MURAL ON-LINE DE PROJETOS DO 4º CONECTA LEITORES
A PRONÚNCIA E A ABORDAGEM INTERCULTURAL EM LIVROS DIDÁTICOS DE PORTUGÊS PARA HISPANO-FALANTES
Arthur Moura Vargens
Estudo sobre o papel da pronúncia na abordagem intercultural para o ensino-aprendizagem de línguas, com análise de caso em livros didáticos de português como língua estrangeira/adicional. Com base nas características da abordagem intercultural propostas por Mendes (2008) e nas perspectivas do ensino de pronúncia voltado para a interação dispostas por Alves (2015) e Alves et al. (2018), parte-se, aqui, do pressuposto de que a pronúncia pode exercer dois papéis fundamentais na abordagem intercultural: (i) produção de inteligibilidade, como parte do construto da interação, que se estabelece com a contextualização; (ii) conscientização da variação linguística, como parte do construto da pluralidade. A partir desses pressupostos, toma-se, para análise de caso, o primeiro volume da primeira edição de 3 (três) livros didáticos: 1. “Um português bem brasileiro” (Hirst e Estevan, 1998); 2. “Brasil Intercultural” (Moreira et al., 2013); 3. “#QueremosFalarPortuguês” (Penino et al., 2022), livros publicados em épocas distintas e que têm em comum o português brasileiro como língua-alvo e falantes do espanhol rioplatense como público-alvo. Esta análise busca responder às seguintes indagações: (a) Que tópicos de pronúncia são abordados nesses livros? (b) Quais variedades são retratadas nesses tópicos e de que modo? (c) A pronúncia está incluída nas temáticas abordadas nas unidades? (d) A pronúncia é tomada e retomada em atividades de compreensão e produção? Essas questões são respondidas conforme atividades de pronúncia identificadas ao longo dos livros, frente à proposta metodológica de cada livro e às especificidades do público-alvo. A partir dessas respostas, pode-se traçar, preliminarmente, possíveis realocações do papel da pronúncia nos livros didáticos de português para hispano-falantes e, consequentemente, no seu ensino, ao longo dos anos. Por exemplo: (a) pronúncia das sibilantes. Quanto a este tópico, temos: (b) Apenas as variantes padrão são apresentadas, ignorando-se as variantes sociolinguísticas, especialmente em posição de coda. (c) No primeiro livro, o tópico é abordado à parte; nos demais, extraído da temática; (d) Em geral, o tópico é abordado por meio audição, reconhecimento ortográfico e transcrição; apenas nos segundo e terceiro livros, com texto escrito e oral; apenas no segundo, há prática; não há retomadas. Com esse e outros exemplos, até aqui, foi possível identificar uma gradativa contextualização da pronúncia, que paulatinamente, passa de tratamento isolado a tratamento contextualizado, inserindo-se, assim, como parte da interação. Já o tratamento da variação linguística, tende, ainda, a ser homogeneizador, com pouca ou nenhuma abordagem da pluralidade de pronúncias da língua.
Palavras-chave: Língua estrangeira. Segunda língua. Hispano-falantes. Livros didáticos. Pronúncia.
Vídeo explicativo: Apresentação
PROJETO LITERATURAS E INTERCULTURALIDADES EM PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL (PLA): LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS DE LITERATURA ORAL NA DISCIPLINA DE LITERATURA BRASILEIRA, NA UNIVERSIDADE NACIONAL TIMOR LOROSA’E – TIMOR-LESTE
Érica Marciano de Oliveira
O Projeto Literaturas e Interculturalidades em Português como Língua Adicional (PLA) objetiva investigar as semelhanças literárias entre Brasil e Timor-Leste, por meio de Literaturas Orais desses dois países na disciplina de Literatura Brasileira, ministrada para duas turmas (um total de 82 alunos) do curso de Licenciatura em Ensino de Língua Portuguesa, na Faculdade de Educação, Artes e Humanidades (FEAH), da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL). Com base na leitura de contos da Literatura Indígena, como os de Daniel Munduruku, por exemplo; de contos da Literatura Afro-brasileira, como os de Mestre Didi, por exemplo; e de contos orais da Cultura Timorense – histórias de diferentes distritos de Timor-Leste registrados por alunos timorenses e organizados pelas professoras Cavalcante e Cunha (2018), em uma edição bilíngue (português/tétum) “Histórias da minha origem/ Ai-Knanoik host ha’u nia hum” –, os estudantes da disciplina fizeram leituras e interpretações de textos, conheceram um pouco das culturas indígenas e afro-brasileiras, e realizaram comparações entre as narrativas dos dois países; a partir dessa experiência, produziram textos nas línguas locais e traduziram para o português. Os textos foram revisados, reescritos e serão digitados para serem disponibilizados de modo online.
