A pandemia do coronavírus em 2020 desestabilizou a rotina da universidade. Com a disseminação do vírus no Brasil e no Espírito Santo, no mês de março, a universidade realizou a suspensão das atividades presenciais da Ufes, dos cursos de graduação, pós- graduação, dos grupos de pesquisas. Tudo parou presencialmente, exceto as atividades consideradas essenciais (infraestrutura, comunicação, gestão, apoio a estudantes e servidores e às comunidades na luta contra a pandemia, entre outras).
A universidade criou um plano de contingência e um plano de biossegurança para atravessar a pandemia e manter-se presente na sociedade, contribuindo para superar aquele momento difícil. Somente em agosto de 2022, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UFES, aprovou a volta das atividades acadêmicas no modelo Ensino-Aprendizagem Remoto Temporário e Emergencial (Earte) para a graduação e pós-graduação.
O período de ensino remoto foi um desafio tanto para os professores quanto para os estudantes. Segundo o professor, Fábio Goveia, ensinar no remoto foi uma adaptação e envolveu algumas dificuldades. Ele comentou que se “para os alunos foi [um momento] muito traumático, para os professores também foi difícil. Teve vários níveis de dificuldade, como a tecnológica, pois alguns professores usavam métodos mais tradicionais de ensino e, de repente, precisou se adaptar a uma nova tecnologia para conversar com pessoas remotamente. Isso foi muito impactante.” Mesmo a universidade funcionando num modelo de ensino remoto, um sistema diferente, imposto por uma situação de calamidade mundial, os grupos de pesquisa continuaram se desenvolvendo dentro da comunicação.
O estudante de jornalismo, Leonardo Miranda, contou que participou do Grupo de Estudo em Ficção Seriada (Gefics). Durante a pandemia eram realizados encontros semanais em que se debatia as leituras sobre o tema. Ele lembrou que sua participação no grupo resultou na produção de um artigo e na ampliação do seu conhecimento. Fazer parte de um grupo de pesquisa foi muito agregador na sua formação, porque dá uma bagagem de interpretação e de escrita que você leva para o resto da sua vida e tem muito peso no seu currículo, para você poder futuramente ingressar num mestrado ou num doutorado.”
O grupo de pesquisa Ateliê de Sonoridades Urbanas, coordenado pelo professor Pedro Marra, continuou funcionando no sistema remoto. Ele desenvolvia uma pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES), sobre sonoridades urbanas e seu papel na conformação de circuitos comunicacionais e territórios nesses espaços. Marra destacou que durante aquele momento precisou adaptar a pesquisa e incentivou, dentro das disciplinas no modo Earte, o engajamento dos seus alunos no grupo de pesquisa. “Eu comecei a desenvolver uma atividade na disciplina, que previa a gravação, pelos estudantes, de sons que marcaram aquele momento da pandemia para eles. Eu mantive a pesquisa com dificuldades, mas adaptando para a realidade do momento da pandemia.” completou.
A universidade e a construção de conhecimento resistiram e persistiram frente ao período complexo imposto pela pandemia do coronavírus, vivenciado pela população. A pesquisa atravessou quase que todos os 50 anos de comunicação na UFES, provando ser indispensável para a construção de conhecimento e entendimento da realidade para a nossa sociedade.