Definição de Counseling pela 20/20 (reunião de Associações de Counseling Americanas)

De acordo com "20/20: Uma Visão para o Futuro do Counseling", os delegados compostos por 31 organizações de Counseling  concordaram com uma definição unificada da Consultoria Psicológica:

"O Counseling é um relacionamento profissional que capacita diversos indivíduos, famílias e grupos para atingir metas de saúde mental, bem-estar, educação e carreira".

A reunião foi promovida pela ACA (American Counselors Association) e a American Association of State Counseling Boards.

Trabalhou-se em conjunto de 2005 a 2013 para promover as necessidades dos Counselors profissionais, focados no avanço do Counseling  e nas ações de planejamento estratégico da profissão.

A definição foi então submetida aos líderes das organizações participantes e aprovada por 29 das organizações. Detalhes no artigo do Journal of Counseling & Development de julho de 2014 de David M. Kaplan, Vilia M. Tarvydas & Samuel T. Gladding (em inglês):

2020-jcd-article (1).pdf

DEFININDO O COUNSELING (CONSULTORIA PSICOLÓGICA)

Do livro “Learning to Counsel” de Jan Sutton & William Stewart

O Counseling, muitas vezes descrito como “terapia pela fala”, é um processo com o objetivo de fornecer aos clientes tempo e espaço para explorar seus problemas, entende-los e resolvê-los ou chegar a um acordo com  eles, num ambiente confidencial.

O Royal College of Psychiatrists (2006a) define counseling simplesmente como “um tipo de psicoterapia que ajuda as pessoas a lidar e resolver seus problemas e trabalhar com seus sentimentos”.

Eles descrevem um counselor (2006b) como “alguém que usa 'counseling' para resolver os problemas das pessoas ou planejar o futuro e que pode trabalhar com pacientes individuais, em pares ou grupos”.

As definições do dicionário geralmente definem counseling como dar conselho ou orientação. O quadro a seguir distingue entre aconselhamento, orientação e consultoria psicológica (counseling).

Para lançar as bases para a construção de uma relação de confiança, os counselors deverão

Através do processo de counseling, os clientes são ajudados a:

Para que o counseling seja uma experiência fortalecedora, o cliente deve ser automotivado e comprometido com a mudança.

Traduzido por © Cláudio Menéndez 

OMS - Apostila de prevenção do suicidio para counselors

Suicidio OMS.pdf

Consultoria: uma escuta profissional

A maior das virtudes do bom consultor é a capacidade de ESCUTA. É também a nossa principal ferramenta. Nossa base filosófica humanista nos ensina que a identidade é produto do relacionamento com o outro, e isso indica a importância da comunicação, o ato de se relacionar por meio dos sentidos à distancia: voz, ouvido e vista.  E, deixando acontecer a iniciativa do diálogo na pessoa do consultante, escutamos criando uma atmosfera de confiança e praticando as atitudes que o nosso mestre Carl Rogers marcou na ACP (Abordagem Centrada na Pessoa): autenticidade, empatia e aceitação incondicional.

Quando a autenticidade é combinada com empatia e aceitação incondicional positiva, as pessoas têm a oportunidade de obter clareza sobre seus próprios processos, ouvindo suas experiências genuínas em um ambiente de compreensão e cuidado.

A ARTE DE SABER OUVIR    

“Para saber falar é preciso saber escutar”

                                       Plutarco, filósofo grego

Certa vez, perguntei a um grande psiquiatra que acabara de fazer uma palestra magnífica para um grande público: “a sua profissão é uma das mais difíceis, como você consegue atender, em um só dia, pacientes com casos tão diferentes, destoantes e esquisitos, sem perder a capacidade de análise e organização do pensamento?”. Ele respondeu, com a segurança e a sabedoria de muitos anos de experiência: “escutando, apenas escutando. Sabendo ouvir, somos capazes de resolver grandes problemas, curar neuroses e remover muitos traumas de infância”. O próprio paciente encontra sua cura.

Saber ouvir exige quase sempre um esforço reeducativo, pois somos muito mais condicionados a falar e só ouvir o que julgamos ser do nosso interesse. No entanto, tão importante quanto “saber falar” é “saber ouvir”.  Aliás, é fundamental “saber ouvir” para “saber falar”.

Pesquisas realizadas nos EUA, por instituto ligado às universidades de Administração, demonstram que, em média, o tempo de trabalho de um profissional em uma empresa de médio a grande porte é dividido da seguinte forma:

VAMOS OUVIR MELHOR

Quando ouvimos atentamente uma pessoa, estamos na verdade ouvindo duas partes distintas de sua mensagem.

 Em primeiro lugar, estamos prestando atenção nas palavras, isto é, no conteúdo da mensagem.

 Em segundo lugar, estamos prestando atenção no sentido que há por trás das palavras;  do tom de voz e da linguagem corporal.  Em outras palavras, estamos ouvindo também o significado da mensagem.

Ouvir corretamente é:

FATORES QUE AJUDAM O ATO DE OUVIR:

Extraído de "Comunicação sem complicação" - Gustavo Gomes de Matos - Elsiever, 2004

CONSULTORIA ORGANIZACIONAL

O consultor atua dentro das organizações promovendo uma melhor comunicação entre seus membros, levando em consideração o cargo que nelas ocupam. Procura facilitar uma maior fluidez no diálogo e criar climas ótimos que ajudem as relações humanas, tanto a nível pessoal como comunitário.

O consultor é um adequado catalisador entre as partes que interagem, facilitando o desenvolvimento tanto de seus membros quanto da instituição. Qualquer componente da estrutura está sujeito a consulta.

O consultor nos diferentes campos de ação

Âmbito comunitário

Funciona em hospitais, clínicas, sanatórios, asilos, bairros pobres, populações em risco, etc. Sua tarefa é ser uma porta de entrada para a prevenção de doenças, fornecendo apoio emocional, contenção, informação e counseling a pacientes, familiares, médicos e paramédicos sobre questões relacionadas a doenças crônicas e terminais, câncer, AIDS, esclerose múltipla, etc. Individualmente ou como parte de uma equipe interdisciplinar. 

Os consultores são colaboradores úteis dos médicos especialistas, e outros profissionais das equipas interdisciplinares, cumprindo tarefas de acompanhamento e apoio aos doentes e seus familiares, que necessitam de um espaço de escuta e reflexão. 

Os consultores tratam de questões sobre discriminação, violência familiar, problemas de desemprego, crianças de rua, veteranos de guerra, enraizamento e desenraizamento, entre outras questões. 

Âmbito pastoral

Atua em áreas ou comunidades religiosas, paróquias, templos, grupos catequéticos, centros de apostolado, etc. Utilizando uma metodologia de trabalho que permite a quem consulta, discriminar os problemas de fé daqueles de outra ordem, discernir se recebe a mensagem religiosa de forma adequada à sua natureza, etc. 

Âmbito organizacional interdisciplinário

Propõe a inclusão de consultores em equipes interdisciplinares de forma a aplicar as ferramentas necessárias e assim facilitar a resolução da multiplicidade de conflitos e problemas que surgem nas empresas ou instituições.

Âmbito educacional 

Atuar em instituições de ensino colaborando com os diferentes níveis (professores, pais, diretores, etc.) para estabelecer uma melhor comunicação e apoio desde o emocional-afetivo e cognitivo.

Orientador, coordena grupos de reflexão sobre diversos temas (cuidados com o corpo, sexualidade, transtornos alimentares, vícios, etc.); facilita os processos de orientação profissional.

Pode trabalhar como formador e supervisor do corpo de tutores da instituição; desempenhar o papel de Tutor/Facilitador em aulas ordinárias e/ou em grupos de estudo, laboratório ou investigação realizados pelos alunos.

Desenvolve a área de extensão extra-programática em relação a temas de sua competência.

Atua de forma interdisciplinar com os consultórios psicopedagógicos, psicológicos e fonoaudiológicos. 

Âmbito empresarial

Ver artigo especifico nesta secção

CONSULTORIA EMPRESARIAL

CONSULTORIA EMPRESARIAL

O serviço de consultoria empresarial consiste na atividade exercida por pessoa física ou jurídica independentes e qualificadas para a investigação de problemas que digam respeito a política, procedimento, organização e métodos, recomendando ações e proporcionando auxílio na implementação dessas ações, para que seja estabelecido o modelo mais eficiente de gestão.

A prestação do serviço de consultoria possibilita, portanto, o aprendizado do sistema-cliente, com novas práticas e formas de trabalhar através da interação com o consultor. Entendemos o sistema-cliente como os indivíduos da organização que estão envolvidos diretamente com o processo de intervenção.

O CONSULTOR

Pessoa que está em posição de exercer alguma influência sobre um indivíduo, grupo ou organização, mas não tem o poder direto para produzir mudanças ou programas de implementação. (Block, 2004). 

Podemos entender o consultor como um agente de mudanças, que auxiliam os clientes (organizações) a entender e agir sobre os problemas que lhe afligem.

O consultor deve ser um especialista em processos, não em instrumentos. Capaz de desenvolver comportamentos, atitudes e processos que possibilitem à empresa transacionar interativamente com os diversos fatores do ambiente empresarial. 

CONSULTORIA 

Processo interativo; agente de mudança externo; responsabilidade de auxiliar as pessoas; tomada de decisões; não tem controle direto da situação.

Consultor: aquele a quem é feita a consulta 

Gerente: aquele que tem o controle direto sobre a ação 

Cliente: pessoa ou pessoas com as quais interage, sem exercer o controle direto. 

PROCESSO INTERATIVO 

Processo: conjunto de atividades sequenciais que apresentam uma relação lógica entre si, tendo a finalidade de atender e, preferencialmente, suplantar as expectativas e necessidades dos clientes internos e externos da empresa.

