todo mundo e colapsar o sistema de saúde de lá.
Você tem noção do meu desespero? Minha família não bate muito bem das ideias e isso me faz surtar, às vezes. Mas, eu não quero que você critique a minha mãe, deixa que eu mesma faço isso, ok?
Já me estressei, já briguei, já discuti com metade das pessoas que moram aqui em casa. Não vejo a hora de tudo isso passar para poder recuperar um pouco da minha saúde mental. Ela diz que vai respeitar o isolamento de 14 dias quando chegar lá e terá contato com o menor número de pessoas possível. Eu torço muito para que isso aconteça.
Talvez eu esteja exagerando, e que não ocorra nada no meio do caminho (assim eu espero, amém), mas nesses tempos todo o cuidado é pouco.
Bom, a única coisa que eu posso fazer agora é pedir para quem tem a força divina que cuide da minha mãe, mesmo ela fazendo coisas absurdas uma vez ou outra. E, obviamente, orientando a querida moça para que ela tome todas as precauções precisas, isso ela já falou que vai fazer, viajar de máscara e também já está com álcool em gel na bolsa. Afinal, não adianta pedir a ajuda divina se nem o básico do básico a gente faz.
Espero que fique tudo bem, vou tentar me acalmar e enviar energias positivas.
Pipoca.
by: AMN
19/06/2020
Querido Diário,
Entrei em uma reflexão hoje de como o Corona nos fez “voltar no tempo”. Pois caso a pandemia não houvesse começado, muitas pessoas assim como meu irmão meu irmão, estariam em outro país ou trabalhando e tocando a vida. O tempo passou rápido, é como se ontem nós fossemos crianças brincando e hoje temos responsabilidades com o mundo, com os mais velhos, temos aulas que não são na escola e escolas que não dão aula.
Às vezes, penso se o Corona é somente algo ruim, pois esse ano seria algo definitivo em relação a minha família, muitas separações ocorreriam. Mas agora estamos aqui, fazendo trabalho on-line ( e trabalhando online) , continuamos dormindo de baixo do mesmo teto e continuamos viajando (de brincadeira, somos responsáveis).
Espero que eu não seja o único que tenha sido “ajudado” pelo Corona nesse quesito, porém mitas coisas foram atrasadas e oportunidades já não estão mais lá. Pessoas que começariam ano que vem numa faculdade ano que vem terão de prestar o vestibular ano que vem. Esse ano seria o primeiro ano meu e dos meus amigos estudando integralmente com bolsas de estudo numa das melhores escolas, seria um ano de adaptação á escola mas pelo visto temos de nos adaptar com o ensino remoto.
Com toda essa mistura de bom e ruim eu fiquei perdido, pessoas que eu via quase todo dia ´já não as vejo mais, muitos trabalhos foram parados e entendendo a situação do país eu não sei como ficarão os hospitais. Mesmo assim, foi incrível ver como a humanidade consegue trabalhar junto, com lives de vídeo aula ou de doação, os shows online são muito bons também e muitas lutas foram intensificadas e vimos que a internet além de possuir sua conexão ela por si pode nos conectar. Tenho esperança que tudo volte a “andar nos trilhos”, e sigo com trabalhos pra fazer então é bom me apressar.
Do seu fiel escudeiro,
Abraços.
Humorística
07 de agosto de 2020
Querido Diário,
Se há um tempo atrás me falassem: “Você passará praticamente todo primeiro semestre de
2020 e, quem sabe até uma parte do segundo, em um isolamento social rígido ocasionado por uma pandemia”, rebateria na hora: “Larga a mão de ser doido, já até comprei o Lolla Pass para os três dias de Lollapalooza, 2020 é meu ano!”
E você acredita que o mundo parou mesmo?
Encontro-me agora entre livros, tablet e computador, entre séries e ligações de horas com praticamente todos os meus contatos, preocupada e ansiosa quando a internet ameaça cair. Na aula não seria tão complicado, mas em meio a uma inesperada declaração daquele menino que já te contei antes , seria desesperador.
Prever esse isolamento/aprisionamento era impossível, vai?! Mas como diria Simone e Simaria, “o que adianta chorar pelo leite derramado?” Apesar de uns dias eu vir aqui chorar angustiada pra você, nos resta apreciar e valorizar o que temos de bom e aprender com o que a vida nos trás, mesmo que seja através da dor e sem o show do Travis Scott.
Tudo na vida há o lado bom porém também o ruim e dessa vez não seria diferente, pode lhe soar incomum e um tanto poético, mas dentro da minha cabeça, tenho por convicção de que por mais que agora seja difícil de enxergar o ponto positivo desse vírus e só pensar no quanto eu poderia estar aproveitando meus quinze anos ao lado de pessoas interessantes e lugares incríveis, ele não veio simplesmente para destruir e desagregar, mas sim com uma missão, não cumprida anteriormente, porém extremamente necessária, a de promover e possibilitar, nem que pela força, que nos voltemos para nosso interior e nos conheçamos como realmente somos, sem influências alheias e interferências extremas.
18/06/2020 (São Paulo, dezoito de junho de dois mil e vinte)
Bom dia, querido Diário!
Acabei de acordar, agora vou tomar o meu café da manhã e depois vou começar a fazer as minhas lições. Hoje tive a ideia de fazê-las com os meus primos, para que eu pudesse ajudar eles e foi muito divertido e alegre. Até que a gente recebeu uma noticia muito triste para a nossa família. Como já́ havia falado o irmão da minha avó (Tio Zaga) estava com o COVID-19 e infelizmente no dia 18/06 recebemos a notícia que havia falecido, como ele já tinha alguns problemas no coração o coração dele acabou não aguentando e parou. Toda a animação que eu estava no começo do dia foi embora minutos depois, a casa inteira ficou muito abalada, principalmente minha avó. Tadinha, justo um dia depois do seu aniversário parece que ele esperou passar o dia do aniversário dela para falecer. O mais triste é ninguém poder ir no velório dele e nem reunir os 5 irmãos da minha avó para todos se apoiarem nesse momento difícil, pois como todos eles moram em cidades diferentes do interior e também estão dentro do grupo de risco, é muito perigoso eles se encontrarem. Por isso é muito importante apoiar ela nesse momento tão complicado da vida e também é muito importante a gente rezar muito. Eu e meus priminhos tivemos a ideia de pegar os balões de gás hélio que sobraram da festa de ontem, escrever uma cartinha e soltar para o céu para que o Tio Zaga pudesse receber a nossa mensagem lá em cima.
Depois desse longo e triste dia no Guarujá eu, meu irmão, minha mãe e meu pai voltamos para São Paulo como já era planejado, com muita dor no coração deixamos a minha avó lá, mas ela não está sozinha porque todo o resto da família esta lá com ela, e também ela sabe que se precisar de qualquer coisa pode ligar para a gente. No caminho de volta, não conseguia parar de pensar em como deve estar a minha prima (filha do Tio Zaga), então logo que eu cheguei em casa resolvi ligar para ela, e com essa ligação tenho certeza que ela se sentiu muito mais acolhida depois dessa ligação. Fiquei muito triste de ver ela assim, perder o pai não deve ser nada fácil, então resolvi mandar uma caixa com todos os doces favoritos dela para ela ficar um pouco mais feliz e tentar esquecer desse acontecimento trágico na sua vida. Quando ela receber eu conto o que ela achou! Agora, depois desse dia super cansativo e para baixo, eu vou dormir.
Boa noite Diário até amanhã!
19/06/2020
Querido Diário,
Hoje, meu dia foi bem normal. Se é que podemos utilizar o termo “normal” nessa situação. É engraçado como esse conceito muda de acordo com as condições nas quais estamos vivendo, quer dizer, se passarmos uma certa quantidade de tempo realizando, de uma forma rotineira, uma ação, ela se tornará normal; por mais estranha que pudéssemos tê-la considerado antes. Tome nossa situação atual como exemplo. Antes o normal era acordar cedo para tentar evitar o trânsito a caminho da escola, passar o dia inteiro estudando, voltar para casa, comer e dormir. Agora, a rotina é acordar o horário que desejar, fazer algumas aulas do EAD (estudo à distância), comer e dormir, sem sair de casa; muitas vezes sem nem sair do meu próprio quarto.
Ainda não acredito que considero isso normal. Antes, meus maiores problemas eram se eu iria bem na prova ou qual roupa eu usaria para a festa. Agora, é o que vou fazer para acabar com o tédio. Acho que está sendo assim para todo mundo. Esse novo normal que estamos vivendo consiste em um constante aborrecimento e o que comumente chamamos de “fazer nada”. Pensando bem... não. Não é bem assim. Acho que isso é o que se classifica como um “problema de primeiro mundo". Não acredito que estou pensando em quão entediada estou quando há pessoas passando por problemas mil vezes piores. Eu tive sorte. Sorte por estar na situação que estou; por ter os privilégios que tenho; por comer a comida que como...
A questão é que isso não parece real. Não me leve a mal. Sei que o COVID-19 é um vírus sério. Sei que o Brasil está em segundo lugar entre os países com mais doentes e mortos. Mas é como se minha cabeça processasse todas as informações, mas meu coração não. Talvez isso seja porque nenhum caso atingiu as pessoas que amo, ou porque não quero acreditar que isso seja real.
Não sei o que fazer diante dessa situação. Penso nas pessoas que perderam seus empregos por causa do isolamento social, que perderam familiares e amigos, em todos os negócios fechados... Nos pacientes com coronavírus... Como é possível que nosso novo conceito de “normal” seja essa situação tão terrível? Que vemos os números de mortes nos jornais e não nos assustamos mais? Que o valor de uma vida não seja mais o mesmo depois que tantas outras foram perdidas?
Agora que estou aqui, sentada, escrevendo em meu diário; acho que entendi. Não que eu concorde. Na verdade, essa descoberta me deixa ainda mais angustiada. A morte foi sempre um tópico triste, porém certo. A única certeza que temos nessa vida é que algum dia ela terminará. Entretanto, por algum motivo, nunca nos acostumamos com isso, ou melhor, não havíamos nos acostumado com isso até agora. Se o conceito de normal muda conforme a frequência dos acontecimentos aumenta, é evidente que as recorrentes mortes que estamos presenciando estejam se tornando normais. Nunca deixarão de ser tristes, mas com certeza passamos a nos acostumar com elas.
Realmente não sei como nos permitimos nos acostumar com isso. Também não sei o que posso fazer para reverter essa situação. Só sei que a cada linha que escrevo, essa angustia diminui um pouco e, por enquanto, isto precisará ser o suficiente. Vou continuar escrevendo. Quem sabe assim conseguirei entrar mais fundo em meus pensamentos e acabar com esse sentimento que pesa sobre mim. Mas, por agora, vou parar por aqui, voltar e encarar o mundo real. Boa noite meu querido diário.
Um beijo.