Palavras-chave: Literaturas orais. Interculturalidades. Línguas. Culturas. Identidades.
Vídeo explicativo: Apresentação
PRÁTICAS DE LETRAMENTO ANTIRRACISTA COM A LITERATURA DE CORDEL PARA ALUNOS DO PEC-G DA UFRJ
Jéssica Caroline Pessoa dos Santos
O presente pôster terá como objetivo apresentar como a literatura de cordel foi apresentada aos alunos do Pec-G do Setor de Letras da UFRJ. O mencionado programa foi criado em 1965 pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Ministério de Relações Exteriores (MRE) com o propósito de oferecer a estudantes de países em desenvolvimento a oportunidade de cursar gratuitamente uma graduação no Brasil. Além de comprovar seu próprio custeio econômico, os alunos, no final do ano, devem ser aprovados no exame Celpe-Bras. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) o programa atrai anualmente diversos estudantes, principalmente vindos de países africanos, como o Gabão, Gana, Benin, Congo, entre outros. E como oferecê-los um ensino comprometido com a erradicação do racismo em um país tão racista como o Brasil? A apresentação visa expor como a literatura de cordel foi apresentada para estes alunos depois da leitura de bibliografias de personalidades negras. A atividade contou com a exposição cultural da festa junina, a leitura crítica dos livros bibliográficos de personalidades negras brasileiras publicados pela editora Mostarda e, por fim, a construção, a partir desta leitura, do gênero “literatura de cordel”. Com o intuito de poder apresentar brasileiros importantes como Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus, Os irmãos Rebouças, Milton Santos, dentre outros, e compará-los com figuras ilustres dos respectivos países de origem dos alunos. A atividade contou com uma metodologia de base qualitativa pautada nos estudos de Linguística Aplicada. Como base teórica usamos a noção de gêneros discursivos de Bakhtin (1992), o uso do cordel em sala de aula de Moreira (2018) e o letramento racial crítico de Ferreira (2019), a fim de promover uma aula intercultural, antirracista e reflexiva.
Palavras-chave: Letramento antirracista. Literatura de cordel. Pec-G.
Vídeo explicativo: Apresentação
O LIVRO “VARAL DE POEMAS”: PROJETO DIDÁTICO DESENVOLVIDO COM OS ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
Jovania Maria Perin dos Santos
A principal finalidade deste poster é compartilhar a experiência vivenciada na Universidade de São Tomé e Príncipe (USTP), com a participação das leitoras brasileira e portuguesa, que culminou na publicação de um livro chamado de “Varal de poemas”. No poster constarão as etapas de realização, a motivação e os propósitos do projeto, além de alguns resultados obtidos em termos de produção de diferentes gêneros discursivos e em relação ao envolvimento e participação dos alunos. O projeto foi construído em etapas ao longo de quatro meses e esteve envolvido em comemorações de datas especiais como o dia da poesia, dia da língua portuguesa e dia da África. O propósito metodológico para a sua realização foi envolver os alunos num plano que visava a aprendizagem significativa de acordo com a Pedagogia de Projetos, segundo Braga et al (2020), Ventura (2002). Para isso, conectávamos a todo momento reflexões teóricas e atividades práticas de produção de diversos textos, como: poesia, cartazes, posts, livro (e-book e impresso), convites, declamação de poemas, apresentação de evento e participação em entrevista televisiva, além da revisão de textos e reflexão e adequação gramaticais. Tal metodologia diferencia-se do ensino tradicional, muito frequente em nossa universidade, centrado no professor, na memorização de conceitos teóricos e na avaliação em formato de testagem e não de resultados obtidos processualmente. A proposta foi realizada com algum estranhamento por parte dos estudantes