CONSULTOR X GESTOR 

Consultor ---->   Aconselhamento 

Orientação 

Gestor       ----->         Prática 

                                           Decisão 

                                           Controle 

CARACTERÍSTICAS DO CONSULTOR

• Atitude interativa dentro da empresa 

• Atitude racional 

• Conhecimentos sólidos

• Fácil relacionamento com as pessoas

• Diálogo amplo e otimizado 

• Negociador 

• Valores culturais consolidados 

• Interesse pelo negócio da empresa-cliente 

• Ênfase e comprometimento com pessoas

• Clima de confiança 

• Trabalho com erros

• Ética e lealdade

HABILIDADES DO CONSULTOR 

• Voltado para a inovação

• Estabelecimento de prioridades 

• Autocontrole gerencial e estratégico 

• Pensamento estratégico 

• Agente de mudanças

• Intuição, trabalhar com o inesperado 

• Otimismo, segurança 

• Trabalho em equipe 

• Realismo 

• Aspectos qualitativos e quantitativos 

• Responsabilidades 

• Respeito 

• Capacidade de resolver conflitos

• Administração do tempo

CONHECIMENTOS DO CONSULTOR

• Conhecimento técnico (expertise) 

• Conhecimento gerencial 

• Transformar situações através de alternativas 

• Visão de longo e curto prazo

• "Pensar grande‟ 

• Visão generalista, apesar da especialização

• Trabalho em "tempo real‟

• Voltado para as necessidades de mercado

• Raciocínio lógico

• Busca consolidar conhecimentos

• Inteligência empresarial e de relacionamento

• Conhecimentos gerais

• Constante atualização 

ÉTICA

• Termo de confidencialidade 

• Propriedade intelectual 

• Só comentar o que for autorizado 

• Respeito às diferenças (culturais) 

• Situações de conflito 

• Comunicação e descrição perfeita dos serviços 

• Não dirigir ações 

• Suportar pressão (tempo, recursos)

MAIS HABILIDADES DE CONSULTORIA

• Negociar desejos

• Enfrentar motivações conflitantes 

• Lidar com preocupações relativas à perda de controle 

• Fazer diagnóstico 

• Trazer à tona vários níveis de análise

• Lidar com questões sócio-politico-culturais

• Resistir às necessidades de dados mais completos

• Analisar feedback 

• Afunilar os dados

• Identificar e trabalhar com diferentes formas de resistência

• Apresentar dados pessoais e organizacionais

• Acompanhar no processo de decisão

• Conduzir processos em grupo

• Enfocar as escolhas aqui e agora

• Não encarar as reações como algo pessoal

• Controle e Avaliação - funções do processo administrativo que, mediante a comparação com padrões previamente estabelecidos, procuram medir e avaliar o desempenho e o resultado das ações, com a finalidade de realimentar os tomadores de decisões, de forma que possam corrigir e reforçar esse desempenho.

Fonte: Portal Idea

Consultoria Empresarial como relação de ajuda

Para Miguel Caldas (1996), em tese, o processo de consultoria deveria ser o de uma relação de ajuda: um momento específico no tempo, de suporte especializado de um apoiador (consultor) a um apoiado (cliente).

Neste sentido, ao se estudar as empresas de consultoria percebe-se uma convergência do foco da intervenção para a aprendizagem do cliente em conexão com o processo de mudança. Assim, a consultoria não mais pode ser vista como uma aplicação de uma metodologia pré-estabelecida, mas sim como um processo em que o consultor deve envolver o cliente para que este se apodere do conhecimento gerado (WERR et al, 1986, HIRSCHLE, MATTOS, 2007).

Com isso, pode-se perceber que o relacionamento entre o consultor e o cliente é um dos aspectos fundamentais para a efetividade da prestação do serviço de consultoria, e, se não for devidamente compreendido por ambas as partes, a prestação do serviço não atingirá resultados práticos (KUBR, 1986; HIRSCHLE, MATTOS, 2007).

Appelbaum, Steed (2005) afirmam que a forma como o consultor conduz o processo de intervenção, afeta a sua relação com o cliente, e consequentemente, o sucesso desse processo. Para que essa relação tenha mais chance de ser exitosa, estes autores pontuaram nove fatores críticos: consultores competentes; ênfase nos resultados dos clientes e não nos produtos dos consultores; as expectativas e os resultados devem estar claros e serem bem comunicados; suporte claro da alta administração; adaptação à disponibilidade do cliente de mudança; investir no aprendizado do ambiente do cliente; definido em termos de sucesso incremental; parceria real entre os consultores e os indivíduos da empresa cliente, e inclusão dos consultores na fase de implementação.

Dessa maneira, observa-se que um dos critérios mais importantes para que se possa aumentar a probabilidade de bom resultado de uma prestação de serviço de consultoria é a relação que se estabelece entre o cliente e o consultor. Desde o início esta interação deve ser vista como uma relação de ajuda e aprendizagem, pois o cliente vai buscar junto com consultor a solução dos seus problemas, de forma que se aposse do conhecimento gerado e seja responsável pelo destino da sua organização (HIRSCHLE, MATTOS, 2007; ALMEIDA, FEITOSA, 2007).

Todavia, para que esta relação de aprendizagem se estabeleça Maister, Green, Galford (2000) e Correia, Feitosa e Vieira (2008) apontam a confiança criada entre as partes como fundamental para que todos os aspectos, profissionais e pessoais, sejam discutidos entre o consultor e o cliente. Através desta perspectiva, podemos perceber que a abertura para o diálogo está relacionada à construção de um relacionamento propício à aprendizagem de ambos. Para isto, é necessário um ambiente em que haja um clima de abertura, sem julgamentos, em que seja possível errar e acertar, para que se possa clarear percepções e fazer emergir o foco do problema e suas soluções.

A intervenção organizacional como um processo de aprendizado

A perspectiva da consultoria como um processo de aprendizado tem sido desenvolvida por diversos autores. Weidner & Kass (2002) caracterizam o processo de consultoria pelo envolvimento de duas partes, a primeira o cliente, aquele que solicita ajuda, e o segundo, o consultor, o que a provê. Segundo estes autores essa ajuda pode vir de diferentes formas: ajudando o cliente a efetuar uma mudança construtiva; provendo conselhos; e auxiliando no desenvolvimento da capacidade organização-cliente. Nesta linha, Schein (1977) afirma que a principal tarefa do consultor é ajudar o administrador a tornar-se um diagnosticador de modo que este atue no sentido de apoiar o cliente para que tome suas próprias decisões e aja por sua própria conta. Para tanto, Argyris (1970), salienta que deve ser respeitada a interdependência entre o consultor e o cliente, de modo que o cliente seja visto como uma unidade auto-responsável e que tem a obrigação de manter o controle do seu próprio destino.

Neste sentido, a perspectiva levanta neste artigo, sobre consultoria organizacional, aponta que o consultor deve atuar de forma que gere autonomia no seu cliente. A consultoria é percebida como um processo que deve ser construído conjuntamente entre o consultor e o cliente, e que visa à resolução do problema e à capacitação do cliente para que este aprenda a resolver as dificuldades enfrentadas. Assim, os indivíduos devem criar uma postura de independência em relação ao consultor, uma vez que ao final do processo de intervenção, eles devem ser capazes de tomar suas próprias decisões.

Através do exposto, o papel do consultor é de facilitar a integração e o diálogo no contexto organizacional, de forma que o grupo chegue a uma compreensão holística da situação em estudo e possa “reinventar” suas práticas (NEWELL, 2005). O consultor, então, deve interagir com o cliente provocando questionamentos para que este reflita sobre a problemática, entender o que pode estar acontecendo de errado e assim mudar sua postura em relação ao problema (APPELBAUM, STEED, 2005). Para tanto Valença (2007) endossa que as partes envolvidas, consultor e cliente, devem possuir uma alta confiança pessoal, mútua, e no manejo das técnicas e metodologias a serem utilizadas durante o processo de intervenção.

Dessa forma, para que o cliente se torne autônomo, ele precisa aprender durante o processo de consultoria com o consultor. Mas não através da abordagem instrucionista a qual observamos usualmente no mercado e que gera o mal entendido de ver o consultor como um depositante de conhecimento e os indivíduos da organização como depositários, como salienta Moura (2005), e, sim, que esta aprendizagem ocorra através da construção de significado através da qual os indivíduos deem sentido às suas experiências (MERRIAM & CAFFARELLA, 1999).

Referencias:

ALMEIDA, Ana Márcia B; FEITOSA, Marcos Gilson G. A construção da confiança na relação consultor/cliente: uma abordagem baseada no conhecimento da vida cotidiana e na prática reflexiva. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS- GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO - EnANPAD, 31., Rio de Janeiro,

2007. Anais Eletrônicos. Rio de Janeiro: ANPAD, 2007.

APPELBAUM , Steven H; STEED , Anthony J. The critical success factors in the client- consulting relationship. The Journal of Management Development; 2005.

ARGYRIS, Chris. Intervention, theory and methods: a behavioral science view. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1970.

CALDAS, Miguel P. Toward a more comprehensive model of managerial innovation difusion: why consultants are not the only ones to blame. Paper presented at the Annual Meeting of the Academy of Management, Cincinnati (EUA), 1996.

HIRSCHLE, Ana Lúcia T.; MATTOS, Pedro L. C. L. de. A aprendizagem Reflexiva de Consultores Organizacionais em suas Relações com o cliente. In: ENCONTRO DE GESTÃO DE PESSOAS E RELAÇÕES DE TRABALHO - EnGPR, 1., 2007. Anais Eletrônicos. Natal/RN: ANPAD, 2007.

KUBR, M. Consultoria: um guia para a profissão. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.

MAISTER, David H.; GREEN, Charles H.; GALFORD, Robert M. Earning trust. In:. The trusted advisor. New York: Free Press, 2000. p. 07-26.

MERRIAM, Sharan B; CAFFARELLA, Rosemary S. Key theories of learning. In: Learning in adulthood: a comprehensive guide. 2ª ed. San Francisco: Jossey-Bass, 1999. . Designing the Study and Selecting Sample. In: . Qualitative Research and case study application in education. San Francisco: Jossey-Bass, 1998.

NEWELL, Sue. The fallacy of simplistic notions of the transfer of “best practice”. In: BUONO, Anthony; POUFELT, Flemming (eds.) Challenge and Issues in Knowledge Management. Greenwich, Connecticut: Information Age Publishing, 2005, pp. 51-68.

SCHEIN, Edgar. Consultoria de procedimentos: seu papel no desenvolvimento organizacional. São Paulo: Edgard Blucher, 1977.

WERR , Andreas; STJERNBERG, Torbjrn and DOCHERTY, Peter. The Functions of Methods and Tools in the Work of Management Consultants. Journal of Organizational Change Management, 1986.

WEIDNER, C. Ken & KASS, Eli E. Toward a theory of Management Consulting. In: BUONO, Anthony (ed.) Developing knowledge and value in management consulting. Greenwich, Connecticut: Information Age Publishing, 2002, p. 169-207.