Fonte da imagem: https://falauniversidades.com.br/voce-conhece-seus-privilegios/
By: Pedro Henrique
Dia 20 de junho de 2020
Olá Diário, sou eu de novo, vim contar que hoje me peguei refletindo sobre os efeitos que essa pandemia vem causando na população, é corriqueiro ouvirmos falar coisas do tipo: “A população está sofrendo”, “a comunidade está passando por dificuldades”, “famílias estão sofrendo com a perda de familiares”. Mas a verdade é que não damos a importância merecida á essas frases, até o ponto que você começa a fazer parte delas, porque olhar de fora é fácil. Nas últimas semanas minha rotina tem sido estudar e refletir sobre como as pessoas sofrem da falta de empatia e de informação. Nós não percebemos ou não nos damos conta até que o problema esteja dentro de nossas casas. Diário, hoje esse sentimento veio à tona novamente, e queria relatar que estou sofrendo com isso, porque eu só consegui me importar realmente com tudo que está acontecendo, quando cheguei ao ponto de quase perder um familiar, o quão egoísta eu sou. Sinto que esse erro não é só meu, as pessoas estão cada vez mais egoístas, pensando apenas em si e banalizando os outros. Nesse momento tão atípico que estamos vivendo, com tantas famílias sofrendo com a perda de parentes, com a falta de emprego, jornais e pessoas ainda conseguem tratar essas mortes como números e não como mortes realmente. Com isso, pensei em como a alienação ainda está presente em nossa sociedade, a mídia induz as pessoas a pensar como ela, atingindo principalmente os leigos, que acreditam em tudo aquilo que é falado para eles através de jornais, por exemplo. A partir disso, comecei a refletir se realmente temos opinião própia, pois com tanta distorção dos fatos, com tanta manipulação, acabamos sendo induzidos a acreditar em algo que não é 100% verdade, não tento informação nem conhecimento suficiente sobre o assunto para formar a própia opinião, resultando na formação de uma opinião induzida. Somos alienados todos os dias sem percebermos, e em consequência disso perdemos o direito de possuir a própia opinião, a supremacia brasileira nos induz á pensar como eles, e á acreditar naquilo que eles querem. Tendo isso em vista, tentarei me policiar cada vez mais, para que não me torne um leigo alienado. Por fim, depois de tudo que eu disse, posso concluir que essa Pandemia causou/está causando efeitos diversos, enquanto uns estão ficando cada vez mais manipulados, outros conseguiram enxergar a realidade em que vivemos, contrariando tudo aquilo em que a supremacia acredita, deixando de ser um cidadão leigo e alienado, para se tornar uma pessoa com opinião própia, se é que isso é possível.
Ass: Pedro Henrique.
18/06/20
Olá diário, aqui no Brasil as coisas estão começando a piorar mais do que antes (Redundância), já estamos em segundo lugar dos paises que tem mais e infectados e mortes no mundo e meus pais começaram a enlouquecer, pois não querem sair nem para comprar pão e quase infartam quando quero sair de casa. Estou sentindo um pouco de agonia, por não poder sair, mas ao mesmo tempo felicidade, por estar com a minha familia reunida (o que era quase impossível antes da quarentena).
Eu e minhas irmãs estamos mais próximos do que nunca, já que agora a minha irmã mais velha não precisa ir mais na faculdade, então conseguimos ouvir muitas histórias engraçadas, alegres e "babados", será que me entende? Uma outra coisa que esta me deixando furioso são alguns moradores que ficam convidando pessoas que não moram aqui para entrar, mesmo sabendo que não podem, e quando vão dar um multa por desobedeçer essa regra ficam bravas e falam que não vão pagar, mas daí em diante não sei se pagam ou não, provavelmento não, pois eles convidaram hoje outra pessoa de novo. Parece com aquelas frases que minha mãe falava: "parece que entra por um ouvido e sai pelo outro".
17 de Junho de 2020
Olá diário, hoje é quarta-feira dia 17 de junho de 2020. Hoje estou escrevendo para tentar escapar um pouco da negatividade que eu ouço e vejo pela televisão. Foi mais um dia normal, rotineiro, acordei, comi, estudei, nada demais, nada diferente. Quando finalmente me sentei para descansar depois desse dia cansativo, liguei a TV para assistir um pouco, quando estava mudando os canais sem querer parei no jornal e logo me deparei com o mesmo assunto de sempre, como nosso país estava no ranking de mortes pelo Covid-19 e como a situação estava ruim. Nosso país está no segundo lugar entre os países com mais mortos e mais doentes, e isso me entristece você sabe? Eu sinto que o que estamos passando é muito grave e também realmente muito difícil, pois foi tudo muito repentino. Mas o que é mais grave ainda é como nossa saúde mental fica em relação a tudo isso, eu sinto que não faz bem a ninguém ficar horas e horas falando e ouvindo sobre o Corona Vírus, óbvio que sei que é um assunto que tem que ser discutido, e que não podemos evitar, mas sabe o que nós podemos evitar? Essa negatividade toda, eu ligo o jornal e vejo como a situação está ruim, eu vou passear com meu cachorro e ouço pessoas falando como a situação está ruim, eu entro na internet e vejo que está um completo desastre, todos falando sobre como nossa situação está ruim mesmo, e isso mexe comigo, eu sempre tento ser uma pessoa muito positiva, sempre tento olhar e ver o melhor da situação, eu fui ensinada a fazer isso. Mas atualmente eu fico muito triste em olhar o que nós estamos nos tornando, sim, eu sei que tem muitos lados ruins e quase nenhum um lado bom em relação a isso tudo, mas acho que esse lado bom vale nosso esforço, vale nossa fé. Nesses últimos dias, acordei com um bom pressentimento, acordei feliz, estou de dedos cruzados para que dê tudo certo. Espero que eu consiga espalhar mais positividade para o mundo, Diário, porque ele está precisando, espero que fique tudo bem também, acho que tudo acontece por uma razão, e tomara que isso também.
By: Enzo Lazaroni
Sábado, 20 de junho de 2020
Oi Dani! Tudo bem? Quanto tempo hein...
Então, eu estava jantando agora pouco, e fui mexer em alguns objetos antigos no meu quarto, até encontrar você, e poxa, realmente faz um bom tempo que não nos falamos. Me lembrei de quando era mais novo e escrevia em você, quando a gente não estava nesse caos todo.
Sabe, eu já estou há quase 3 meses dentro de casa, e as coisas tem sido difíceis, cada dia que passa eu só vejo mais e mais pessoas morrendo por causa desse vírus (isso me deixa muito triste, saber que tantas pessoas boas estão perdendo suas vidas, e eu não posso fazer nada), é horrível pensar que muitas pessoas estão perdendo seus familiares ou estão com medo de sair na rua, não aguento mais tanto sofrimento e medo no país e no mundo. Hoje mesmo quando meu pai saiu para trabalhar (algo que era extremamente comum) eu fiquei com muito medo dele não voltar mais. Não só isso, ficar em casa todo dia não está sendo muito benéfico para minha relação com minha mãe e meu irmão, o trabalho em casa deles anda os deixando bem estressados, e hoje de manhã eu entrei em discussão com minha mãe mais uma vez. Sei que não é o mais correto da minha parte, mas ultimamente eu também estou agindo mais pela emoção do que pela razão.
Depois do café, eu fui tentar organizar os muitos trabalhos de escola que eu tenho que fazer, porém meu desânimo para fazer esse tipo de coisa está quase me dominando. Eu não gosto muito do ensino a distância, muitas vezes a internet falha, sinto que meu rendimento não é o mesmo em casa, sinto que poderia estar aprendendo e me esforçando muito mais do que eu estou, e estou me sentindo insuficiente, sem conseguir fazer o que planejo. Meu dia foi passando, e até agora eu só organizei um trabalho que deveria fazer, fiquei um tempo assistindo vídeos aleatórios, jantei, encontrei você, e agora estou pensando que eu deveria ter sido mais produtivo nessa quarentena, poderia ter lido mais, estudado mais, escutado mais outras pessoas...
E o mais engraçado disso, é que era comum eu e meus colegas falarmos que as férias poderiam levar mais tempo, que poderiam “emendar o carnaval com o natal”, ou qualquer outra reclamação banal sobre a escola. E agora, tenho certeza que todos só querem estar de volta para as aulas presenciais, sair de casa novamente, e que parem de morrer tantas pessoas. Enfim, enquanto isso não acontece, eu vou dar o melhor de mim nessa quarentena.
Bom, provavelmente já vou dormir daqui a pouco, então boa noite Dani, até amanhã.
Fonte da imagem: https://www.convenzionicisl.it/blog/
19/06/2019, 14:38, São Paulo
Já se passaram 3 meses, de uma eterna quarentena, não sabemos quando isso vai acabar e muitos menos quantas pessoas mais vão perder sua vida. No começo confesso que pensava que eram somente alguns dias de quarentena, porém esse vírus nos surpreendeu, já se foram 50 mil pessoas, e eu me pergunto: como isso pode existir ? Mas pensando por um lado bom, oque pode ser muito difícil, temos tempo para nós dedicar para coisas simples que no nosso dia a dia não temos tempo suficiente, como nossa família, eu estou tentando passar o máximo de tempo com minha família, pois eu sei que quando voltar tudo ao normal não vou ter tempo para as pessoas que mais importam comigo, portanto saia do celular, TV e videogame e se reconecte com essas pessoas. Nosso país é o segundo mais afetado do mundo, portanto sabendo disso não devemos criticar as decisões do nosso país, e sim ajuda-lo, dar apoio para o Brasil. Sinta empatia pelas pessoas que tem algum parente ou amigo com COVID-19, pense o quanto é difícil saber que uma pessoa que você ama pode estar vivendo os últimos momentos de sua vida e você não pode ver ela. Mas não suficiente, algumas pessoas acharam jeitos de piorar isso, em 25 de maio de 2020 Gorge Floyde, um trabalhador negro americano, foi assasinado por um policial branco que ficou 8 minutos com seu joelho sobre seu pescoço, e mesmo com Gorge falando que não conseguia respitar o policial manteu sua possição e após 6 minutos sem conseguir respirar um homem de 46 anos morreu na mão de uma pessoa que tem o dever de nos manter em segurança. Nesse momento nós perguntamos oque esse mundo se tornou, a raça humana tem mais de 350 mil anos e ainda vivemos nos matando, não consigo compreender isso. Porém como diz o ditado: “a esperança é a útilma que morre”, então tenho certeza que tudo isso vai melhorar e as pessoas que perderam familiares vão passar por cima de tudo isso, e espero que tudo isso seja um aprendizado para humanidade, e quando olharmos para essa época no futuro saberemos o quanto nós eramos ‘”primitivos”.
by Barbosa
Saudoso Diário, comentário dia 19/6/2070:
Me passa hoje as lúcidas memórias que me restavam dos tempos escolares. Foram antes mesmo deste mundo ser obstruído pelas máquinas hipermodernas e super-humanos.
Meus pensamentos flutuaram, juntamente a um indagável sensação nunca antes experimentada por mim, sendo uma linha tênue que divide meus sentimentos de felicidade e tristeza, apenas de pensar neste passado, que por hora fora bom, por hora ruim.
Com este sentimento que me preenchia, fui buscar nos escombros do meu passado algumas das memorias físicas que ainda mantinha, quais não foram dilaceradas pelo tempo. No meu relinche, inconvenientemente, apareceram ainda algumas relíquias deste passado, que por sua vez, uma delas, formou em minha mente um paradoxo temporal – encontrei uma redação escolar contemplada como a melhor do ano, minha, imaginando o futuro, pensando no passado – situação cuja estaria acontecendo agora, de forma inoportuna.
Redação: “Realmente, foram bons tempos ... lembro-me tal como se fosse ontem! O sol nascendo, ainda sob minha visão horizontal da janela da sala de aula, das broncas e advertências, das provas, e das boas e duradouras amizades. Entretanto, após a quarentena já somos outros; não temos mais a mesma energia de antes! Agora, já com netos e filhos, nos recordamos de como era nítida a felicidade naquela época. Ass.: Relato de um sobrevivente da quarentena”
Finalizo este dialogo com meu querido Diário com uma palavra simbólica, e pertinente a este momento – Nostalgia.
19 de junho de 2020.
Querido diário,
Mais um dia se passou, mais um dia cinza, mais um dia vazio. Entretanto, de vazio só o dia, porque minha mente é um oceano de questionamentos, pensamentos, hipóteses e suposições. Perante o cenário que nos encontramos no momento, já não sei mais no que e nem em quem acreditar.
Todo dia vem em minha mente a memória do dia que descobrimos que as aulas foram suspensas. Fiquei contente, animada; hoje olho para trás e percebo o quão ignorante eu fui. Alegre? Num momento em que pessoas estavam morrendo? Feliz? Por que não teria mais que ir para a escola? Fico envergonhada e me sinto constrangida de ter pensado de tal maneira, isso não é motivo de sorrisos, e sim de lágrimas.