em determinados momentos, pois não estavam habituados sobretudo em desenvolver textos e tarefas em grupo com finalidades práticas, porém ficaram muito satisfeitos e surpresos quando viram o resultado obtido com a publicação do livro e com as reflexões sobre a prática pedagógica desenvolvida. Embora seja desafiador propor tais projetos, acreditamos ser muito mais significativo oportunizar momentos de aprendizado em que os estudantes tenham que aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a conviver, conforme o relatório Internacional da UNESCO para Educação do Século XXI (1996). Com isso, acreditamos propor e compartilhar práticas inovadoras, considerando a realidade de ensino na instituição, e que, esperamos sejam replicadas nas práticas futuras dos docentes em formação. Como resultado dessa experiência, é possível identificar a importância do trabalho coletivo para se obter resultados mais expressivos. Além disso, vimos que nossos alunos perceberam a importância de práticas como a Pedagogia de Projetos, pois, com isso, saímos do ensino expositivo/normativo e nos direcionamos para o ensino voltado à produção de atividades práticas inseridas em contextos reais com fins reflexivos e educativos.
Palavras-chave: Pedagogia de Projetos. Formação de professores. Gêneros discursivos. Atuação de professores leitores.
Vídeo explicativo: Apresentação
TELETANDEM E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS: UMA PARCERIA ENTRE UNIVERSIDADES SUL-AMERICANAS
Marcela Dezotti Cândido
Natássia D'Agostin Alano
Fernanda Tamarozi de Oliveira
O Projeto Teletandem (Telles, 2015) é um espaço de comunicação intercultural que, por meio da tecnologia mediada por computador, pode propiciar uma aprendizagem em língua estrangeira e, ao mesmo tempo, possibilitar o intercâmbio de conhecimentos, uma vez que é realizado entre participantes oriundos de países cuja língua oficial difere entre si. Nesta perspectiva, este trabalho visa apresentar o Teletandem, sua implementação nas universidades sul-americanas – Universidad Nacional Tres de Febrero (UNTREF), na Argentina, a Universidad de la República (UDELAR), no Uruguai, e a Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), no Brasil –, bem como socializar as contribuições deste Projeto para o ensino e aprendizagem de língua portuguesa e espanhola, no que respeita a experiência de 28 participantes, discentes de línguas das três universidades mencionadas, os quais tinham o interesse em aprofundar o conhecimento em espanhol e português. Para tanto, nosso propósito é compartilhar a experiência com o Teletandem, levando em conta as compreensões e análises das três mediadoras, presentes nos três países, em vias a refletir sobre como o Projeto Teletandem tem contribuído para a ampliação do repertório linguístico e cultural desses sujeitos participantes. Essas compreensões têm por base as seis reuniões on-line de mediações realizadas no âmbito do Projeto, em interação com os participantes, os quais manifestaram seus desafios e impressões sobre suas participações, bem como as respostas de dois questionários abertos, elaborados em Google forms. Com base nas interações e respostas desses questionários, pudemos observar que o Teletandem – projeto autônomo e colaborativo –, caracteriza-se como espaço profícuo para o processo de ensino e aprendizagem dos idiomas português e espanhol e, por implicação, das culturas argentina, brasileira e uruguaia. Além disso, essas ações de internacionalização têm permitido aos estudantes, docentes e agentes universitários das instituições envolvidas ultrapassarem as barreiras geográficas, principalmente no que respeita a estudantes que, por diferentes razões, não podem realizar um intercâmbio na modalidade presencial.
Palavras-chave: Ensino e aprendizagem de língua. Internacionalização. Teletandem.