Fonte: Portal Idea

Consultoria Empresarial desde a perspectiva da Abordagem Centrada na Pessoa de Carl Rogers

As organizações são indivíduos, com personalidade própria, inerente à sua identidade, com um potencial positivo, construído pela experiência e de caráter que em algum momento se baseia no subjetivo, pois as organizações também interpretam sua realidade de acordo com seus fatores. com total possibilidade de desenvolvimento de uma tendência de atualização existente, que está sendo realizada constantemente. Não é óbvio que as organizações sejam mundos fenomenais para os indivíduos e que sejam ambientes sociais.

Apesar de esta definição parecer concisa, é necessário aprofundá-la, com base nos parâmetros epistemológicos da abordagem; permitindo descobrir e gerar contribuições (algumas delas inéditas e inexistentes dentro dos próprios autores da ACP [Abordagem Centrada na Pessoa]), valorizando uma possível nova visão da psicologia organizacional dentro do círculo dos teóricos rogerianos, provavelmente demonstrando que a Abordagem Centrada na Pessoa pode determinar uma outra forma de atuação do profissional psicólogo nas organizações sem entrar em debates de construção epistemológica, filosófica, ontológica, sociológica ou antropológica do sentido do trabalho e da função das organizações no mundo pessoal e laboral dos seres humanos.

Para isso, é preciso afirmar que a psicologia proposta por Rogers pode sustentar o fato de que as organizações possuem em si uma personalidade definida; Ali, os posicionamentos epistemológicos não pretendem entrar em uma discussão sobre o desenvolvimento organizacional, ou a forma como atuam, mas talvez possa gerar uma adaptação diferenciada para ampliar a aplicação da abordagem a outros contextos humanos e sociais.

Pessoas em organizações vs. a organização como pessoa

Geralmente, algumas posições teóricas propõem o trabalho como um fenômeno psicossocial, onde há um grupo de pessoas que vestem uma identidade e trabalham juntas para atingir o mesmo objetivo, seja ele objetivo organizacional, meta ou qualquer um de seus derivados, apesar disso. , cada pessoa por meio da organização alcança objetivos individuais, como a obtenção de um salário para sua sobrevivência, para a conquista de sua realização; um número infinito de indivíduos surge dentro do mesmo campo da organização. Ora, esta posição social é estudada por todas as abordagens da psicologia, principalmente pelas abordagens positivistas. A ACP poderia afirmar que sob a ótica das pessoas nas organizações, as pessoas buscam sua própria forma de estabelecer e de reconhecer sua tendência de atualização, suas inconsistências e congruências, seu potencial positivo e o fato de serem livres pensadores. Porém, é no conceito de liberdade que se encontra a ruptura crítica para a ACP, pois no desenvolvimento de seu trabalho, a liberdade geralmente não é um privilégio que as pessoas possuem, pois estão sujeitas a uma série de fatores, como identidade organizacional, objetivos organizacionais, metas e outros que de uma forma ou de outra não permitem que a pessoa seja livre.

Provavelmente, o fato de trabalhar seja antônimo de liberdade, porém, entende-se de outra forma se o olhar muda; por isso, propõe-se não observar as pessoas dentro das organizações, mas entender que as organizações podem ser definidas como pessoas.

A posição da organização como pessoa propõe uma integralidade fundamental entre entender o indivíduo como pessoa e entender a organização como indivíduo. Não se trata propriamente de separar o estudo das pessoas nas organizações, trata-se simplesmente de tentar dar outra perspectiva. A organização pode ser vista epistemologicamente como uma pessoa a partir da abordagem proposta por Rogers, inicialmente, as organizações empresariais são entendidas como um único indivíduo, como uma pessoa jurídica identificada com um Número de Identificação ; porém, não é só isso que a torna uma pessoa, assim como um ser humano, as organizações apresentam crescimento, manifestação de congruências/ incoerências e um potencial positivo evidenciado na consciência.

As organizações também têm uma definição que prolifera cada vez em entendê-la como um organismo unificado, permitindo que as organizações encontrem a possibilidade de entender uma empresa livre, com experiências que a constroem e que, como os seres humanos, manifestam um ciclo de vida: nascimento, crescimento , desenvolvimento e maturidade. Rogers (1961) argumenta que:

Tenho pouca simpatia por uma concepção difundida, segundo a qual o homem é irracional e se não controla seus impulsos, está orientado para a destruição dos outros e de si mesmo. O comportamento humano é extremamente racional e se move com uma complexidade sutil e ordenada em direção aos objetivos que seu corpo se esforça para alcançar... Eu sei muito bem que para se defender e por medo interno, os indivíduos podem se comportar de maneira incrivelmente cruel, horripilante. destrutiva, imatura, regressiva, antissocial e prejudicial. Portanto, um dos aspectos mais benéficos e vivificantes da minha experiência é trabalhar com essas pessoas e descobrir as fortes tendências de direção positiva que existem nelas e em nós em níveis muito profundos. (Pág. 160)

Não se poderia dizer também que as organizações podem funcionar de forma extremamente racional e mover-se de forma ordenada em direção aos objetivos que seu organismo se empenha em alcançar?

Teoria da Personalidade Organizacional a partir da Abordagem Centrada na Pessoa

Assim como os indivíduos, as organizações possuem personalidade própria, não me alongarei em explicar a mesma concepção do ponto anterior, pois a personalidade nas organizações é epistemologicamente conceituada da mesma forma, porém, os componentes que a compõem mudam apesar de serem os mesmos

 Self organizacional, inconsistências, self real e self ideal

O self organizacional pode ser entendido como o self que as organizações desenvolvem, aquele fator de identidade que as constitui como únicas e irrepetíveis apesar de provavelmente existirem muitas ou poucas de natureza diferente. semelhante; O self organizacional é construído por aspectos como as experiências das pessoas que compõem a organização, os objetivos organizacionais, o mundo fenomenal que a cerca e a interpretação do self. Esse eu é composto de um eu real e de um eu ideal. O verdadeiro eu da organização se manifesta no planejamento estratégico construído, como a missão e os objetivos organizacionais, a natureza da empresa e outros fatores que constituem a organização como ela é, fatores estes promovidos pela tendência atual de pessoas que encontraram a organização, o sentido que imprimem ao constituir uma empresa e o que pretendem alcançar através dela. O Eu ideal é baseado na visão da empresa e do que ela quer ser, manifestado também no desejo de querer ser como um processo de formação e crescimento, que apontam sempre como diretriz de reconhecimento da tendência de atualização da organização . Porém, o ideal das organizações não está orientado para o futuro, mas para o aqui e agora; como funciona a organização nesses tempos para não se distanciar do que você quer ser.

A incongruência é definida como o distanciamento que existe entre o Eu real e o Eu ideal, porém, a organização apresenta implicitamente uma série de aspectos necessários para entender o foco da incongruência que se manifesta, para isso a incongruência/ congruência é subdividida em três momentos: incongruência de gestão, incongruência de processo, incongruência organizacional

Congruência/ Incongruência da Gestão

A incongruência da gestão centra-se na falta de interpretação e compreensão subjetiva da organização como pessoa para o ser humano de quem nascem os diferentes processos que permitem à organização funcionar de forma congruente. Estas incoerências podem manifestar-se em fenômenos como o mobbing (entendido como uma incoerência de querer melhorar a organização através do jugo e pressão indevida sobre os seus colaboradores), onde a pessoa que manifesta um comportamento inadequado para com os seus colaboradores é também intransigente e não o faz verdadeiramente aceita que as pessoas em qualquer nível hierárquico sejam humanas, que apresentem dificuldades e potencialidades para a realização de determinadas atividades; a falta de aceitação é a mesma negação de si da organização, já que os indivíduos que a compõem de uma forma ou de outra trabalham para alcançar os fins comuns; e distanciam o eu real do eu ideal, pois distanciam-se as percepções das vivências de um e de outro a respeito da experiência organizacional.

Congruência/Incongruência do Processo

A incongruência do processo manifesta-se quando o Eu real e o Eu ideal se distanciam durante o exercício processual estipulado na filosofia da organização; quando isso acontece, significa que a inconsistência ocorre por falta de interpretação na linguagem que contém o processo, ou porque a direção não é clara, ou porque os responsáveis pela condução do processo não entendem e não comunicam suas faltas de compreensão para isso e é feito sem ser claro.

Congruência/Incongruência Organizacional

A incongruência organizacional é o processo de reconhecimento da distância entre o Eu real e o Eu organizacional ideal, quando a incongruência do processo e a congruência da direção se manifestam; quando esse fenômeno ocorre, toda a organização fica incongruente e as pessoas que dela fazem parte.

Atitudes Organizacionais

Assim como os seres humanos em terapia, as organizações são capazes de estabelecer um clima adequado que fortaleça sua tendência atualizadora. As atitudes são empatia, avaliação positiva incondicional e congruência; porém, diferentemente de entendê-los em uma única pessoa, a Abordagem Centrada na Pessoa permite distingui-los em três momentos distintos: na Direção, no Processo e na Pessoa.

Empatia na Gestão

A empatia não está centrada na pessoa, mas na gestão como indivíduo, a gestão é estabelecida com um perfil específico do referido cargo; e da mesma forma, daí nascem os processos necessários para implementar na organização. Lembre-se de que a empatia está literalmente transmitindo a sensação de ser compreendido. Lá, a empatia aplicada é feita ao perfil, mas não à pessoa que o ocupa (embora também seja importante ter empatia com as pessoas), entender as tarefas envolvidas no cargo de gestão é o que permite gerar empatia organizacional claro, aceitar a direção necessária para realizar o trabalho em uma busca constante pelo estímulo da tendência de atualização da organização, bem como dos objetivos organizacionais, da criação de um clima aceitável e do reconhecimento da organização como indivíduo e como parte fundamental na vida das pessoas que a compõem.

Empatia no processo

Empatia no processo é o reconhecimento, compreensão e aceitação dos processos da própria organização.

Avaliação positiva incondicional na gestão

Avaliação positiva incondicional pode ser confundida com submissão no trabalho mas não é bem assim, não é uma relação linear de causa e efeito (eu trabalho para ser pago), avaliação positiva incondicional ocorre quando bidirecional não se estabelecem condições (gestão-pessoas/ pessoas-gestão), reconhece-se o respeito tanto pela direção como pela gestão; quando isso acontece, surge a possibilidade de que a organização esteja se aceitando e tenha autoconfiança e acredite em suas próprias habilidades e força para alcançar a exploração do potencial interno.