Será que realmente mudaremos quando o mundo ficar um pouco mais estável? Ou será que todos já estarão acostumados a ser essa espécie de robô ambulante, que está dormente, paralisado? Dizem que aprenderemos a dar valor às pequenas coisas, mas será? Já não tenho certeza de mais nada. Tivemos que aprender na dor que nossa vida toda pode mudar em questão de dias.
Tão pouco tempo, porém, tantas mudanças. Nada é igual, nem sequer me lembro mais do que é ser normal. Se saio para dar uma volta na praça em frente ao meu prédio, para fugir um pouco do meu ambiente, que já está pesado, percebo a expressão deprimente nos olhares distantes das pessoas – que é tudo o que podemos ver, devido às máscaras que cobrem metade do rosto. Tudo mudou, minha rotina mudou, as pessoas mudaram, eu mudei. Nada voltará a ser o que era antes. Queria poder voltar no tempo, no tempo em que éramos felizes, no tempo em que podíamos abraçar quem amávamos, no tempo em que ninguém te olharia torto se desse um beijo na bochecha de alguém. Melancolia. Tristeza profunda. Não se interessar por nada ao meu redor. Não ter vontade de continuar. Não sentir prazer. Não sentir alegria.
19 de junho de 2020
Querido diário,
Faz um tempo que eu não escrevo aqui, está estranho, incomum, esquisito, eu acho. Faz algum tempo que a quarentena já começou, eu acreditava que as coisas fossem voltar ao normal alguma hora, que fôssemos ficar afastados por apenas algumas semanas. Contudo, hoje levantei e vi o jornal passando na TV, mostrando o número enorme de mortes, fiquei parada em frente à tela brilhante na minha frente, incrédula com a situação tenebrosa que estávamos vivenciando. Foi nesse momento que percebi que as coisas não iriam melhorar tão cedo. Deparei-me com um pensamento horroroso, repugnante, de que coisas como o cinema, o shopping, a escola, até a casa dos meus avós estavam se tornando apenas memórias distantes na minha cabeça. O medo dominou meu corpo, preocupada com a possibilidade de que talvez todos esses lugares nunca fossem os mesmos uma vez que pudéssemos voltar a frequenta-los, pois no fundo, eu sabia que não seriam. Resolvi sair para andar, esfriar a cabeça, tirar os pensamentos ruins. Ao sair na rua na frente da minha casa, no entanto, desejei nunca ter saído, estavam todos de máscara, sem chegar perto uns dos outros, não parecia ser real.
Voltei para casa desolada, com o único pensamento de desejo pelo retorno da vida normal. A ironia de toda essa situação é que antes do começo da pandemia, todos nós, sem exceção, reclamávamos da nossa rotina. Agora, fomos tirados do nosso dia a dia, e daríamos tudo para ter ele de volta, pelo menos eu daria .Talvez seja um meio do universo nos fazer valorizar a vida e as menores coisas, que mesmo sendo pequenas, fazem falta e significam o mundo para a gente . A minha cabeça estava inundada de pensamentos e presunções e eu já não sabia mais o que esperar. Deveria eu ser positiva? Acreditar que isso vai melhorar e tudo voltar ao normal? Ou deveria eu ser negativa, afirmando que nossa vida jamais será igual? Mas a única opção que me resta agora é ser realista e aceitar que não se tem como saber ou prever o dia de amanhã, o amanhã é incerto, o amanha é imprevisível. Independentementemente de qual for o futuro, agora é um tempo de reflexão, sobre suas ações, atitudes, planejamentos. Foi difícil ter percebido isso hoje, mas também foi esclarecedor e iluminador, agora eu sei que nem tudo está perdido, pois eu ainda tenho a mim mesma, e tenho você, querido covidiário.
São Paulo, 18 de Junho de 2020
Querido amigo diário,
Mais uma vez, mais um dia a solidão me consome. Só de pensar que vou ter que ficar mais um dia em casa sozinho bate um calafrio. Eu suo uma água fria de medo, não sabendo o dia de amanhã. Neste momento em que estamos vivendo novas personalidades são descobertas. Por exemplo comigo. Eu descobri que sou ótimo em cozinhar e também em fazer esportes. As vezes acho que estou enlouquecendo, mas eu paro para respirar e a minha insanidade desaparece. Estou triste e sinto que isto nunca acabará. A confusão está engolindo o mundo, uns falam para fazer isto, outros falam para fazer aquilo. A verdade é que todos nós estamos se enlouquecendo. Nosso país está a poucos centímetros de cair do precipício. É muito louco pensar nisso porém a realidade sempre deve prevalecer em sua mente e você nunca deve inventar realidades alternadas em sua mente. Aconteceu comigo, um dia eu estava em casa quando comecei a pensar que não existia vírus algum. Eu mandei mensagem para meus amigos chamando eles para ir jantar. Eu tinha esquecido totalmente, a insanidade tomou conta de mim por aquele momento. Eu apenas queria colocar a minha cabeça no travesseiro e acordar e falar para meus amigos, “tive um sonho muito louco, que todos se trancaram em casa por causa de um vírus chinês”. Eu sei que está muito difícil para mim e para todos, porém tenha uma pequena fé que tudo irá passar. E você sairá ileso desta guerra. Eu vou ficando por aqui.
Boa noite e até amanhã.
BY KEKE
19 de junho de 2020
Querido diário, bom dia.
Há tantas perguntas, questionamentos e hipóteses passando pela minha cabeça durante esses últimos meses que ficamos vendo pesquisas e posts na internet sobre tudo que está acontecendo, que eu sinceramente não sei mais em quem e em o que acreditar.
Perdi as contas de qual dia da quarentena é hoje, mas tenho certeza de que farei as mesmas coisas que fiz desde o começo. Acordar, comer, estudar, tirar um tempo para ficar com a minha família, treinar, tomar banho, ás vezes ver um filme e dormir para acordar e refazer tudo. Eu só quero lembrar que eu não estou reclamando do motivo de estar em casa e muito menos da quarentena. O que me irrita mesmo é que todos nós estamos nos esforçando tanto para que isso acabe logo, ficamos em casa, lavamos a mão quase o tempo todo, usando máscaras sempre que possível, usando álcool em gel etc, enquanto ainda há gente que não consegue fazer o mesmo.
O motivo da minha família e eu estarmos em casa é tanto para se prevenir do vírus quanto para ajudar os hospitais e as pessoas que estão sendo tratadas lá. Ou seja, temos um grande comprometimento no ponto de continuar em casa para que tudo diminua e acabe o mais rápido possível. Porém, fora isso, há nossas preocupações pessoais como, por exemplo: encontrar com nossos amigos e familiares, escola, trabalho, faculdade e todas essas coisas que nós necessitamos ou gostamos de fazer.
Bom, como eu disse, preciso estudar e terminar os meus deveres. Falo com você de noite.
Beijos, Helena.
19 de junho de 2020
Olá,
Já nem sei quanto tempo se passou desde que estamos em isolamento social, lembro-me que no começo achava que isso tudo somente duraria um total de duas semanas, nunca imaginaria que já estaríamos a quatro meses sem estar rodeados de quem gostamos de ter por perto...
Fico comigo mesma imaginando e tentando criar hipóteses e motivos do porque estamos nessa situação, e porque tanto tempo. No começo da quarentena, tudo o que fazia era reclamar, mas com o passar dos dias, depois semanas, e em seguida meses, tive que me conformar com a situação a qual eu e o resto do mundo nos encontrávamos.
Acho que cheguei em um ponto em que o que mais sinto nos últimos tempos é saudade, desde as coisas mais simples como abraçar alguém ou ir a casa de uma amiga, ou até mesmo ir a escola e ver todas aquelas pessoas. Eu só espero que tudo se estabilize o mais rápido possível, e que principalmente que tanto eu como todos tenhamos nossas vidas de volta ao normal.
Por: Pietra Antunes
Quase 3 meses se passaram e a situação só se agrava, mas felizmente estamos cada vez mais perto de descobrir a cura. Toda essa situação deixou o mundo abalado. Líderes sofrem grande pressão por não ajudarem o país, ao invés disso acabam o prejudicando mais e mais. Manifestações com obje?vo de igualdade, acabam fazendo cada vez mais morte. O mundo está passando por um momento muito dikcil para todos.
Muitos perderam parentes, amigos... A situação se agrava, enquanto isso alguns brincam com fogo. As mudanças já estão aparecendo, ruas vazias, estabelecimentos fechados, tudo mudou. A grande maioria da sociedade percebe que se não obedecerem, essa pandemia não vai passar. Já alguns, com espirito rebelde insistem em desobedecer, saindo de casa e fazendo festas em plena quarentena. Realmente não tem noção de perigo
Eu realmente não aguento mais ficar presa, em um espaço pequeno por um longo tempo. Sem ver amigos, parentes e conhecidos, eu sigo nessa quarentena pelo que parece, eterna.
Por: Erik Batista da Silva
Dia 19 de maio de 2020
Olá diário!
Novamente aqui, escrevendo nesse período que parece que nunca irá acabar. Todos os dias vejo nos jornais que mais e mais pessoas morrem, que mais infectados aparecem, que mais injustiças acontecem, mas mesmo assim tento passar os dias bem.
Hoje mesmo vi na televisão, já pela manhã, que mais pessoas estavam doentes, que meu país já era o segundo com mais mortes no mundo, desliguei a televisão, pois estava cansado de ver aquelas noticias. Então, fui ajudar minha mãe e conversar com ela. Começamos falando sobre meus tios que tinham de continuar trabalhando, saindo de casa e que um deles estava ligeiramente gripado, isso me estressa muito, pois nenhum dos dois trabalha em algum tipo de trabalho essencial, mas eles tiveram que continuar trabalhando para que a gente tenha o que comer.
Depois fui começar minhas lições da escola, acabei terminando um pouco tarde, a maioria das lições sobre pandemias e o corona vírus. O que me fazia apenas pensar ainda mais na nossa atual situação, me envolvendo então em uma mistura de sentimentos, um pouco de preocupação, um pouco de tristeza.
Fiquei um tempo em call com meus amigos conversando sobre o dia a dia, basicamente sobre ficar em casa e não fazer nada, o que é muito entediante. Então, depois disso, fui novamente conversar com minha mãe e brincar com meu irmão, o que me deixa mais feliz e me faz esquecer do dia a dia chato e por vezes triste que passamos.
Obrigado por me “escutar”, Tchau!
Por Isabela Schunck
16 de Junho de 2020.
Querido Diário,
É difícil explicar o que sinto neste exato momento e não há ninguém que seria capaz de entender o que passa pela minha cabeça, somente você, um diário sem consciência. E, agora, no silêncio da minha existência, escrevo o que me perseguiu desde o momento em que abri os meus olhos até o que os fechei.
Foi mais um dia que acordo e olho para a janela, pensando em como a vida costumava ser, em como o mundo mudou e que o que eu achava ser um simples vírus foi capaz de causar caos, passando pelo mundo inteiro trazendo a Morte consigo. Fico horas olhando para o azul do céu e vendo as aves voarem, felizes e livres, o que me faz pensar que nunca dei muito valor para a liberdade que tinha, mas agora que estou presa dentro de mim mesma, sem saída, olho para os seres livres, que voam com suas asas contra o vento, e desejo um dia poder ter isso novamente.
A tristeza toma meu corpo e rios descem pela minha face ao encontro de meu travesseiro. Penso no presente que temos, chamado de vida, que pode ser retirado de nós tão rapidamente que nem percebemos que tudo acabou. Podemos nos tornar mais um número que aparece no jornais, dizendo que o vírus retirou mais vidas. São milhares de mortes, milhares de pessoas que foram dormir e nunca mais acordaram para ver o sol nascer, que se foram sem saber, ou até mesmo que viram o seu precioso presente ser roubado pela Morte. E a única coisa que posso fazer é ficar presa, evitando que eu me torne um dos números, e consequentemente que as pessoas que entro em contato também.
Acredito que o receio de que isso aconteça não seja sentido somente por mim, mas também por diversas pessoas ao redor do mundo, portanto talvez mais alguém possa entender o que sinto neste momento. O medo, a tristeza e o alívio de abrir os olhos e ver que acordei, mas ao mesmo tempo abrir os olhos e ter que seguir o dia sem saber quando teremos nossa liberdade novamente. Estamos todos confinados com nossos sentimentos, com nós mesmos.