Vídeo explicativo: Apresentação
ENSINO DE PLE/PLA PARA FINS ESPECÍFICOS: PREPARAÇÃO DE ALUNAS DE TERAPIA OCUPACIONAL PARA INTERAÇÕES NO SUS
Maria Fernanda Andrade e Silva
Beatriz Murari
Ana Laura Marques
O ensino de português como língua adicional (PLA) está compreendido em diversos universos, cujo propósito se centra na aquisição da língua portuguesa por meio de diferentes métodos. Dito isso, este trabalho se enfoca na prática do ensino de PLA para fins específicos, tendo como base a experiência de duas graduandas em Letras — Licenciatura em Português da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O objetivo deste pôster é apresentar um conjunto de discussões preliminares acerca da experiência de ensino de português como língua adicional para estudantes de Terapia Ocupacional (TO) estadunidenses, prévio à sua chegada ao Brasil para realizar um estágio no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2024/1. Para isso, apresentamos o contexto e as variáveis que estiveram presentes no processo de ensino e aprendizagem do português para as referidas alunas. Em uma parceria entre a University of Kansas e a Universidade Federal de Minas Gerais, estabeleceu-se a modalidade de encontros virtuais organizados em conteúdos que relacionavam a língua com materiais multissemióticos, criando um espaço disciplinar de reflexão e conexões adaptadas às necessidades das estudantes. A elaboração deste conteúdo foi realizada à luz de discussões teóricas sobre ensino de línguas para propósitos específicos (Hutchinson e Waters, 1987; Albuquerque, 2022), e os resultados foram interpretados por meio das teorias de aquisição de segunda língua propostas por Mendes (2011), que consideram o desenvolvimento da competência intercultural no aprendizado de língua estrangeira e discorrem sobre a formação docente em PLA. Com base nas reflexões apresentadas, foi possível observar e avaliar positivamente as experiências iniciais de aprendizagem do português das estudantes, apesar da limitação dos encontros. Os dados analisados foram o tempo disponibilizado pelas estudantes para a realização das aulas, em comparação ao tempo que seria necessário para adquirir habilidades de nível A1 na língua portuguesa, conforme o Quadro Europeu Comum de Referência. Além disso, em nossos encontros virtuais, notamos aspectos que influenciaram o aprendizado das estudantes. Nomeamos essas questões como “variáveis”, sendo elas: falta de prática, a L2 sendo o espanhol, uso do inglês como língua de intermédio, etc., o que acarretou reflexões que mostram como o aprendizado da língua é um processo subjetivo, dependente da interação que cada estudante constrói com os conteúdos, com o idioma e com seus conhecimentos prévios. Nossa experiência inicial na formação como docentes de PLA permitiu o desenvolvimento de habilidades para a prática docente. Sendo possível aprimorar competências como planejamento de aulas e adaptação de materiais didáticos.
Palavras-chave: Ensino de português como língua adicional. Terapia ocupacional. PLA para fins específicos.
Vídeo explicativo: Apresentação
COMPETÊNCIA LEITORA X ENSINO DE LITERATURA NAS AULAS DE PLE
Vanessa Daniele de Moraes
A prática da leitura, mesmo em língua materna, não é algo recorrente, em geral, ao público que frequenta as aulas de português como língua estrangeira no Instituto Politécnico Nacional (IPN) – México. A faixa etária dos alunos é bem variada – de 18 em diante, sendo vários os que resolvem aprender o idioma numa idade mais avançada. A maioria dos alunos, no entanto, são provenientes dos cursos de Engenharia que o IPN oferece. Lidar com a inserção da literatura, então, torna-se uma tarefa árdua, mas também muito gratificante. Com base no pensamento de Noam Chomsky (2006), aplicamos atividades que valorizem a criatividade e autonomia, de modo que os alunos desenvolvam um senso crítico e independente na aprendizagem. O intuito, então, é acrescentar novos comhecimentos a partir da bagagem cultural já trazida pelos estudantes. Diante de um quadro de competência leitora deficiente, além de um formato que valoriza muito mais as respostas automatizadas e mecânicas nos exames da instituição, é preciso reinventar e inserir a literatura e a narração oral nas brechas de cada atividade, de cada aula ou recomendações extras. Os resultados chegam aos poucos, mas são notórios, sim, inclusive aparecendo nas enquetes avaliativas ao final do curso.
Palavras-chave: Competência leitora. PLE. Ensino de literatura.
Vídeo explicativo: Apresentação