Aceitação Positiva Incondicional no processo

Centra-se em aceitar o processo, procurando entendê-lo e não fazê-lo levando em consideração cláusulas ocultas ou condições de valor.

Modelo de Diagnóstico e Abordagem Centrada na Pessoa

A Abordagem Centrada na Pessoa é absolutamente relutante em gerar processos diagnósticos. Porém, como a organização se define assim especialmente nessa tentativa de contribuir com a psicologia organizacional, epistemologicamente ela tentará trabalhar no modelo de Rummler e Brache .

Modelo de Rummler e Brache (extraído do livro Human Performance Technology Book do autor Mariano Bernández )

O modelo de Rummler (Rummler e Brache, 1995) parte da consideração de três níveis: o organizacional, considera as divisões funcionais e esferas de autoridade da organização em relação a quatro componentes externos: sociedade, clientes, mercado e investidores ou acionistas.

Este é um tipo de análise vertical, embora o modelo de Rummler e Brache o considere como uma referência para a análise de processos e não para um diagnóstico da própria formulação da estratégia, como fazem os próprios modelos estratégicos.

Sistema de desempenho em nível organizacional

( Bernandez 2008a, citando Rummler e Brache 1995)

Nível do processo

( Bernandez 2008b, citando Rummler e Brache 1995)

O Nível de Processo considera as sequências de processos de trabalho que inter-relacionam os diferentes departamentos numa análise horizontal que avalia o seu alinhamento com os resultados.

Nível de cargos e pessoas

 ( Bernandez 2008a, citando Rummler e Brache 1995).

Por fim, há um terceiro e último nível de desagregação, que é o nível de cargos e figuras, no qual os cargos e tarefas são analisados com base nos objetivos organizacionais e nas exigências dos processos.

O processo de análise inicia-se ao nível organizacional, identificando os processos críticos para os resultados e concentrando a atenção neles, medindo o seu custo quantitativo e qualitativo e comparando-o com o da intervenção necessária para os melhorar.

Uma vez estabelecidos os pontos que têm impacto positivo e retorno, procedemos à análise detalhada desses processos e, novamente, dentro deles, à determinação de posições-chave para esses processos-chave e à análise do custo de oportunidade e retorno do investimento. melhoria.

Este modelo está ajustado conceitualmente ao desenvolvimento da Abordagem Centrada na Pessoa conforme proposto pelas atitudes organizacionais, pois as atitudes abrangem todos os níveis mencionados pelo modelo e podem ser explicadas pela empatia da avaliação e pela congruência proposta por Carl Rogers. Ainda que para o exercício prático do modelo sob a Abordagem Centrada na Pessoa, não se chamaria "Diagnóstico", mas identificação de incongruências nos níveis da organização.

Ontologia Dimensional

Para o desenvolvimento da ontologia dimensional de empresas, é necessário recorrer à definição de humano para entender a definição após empresa.

(Carvajal, 2010 citando Frankl 2000, 1994, 1992, 1990, Restrepo 2002) define:

O ser humano é um todo completo, integrado por três dimensões: física, psíquica e espiritual. E nesta antropologia tridimensional, a dimensão espiritual é sublinhada sem menosprezar ou esquecer as outras duas, pois junto com elas constitui uma totalidade do ser em uma única unidade.

A dimensão espiritual é a dimensão especificamente humana que caracteriza e diferencia. O ser humano é um todo tridimensional numa totalidade integrada, justamente por essa dobradiça ou eixo central que é a sua dimensão espiritual, pois se posso dizer que "tenho" uma dimensão física ou uma dimensão psíquica, devo dizer "Eu sou 'espiritual', ou seja, não posso ter meu Eu porque 'eu sou meu Eu'". ( pp 3-4)

A partir desse conceito, facilita-se a inclusão da visão da nova empresa definida como um sistema isomórfico do homem.

Carvajal (2010) define que a empresa, sendo um objeto social, é um organismo vivo com característica interagente. Cuja autopoiese é reconhecida como sendo de ordem superior, visto que o ser humano é um ser autopoiético e a sociedade dele decorre, as autopoiese decorrentes da autopoiese humana são de ordem superior.

Por isso é importante determinar que a empresa e/ ou organização sejam entendidas como oriundas de um mesmo ser humano; ou seja, fazem parte do mundo fenomenal descrito pela fenomenologia e é adotada por Rogers (1961) para a explicação do ambiente na Abordagem Centrada na Pessoa. Como essa ontologia dimensional é de fundamental importância, é fundamental reconhecer que a empresa é um indivíduo envolvente, vivo e interagente, conhecido por ter uma dinâmica de mudança e ser adaptável. Portanto, é importante reconhecer que a organização pode ser compreendida como uma pessoa.

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Para a ACP, não existem técnicas de intervenção, pois não existe uma receita de como agir diante de um determinado transtorno. A abordagem também não reconhece problemas chamados por rótulos ou pelo nome de um determinado problema de natureza psicológica. Rogers (1946) define que as preocupações com o diagnóstico e sua sagacidade devem ser deixadas de lado, abandonar a tendência de fazer avaliações profissionais ou fazer previsões precisas; o profissional deve se concentrar em um único propósito: proporcionar uma compreensão e aceitação profundas das atitudes do cliente (neste caso, a organização), explorando áreas de negação.

Neste esforço de aliar a Abordagem Centrada na Pessoa à psicologia organizacional de uma forma ou de outra, não é de particular interesse focar este ponto numa dificuldade específica da organização, mas sim saber como intervém a Abordagem Centrada na Pessoa, como ela interpreta uma dificuldade e a partir de quais áreas a intervenção seria realizada.

Para Rogers (1946), todas as dificuldades de natureza psicológica nada mais são do que o distanciamento entre o Eu real e o Eu ideal, que dificultava a interpretação do mundo fenomênico e a distorção da subjetividade, gerando assim incongruência. O que dificulta a aceitação, o enfrentamento e a mudança, promovida justamente pela tendência de atualização. Uma das características da intervenção sob os parâmetros da Abordagem Centrada na Pessoa é a não diretividade, ou seja, não há guias para o profissional orientar, mas é a mesma pessoa que orienta a intervenção, assumindo que qualquer dificuldade psicológica (incluindo todos os distúrbios declarados no manual do DSM - Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais - são INCONGRUÊNCIAS.)

Seria paradoxal reconhecer o problema e intervir nele, do que a intervenção da mesma pessoa que o sofre para mudá-lo (Rogers 1961), exatamente a mesma coisa acontece na organização, apesar do fato de que inconsistências organizacionais podem ser identificadas , direção e processo, não há uma receita estruturada que permita a intervenção, portanto, é preciso que a não diretividade seja respeitada desde a abordagem.

Pois bem, não existem técnicas de foco, mas existem atitudes. O que permite à organização gerar um clima adequado para o estímulo de sua tendência de atualização para que seja a mesma organização que encontre as soluções para suas incongruências. Para isso não são necessárias técnicas, mas sim um clima adequado, caracterizado no interventor pelas três atitudes acima descritas: empatia, congruência e avaliação positiva incondicional.

Nesta perspectiva, ( Trull e Phares 2006 citando Greenberg, 1994) afirmam que cerca de 75% das respostas dos consultores centrados na pessoa foram "reflexões" sobre o que o cliente (também a organização) fez durante o processo de intervenção; Também são feitos comentários que transmitem a aceitação plena e incondicional dos profissionais.

Nas organizações, as incongruências não são perpetuadas pelo medo da mudança, mas pela resistência a ela; então as atitudes descritas por Rogers permitem que a organização decida como lidar com elas. Existe confronto real, ali a atitude mais recalcitrante é a consistência; este se caracteriza por ser direto, lidando com o paradoxo da inconsistência, para gerar consciência de sua existência.

A intervenção da Abordagem Centrada na Pessoa seria utópica e absolutamente irrealista se não existisse a base de um exercício de Diagnóstico Organizacional. Apesar de se falar em Diagnóstico, a organização, apesar de ser entendida como um indivíduo, continua a ser um fenômeno social onde muitas pessoas estão envolvidas. Portanto, o modelo permite a identificação de incongruências em diferentes níveis para que sejam gerenciáveis e definíveis. Ali, não entra em contato com a implicação da violação da liberdade, pois a mesma organização é quem escolhe e decide quais alternativas tomar diante das incongruências, não é propriamente a interveniente.

Extraido do artigo  "LA ORGANIZACIÓN DESDE LA PERSPECTIVA DEL ENFOQUE CENTRADO EN LA PERSONA DE CARL ROGERS"  de Fabio Ladino

Trabalho com grupos em empresas/ organizações , baseado na Abordagem Centrada na Pessoa (ACP)

A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) é uma teoria psicológica que enfatiza a importância da autenticidade, empatia e aceitação incondicional na relação terapêutica. Essa abordagem, desenvolvida pelo psicólogo americano Carl Rogers, tem sido aplicada em diversas áreas, inclusive no contexto organizacional. Neste artigo, discutiremos como trabalhar com grupos em empresas e organizações a partir da abordagem centrada na pessoa, com o objetivo de promover o desenvolvimento pessoal e emocional dos colaboradores e contribuir para a realização de objetivos estratégicos da empresa.

Trabalhando com grupos em empresas e organizações

O trabalho com grupos em empresas e organizações pode ser uma forma efetiva de promover o desenvolvimento pessoal e emocional dos colaboradores, além de contribuir para a realização de objetivos estratégicos da empresa. Nesse sentido, é importante que o facilitador do grupo seja capaz de criar um ambiente de acolhimento, empatia e aceitação incondicional, baseado nos princípios da abordagem centrada na pessoa.

Uma das formas de criar esse ambiente é por meio da escuta ativa. O facilitador deve estar atento às necessidades e preocupações dos colaboradores, mostrando-se disponível para ouvir e compreender suas perspectivas e emoções. Além disso, é importante que o facilitador seja autêntico em suas relações, compartilhando suas próprias experiências e emoções de forma a estabelecer uma relação de confiança com os participantes.

Outra estratégia é a promoção da autoexpressão. Os colaboradores devem ser encorajados a expressar suas ideias, opiniões e sentimentos livremente, sem medo de julgamentos ou críticas. Para isso, o facilitador deve criar um ambiente seguro e acolhedor, onde os participantes se sintam à vontade para compartilhar suas experiências.

Além disso, é importante que o facilitador trabalhe com objetivos claros e concretos para o grupo, relacionados aos objetivos estratégicos da empresa. Esses objetivos devem ser compartilhados com os participantes, de forma que todos tenham uma compreensão clara das metas a serem alcançadas. O facilitador deve estimular a participação ativa dos colaboradores na definição de estratégias e na tomada de decisões, favorecendo o engajamento e a motivação.