Finalmente, os pensamentos inquietos pararam. A noite já havia tomado a cidade e percebi que havia sido tomada pelas reflexões e dúvidas, me fazendo pensar o dia inteiro. São pensamentos complicados, que me fazem temer o dia seguinte, que pode ser o último de minha vida, pelo simples fato de que saí de minha cela e fui para o mundo real. Estamos todos encurralados e se eu sair pode ser que não haja caminho de volta. Eu só espero acordar logo, para que este pesadelo acabe.
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Por Mariana Camargo
19 de junho de 2020
Querido diário,
Já faz mais de três meses, que estamos passando por uma situação difícil, na qual não podemos ficar saindo, precisamos ter cuidado, não podemos ter contato físico, temos que ter distanciamento social e nos prevenir. Há mais de três meses, ficamos sabendo do primeiro caso de coronavírus aqui no Brasil e não achávamos que isso ia tão longe. Vendo que os casos estavam aumentando um pouquinho, ficamos sabendo que não iríamos para escola por duas semanas e estávamos animados, porque achávamos que seria uma mini férias. Porém, depois com a situação piorando, com os casos aumentando, começamos a ter aulas online, em casa, sem poder sair para nenhum lugar. Agora estamos aqui três meses depois, ainda de quarentena!
Acordei às 8 da manhã. Estava um dia muito lindo, muito sol e céu azul, tomei café da manhã e após isso fui ver minhas aulas online e fazer as respectivas tarefas. Abrindo o meu iPad, comecei a pensar em como seria bom sair, passear nos shoppings, nos parques, nos restaurantes, encontrar com os amigos que via todos os dias na escola e ter momentos divertidos. Fico lembrando das coisas boas e divertidas que fazia quando não havia esse caos que está acontecendo no mundo, quando penso em tudo isso, me traz muitas saudades!
Fico imaginando como será nossas vidas, quando isso aos poucos for melhorando, quando pudermos sair, será que vai ser como era antes?! Quando será que vamos poder ir à escola, ir aos shoppings normalmente? Muitos ficam angustiados de não saber como e quando irá voltar ao normal, mas acho que aos poucos que forem abrindo e com todos os cuidados, as coisas irão voltando ao normal.
Após esse tempo pensando sobre a situação que todos estamos passando , acessei minha primeira aula, que era de redação. Depois disso, acessei a segunda aula, de história. Acabando a aula de historia, fui almoçar e descansei um pouco! Após isso acessei minha terceira e última aula do dia, que era uma avaliação, e agora estou aqui escrevendo em meu querido diário, sobre meu dia e refletindo e pensando sobre as coisas que estão ocorrendo no mundo! Olhei para a janela e pensei, o que estaria fazendo nesse exato momento se isso tudo não estivesse acontecendo?!
Só quero que isso tudo passe logo, para voltarmos a viver felizes!
Por Enzo Guaspari
Querido diário hoje é dia 19 de junho e mais um dia que a tristeza toma conta do meu coração. Acordei hoje, olhei pela janela, o dia estava bonito pensei que seria um bom dia e então com essa esperança sai do meu quarto, desci escada para tomar café e encontrei meu pai vendo jornal. Olhei para a tv e me deparei com mais noticias ruins o brasil avia se tornado o segundo país com mais mortos de coronavírus no mundo rapidamente toda alegria de ver um dia bonito se desfaz, e a agonia junto com a tristeza tomam minha cabeça. Mas o dia continua tomei café com meu pai e fui fazer as lições da escola, umas duas horas depois termino minhas lições e vou ver meus pais novamente.
Eles cansados de ficar em casa e preocupados com a situação o mundo tentam me passar segurança e tranquilidade com suas palavras amorosas e até conseguem por um tempo esqueço o que esta acontecendo fora a minha casa e me concentro na atividades escolares e em filmes, que me ajudam a relaxar e pensar em outras coisas.
Já de noite quando vou jantar meu pai liga a tv e coloca no jornal, e enquanto eu comia e via o jornal que anunciava que mais uma vez milhares de Brasileiros perderam suas vidas em apenas um dia. Parece que tudo que construí no dia desaba e um sentimento de tristeza me consome novamente. Mais tarde enquanto me preparava para dormir só conseguia pensar em uma coisa, espero que amanhã seja melhor. Boa noite querido diário.
fonte da imagem: https://dentalis.com.br/blog/por-que-o-tempo-parece-passar-cada-vez-mais-rapido/
Data: 19 / 05 / 2020
Querido diário,
Hoje acordei com a minha irmã abrindo a janela do nosso quarto para poder estudar (estávamos dormindo juntos pois estávamos na minha fazenda para fugir do COVID-19), então já levantei, escovei meus dentes, me vesti e fui tomar café. Ao chegar na mesa do café, meu avô estava la, batemos um papo e eu fui fazer meus deveres da escola. Passei a manhã inteira fazendo, já que minhas primas fazem lições na mesma sala que eu, não dava para ficar o tempo inteiro focado, então nós conversávamos, nos enchíamos, trocávamos ideias e estudávamos.
Às 14h da tarde, serviram o almoço e era bife à milanesa, em uma mesa sentamos eu, minha irmã, meu irmão e minhas três primas; e na outra mesa os adultos. Ao acabar o almoço, naquela preguiça, deitei no sofá e assiti um filme, mais ou menos meia hora depois parei o filme, pois lembrei que tinha um zoom marcado com o professor, então agarrei meu celular e entrei na ligação. Após uma horinha de ligação o professor encerrou, assim eu já estava livre da escola naquele dia, coloquei um tenis, os fones nos ouvidos e o volume no máximo, então fui dar uma volta de moto. Fiquei mais ou menos uma hora andando de moto até que estava em um campo de grama na beira da represa, estacionei a moto, abaixei a musica e fiquei lá durante uma meia hora contemplando aquele lindo pôr do sol, ai começõu a escurecer, voltei para casa, ja estava frio então entrei no banho antes que a água quente acabasse.
Ao sair do banho me vesti e fui para sala, minhas primas e meu irmão estavam assitindo um filme então fiquei lá com eles. Às 20h da noite o jantar estava servido, era carne louca e, já que não gosto muito, peguei um pão francês, alface, mostarda e a carne e fiz um sanduíche, estava com uma cara ótima e todos fizeram igual. Ao acabar a janta, os adultos foram assistir jornal, as minha primas foram para o quarto com minha irmã e meu irmão foi dormir, então liguei meu videogame e fiquei lá até umas 2h da manhã, conversando e jogando com meus amigos. Ao acabar de jogar fui ao meu quarto, escovei os dentes, me deitei, assiti alguns episódios da minha série e dormi, sabendo que o próximo dia seria a mesma coisa.
13/ 03/ 2020
Querido diário,
Para você que todos os dias me acompanha, mais um dia se segue em uma vida normal: vou para a escola, volto, vou ao clube, volto, me alimento e vou encontrar meus amigos. Isso se repete. Eu até que gosto desta rotina, pois me sinto produtiva, mas às vezes cansada. Até que o que eu nunca imaginaria acontecer, aconteceu: o tal do vírus que até ontem não era de maior preocupação, fez com que tudo fechasse e todos se afastassem, de um momento para outro. Como assim? Estou devastada.
Todos os dias, antes de tudo isso, havia vezes em que eu reclamava da minha vida anterior. Mal sabia eu o que o mundo lá fora tinha a me dar. Simplesmente horrível: escolas cancelaram, cinemas fecharam e se iniciava o tenebroso isolamento social. Um novo mundo foi criado em apenas um dia.
É um tempo de pura reflexão. Não sabemos quando iremos reencontrar aqueles a quem amamos, ou festejar, ou apenas passar o tempo junto. É um estado de alerta, confusão e preocupação, diante das incertezas que a pandemia trouxe a todos. Mas fazer o quê, todos esses sentimentos são considerados comuns nesta situação anormal na qual estamos apenas começando a viver.
Tudo mudou. Do nada, virou tudo, surgindo de um lugar distante, o vírus já dominou o mundo inteiro. Neste dia, reparei o quanto uma vida normal faz falta. Estava com saudades. Era pedir muito minha rotina de antes? São tantas perguntas sem respostas. Geralmente, o isolamento social serve para quem é tímido, inseguro ou tem sentimento de inferioridade, resultando em problemas na vida social da pessoa, levando ela a querer se afastar da sociedade. Mas dessa vez não. Servia para todos.
Decidi andar na rua e é como se sentir em um apocalipse: todos de máscara, se certificando que estão a um metro de distância uns dos outros. O pânico, então, toma conta da minha mente e da mente de todos. Nessa noite, meus sonhos e cenários são sempre os mesmos: o reencontro de todos, para acabar logo esta ansiedade recorrente. Isso tudo sendo que foi só o primeiro dia de muitos.
junho de 2020
Querido diário, tudo bem? Como faz tempo que não nos falamos.
Estive muito ocupada durante essa quarentena. Venho me sentindo muito preocupada e cansada. Muito aflitivo ver o mundo em uma situação de caos e não conseguir fazer nada, nem mesmo sair de casa. Fico parada e quieta nessa minha jaula, há dias em quase uma situação de afogamento em que eu não consigo sair de jeito nenhum, vejo que o nível do brasil em questão de mortos pelo coronavírus é um dos maiores do mundo e eu não tenho nada para fazer. Lógico que eu sei que o brasil é um grande país com uma grande população, mas mesmo assim não significa que eu não deveria estar preocupada.
Fico acordada quase todas as noites, nervosa com o mundo, de uma certa forma e me sinto paralisada por não fazer nada. Uma pandemia, economia caindo brutalmente, protestos sendo feitos pelo fim do preconceito racial contra pessoas de pele preta, florestas pegando fogo, e ainda estamos em junho, ou seja, estamos ainda na primeira metade do ano e tudo isso ja aconteceu, milhares de pessoas morrendo e brigando por uma causa nobre e eu continuo aqui no meu quarto fazendo lições como se nada estivessem acontecendo, mas não é minha culpa, eu sei que não posso fazer nada.
Mesmo assim, mesmo com a minha saúde mental destruída e com o meu corpo cansado eu nem consigo parar e me acalmar, pois tenho aulas e atividades para serem entregues quase todos os dias. Isso também é uma coisa que está me incomodando nesse momento de isolamento social, mesmo com as escolas sabendo de tudo que está acontecendo elas não diminuem a grade horária, elas não pegam mais leves nas lições, por sinal eu nunca me senti tão cobrada pela escola antes. (mas graças a deus já já é férias, hahaha).
Enfim diário, já falei muito hoje. Espero voltar logo quando eu precisar desabafar novamente.
Com carinho, Sofia.
19/06/2020
Querido Covidiário,
Já se passaram quase três meses que eu estou de quarentena e estou me sentindo muito solitária. Estou com saudades das minhas amigas, familiares que eu não posso ver, não vejo a hora de voltar às aulas e que isso acabe! Minha rotina agora está bem diferenciada, durante a quarentena, todos os dias eu acordo um pouco mais tarde do que o de costume, pois mesmo que eu não faça quase nada o dia inteiro ainda durmo tarde e acordo muito cansada, pego meu computador ainda na cama e faço minhas lições do dia, mas agora que todos da casa estão usando a internet, demora muito para que eu consiga fazer tudo o que eu preciso, e isso me irrita demais. Quando acabo tudo uma coisa que me alegra muito é ficar brincando com o meu cachorro pela casa, ela é muito brincalhona e fica correndo pela casa inteira, até que ela cansa e eu vou fazer outra coisa, geralmente ou eu ligo para minhas amigas para saber como estão, se alguém da família está doente e ect. (pois como nenhuma das duas têm saído de casa não temos muitas novidades para contar). Ao anoitecer, ligo a tevê e assisto um filme ou série e vou dormir. Mas não é todos os dias que eu não faço nada assim, pois terças e quintas eu achei um site na internet que nesses dias ensina coisas que eu posso fazer em casa, como bolos, coisas para costurar (para pintar as roupas), exercícios para fazer e muito mais, o que faz meu dia ficar super animado e interessante, pois eu acho bem divertido aprender coisas novas que eu possa fazer manualmente.
