Turma 04 09/11/20 - 26/11/20
Observação: a redação dos textos explicativos foi mantida como no original, realizada pelos autores.
Observação: a redação dos textos explicativos foi mantida como no original, realizada pelos autores.
Ana Luisa Miki Morizaki
Tema: Violência Obstétrica
A Violência Obstétrica é quando o corpo ou os desejos da parturiente não são respeitados, podem ocorrer de forma física, psicológica, verbal ou sexual. Meu objetivo com esses cartazes é trazer à tona uma discussão sobre esse tema tão subliminar e de extrema urgência. Onde a informação é o melhor enxoval.
Julio Teodoro da Costa
Tema: Saúde / HIV
Caderno 1 - O medo do HIV
Com o desenvolvimentos dos encontros do confronta, bem como com meus interesses pessoais, apareceu a vontade e a oportunidade de voltar minha atenção para a temática da saúde, em especial a questão do HIV e AIDS, que mesmo com diversos avanços nos últimos anos em relação a tratamentos e prevenção, pessoas vivendo com o vírus ainda sofrem discriminações e preconceitos devido a falta de informação e conhecimento que podem embasar preconceitos. Este projeto surge dessa vontade de trabalhar em relação a alguns imaginários referentes a estes assuntos.
Susan Sontag, em um texto publicado em 1988, cujo nome é “A AIDS e suas metaforas”, explora os usos sociais de metáforas e de discursos relacionados à vida social. Em diálogo com este texto, me motivei a produzir uma série de cadernos que de alguma maneira colocasse algumas destas metáforas em elementos da construção do objeto, como a capa, a folha de rosto, a lombada, a costura, entre outros. A escolha de produzir um caderno evidencia o caráter biográfico que a convivência sobre estes assuntos pode trazer. No caderno anotamos ideias, reflexões, anotamos coisas pessoais, colocamos um pouco de nós nele.
Assim, a capa do caderno é feita utilizando jeans, um tecido bastante utilizado por pessoas mais jovens, e que é mais estruturado e firme, além de possuir textura bem evidente. Neste Jeans são inseridos elementos metálicos, como alfinetes, agulhas de seringas, berloques de bijuteria, que juntos formam uma figura circular, remetendo à estrutura visual do vírus. Tons de vermelho, marrom e preto também são aplicados na capa,utilizando tinta de tecido e giz pastel oleoso, cuja textura e cor acaba passando para as mãos depois de algum tempo, remetendo ao medo, receio e preconceito.
A folha de guarda trás uma colagem que também se remete a algumas metáforas ressaltadas por Sontag em seu texto, como as ligadas a militarização: “Vamos lutar e combater esse vírus invasor que destrói lentamente o organismo”, bem como com animais traiçoeiros e peçonhentos, que apenas aguardariam para dar o bote e contaminar suas vítimas, e da religião, com a figura de um demônio que assiste tudo estando presente, trazendo o castigo e punição de comportamentos indevidos. Susan crítica estas metáforas, justamente por servirem como base de argumentos que acabam oprimindo algumas parcelas da população.
Este seria o primeiro de uma série de três cadernos, que se relacionam entre si pelas diferentes abordagens da temática. Este abordando a questão do medo e do estigma, um segundo que se volta para as questões da epidemia discursiva que surge durante a década de 80 e 90, explorada por João Silvério Trevisan, onde o conflito de diversos discursos sobre a doenças, alguns utilizados para oprimir e outros utilizados para trazer novas visões sobre a epidemia, provenientes dos campos das artes visuais, do teatro e da música, e das ciências, e o último, que se volta para a questão de que o HIV é um assunto de todos, e que hoje em dia viver com o vírus pode ser algo rotineiro, e não um bicho de sete cabeças.
Para terminar, utilizo uma frase da Sontag que representa muito bem a motivação deste projeto: “No momento, muita coisa, em termos de experiência individual e política social, depende da disputa pela propriedade retórica da doença: do modo como ela é possuída, assimilada, nas argumentações e nos clichês” (A AIDS e suas metáforas, 1988, p.87).