A abordagem centrada na pessoa também valoriza a cooperação e a interação entre os participantes do grupo. O facilitador deve encorajar a troca de experiências e o trabalho em equipe, promovendo a construção de um ambiente colaborativo e solidário. Essa dinâmica pode contribuir para a construção de um senso de pertencimento e comprometimento com a empresa.

É importante destacar que o trabalho com grupos baseado na abordagem centrada na pessoa não se limita a uma única sessão ou evento. É necessário que haja um comprometimento e continuidade na aplicação dessa abordagem, para que os resultados possam ser duradouros e efetivos.

Benefícios do trabalho com grupos na abordagem centrada na pessoa

O trabalho com grupos na abordagem centrada na pessoa pode trazer diversos benefícios para a empresa e para os colaboradores. Um dos principais benefícios é o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como empatia, comunicação efetiva, respeito às diferenças e colaboração. Essas habilidades são fundamentais para o bom desempenho dos colaboradores no ambiente de trabalho, além de contribuírem para um clima organizacional saudável e positivo.

Além disso, o trabalho com grupos pode contribuir para a melhoria do clima organizacional e para a redução do estresse e do burnout. Quando os colaboradores se sentem acolhidos, compreendidos e valorizados, há uma diminuição dos níveis de estresse e um aumento da motivação e do engajamento.

Outro benefício do trabalho com grupos é o aumento da criatividade e inovação. Quando os colaboradores se sentem à vontade para expressar suas ideias e opiniões, sem medo de julgamentos, há uma maior diversidade de perspectivas e possibilidades de soluções criativas para os problemas da empresa.

Por fim, o trabalho com grupos pode contribuir para o desenvolvimento de lideranças mais humanizadas e empáticas. Quando os líderes são capazes de aplicar os princípios da abordagem centrada na pessoa em suas relações com os colaboradores, há uma maior compreensão das necessidades e preocupações dos mesmos, além de uma maior valorização das relações interpessoais.

Autores e livros recomendados

Para aprofundar o conhecimento sobre o trabalho com grupos baseado na ACP, é possível consultar diversos autores e livros recomendados. Alguns deles são:

Considerações finais

O trabalho com grupos em empresas e organizações pode ser uma forma efetiva de promover o desenvolvimento pessoal e emocional dos colaboradores, além de contribuir para a realização de objetivos estratégicos da empresa. A abordagem centrada na pessoa oferece princípios e estratégias fundamentais para a criação de um ambiente de acolhimento, empatia e aceitação incondicional, que favorecem o desenvolvimento das habilidades socioemocionais e a melhoria do clima organizacional.

Para que o trabalho com grupos baseado na abordagem centrada na pessoa seja efetivo, é necessário que haja um comprometimento e continuidade na aplicação dessa abordagem, além da definição clara de objetivos concretos e compartilhados com os participantes. A aplicação dessa abordagem pode contribuir para o desenvolvimento de lideranças mais humanizadas e empáticas, além de trazer benefícios para a empresa e para os colaboradores.

© Cláudio Menéndez 

PHILLIPS 6.6: uma técnica de dinâmica de grupo que melhora a participação

A técnica de dinâmica de grupo Phillips 6.6 foi criada por J. Donald Phillips, da Michigan State College. Seu nome deriva do sobrenome do próprio autor e do fato de que 6 pessoas discutem um assunto ao longo de 6 minutos. É muito útil em equipes extensas, até mesmo com mais de 20 pessoas.

Objetivos da técnica Phillips 6.6

Os principais objetivos dessa técnica são principalmente três:

Além disso, essa técnica desenvolve a síntese e a concentração, ajuda a superar as inibições para dialogar diante de outros, estimula o senso de responsabilidade e dinamiza e distribui a atividade dos grandes grupos de pessoas.

O objetivo principal é conseguir que se participe de forma democrática em grupos amplos. De acordo com o autor, "em vez de uma discussão controlada por uma minoria que oferece contribuições voluntárias enquanto o tempo permite, a discussão 6.6 proporciona tempo para que participem todos, fornece o alvo para a discussão por meio de uma pergunta específica cuidadosamente preparada, e permite uma síntese do pensamento de cada pequeno grupo para que seja difundida em benefício de todos".

Como é feito o Phillips 6.6?

O Phillips 6.6 pode ser aplicado em diversas situações e com diversos propósitos, sendo um método flexível. Explicaremos seu funcionamento.

Preparação

Essa técnica requer pouca preparação. Basta que quem a aplique conheça o método e tenha habilidades para colocá-lo em prática. O assunto ou problema a ser discutido pode ser previsto ou surgir no decorrer da reunião. Não é comum reunir pessoas para fazer um "Phillips 6.6", mas sim usar a técnica em um momento determinado da reunião, quando se considera mais apropriado intervir por meio dessa ferramenta de dinamização de grupos.

Desenvolvimento Phillips 6.6

O funcionamento dessa técnica é baseado em quatro etapas fundamentais:

Dicas práticas

Quando o grupo não é grande o suficiente, é possível formar subgrupos de 3 a 4 membros. No entanto, não é apropriado ter equipes com mais de 6 pessoas, pois isso afetaria a colaboração. Se as pessoas não se conhecem, é recomendável fazer uma breve apresentação antes de iniciar o trabalho do subgrupo.

O facilitador pode estender o tempo de discussão se o tema for interessante para todas as partes ou para ajudar na redação do resumo.

É apropriado que a pergunta ou questão em controvérsia seja escrita em uma lousa ou similar e esteja visível para todos.

Nas primeiras experiências, temas simples, formulados com clareza e precisão, devem ser propostos. O facilitador deve agir com simplicidade e naturalidade, estimulando o interesse pela atividade. Ele não deve avaliar as ideias ou respostas apresentadas pelos subgrupos; é o grupo como um todo que deve julgá-las.

Em uma fase mais avançada, é possível dedicar vários temas a cada subgrupo ou a muitos deles. A pergunta deve exigir respostas do tipo "somatório", não de contraposição. Por exemplo: mencione razões, quais seriam as consequências, quantos componentes são necessários, que propriedades possui, entre outras.

Aplicações do Phillips 6.6

O Phillips 6.6 pode ser usado em salas de aula regulares e em eventos especiais de grupo. Não é, por si só, uma técnica de aprendizagem, não ensina novos conhecimentos nem fornece informações (exceto as que ocasionalmente surgem na interação). No entanto, permite a confrontação de ideias ou pontos de vista, o esclarecimento e o enriquecimento mútuo, além de promover a atividade e colaboração de todos os membros, estimulando especialmente os mais tímidos, indiferentes ou introvertidos.

Em um grupo de discussão, o Phillips 6.6 é eficaz para obter opiniões desenvolvidas por subgrupos, acordos parciais, decisões sobre metodologias de trabalho, recomendações de atividades, trabalhos de revisão e verificação inicial de informações, como antecedente para tentar um novo assunto a ser trabalhado.

Além disso, essa técnica pode ser usada em sala de aula para investigar o grau geral de informação que os alunos têm sobre um assunto; para realizar e encontrar aplicações para um assunto aprendido teoricamente.

Também é útil para ser realizada após qualquer atividade desenvolvida coletivamente (aula, conferência, palestra, filme, experimento, jogo, esporte, etc.) de modo que possa ser avaliada ou apreciada em poucos minutos por meio dessa técnica.

© Cláudio Menéndez 

Agradeco ao Sr. Ivan Pico

TEAM BUILDING: O importante papel das equipes nas organizações

O sucesso das organizações e sua produção de conhecimento dependem em grande parte da eficácia das equipes de trabalho. Estamos vivendo em tempos de grande competição global com modelos de negócios que exigem ambientes dinâmicos e versáteis, demandando respostas mais flexíveis, rápidas e com um maior nível de conhecimento e experiência para facilitar a resolução de problemas de forma eficiente. E para isso, ter uma equipe de trabalho bem coesa e ativa parece ser fundamental na transformação de qualquer empresa para alcançar objetivos competitivos e vincular os funcionários dentro da mesma visão e missão empresarial.

A construção de equipes ou atividades de Team Building tem sido há muitos anos uma das atividades mais comuns em todos os departamentos de pessoal para a formação de equipes de alto desempenho. Normalmente, são atividades projetadas para fortalecer os laços interpessoais e gerar novas experiências comuns que conseguem unir as equipes de trabalho. Essa união entre a equipe de trabalho fora do ambiente de trabalho será transferida posteriormente para os objetivos comuns compartilhados pelas pessoas dentro de sua organização.

Por natureza, tendemos a agrupar-nos e a ter referências pessoais para estabelecer vínculos afetivos com outras pessoas que sejam afins a nós, com as quais nos sintamos confortáveis e reforçados emocionalmente. Com o Team Building, o que se pretende é criar esse afeto interpessoal entre os membros de uma equipe de trabalho que não sejam apenas por necessidade de trabalho, mas através do compartilhamento de outro tipo de experiências, criando um vínculo mais emocional que leve a um relacionamento posterior mais efetivo dentro da empresa. As pessoas trabalham melhor se compartilharem ou se identificarem com as pessoas ao seu redor e, consequentemente, a comunicação entre elas melhorará.

As vantagens do trabalho em equipe são indiscutíveis:

Em resumo, ao criar uma equipe de trabalho sólida, conseguimos melhorar em 5 dos grandes objetivos que toda organização deseja para suas equipes:

© Cláudio Menéndez 

Agradeço ao Sr. Ivan Pico

TRABALHO EM GRUPO: O MÉTODO DAS 8 DISCIPLINAS PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Uma abordagem poderosa e eficaz para a detecção e resolução de problemas, incluindo não conformidades, é o método 8D, ou método das 8 disciplinas. Sua origem remonta à Segunda Guerra Mundial, quando o governo dos Estados Unidos criou o Military Standard 1520: Sistema de ação corretiva e disposição para material não conforme. Posteriormente, na década de 1970, foi adotado pelo setor automotivo pela empresa norte-americana Ford, e desde então se tornou um padrão de referência nas indústrias que necessitam de um método definido e multidisciplinar para a resolução de problemas, embora possa ser aplicado a qualquer tipo de empresa ou sistema de gestão.