Querido Covidiário eu sei que na maior parte do diário eu falo que estou com saudades, que quero minha vida normal de volta, mas sim eu também estou com bastante medo de voltar e pegar essa doença sem terem achado a cura ainda, pois nessa quarentena eu já passei por uma situação muito triste, que me fez ter muito mais cuidado no jeito como me cuido e cuido da minha família, mas que não me impediram de fazer nada nessa quarentena só me fizeram tomar mais precauções em cada coisa que eu faço.
Meu amado diário, que guarda todos meus segredos em segurança e atualmente meu melhor amigo com quem posso conversar, já que mamãe tirou meu celular, pelo jeito como podemos ver não tenho tido os melhores dias, passo um tédio que só, sinto falta das pessoas, sinto falta de sair de casa, sinto falta até de olhar pra cara das pessoas que eu não gosto, porque olhando para a cara dessas pessoas pelo menos eu estava fora de casa e até junto aos meus amigos, que com certeza sinto muita falta também.
Hoje logo após acordar fui tomar um banho como eu sempre faço e eu lembrei que era o mesmo que eu fazia quando ia me arrumar para a escola, logo após tomei meu café e fui arrumar a casa, mais um dia normal como sempre, faço minha lições e depois fico desocupada. Sinto falta de ficar desocupada com meus amigos, ou ficar desocupada até mesmo na sala de aula após terminar uma atividade.
Héctor, eu devia ter aproveitado mais aqueles tempos ao invés de viver reclamando de ter que acordar cedo, de viver reclamando sobre ter que fazer lição, agora eu vivo reclamando de ter que ficar em casa, percebi que o ser humano é tão ingrato com tudo, vive reclamando, sei que sou uma ingrata, não agradeço pela minha vida é só sei reclamar, se for checar todas as páginas que escrevi em você, Héctor, certeza que terão poucas onde agradeço por ninguém, da minha família estar doente.
Me desculpa Héctor, desculpa pelas reclamações, devo começar a ver o lado bom, mesmo que seja um grande desastre todos esses acontecimentos, ainda assim deveria agradecer pela minha vida e de minha família. Semana passada fui alertada sobre a quantidade de mortes que estão acontecendo, minha vida poderia estar pior se agora eu estivesse infectada com esse vírus.
Héctor eu gostaria de saber sobre sua vida, pra mim você não é mais como só um diário, você está sendo como um amigo, tem me ajudado a refletir e buscar seguir pelo certo, pra mim é como um conselheiro então agradeço-te.
Deviamos valorizar tudo de bom, ao invés de focar no ruim, não acha Héctor?
Cada dia dessa quarentena deviamos acordar e agradecer, pra quem quer que seja, por pelos menos ainda estarmos respirando.
Bom... querido diário, mais uma sexta-feira sem ir pra escola, o que no começo para mim era um sensação estranha, mas agora depois de tanto tempo acho que o estranho seria voltar a ir pro colégio. Fazem 3 meses que eu não saio de casa, não sei o que eu estou senEndo em relação a tudo isso, acho que estou com medo de quando tudo voltar ao normal eu acabar tendo dificuldade de acompanhar o ritmo.
O começo da quarentena estava sendo óEmo, achava que eu estava mais feliz, por não encontrar com algumas pessoas tóxicas da minha escola, por achar que nesse momento teria mais tempo com a minha mãe. Mas conforme os dias foram passando, cada vez mais eu percebia que tudo que eu mais desejava era ir para a escola, escutar meus professores falando, rir com os meus amigos, saudades de ir pra festas, ver filmes e séries com as minhas amigas.
Além de tudo isso, a quarentena também está tendo um lado posiEvo
(pelo menos para mim), eu ganhei um cachorrinho, e minha mãe disse que se não fosse pela quarentena, ela nunca teria me dado, porque disse que ela me deu para que eu Evesse uma companhia e que eu não me senEsse tão sozinha. E diário... para ser sincera, eu acho que realmente me ajudou.
Eu estou muito confusa ainda. Não consigo acreditar que nós estamos passando por um momento delicado como esse, na verdade o que me deixa aflita é o fato de não saber quando tudo isso vai acabar. Tudo que eu mais quero agora é ter minha vida de volta. Poder pisar no asfalto da rua, poder tocar na grama, ver pessoas na rua rindo com os amigos, levar bronca dos meus professores por falar demais. É diário... nunca pensei que fosse desejar essas pequenas coisas em tamanha proporção.
1o EM-FOLHA DE REDAÇÃO-CRÔNICA/DIÁRIO -2020 4
by Isadora Tognolli
19 de junho, sexta-feira
Querido diário,
Já faz 72 dias que estou presa em casa sem poder aproveitar e desfrutar de meu último ano da escola. Festas, eventos e viagens que exigiram meses e meses de preparação foram cancelados em um estalar de dedos. Todo o trabalho e tempo perdido foram literalmente em vão. Planejar o futuro se tornou algo incomum, já que não se sabe o que ele nos reserva. Logo depois dessa depressiva reflexão, levantei de minha cama e fui me arrumar. Iríamos visitar a vovó que estava isolada e solitária em seu apartamento desde o início do confinamento, para ser sincera não estava muito animada. Abri meu guarda roupa para escolher o que iria vestir e a única coisa que pensava era no desejo de comprar lindas bolsas, calças e sapatos. Mas como já disse, todas as viagens destinadas a esses objetivos tinham sido canceladas. Incomodada, desci para tomar café e logo em seguida saímos.
Chegando na casa da vovó, mantive distância e conversamos um pouco. As horas se passavam e a única coisa que pensava era em tudo aquilo que poderia estar fazendo nessa sexta-feira à tarde se não fosse essa quarentena. Acho que a vovó percebeu minha tristeza e veio conversar comigo. Lá vinha mas uma lição de moral. Dizia que eu era uma menina muito boa e que me amava muito. Fui uma criança divertida, educada e muito sabia, porém ao crescer passei a subutilizar minha existência. Já não vivia mas o presente e não tinha objetivos concretos. Elogiou meu estilo, minhas roupas e meu cabelo e por fim, já que me conhece tão bem, disse exatamente o que estava sentindo. Então, me fez uma pergunta: “você acha que todo esse desejo de coisas materiais e a necessidade de ser melhor que os outros realmente te fazem felizes?”. Fique perplexa. Eu sabia responder a pergunta, querido diário, mas não queria admitir que ela tinha razão. Continuando seu discurso, disse que essa pandemia não passa de um presente a nosso mundo e serviria como um freio para a sociedade de filhinhos de mamãe da minha idade. Achei que a vovó estava ficando louca. Falou que nosso mundo precisava alcançar a maior conquista já desejada: a intensificação da conexão entre todos. Era necessário sentir. Sentir empatia, ser compreensivo e solidário. Mas para isso era necessário um preço a ser pago. Esse preço não passa da conclusão de um desafio. Por um instante tinha quase certeza que ela estava falando outra língua. Então foi quando pedi que me explicasse de um jeito que pudesse entender. Com certeza meu maior arrependimento do dia, estou falando muito sério.
A vovó começou a respirar mais forte e começou a se animar, foi então que perguntou se já tinha parado para pensar que isso não se passava de um espécie de guerra. Continuava não entendo absolutamente nada. Dizia que a pandemia havia sido um presente, pois era uma chance a nossa sociedade de fazer diferente. De se situar no agora e viver um dia de cada vez. De sentir o outro e buscar um propósito na vida. Não tinha sido à toa que essa situação atingiu o globo por completo. Era para romper qualquer preconceito de credo, etnia, posição social ou nacionalidade. Não tinha sido atoa que essa situação foi estabelecida em vez de uma guerra. Era para não criar sentimento de raiva, divisão ou rancor. Nunca pensei que escreveria isso aqui, mas a lição de moral da vovó tinha sido incrível.
Perdi tanto tempo planejando o futuro, o próximo fim de semana, o próximo feriado e não estava presente ao lado da minha família para aproveitar um simples almoço. Não sei se vou continuar pensando assim quando chegar em casa e ter aquela briga normal resultado de pura convivência, mas agora compreendi a razão desse enorme desafio e pretendo vencer-lo.
by Bernardo Castro
São Paulo, 18 de junho de 2020.
Querido Diário,
Hoje foi mais um daqueles dias tristes, pois não fiz nada de diferente ou divertido. Acordei, escovei os dentes, tomei café da manhã e comecei a fazer as aulas que, por conta do Corona Vírus, agora são online. Sinto falta de meus amigos, das festas e de fazer esportes, com essa pandemia estamos todos presos em casa, em algo que chamam de quarentena. Às vezes, quando ando pela casa, vejo a bola de futebol no chão e então lembro de todos os meus momentos bons jogando com os meus amigos. Estou me trocando e vejo no armário uma roupa que usei em uma festa muito legal e inesquecível, com isso acabo notando o quão boa minha vida é, mas também o quão triste estou, essa situação que estamos todos passando é grave e percebi que passarei um bom tempo em casa, sozinho. Amanhã podemos nos falar de novo, pois estou cansado e preciso dormir.
Caro diário, venho aqui novamente para falar sobre a minha visão e os meus sentimentos sobre o Covid-19 nessa quarentena. Um vírus que começou na China então primeiro foi Ásia, depois Europa e depois foi para o mundo inteiro. Muitas pessoas não estavam esperando esse vírus aqui no Brasil, porem veio com um impacto e uma forca muito grande. Fiquei com medo desse vírus chegar nas pessoas que eu conhecia, e chegou tirando pessoas de minha vida. Chorei, fiquei triste e mais assustado que eu já estava. Esse vírus chegou tão forte que é o segundo país com mais mortes e contaminações no Mundo inteiro, demostrando que o sistema de saúde do Brasil não está preparado para esses acontecimentos, tais como epidemia e outros tipos de virose. Chegou em mim, fui contaminado pelo Covid-19, fiquei muito triste, com muito mais medo que eu já estava. Quando eu descobri que o vírus estava dentro de mim me responsabilizei e pensei no próximo, ficando 3 semanas dentro de casa. Depois dessas semanas em casa, graças a Deus consegui me curar e criar anticorpos, e agora eu peço para que se possível não saia de casa, ou apenas com urgência, com máscara e luvas, porque a sensação que eu tive eu não quero que mais ninguém passe. Em relação a sociedade brasileira o que aconteceu foi que todos nós estamos vivendo de uma forma diferente, principalmente com restrições de sociabilidade, porem com mais generosidade de respeito ao próximo. Por outro lado a pandemia causou um caos econômico gerando muitas incertezas nas empresas e um altíssimo nível de desemprego. Portanto eu rezo e peco para que toda essa fase do vírus e da quarentena acabe o mais rápido possível, para que nós voltemos para nossas vidas normais.
19/06/2020 – São Paulo
Olá Bob, sou eu de novo,
Resolvi escrever para você novamente, já que hoje foi um dia difícil para mim. Durante a manhã eu percebi que não tinha ninguém em casa então resolvi fazer minha lição enquanto meus pais não chegavam, durante esse tempo eu me senti bastante solitário. Pela tarde meus pais chegaram e eu descobri que o pobre do meu pai tinha se infectado pelo corona enquanto estava no trabalho e não pude ver ele pelo resto do dia. É provável que não irei velo pelas próximas semanas. Saber que não vou poder ver ele nem meus amigos por algum tempo me deixa realmente triste, mas parando para pensar muitas pessoas estão privadas de verem seus familiares por causa da situação.