O método 8D estabelece uma prática padrão baseada em fatos e concentra-se na origem do problema por meio da determinação da causa raiz, sendo utilizado tanto para a melhoria de processos quanto de produtos. Ele se baseia em 8 disciplinas nas quais a formação de uma equipe de trabalho é fundamental, pois aplica uma abordagem holística para a resolução de problemas, em que o conjunto de indivíduos tem mais valor do que a soma das partes individualmente.

Para implementar essa metodologia, é necessário seguir os seguintes passos:

1D - Definição da equipe

A equipe responsável pela melhoria de um processo deve ser composta por pessoas que tenham relação direta com o processo ou produto a ser melhorado. Não é necessário que todos os participantes desse processo façam parte da equipe do início ao fim, mas é interessante que pelo menos contribuam em algumas das fases de melhoria do processo, especialmente nas fases 2D, 3D e 4D.

Também é interessante contar com a presença de pessoas que estejam envolvidas de forma transversal ao processo e que, em algum momento, sejam impactadas pelo seu funcionamento.

2D - Ações de contingência / tratamento imediato

A equipe deve definir soluções rápidas para evitar que o problema continue ocorrendo, embora não o elimine completamente de forma eficaz. O objetivo dessas soluções de contingência é evitar que o processo se deteriore ou que o produto ou equipamento continue funcionando de forma inadequada.

3D - Definição do problema

Para uma boa definição, é necessário partir das "consequências" do problema e, uma vez que elas estejam claras, definir todas as variáveis ​​relacionadas a ele (abrangência, origem, pessoas envolvidas, recursos afetados, custo implícito, etc.).

4D - Definição da causa raiz do problema

Os passos mais razoáveis ​​para cumprir essa disciplina geralmente são:

Existem certas técnicas para facilitar a identificação das causas raízes de um problema, como a técnica dos "5 porquês".

Essa técnica começou a ser utilizada pela Toyota durante o desenvolvimento de suas metodologias de fabricação e é amplamente aplicada em muitos contextos e faz parte do Six Sigma.

Uma técnica eficaz para identificar a causa raiz de um problema é o método dos 5 porquês. Ele consiste em fazer perguntas progressivas que levam a uma análise mais profunda do problema, questionando sua origem e os motivos pelos quais ocorreu.

Por exemplo, se o problema é que o carro não liga, as perguntas seriam:

Isso nos permite chegar à causa raiz do problema, sem nos distrair com causas intermédias ou consequências de causas anteriores.

No entanto, é importante saber quando parar de fazer perguntas. Normalmente, quando não há mais respostas para uma das perguntas, encontramos a causa raiz. Também é importante estar ciente de que podem haver várias causas raiz possíveis que podem levar ao problema, mesmo após solucionar a causa raiz atual. Por isso, é importante identificar essas possíveis causas e documentá-las como riscos.

O método dos 5 porquês não é a única técnica para encontrar causas raiz, existem outras como o diagrama de Ishikawa, que podem ser utilizadas dependendo do contexto e disciplina em questão.

5D - Desenvolvimento de Ações Corretivas

A etapa de Desenvolvimento das Ações Corretivas é uma das mais delicadas do processo. A implantação das ações corretivas nem sempre é uma tarefa fácil e rápida de executar.

Esse desdobramento pode envolver várias áreas, poucas pessoas ou departamentos inteiros, pode alterar fluxos de processo, afetar fornecedores e encontrar resistência dos proprietários de processos.

Por isso, as fases de planejamento, conscientização do pessoal e acompanhamento da efetividade das medidas implantadas são fundamentais. Não basta apenas implantar uma medida dentro do prazo, é preciso que os resultados da medida sejam os desejados. Portanto, diante de cada medida a ser implantada, é importante saber qual o objetivo pretendido por ela.

6D - Verificar a eficácia das ações corretivas

Após a implementação das soluções, é fundamental verificar e comprovar sua eficácia. Isso significa manter uma vigilância constante sobre os resultados da aplicação das soluções.

Deve-se estabelecer um período de verificação e frequência de observação adequados à importância e complexidade das medidas implantadas, para garantir que o objetivo pretendido tenha sido alcançado.

6D - Demonstrar a Eficácia das Ações Corretivas

Nessa etapa, é crucial verificar a eficácia das ações corretivas implementadas. Após a implementação das soluções, é necessário manter uma constante vigilância sobre os resultados obtidos.

Para garantir a consistência das soluções, é importante estabelecer um período e frequência adequados para a verificação e comprovação dos resultados. Esses períodos devem ser dimensionados de acordo com a importância e complexidade das medidas implantadas, a fim de garantir que o objetivo pretendido tenha sido alcançado.

7D - Prevenir a recorrência

Nesta etapa, busca-se consolidar dentro da organização as soluções adotadas, seja por meio da redação ou modificação de procedimentos ou instruções, ou por meio de ações contínuas de conscientização e treinamento.

8D - Parabenizar a equipe

Por último, mas não menos importante, é necessário que as pessoas que contribuíram para o processo de melhoria sejam recompensadas por seus esforços e motivadas a continuar colaborando em futuros processos semelhantes.

A recompensa pode ser tão simples quanto um reconhecimento público de seu esforço, colaboração e proatividade na resolução do problema. Da mesma forma, pode ser acordado qualquer outro tipo de recompensa que incentive o pessoal a colaborar novamente em processos semelhantes.

© Cláudio Menéndez

"JANELA DE TOLERÂNCIA": Compreender e Trabalhar

Sendo bebês, quando temos interações de apego saudáveis com cuidadores sintonizados, consistentemente disponíveis, alimentando-nos, se estabelecem as bases para o desenvolvimento ideal do cérebro e do sistema nervoso. Com o tempo, essa corregulação (regulação assistida) nos permite aprender a nos regular automaticamente (autorregulação independente).

"Janela de Tolerância", um termo cunhado pelo Dr. Dan Siegel agora é comumente usado para entender e descrever reações normais cérebro/ corpo, especialmente após adversidades. O conceito sugere que temos um nível de excitação ideal quando estamos dentro da janela de tolerância que permite o fluxo e refluxo (acima e abaixo das emoções) experimentadas pelos seres humanos. Podemos sentir mágoa, ansiedade, dor, raiva que nos aproxima das bordas da janela de tolerância, mas geralmente somos capazes de utilizar estratégias para nos manter dentro dessa janela. Da mesma forma, podemos nos sentir exaustos, tristes ou fechados, mas geralmente saímos disso. Abaixo está um diagrama demonstrando o fluxo e refluxo de um sistema nervoso regulado de maneira ideal, experimentando uma ativação seguida de uma acomodação.

Quando experimentamos adversidades por meio de traumas e necessidades não atendidas, isso pode perturbar drasticamente nosso sistema nervoso. Nossos sentidos são intensificados e nossas experiências e reações são tipicamente intensificadas e as estratégias são menos acessíveis para nós. As experiências adversas também encolhem nossa janela de tolerância, o que significa que temos menos capacidade de refluir e fluir e uma maior tendência a ficar sobrecarregados mais rapidamente. Aprender a rastrear e mudar nosso efeito pode ser uma ferramenta poderosa para promover a regulação e a integração em todo o cérebro, corpo e mente.

Em relação aos estados de excitação: hiperexcitação, excitação calma e hipoexcitação.  


O que observei, no entanto, é que, como seres humanos, só temos capacidade de ficar em um estado por algum tempo antes que o cérebro e o corpo nos mudem. Por exemplo, só podemos tolerar tanta dor, ansiedade, medo etc. antes que o cérebro e o corpo respondam e nos entorpeçam com essa energia excessiva. Da mesma forma, as pessoas só ficam em um estado fechado, sentindo-se emocionalmente amortecidas por dentro antes que o cérebro/ corpo nos tire disso frequentemente gravitando em direção a coisas que nos fazem sentir vivos (muitas vezes inconscientemente). Isso pode significar que gravitamos em direção a comportamentos ou atividades de alto risco, pouco características para provocar esse sentimento de excitação, ativação e vitalidade. Essencialmente, estamos nos autopreservando, pois há alguma parte do cérebro/ corpo que ainda não estão pronta para morrer.  


Muitas pessoas comunicam que "não se sentem bem", "são loucas", "bagunçadas" etc. Elas sabem que não se sentem bem, mas sem ter experimentado regulação na infância ou após experiências traumáticas não resolvidas que permanecem ativadas no cérebro e no corpo, as pessoas podem crescer em uma maneira que elas não sabem se autorregular. Em vez disso, as pessoas costumam tentar se autorregular e se colocar em um nível de excitação ideal/ calmo da maneira que puderem, sem nem mesmo saber que é isso que estão tentando fazer. Por exemplo, alguém com medo excessivo pode gravitar em direção a um depressor para acalmar seu cérebro e sistema nervoso, enquanto alguém que se sente emocionalmente amortecido pode gravitar em direção a um estimulante para fazê-lo se sentir vivo.


Compreender a função de como as pessoas estão respondendo e o que pode ser necessário para mudar efetivamente esse estado emocional é fundamental para encontrar estratégias eficazes para mudar a excitação que não levem a mais danos a ele mesmo ou os outros ou deixar o indivíduo com um sentimento de vergonha. Isso pode ser chamado de refúgio falso, pois fornece a "ilusão" que está se ajudando, mas no final o problema ainda está lá e talvez ainda maior e agora temos vergonha, culpa, sensação de fracasso etc., pois respondemos de uma maneira que não queríamos. Um "refúgio verdadeiro" é algo que fazemos por nós mesmos que efetivamente nos permite mudar para nossa zona de excitação ideal enquanto desenvolvemos habilidades  e cuidamos de nós mesmos de uma maneira que seja boa.


Pais, entes queridos e professores/ funcionários podem ajudar identificando e rotulando (fazendo observações com base em como as crianças estão se apresentando): “Parece que você está se sentindo sobrecarregado, por que não fazemos uma pausa?” etc.  Dan Siegel se refere a isso como "nomear para domar". Nomear permite uma sensação de compreender e enxergar, bem como uma validação. Quando paramos para perceber (dentro de nós mesmos ou de outros), isso pode ser uma poderosa ferramenta de baseamento. Crianças, jovens e adultos devem ser incentivados a se concentrar atentamente em perceber como se sentem, e identificar o que precisam para se sentir bem novamente. Nosso objetivo é ampliar essencialmente essa janela de tolerância, aumentando a capacidade das pessoas de realizar experiências emocionais (mesmo intensas) sem se tornarem desreguladas ou entrar em um estado de hiper ou hipoexcitação. Abaixo está uma ótima gráfica para ajudar a entender esse conceito.  