Porém o dia não foi apenas tristeza, um grupo de amigos me mandaram mensagens dizendo o quanto estavam com saudades e esse pequeno ato melhorou muito meu dia e me deu forças, porque mesmo estando distantes estamos próximos virtualmente. Isso me fez pensar que tudo que te faz triste um dia te fará feliz por exemplo, quanto maior a saudade melhor vai ser o reencontro, todos esses dias longe de todos me fizeram apreciar ainda mais todos os momentos que passamos juntos e valorizar os que ainda virão, por isso não vou deixar a distância e o EAD me abaterem, eu vou me manter forte para rever todos que eu sinto falta.
Obrigado por me ouvir mais uma vez.
KS
20/06/2020
Hoje eu acordei por volta das sete para me preparar para as aulas online, que já iam começar. No ritmo que as tarefas são dadas, mal tenho o tempo de fazer qualquer outra coisa, já que não tenho mais aulas, e sim tarefas. Nunca imaginei que chegaria a esse ponto, a semana inteira no meu quarto na frente de meu computador esperando pelo fim de semana, quer dizer, o fim dessa rotina. Quando posso, vejo as notícias, e sempre é a mesma: fique em casa e os gráficos de casos e mortes do covid-19. Já no meu condomínio estão aparecendo algumas suspeitas de casos, então nem do apartamento eu posso sair.
Nesses tempos, meu computador e casa mudaram de um local para meu entretenimento e descanso para somente uma extensão da escola que nunca cobrou tanto. Indo de uma tarefa para outra vou correndo contra o tempo para terminar tudo enquanto eu espero para ele acabar, para talvez poder descansar. Em um momento, estou mais ocupado como nunca, e num seguinte tenho nada para fazer. Sempre falo com os meus amigos, principalmente pelo chat do videogame, em que falamos da nossa esperança de quem sabe poder se ver quando as aulas voltarem ao normal. Quem sabe setembro, outubro, ano que vem, O Covid-19 só trouxe para o meu dia a dia mais incerteza, E também uma forma de organizar o meu tempo, já que consegui arrumar um computador com defeito hoje depois das seis. As curtas horas até as dez da noite se foram e no dia seguinte tudo provavelmente vai acontecer de novo.
19/06/2020
Eu sou o Leonardo e bem vindos ao meu diário Há dois meses atrás, eu convenci meus pais há comprarmos um cachorro. Então em um domingo fomos até lá e quando cheguei apesar de estar com peso na consciência por estar pondo em risco a minha vida e principalmente de outras pessoas. Porem não consegui me resistir e quando cheguei, foi amor a primeira vista, então o pegamos, o nomeei como Tom, e logo depois passamos em um pet shop e comprei tudo que era necessário . No outro dia após ter feito xixi na casa inteira, como na sala e na cama da minha mãe, ela disse ironicamente “ vou matar esse cachorro!!! “. Então para ele aprender que não pode urinar no lugar errado o colocamos na cozinha de “castigo” 2 horas depois voltei e não o encontrava em lugar algum, fiquei desesperado liguei para todo mundo e ninguém o achava até que vi alguma coisa se mexendo no cesto de roupas para passar, e adivinhem quem estava tirando uma soneca dentre as roupas, é claro o nosso novo mascote preferido.
19/06/20
Meu querido diário,
Hoje foi um dia simples, não aconteceu nada de importante, assim como todos os outros dias dessa quarentena. Não aguento mais ficar em isolamento social. Sinto que daqui a pouco tudo voltará ao normal, mas me arrisco a dizer que terei que ter contato com algum amigo antes do encerramento.
Hoje eu acordei muito reflexivo e sentindo paz com o silêncio que ocupava minha casa, praticamente vazia. Apenas minha mãe estava. Foi exatamente quando eu abri o computador para minha aula online de todo dia, que passei a me sentir triste e solitário. Sentia que eu precisava ver alguém desesperadamente. Quando percebi que estava com um aperto no coração, eu liguei por ligação de vídeo para meu amigo e desabafei pra ele. Nesse desabafamento, disse o quanto sentia falta da nossa rotina que incluía risadas por motivos bobos, muita diversão, festas sensacionais, recreios jogando futebol juntos e, discussões por motivos ridículos. Enfim, falei o quanto queria vê-lo o miais rápido possível. Ele disse que também estava sentindo o mesmo. Foi então que assim que desligamos, uma lágrima escorreu do meu olho.
Para reverter minha situação, tentei ver o lado bom do que estávamos passando. E enfim cheguei a uma conclusão que me deixou muito mais feliz e relaxado: após a volta do confinamento, acredito fortemente que não só eu, mas todos, passarão a valorizar muito mais os momentos que passamos (Argumento interessante). Por exemplo, antes, todos, inclusive eu, reclamávamos da escola, de lição, de estudos, mas agora, eu estou praticamente rezando para volta das aulas. Sinto falta dos meus amigos, dos meus professores e, dos funcionários, etc. E isso foi um exemplo, mas tudo que passarmos de agora em diante, já passamos teremos passado por uma situação pior.
Concluindo o meu texto do dia, ficou um sentimento em mim de que esse confinamento não passa de um ensinamento à sociedade. Um sentimento que tínhamos uma vida perfeita e a pandemia nos serviu para percebermos isso. Não sei se isso é a verdade, mas decidi que preciso pensar assim para superar essa fase tão difícil.
Então, por hoje é isso, até amanhã diário!
São Paulo, 10 de junho de 2020.
Olá diário,
Mais uma vez estou aqui, em minha sala, escrevendo sobre as banalidades do meu dia. Foi um dia normal, considerando o normal atual. Eu tive milhares de coisas para fazer, mas nenhuma delas interessante ou ao menos diferente e assim esperei o tempo se arrastar até agora.
No almoço, escutei as notícias pelo rádio, mil mortes em apenas vinte e quatro horas. No momento não tinha me atentado tanto a isso, estava com a cabeça cheia de pequenos problemas, mas agora pensando mais sobre isso centenas de pessoas estão morrendo e milhares com familiares nos hospitais e eu planejando o que feria para a janta, assim como em um dia comum e nada disso estivesse acontecendo, egoisticamente vivendo no “meu mundo”.
Nunca imaginaria que isso aconteceria, não nessa proporção. “Vai passar” eles dizem sobre a pandemia, tenho certeza que sim, porém suas consequências ficarão por um longo tempo, todas as mortes e sonhos interrompidos. Mas essa agora é a realidade, difícil, assim como entender como o país chegou nesse ponto. Como um governante diz que isso era apenas uma “gripezinha” e “Idaí” para as mortes? Talvez eu não queira entender esse último ponto, dessa forma consigo manter minhas esperanças de um futuro melhor, mas creio que isso é impossível, já estou cansado de ser tão otimista.
O mundo em caos total e eu cansado da minha própria casa, diferente de muitas pessoas que precisam sair e se arriscar todos os dias para trabalhar. Aqui, as paredes já não aguentam mais me escutar e todos objetos já possuem um nome diferente. Não tenho outro destino, apenas ficar em casa, sozinho. Isso agora é entediante, inquietante, desconfortável. O que eu antes achava libertador, agora é sufocante mas ao menos sei que estou seguro. Durmo com a esperança de que amanhã vai ser outro dia, porém será apenas outro hoje. Creio que apenas resta aguardar por um amanhã diferente.
by Beatriz Jordão
São Paulo, 19 de junho de 2020
Querido diário, estou mais um dia deitada em minha cama para trazer notícias. Ruins, para variar. Hoje faz oitenta e quatro dias que estamos em quarentena e os números de casos e óbitos não param de crescer. E infelizmente nem todo mundo entende a necessidade de permanecer em casa (quando possível), em respeito e consideração ao próximo. Fazem comemorações “pequenas”, dizendo que não há problema, já que “tá todo mundo em casa mesmo” ou que “esse vírus nem é tão perigoso assim, é a mídia que exagera”. Mas, se realmente fosse assim, como explicar os hospitais lotados de pessoas lamentando a morte de algum ente inocente, que tinha apenas saído para trabalhar para sustentar sua família? Se cada um fizesse sua parte de ficar em casa sempre que pudesse, esse caos não estaria sendo chamado de “caos”.
Entretanto, minha família e eu estamos lidando bem com a situação de ficarmos confinados em casa, apesar das discussões bobas entre irmãos. Sim, às vezes a solidão grita dentro de mim e sobre o amanhã me assusta. Tudo pode acontecer de uma noite para a outra. Para ser sincera, estou associando a nação brasileira com a bipolaridade, pois de um lado vemos pessoas unidas em prol de ajudar o próximo que passa por dificuldades nesse momento tão atípico e no outro lado pessoas ignorantes e egoístas, que só sabem “olhar para o próprio umbigo”. É isso por hoje, espero trazer notícias melhores amanhã, como digo toda vez há 83 dias.
Até a próxima página!
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/04/06/kobra-cria-mural-em-memoria-das-vitimas-do-coronavirus-e-anuncia-leilao-de-obras-para-ajudar-moradores-de-rua-de-sp.ghtml
by Eugenia Roxo
Olá, já até perdi a conta dos dias que estamos isolados. O mais estranho de tudo é o fato de que eu não tenho a menor ideia do tempo, não sei o dia nem não sei que horas são. Minha rotina nem existe mais, vou dormir às 2:00 da manhã, e acordo com a minha irmã gritando na minha cabeça às 7:30 da manhã. Hoje foi diferente, minha irmã não me acordou, acordei com 4 crianças pulando na minha cama, pois infelizmente ainda estou na minha fazenda com minha família.
Me levantei e já tive que entrar no zoom da aula de redação, e ainda por cima ligar a câmera. Eu realmente não entendo por que somos obrigados a ligar a câmera, parece que os professores realmente querem que a gente passe vergonha, pois tenho que aparecer de pijama, com o cabelo bagunçado e cara de sono na frente do ano inteiro. A nova desculpa pra não aparecer na aula é “minha câmera não tá funcionando”, porém se você não é um dos primeiros a falar você já perdeu sua oportunidade, porque se a câmera de todo mundo não tá funcionando tem alguma coisa errada.
Depois de mais de 1 hora de zoom começam as “atividades obrigatórias”, eu queria muito saber quem teve a ideia de que temos que entregar uma lição enorme para provar nossa presença, e ainda por cima enviá-la até às 6:00 da tarde. Eu acho que os professores não entendem que nós não temos tempo suficiente para responder todos os questionários enormes e ainda participar do zoom deles tudo até as 6:00.
Faltam só 7 dias para as férias, porém nesses 7 dias eu tenho mais de 5 trabalhos para entregar. Eu acho engraçado que quando um professor decide pedir um trabalho, todos os outros também pedem, o que faz eu ficar até madrugada trabalhando neles. Hoje eu tive redação, história e minha eletiva, quase não consegui entregar. O resto do dia passei fazendo os trabalhos, pois eu não queria deixar muita coisa para o fim de semana.
Eu entendo que deve ser difícil criar um sistema de estudo a distância, porém está difícil aprender e realizar todas as atividades e trabalhos, eu espero que as aula presenciais voltem, pois eu não aguento mais. Comentário: isso é uma redação humorística.
antonio bichucher
26/06/2020
Querido diário,
Hoje eu acordei triste. Acordei pensando em tudo o que está acontecendo, e como isso pode me afetar. Pensei nos meu avôs e avós e em todas as pessoas que eu tenho medo de perder. De repente, a tristeza se tornou medo. Medo de ficar sozinho igual como eu estava no meu quarto: com medo, no escuro, sozinho.
Com aquele sentimento escuro sem forma dentro de mim, levantei da cama pra abrir a cortina, naquele ritmo sem rumo. Um dia cinza sem graça. Fiquei ainda mais desanimado. Sai do quarto, fui tomar café. Depois, só a mesma rotina tediosa de todos os dias: liguei a televisão, apenas com filmes velhos e novelas sem graça. Mas de repente, uma coisa chama a minha atenção: ouvi a cozinheira conversando com sua filha, de Minas Gerais, e contando sobre como é bom estar na minha casa, onde ela se sente segura. Tenho uma sensação de culpa. Culpa por não agradecer pela minha casa, por ter minha família perto. Como eu pude ser tão cego assim, mesmo com a realidade ao meu lado, diário? Reclamando sobre estar preso em casa sem nada pra fazer, enquanto alguns nem tem casa e nem o que comer. Esse sentimento de culpa me faz ver como eu sou tão ingrato. Mas então, todas aquelas reclamações se tornam agradecimentos, desde estar vivo a ter uma casa.
Então, peguei você Diário, e comecei a escrever, e aqui estou agora, na minha prisão domiciliar tão privilegiada: na minha casa.
fonte da imagem: http://www.arionaurocartuns.com.br/2019/08/charge-moradia-idade-brasil.html
19 de junho de 2020
Querido diário,
Hoje foi difícil de acordar devido ao friozinho que estava fazendo lá fora. Meu despertador como sempre, tocou as 8 da manhã, mas dei aquela adiantada de 15 minutos para poder descansar um pouquinho mais. Tomei meu café na cama, e esperei dar 9:00 para começar a minha primeira aula. Você já deve estar cansado de me ver escrever as mesmas coisas todos os dias, e acredite, eu também estou, porém é o único jeito de me distrair, adoro escrever e compartilhar minhas histórias com você, mesmo você não falando muito – risos. Já me esqueci daquela sensação de acordar as 6 da manhã para ir para escola, daquela sensação de reencontrar os amigos, e daquele riso que despertava a felicidade em mim. Nunca pensaria que algum dia, eu seria capaz de sentir saudade da escola, pois é, estou sentindo e muita saudade, e não só dos meus amigos, dos professores e funcionários também! Eles fazem parte do nosso dia a dia, ou pelo menos faziam. A incerteza da volta as aulas me deixam ansiosa e agoniada, não vejo a hora de rever todos e de voltar as minhas antigas atividades.
Ao mesmo tempo, sinto vontade de estar ajudando na recuperação do novo corona vírus, ajudando o pessoal da área de saúde, e das pessoas que passam necessidades por terem seus negócios fechados e sem fonte de renda, mas fico confortável em saber que ficando em casa já estou fazendo uma grande diferença. O cenário de fora me assusta muito, o Brasil alcançou o 2° lugar de óbitos devido ao novo vírus, e apresenta mais de 1 milhão de casos em todo território nacional. Aqui vai meus sentimentos á todos que perderam algum ente querido para essa doença, gostaria de confortá-los nesse momento difícil, nem imagino como seria perder alguém próximo a mim, como não posso dizer isso a eles, sinto que você ouve e abraça a minha mensagem, obrigada por isso. Além disso, meus agradecimentos à todos que arriscam suas vidas todos os dias para salvarem aqueles que precisam ser salvos, como também não consigo agradecê-los, vou deixar meus agradecimentos aqui disponíveis apenas para você...
Obrigada por mais um dia comigo na quarentena, me despeço com um sentimento de saudade de tudo, porém feliz em estar viva e saudável.
Atenciosamente, Sua Julia.
São Paulo, 19 de Junho de 2020
Bom dia Neko,
Hoje, como todos os dias, não ocorreu nada de especial, eu queria que tudo isso acabasse, que tudo voltasse ao normal, nunca pensei que ficar solitário fosse tão ruim, ou melhor, ficar sozinho, e se você me perguntar qual é a diferença entre as palavras, eu lhe explico.
Estas palavras que podem carregar o mesmo sentido, mas são totalmente diferentes, eu gosto de estar sozinho as vezes, quando está sozinho você sabe que quando quiser companhia alguém estará disposto a ficar ao seu lado, mas quando se está solitário, é quando você sente uma das piores sensações da vida, que é não ter ninguém para poder estar ao seu lado, ninguém com quem você possa conversar, dar um abraço, ou somente beber alguma coisa, você se sente no mais profundo vazio, na mais densa escuridão.
Sabe Neko, eu sei que um dia isso vai acabar, e depois que esta situação acabar e eu poder rever meus amigos, dar um forte abraço, jogar basquete e sair, e não me sentirei mais sozinho, e é apenas essa esperança que me separa da solidão.
Acho que ter você aqui também me ajuda, afinal com quem mais poderia conversar. Era apenas isso que tinha para falar Neko, até outra hora.
28/08/2020
Sentada no sofá, quase dormindo, assistindo as aulas novamente. Seis meses de puro tédio, mais tédio e aulas para melhorar mais minha situação. Os dias parecem não passar, cada hora que passa tenho vontade de soltar fogos de artifício de tão feliz que fico vendo que em mais vinte e três horas um novo dia começa. As classes vão passando e a vontade de dormir aumenta, até chegar a aula de educação física. Meu Deus, os exercícios. Não aguento nem levantar direito de tão sedentária que fiquei durante essa quarentena e pra piorar tenho que fazer exercícios. E essas máscaras então? Já usei tanto que minha orelha não aguenta mais, daqui a pouco ela vai cair. Enjoei de exatamente tudo, até das coisas que gosto de fazer, porque todo dia são as mesmas coisas, eu não fui feita pra seguir uma rotina não, muito difícil.
Procuro novas coisas para fazer, ler, talvez? Não, vou acabar dormindo no meio do livro. E que tal montar um quebra cabeça?Pensando bem, vamos poupar minhas costas. Nada pra fazer, já tentei fazer de tudo, por que esse tédio não vai embora logo? Juro que nunca achei que poderia ficar tão parada em toda minha vida, ainda mais sendo uma pessoa hiperativa e ansiosa. A ansiedade ferra tudo, passo mal todo dia só de não saber se volto pra escola, pra minha vida normal; e se soubesse a data também aconteceria. E o que fazer também? Vou para a cozinha, pego inúmeras coisas da dispensa e taco no liquidificador. Se ficar bom, parabéns, agora se fica ruim, tenho que comer do mesmo jeito já que não podemos gastar comida à toa. Mesmo com o erro fico feliz por ver que passou...O que? Passaram-se somente 30 minutos?
Agora tenho que focar nos estudos, já que as provas trimestrais estão chegando e eu não tenho aprendido nada esse ano. O máximo que aprendi foi como trocar o fundo de tela do WhatsApp. A reprovação vem minha gente, já to até na expectativa aqui. Mas se não vier seria bom também. Penso todo dia como será depois de tudo. Será que 2021 vai ser calmo? Espero que sim...
Bernardo Dohan
Bom dia, querido covidiário! Outro dia venho escrever em ti, em mais um dia como os outros da quarentena. Para variar, não fiz nada hoje de novo, querido diário, só levantei pra comer e tomar banho. Todo o dia escrevo aqui meus sentimentos e tento descrevê-los, porém estou percebendo que não tenho nenhum positivo, não sei mais o que sinto para escrever aqui. Será que eu sinto? Ou será que não? Existe uma palavra para a falta de sentimentos?
Apatia é a palavra que mais de define, tanto faz como tanto fez. Você já deve ter percebido isso pelas palavras tristes e repetitivas que escrevo em você, porém só me liguei agora. Essa quarentena está mexendo com a minha cabeça, com a da minha família, dos meus amigos e do mundo. Será que sentem o mesmo que eu? Ou melhor, não sentem? Mesmo se sentirem, não tem o que eu fazer além de uma breve ligação ou mensagens motivadoras, quando na verdade eu que preciso delas, mas ninguém parece se importar. Você está sendo meu melhor amigo nesse momento, sendo uma bobagem já que nem tem vida.
Tenho refletido sobre o sentido da vida. Existe felicidade ao estar sozinho, sem conviver com amigos e pessoas do cotidiano? Existe felicidade? Ou seria somente uma ilusão, uma falsa sensação da busca de uma utopia sentimental que fingimos ter as vezes? Não sei. Só sei que não sei mais de nada e estou bem confuso com tudo. Para ser sincero, nem quero saber, com essa preguiça em minha mente. O que se resta fazer é viver, e esperar que algo, que não sei o que é, aconteça; e algo mude.
Link da imagem: https://resenhasalacarte.com.br/dicas/ter-diario-ajuda-melhorar-escrita/
Ser adolescente tem seus problemas, mas também existem muitas coisas boas, como festas, baladas, viagens com os amigos, Coisas que eu tenho certeza de que são e sempre serão as nossas melhores memórias para a vida toda.
Porém, ser adolescente, traz também dificuldades, como ter responsabilidades e maturidade. Tanto para lados sexuais, quanto para o estudo. Nós achamos que só existem as festas, sair com os amigos, mas esquecemos que estamos bem perto da faculdade, bem perto de nós formarmos, o que decidirá nosso futuro
Só que nós temos que começar a acordar e pensar no amanhã, no que vamos fazer, no que vamos ser, e acabamos nos distraindo com outras coisas que hoje achamos muito mais divertido.
É muito difícil nos focarmos na escola sendo um adolescente, pois quando você senta para estudar, chega mensagem, fofoca, notificação no Instagram. Isso tudo tira muito nosso foco, pois é muito mais atrativo no momento eu ver meu Instagram ou meu WhatsApp, por exemplo do que abrir um livro e começar a estudar. Mas hoje não vemos a gravidade disso, só vamos nos lembrar lá na frente e dizer o quanto nós queríamos ter largado o celular naquele momento para sentar e criar conhecimento
Matias Cury
Querido diário, hoje dia 19 de junho acordei com uma solidão imensa. Em março quando essa pandemia começou nunca pensei que ia durar tanto, Pensava que no meu aniversário dia 25 de junho, tudo isso não passaria de uma memória passada, já estariamos vivendo nossa vida normalmente de novo. Mas esse não é o caso, não consigo prever em um futuro próximo quando isso irá acabar. Mas essa situação toda não prejudica só a mim, prejudica a todos, especialmente aqueles que precisam trabalhar para viver, Aqueles que não conseguem sobreviver em casa sem fazer nada, eles são os reais prejudicados disso tudo. E vejo que não sou só eu, mas como todos ao meu redor estão cabeça baixa e sem muita esperança, acho que isso afetou todos de maneira muito ruim. Espero que isso tudo acabe logo
Pedro Auler
Olá Querido Diário 20/06/2020
Estou mais uma vez aqui para expressar meus sentimentos porque sinceramente não tenho mais a quem recorrer, estou dentro de casa a cerca de 90 dias , e tudo vai por água abaixo. Como posso dizer, estou sem ver meus pais , meus amigos, a solidão e minha única companhia e talvez isso não seja minha maior preocupação.
Levantei ontem para tomar meu café , liguei minha TV para ver as noticias e apenas desgraças , numero de infectados cresce , mortes de milhares de pessoas. Enquanto assistia a TV , olhava meus boletos , contas atrasadas , conta do banco negativa , como ia sair desse buraco , resolvi acender um cigarro e começar a pensar, como poderia abrir meu mercado sendo que o corona ia se espalhando e como ia pagar minhas contas , ter dinheiro para comer ou ate trabalhar pois devia ficar de quarentena , isso me angustiava cada vez mais , me sinto um fracassado mas ainda sim preciso ter compaixão aos outros e permanecer em casa , a única coisa que me resta é ter esperança de que tudo isso passara logo
Ate logo Diário
Luiz Sassi
Querido diário, estou aqui para mais um dia de quarentena, como de costume estou muito entediado e com saudades de meus amigos, acordei hoje como todo dia de quarentena, meio estressado e triste, até pensei em tomar um banho mas acabei dormindo mais um pouco. Depois de 30 minutos de sono acordei novamente e aí sim comecei meu triste dia, primeiramente eu faço minhas lições de casa da escola que já não são legais de fazer e depois disso eu jogo e jogo o dia inteiro porque não posso sair de casa. A situação atual de meu país é grave, pois é o segundo país mais afetado por aquele vírus maldito chamado de covid-19. Depois de jogar bastante videogame eu faço alguns exercícios físicos para me manter saudável, mesmo tendo que fazer com preguiça e cansado, depois de fazer nada o dia inteiro, acho que este isolamento está me tornando cada vez mais sedentário e não quero que isso aconteça, pois quando isso tudo acabar quero me encontrar com meus amigos o mais rápido possível . Agora já é de noite e estou indo me deitar para tentar dormir, vou encerrar esta página dizendo que eu quero logo voltar para a escola e que nunca pensei que diria isso. Caro diário, agradeço por me escutar todos os dias, você é o único companheiro com que posso manter contato
José Lara
Querido covidiário!