Quando entendemos onde as pessoas estão dentro dessa janela de tolerância, nos permite direcionar o tratamento e ensinar a eles e a seus entes queridos habilidades e estratégias para promover efetivamente a regulação afetiva. A função do comportamento é importante para entender com um interesse empático. Por exemplo, uma pessoa que se fere a si mesma; ela se fere porque a dor que sente é tão intensa que o comportamento de autoagressão é a única coisa que fornece liberação, ou esta fazendo isso porque se sente tão emocionalmente amortecida que se fere para se sentir viva. Isso pode ajudar a direcionar efetivamente o tratamento. Descarregar o excesso de energia e de emoções intensas, muitas vezes ajuda a mudar as coisas, pense nisso... é exatamente isso que acontece quando emoções intensas se desenvolvem e depois explodem em nós através de conflitos ou caos. Há uma liberação do acúmulo emocional, mas é confuso e prejudicial para nós e para aqueles que nos rodeiam. Em vez disso, aprender a liberar efetivamente essas emoções intensas pode ser útil. Da mesma forma, se estamos nos sentindo desligados, usando estratégias para estimular de maneira ideal nosso cérebro e sistema nervoso de uma maneira saudável e fortalecida, podemos nos tirar desse estado de uma maneira que seja boa para nós.

Incluí alguns exemplos de intervenções abaixo, mas essas são estratégias gerais.  Aqueles exclusivos para cada indivíduo terão a maior eficácia.  Muitas vezes, estes também podem ser descobertos na terapia. Um especialista em trauma é capaz de rastrear efetivamente afetos, promover regulações/ mudanças na regulação emocional, conscientizar os clientes a aprender a rastrear e modular seus efeitos, e, finalmente, ajudar os clientes a aprender a experimentar seus sentimentos de maneira segura, sem a necessidade de oscilar entre hiper ou hipo excitação.

Alguns exemplos para a mudança dos níveis de excitação estão incluídos abaixo.

A chave é descobrir o que funciona e quando. Às vezes, algumas atividades podem estar regulando/ fundamentando, enquanto às vezes a mesma atividade pode ser estimulante. Tente coisas diferentes e encontre o que funciona bem para você. Pratique estratégias quando estiver calmo e regularmente  aumentará sua capacidade de acessá-las quando você começar a ficar sobrecarregado. Se estiver introduzindo atividades para um cliente ou ente querido, é importante monitorar o efeito do indivíduo com quem você está trabalhando e solicitar feedback deles para perceber como estão se sentindo.

As atividades de amostra para diminuir a excitação incluem:


As atividades de amostra para aumentar a excitação incluem:


A excitação elevada torna mais provável que um indivíduo seja mais reativo, assuste mais rapidamente, tenha dificuldade em se concentrar e se focar, se sinta inseguro em espaços abertos ou lotados, e constantemente esteja procurando ameaças, mesmo quando nenhuma ameaça estiver presente (Scarer, 2013; van der Kolk, 2014; Steele e Kuban, 2012). 

Ao dar apoio a outras pessoas, é importante lembrar que o trauma é marcado por uma perda de controle, portanto a capacidade de estabelecer controle e experimentar uma sensação de segurança e empoderamento é prioritária diante de ameaças reais ou percebidas. Dan Hughes fornece um ótimo visual para isto (veja abaixo uma versão adaptada) demonstrando como o toque quente, o rosto e a voz se comunicam com a nossa amígdala para promover uma sensação de segurança. Eu sugeriria (com base no trabalho de Stephen Porges) que isso se generalize para todas as interações quando estamos nos comunicando com uma voz suave, expressão facial suave, postura suave, e toque suave e bem-vindo, isso promove uma sensação de segurança e fornece uma presença calma e sintonizada. Como tal, muitas vezes me refiro a isso como calor e abertura da pessoa. Você pode aumentar o empoderamento e a segurança da seguinte maneira:

Em resumo, aprender a mudar o nível de excitação, o próprio, o de seus entes queridos ou com quem você esteja trabalhando pode ser uma ferramenta poderosa para promover a integração e desenvolver habilidades. Também pode levar a se sentir mais confortável no próprio corpo e mais confiante na capacidade de gerenciar emoções e manter relacionamentos. 


© Cláudio Menéndez

Este artigo, com algumas adaptações, foi traduzido do original de Lori Gill, diretora do Attatchment & Trauma Treatment Centre for Healing (ATTCH), e dela são os créditos de autoria, incluindo as gráficas. Meu agradecimento.

Como lidar com o trauma. Terapias de recuperação.

Sintomas de trauma

Os sintomas de trauma são os meios que o corpo usa para se defender. Eles podem ser estáveis, instáveis ou permanecer ocultos por anos. Eles geralmente não são dados um por um, mas em constelações. Eles geralmente se tornam mais complexos ao longo do tempo e têm menos conexão com a experiência traumática original. Embora certos sintomas possam sugerir um certo tipo de trauma específico, não há nenhum que seja exclusivamente indicativo do trauma que o causou.

As pessoas manifestam sintomas traumáticos de maneira diferente, dependendo da natureza e gravidade do trauma, a situação em que aconteceu e os recursos pessoais e de desenvolvimento que o indivíduo tinha à sua disposição no momento da experiência. Os sintomas traumáticos estão sujeitos de tal maneira ao ciclo original que os causou, que se perpetuam, É por isso que o trauma é tão resistente à maioria dos tratamentos.

A lista de sintomas é enorme, então vou me limitar a tratar aqui os mais característicos que estão na gênese de todos os outros.

Os sintomas de trauma formam um processo espiral que começa com mecanismos biológicos primitivos. No centro desse processo está a resposta de imobilização ou congelamento, um mecanismo de defesa ativado pelo cérebro reptiliano.

Diante de uma ameaça, a pessoa pode lutar, fugir ou imobilizar. Essas são respostas de um sistema defensivo unificado. Se os dois primeiros não funcionam, a pessoa procura instintivamente o terceiro, imobilização. Assim, a energia gerada para fugir ou lutar não tem saída e fica presa, agora se transforma em raiva e dá lugar à frustração e desamparo. Isso causará trauma, pois não pode ser descarregado. Assim, usando as palavras de Peter Levine, a biologia “ se torna patologia ”. Quando tudo isso começar a renegociar e o trauma começar a ser tratado, podemos começar a descongelar, sair dele.  A chave é separar a imobilização do medo associado a ela. Assim, a patologia “se torna biologia”[ 1 ] e o processo de trauma é revertido.

O ciclo de excitação atinge seu grau máximo quando nos mobilizamos para enfrentar a ameaça, então a emoção é desativada e nos sentimos relaxados e satisfeitos. Pessoas traumatizadas não terminam esse ciclo, porque estão paralisadas ou imobilizadas pelo medo.

Há sinais muito claros associados à excitação. No nível físico, o batimento cardíaco aumenta, a respiração se torna rápida e superficial, os músculos se apertam e o suor frio é experimentado. No nível mental, os pensamentos também aumentam, há preocupação e a mente está inquieta, a atenção é focada e os sentimentos são “ anestesianos ”[ 2 ]. Se reconhecermos tudo isso e permitirmos atingir seu pico para que ele possa descarregar e fluir, podemos naturalmente experimentar tremores, tremores, vibrações, ondas de calor, respiração profunda, palpitações cardíacas mais lentas, sudorese quente, relaxamento muscular e uma sensação geral de alívio, bem-estar e segurança.

Se após um incidente traumático a energia não for descarregada ou integrada, os componentes do trauma aparecerão, de uma maneira ou de outra, que sempre estarão presentes: hiperexcitação, constrição, dissociação e congelamento ( associados ao sentimento de desamparo ). O restante dos múltiplos sintomas de trauma aparecerá a partir deles.

A hiperexcitação é a semente dos outros sintomas. Após uma experiência traumática, o instinto de sobrevivência fica alerta caso o perigo retorne e, portanto, o sistema nervoso autônomo permanece permanentemente ativado, o que leva a pessoa a facilmente assuste, durma mal, fique irritado com frequência. A pessoa revive obsessivamente o momento traumático como se estivesse acontecendo no presente. Tem freqüentes flashbacks acordado e durante o sono, não há descanso. Tem uma fixação naquele momento. As memórias associadas ao trauma não são lineares, são frias e silenciosas e não têm uma narrativa verbal ou estão inscritas em um contexto, são um conjunto de imagens e sensações muito vívidas. A repetição obsessiva ocorre em pensamentos, sonhos e também em ação.

A constrição afeta todas as funções e partes do corpo. O sistema nervoso funciona concentrando todos os nossos esforços na ameaça. A respiração, tônus muscular e postura são alterados. Os vasos sanguíneos na pele, extremidades e vísceras se contraem para permitir uma ação defensiva rápida nos músculos. A atenção é fixada no ambiente e se aguça, o estado é hipervigilância. Se essas hipervigilância e constrição não forem descarregadas porque a pessoa está sobrecarregada ou permanece inativa, elas serão canalizadas irregularmente para outros sintomas, como ansiedade, ataques de pânico, imagens intrusivas, etc.

Se a constrição falhar em fazer o corpo reagir para se defender, o sistema nervoso toma medidas e usa outros mecanismos, como dissociação e congelamento.

A dissociação é a paralisia do senso de percepção de uma pessoa. Ele nos protege da dor da morte em uma situação de perigo iminente. Tem diferentes graus, pode variar de um distanciamento da situação à síndrome da personalidade múltipla. Quase sempre inclui distorções de tempo e percepção e, acima de tudo, uma desconexão do próprio corpo. O distanciamento e o falta de memória são os sintomas mais óbvios que se desenvolvem a partir da dissociação. Embora existam outros originados por ela que não são tão fáceis de reconhecer como a negação ou as indisposições físicas. Isso pode ser a conseqüência de uma dissociação parcial na qual uma parte do corpo é desconectada das outras. Dores de cabeça recorrentes, dor nas costas podem ser a combinação de uma dissociação parcial com uma constrição.

Diante de uma ameaça avassaladora, a resposta é o congelamento ou a sensação de impotência. Se a hiperexcitação é o acelerador do sistema nervoso, a sensação avassaladora de impotência é o freio. O corpo nessa situação é incapaz de se mover. A pessoa sofre de um sentimento de paralisia tão profundo que não consegue se mover, nem gritar, nem sentir, está congelada.