Hoje foi mais um dia de isolamento social, pensando bem isto nunca vai acabar? Aí que raiva. Mas hoje foi diferente, pois hoje fui ao SHOPPING com minha mãe. Apesar da situação do Brasil (segundo país do mundo com mais casos e mortes) os shoppings reabriram e eu achei meio sem noção e eu também achei o governo burro por conta disso. E mesmo eu achando tudo isto eu fui para lá comprar algumas coisas, o que eu achei muito egoísmo da minha parte, pois milhares de pessoas no Brasil estão lutando por suas vidas(contra o vírus ou o desemprego) e eu simplesmente fui ao shopping me divertir. Eu fiquei feliz e triste ao mesmo tempo por ter ido ao shopping, porque eu também pensei, se reabriram é para irem, não estou certo? Hoje foi uma mistura de emoções, eu refleti bastante também. Para falar a verdade e por todos, EU NÃO AGUENTO MAIS ISTO.
Por Giulia Trasatti
Querido Diário,
Cada dia é igual, mesmas funções e mesmo roteiro. Hoje, acordei diferente de todos
os dias, com uma sensação de que cada vez mais meu quarto estivesse me encolhendo, aproximando-se cada vez mais de mim. Antes dias passavam rápido, agora demoram uma eternidade, já foram 95 dias engaiolados em um mesmo quadrado.
Me faço todos dias uma mesma pergunta, quando vou voltar a viver? Pois bem, viva estou, respirando, comendo mas vivendo, estou longe disso. Infelizmente eu sei que este meu desejo de voltar a vida vai demorar, e apesar de querer viver, todos os dias me assusto com a quantidade de pessoas que se foram por conta desse epidemia. O Brasil carrega nas costas o segundo país com mais mortes do mundo, talvez esteja sendo ingrata por saber que entre essas milhões de morte estou bem e apenas querendo sair, voltar para escola, estudar....
Saudade é uma palavra que cada vez mais está no meu repertório, ela me fez refletir sobre o quão eu não dava valor para momentos comuns, encontros com amigos, colégio e almoços em família. Uma lição certamente levei dessa epidemia, como cada momento é especial, como cada abraço é importante e que como o tempo é curto e nunca sabemos como tudo isso pode acabar. Apesar de estarmos sofrendo, a natureza vem agradecendo cada vez mais e isso me alegra. Um desejo agora? Quero que tudo isso acabe e que todos terminem bem, voltando a como era.
Camila Cerresi
Querido Diário, os dias têm sido difíceis ultimamente...
Se eu tivesse escrito sobre os dias que se seguiram até agora, provavelmente as páginas seriam todas iguais. Eu teria dito que as noites agora são frias e longas enquanto de dia o sol brilha fortemente, mas infelizmente só posso aproveitá-lo da varanda de meu quarto. Teria dito que os dias agora passam rápido já que estou sem meus amigos para aproveitá-los, diria ainda que as vezes de manhã não tenho vontade de sair da cama pois posso fazer as aulas online nela mesma.
Mas hoje é uma página diferente. Hoje eu acordei com a esperança de um dia melhor, por isso comecei me concentrando nas coisas pequenas, as coisas que realmente importam para que mantenhamos uma boa saúde mental nessa pandemia que no deixa tão para baixo. Levantei da cama, coloquei um música animada, mas de fundo ainda dava para ouvir o canto dos pássaros que voavam ao redor de meu prédio. Aguei minhas plantas, brinquei com minhas cachorras, toquei violão, liguei para minha família e amigos, abracei meus pais e por fim fiz minhas lições.
Hoje o dia passou o tempo que tinha que passar, nem muito rápido nem muito lento, até esqueci sobre o COVID-19. Sobre as noites longas e os dias entediantes, tudo porque eu antes não prestava atenção nessas pequenas coisas, nas coisas que me fazem felizes, e isso faz toda a diferença. Olhando para trás fico pensando que se eu tivesse encarado todos os outros dias dessa mesma forma otimista, talvez esse seria um diário diferente pois sempre que focamos em coisas boas, mesmo que simples, o dia parece melhorar e acho que esse é o segredo para ter dias cada vez melhores.
Hoje foi um dia bom e espero que os próximos também sejam, me sinto bem por ter deixado o medo e a tristeza de lado e ter me focado na esperança de dias melhores.
Marcela Palomares
19/06/2020
Querido diário,
Nunca me senti tão presa,desconfortável, e triste em minha vida toda, não poder sair, e não ter o toque, o contato de quem amamos é difícil,agora nessa quarentena, nesse isolamento social, comecei a perceber uma grande importância no toque de quem amamos, todos nós precisamos do contato de amigos, namorados, amigas, familiares tanto quanto do ar que precisamos para respirar. Isso é algo novo para mim e para todos ainda,nunca passamos por uma, mesmo já tendo se passado 3 meses., Sim temos o celular, ligação de vídeo, WhatsApp, entre outros, mas não chega nem perto de como é ver, sentir, tocar, abraçar a pessoa que você está com tantas saudades, minha amiga estava muito triste esses dias, fui perguntar o por que e se poderia ajudar de alguma forma, ela medisse que sua avó havia morrido, e que eles não tiveram a oportunidade de vê-la antes de ela partir, pois como ela é uma senhora ela está nas situações de risco, e é muito perigoso contato deles com ela, o que é muito triste, o que eu estou tentando trazer aqui é uma reflexão da importância do contato humano, que é algo que em dias normais, nós não nos importamos muito, mas hoje, nessa situação em que estamos nós começamos a perceber a importância do toque de quem amamos.
fonte da imagem: https://pt.dreamstime.com/linha-cont%C3%ADnua-ilustra%C3%A7%C3%A3o-da-depress%C3%A3o-triste-do-sentimento-pessoa-desenho-arte-masculino-desespero-homem-branco-esfor%C3%A7o-image140760923
por Valentina Zani
Sábado, 16 de maio de 2020.
D, meu querido diário, hoje marca o começo do segundo mês desde que se iniciou o isolamento social. Até hoje fico pensando no último momento que estava com minha Maria, minha filha e Dora, minha mulher, nem imaginando que, de um dia para outro, não as veria por muito tempo.
A cada dia, a dúvida se tudo voltará a ser o que era antes me consume. Será que vamos poder sair novamente sem demasiadas restrições? Vamos poder cumprimentar outras pessoas sem utilizar uma máscara, ou até mesmo passar álcool gel logo após um abraço? Apesar de cada um possuir uma opinião, a resposta final sempre acaba em um “não sei”.
Acordei quando ainda não era dia. Dora, minha mulher ainda se encontra no hospital e eu, me sentindo impotente diante a tamanha situação. O café, com gosto de disposição, que tanto gostava de tomar, agora não se passa de uma necessidade para seguir meu dia. Meu doce pão, não tem mais gosto. Os pássaros que sempre me faziam companhia pelas manhãs, também me deixaram. Levantar da cama se torna cada vez mais difícil.
Liguei para ter notícias de Dora, mas os médicos não pareciam otimistas. Diziam que seu corpo não estava conseguindo suportar o tal Covid-19, o qual, lentamente, vinha tirando a felicidade e razão de viver de cada um. Desesperado, liguei para minha filha. Apesar do nó em meu peito, consegui contar tudo que o profissional me falou da situação de sua mãe. Maria logo foi ao hospital e, desde então, não recebi mais notícias. Nervoso, nem a TV me prendeu mais. Não tenho mais cabeça para, a cada vez que apertar o botão do controle, uma avalanche de ruins notícias cair sobre todos nós.
Peguei meu livro de palavras cruzadas e sentei em meu gelado sofá, mas, antes mesmo de colocar uma letra, as linhas já estavam cobertas por lágrimas. Um sentimento desesperador me possuiu, palavras são insuficientes para descrevê-lo. Eu não sei mais o que se passa dentro de mim, tudo está tão mudado... Minha vida virou de ponta cabeça quando menos esperava. Meu país repentinamente chegou a uma trágica situação que se mostra cada vez mais complicada. O que fiz para merecer isso? Minha mulher se encontra há três semanas hospitalizada e minha filha, além já ter sua própria vida, está me ajudando a lidar com toda situação. A cada dia a esperança de acordar e tudo isso passar, está cada vez menor.
No fim dessa tarde, o telefone tocou. Cada toque se torna uma programação em meu dia, até mesmo quando são apenas para propagandas e ofertas novas de planos celulares. Mas, senti aquele de uma maneira diferente em meu coração. Vi que era o número de Maria. Atendi o mais depressa possível. Após eu perguntar se algo havia ocorrido, o silêncio cortou meu coração. Seu suspiro me disse tudo, senti a notícia dentro de mim. Desesperado, implorei para me dizer algo e, ela disse exatamente o que pensava. Sim, Dora faleceu.
Mesmo esperando a notícia, nunca senti algo de tal maneira. Meu chão desabou, não sabia o que fazer. Apesar dos gentis consolos de minha filha, ela também estava em condições desprezíveis. Nosso maior bem, agora não era mais nosso. Não sei como minha vida será agora em diante. Não sei como e nem quando vou sorrir novamente. Como posso seguir minha vida contando os dias, sem saber quantos dias contar? Não sou mais nada. As lágrimas agora me pertencem.
Link imagem: https://www.casaderepousoemfamilia.com.br/noticias/crimes-e-fraudes-que-os-idosos-mais-sofrem/
por Maria Eduarda Prata
19/06/2020
Querido diário,
Mais um dia 24 de abril e não consigo deixar de relutar o que teria sido de minha vida sem ter me separado de Cristina. Hoje teríamos completado trinta e um anos de casado e, mesmo ambos sabendo que tomamos a decisão certa, sempre sentimos o mesmo aperto no peito em nossas datas comemorativas. A saudade tomou conta do meu corpo, o isolamento tem tornado tudo mais difícil, o fato de não poder ver meus filhos e netos tem me entristecido cada vez mais. Mesmo com as brigas e discussões, saber que poderia contar com Cristina me confortava de alguma maneira, e agora sinto que restou apenas um vazio que costumava ser preenchido por seu carinho. Enquanto antes acordava e comia um pedaço de seu bolo de laranja, dava um beijo em seus corados lábios e ia ao trabalho, hoje me encontro em um período de estagnação no qual em razão do COVID-19; acordo e não faço nada.
Minha rotina virou monótona, tudo ao meu entorno está cinza, o sol não brilha mais como costumava, o café não tem mais o cheiro do acordar e os passarinhos o som da alegria; tudo se tornou triste. No momento olhar o movimento inexistente das ruas passou a ser o ápice de meu dia, a não ser quando sou presenteado com a disposição para varrer o meu quarto. A pandemia apenas agravou os meus problemas, as contas e boletos só me parecem mais caras, a simples tarefa de ir ao supermercado, se tornou um motivo de guerra e o que antes era um agradável almoço de domingo se tornou o meu maior medo.
Limpando, encontrei o álbum de infância dos meus filhos e por um momento conseguir mergulhar em um universo no qual transbordávamos alegria e a víamos mais simples coisas. Não consigo me lembrar da última vez que sorri de verdade, espontaneamente.Tentei ser positivo e procurar pela felicidade, mas não a encontro mais, ela vive dentro da risada de meu neto, nos olhos da minha filha, no coração de Cristina e nas conversas com meus amigos. Me questiono todos os dias escrevendo as minhas inquietações, mas estou cansado de pensar que verei as quatro estações se passarem sem poder sair, ir à praia, andar pelo bosque e sentir a leve brisa tocar minha alma. A cada dia uma nova insegurança e incerteza preenche o buraco que a saudade vem criando, porém sempre há o mesmo questionamento: Como isolamento me fez perder aquilo que sempre achei que teria ao meu lado.