A desconexão entre corpo e alma é um dos efeitos mais importantes do trauma. A perda de sensação na pele é uma manifestação física comum de dormência e desconexão que as pessoas experimentam após o trauma.

Como lidar com o trauma. Terapias de recuperação.

O processo de cura começa dentro de nós. É necessário liberar os sintomas de nossa mente e coração, juntamente com a energia que está travada em nosso sistema nervoso. Para resolver o trauma, é necessário fluir em harmonia entre instinto, emoção e pensamento racional.

É essencial iniciar a recuperação para estabelecer um sentimento de segurança, confiança, comunicação. A pessoa deve atender às suas necessidades básicas e transformar comportamentos autodestrutivos e gradualmente entrar em contato com o meio ambiente. Se o ambiente suportar e proteger a pessoa, será mais fácil o sucesso do processo de superação de trauma.

Recuperar-se de um trauma envolve recuperar o poder de estabelecer novos laços relacionais com a comunidade. Há uma série de faculdades psicológicas da pessoa que foram danificadas pelo evento traumático experimentado, como: confiança, auto-estima, competência, autonomia e poder. Somente entrando em contato com outras pessoas e assumindo a responsabilidade por sua própria cura, a pessoa pode reverter o trauma e curar.

A fase de recuperação das memórias traumáticas é uma fase complexa, mas necessária, que deve ser feita com cuidado. Alguns métodos catárticos que promovem uma enxurrada intensamente emocional de trauma podem ser muito prejudiciais. Se a pessoa não estiver preparada para isso, recordar verbalmente o evento traumático pode levar a reviver a situação traumática sem realmente dar vazão à energia retida naquele momento.

Existe uma maneira de recuperar o controle que perdemos do corpo quando sequelas traumáticas se tornaram crônicas. O sistema nervoso pode ser deliberadamente estimulado a despertar e depois descarregar suavemente a excitação. É possível usar as sensações corporais como um guia capaz de revelar onde experimentamos trauma, para que sejamos direcionados aos nossos recursos instintivos.

Quando começamos o processo de cura, usamos o chamado senso de percepção. É difícil definir exatamente o que é, porque não é um processo linear, diferente da linguagem. É o meio através do qual experimentamos toda a sensação. Os sentidos físicos, como emoções, fornecem apenas parte da informação que forma a base do senso de percepção. A consciência interna do nosso corpo também fornece informações para entendê-lo, e até pensamentos podem modificá-lo. No processo de cicatrização de trauma, focamos nas sensações individuais, mas também no fundo, integrando tudo em uma experiência, em uma unidade organizada de experiência (Gestalt).

Por meio do senso de percepção, deixamos o corpo “falar”, experimentando e tendo consciência do que está acontecendo. O corpo se expressará através de imagens, memórias, emoções, discernimentos, intuições, sensações vagas ou sutis, etc. Tudo isso nos permitirá dar passos na cura do trauma. As sensações vêm dos sintomas e sintomas da energia retida, aprendendo a reconhecê-las descomprimirá e recuperará o corpo.

Mais do que emoção intensa, a chave para superar o trauma está na sensação do corpo e em como o corpo experimenta essas emoções na forma de pensamentos e sensações. Quando entendemos como o trauma ocorre e identificamos os mecanismos que o impedem de ser resolvido, começamos a entender e reconhecer como o corpo tenta se curar.

A fase de luto é imperativa na cicatrização de traumas. A psicoterapia ajuda a integrar eventos traumáticos, mas não pode apagar o que aconteceu. A pessoa aprende a aceitar a perda, de qualquer tipo, que traz consigo o trauma vivido. É assim que a pessoa atinge a fase principal do degelo e se reconecta gradualmente à vida.

Nesta fase, é importante valorizar os aspectos do eu desenvolvido a partir do evento traumático, isso dá à pessoa a dimensão de sua própria transformação.

Dando um novo significado à sua existência, descobrindo seus próprios recursos, sua força e sabedoria internas permitirão que você enfrente corajosamente situações difíceis que possam ocorrer no futuro, é o que chamamos de resiliência.

Técnicas de intervenção:

Existem muitas técnicas de intervenção em trauma, aqui vou me limitar a apenas nomear algumas.

Uma referência no trabalho de trauma é Peter Levine e os autores que já mencionei na introdução deste artigo. Experimentação somática é o termo que abrange como o trauma é tratado. Seu discurso se concentra no trabalho corporal descongelar o que estava congelado no momento do trauma. Ele defende que o trauma é fisiológico e que o mecanismo fisiológico que governa a resposta instintiva que paralisa a ação contra um evento traumático deve ser acessado, para que o corpo ative e flua novamente, revertendo o trauma causado pela imobilização.

Existem outras abordagens como bioenérgico que também permitem trabalhar com o corpo. Exercícios de grounding (embasamento) e centragem podem ser muito úteis. Como todos os exercícios que envolvem trabalho emocional para liberar a raiva contida e permitir uma descarga de energia. Todas as manifestações de descarga de energia, como tremores, vibrações etc., serão bem-vindas. Também podemos trabalhar com visualizações criativas que nos permitem canalizar de maneira mais sutil e indireta a raiva, o medo e outras emoções não ditas que podem ter sido bloqueadas por eventos traumáticos vivos.

O ioga, a meditação e qualquer técnica que nos permita trabalhar com respiração e relaxamento progressivo ajudará no trabalho de reconexão. Técnicas que nos ancoram aqui e agora permitirão um trabalho sutil e eficaz.

Encarar o  trabalho desde uma abordagem gestalt e uma maneira muito rica de intervir para reverter o trauma e seus efeitos. Funciona com polaridades, mudanças de função, cadeira quente e toda a bateria de técnicas que facilitam o conhecimento das sensações e como elas fluem e se transformam ao longo do processo.

Técnicas como EMDR (reprocessamento e dessensibilização através do movimento ocular rápido dos olhos). É uma técnica neuropsicológica que permite restaurar o equilíbrio interno, tornando as informações congeladas, não digeridas, associadas a trauma, que é revivido de diferentes maneiras repetidas vezes e que, embora tenha acontecido em um passado muito distante, afeta as situações atuais, é dessensibilizado, processados e integrados de maneira adaptativa no presente e de maneira consciente. 

O sujeito traumatizado não está ciente das sensações físicas que precipitam emoções de medo e ações ameaçadoras. Eles não sabem que suas reações são causadas por uma memória, eles não têm uma força organizadora central, o que os ajuda a colocar os elementos traumáticos no contexto temporal e espacial correto. O tratamento do TEPT usando EMDR consiste em ajudar os pacientes a superar as impressões traumáticas que dominam suas vidas, sensações, emoções e ações que, embora irrelevantes para a situação atual, são desencadeados por estímulos internos ou externos que reativam estados mentais antigos baseados em trauma.

A vítima do trauma não é que “aprende” um esquema de indefensão com o qual ele reage mais tarde. No momento da reação disfuncional sintomática, a pessoa está desamparada, porque a experiência armazenada de trauma anterior o inunda emocional e fisicamente e o prende em um circuito de respostas inadequadas. Ou seja, experiências anteriores da situação traumática ( medo, vergonha, aceleração do pulso ou respiração, acompanhando pensamentos…) são aquelas que são armazenadas e “disparadas” por estímulos subsequentes que levam a situações não adaptáveis.

O surgimento desse material armazenado faz com que o passado seja atualizado. Na ausência de conexões e associações internas adequadas, a experiência é armazenada da mesma maneira que no período em que ocorreu e o processo de aprendizado que leva à resolução não ocorre.

Usando o EMDR, é fornecido ao paciente que, durante o processo de terapia, eles podem fazer novas conexões e associações entre memória não processada e informações adaptativas contidas em outras redes de memória. Isso resultará na mudança de percepções disfuncionais para outras mais adaptáveis e saudáveis.

O novo aprendizado exige que sejam feitas conexões, dentro de redes de memória associativa, entre experiências passadas e presentes. O núcleo do trabalho do EMDR é aprimorar as conexões através desses canais associativos de memória.

A partir desse modelo conceitual, o trauma não é registrado principalmente na consciência dos sujeitos, mas seria incorporado em experiências sensoriais. Embora diálogo e aquisição de insight possam ajudar as pessoas a ter uma sensação de domínio, EMDR entende que é improvável que isso influencie ou modifique as sensações corporais que são os motores da repetição traumática contínua. O EMDR permitirá processar as sensações corporais e emoções traumáticas e, a partir daí, as atribuições associadas do eu e dos outros.

A questão fundamental no trauma é saber como a mente consegue integrar a experiência de tal maneira que esteja preparada para uma ameaça futura, ao mesmo tempo em que é capaz de discriminar o que pertence ao presente do que pertence ao passado.

Bessel van der Kolk [ 3 ] menciona o neurofeedback, outra maneira de abordar o tratamento de trauma para reprogramar o cérebro.

O treinamento alfa-teta é um dos procedimentos de neurofeedback que induzem um estado hipnótico. Esse método busca que as ondas do cérebro alfa possam atuar como uma ponte do mundo externo para o interno e vice-versa, a fim de reverter os padrões estabelecidos no momento do trauma.

O mesmo autor menciona as possibilidades terapêuticas de teatro como maneiras de abordar o trabalho com trauma. Embora eu não vá desenvolver esse ponto, mencionarei autores como Alain Vigneau, que poderiam ser um expoente interessante para ilustrar esse tipo de trabalho. “Terapia e teatro, nas palavras de Tina Packer, são pura intuição. ( ... ) O que torna a terapia eficaz é a ressonância profunda e subjetiva e o profundo senso de verdade e veracidade que habita o corpo”.

[ 1 ] Peter A. Levine e Ann Frederick:  Cure o trauma ao descobrir nossa capacidade inata de superar experiências negativas, Ediciones Urano, Barcelona, 1999, p. 117..

[ 2 ] Termo retirado de Ana Ma Berruete: Ticina observa sobre trauma, publicado pelo Instituto Ananda, Pamplona, Gestalt Training, página 2

[ 3 ] Bessel van der Kolk, M.D.: O corpo continua contando. Cérebro, mente e corpo na superação de traumas, Editorial Eleftheria, Barcelona, 2015. indivíduo. 19, pp. 230 e seguintes.

Conclusão

¿Por que os animais de presa não domesticados raramente são traumatizados? Em seu ambiente natural, suas vidas são constantemente ameaçadas.

No entanto, eles não estão traumatizados. Ao observá-los em estado selvagem, verificou-se que eles têm uma capacidade inata de se recuperar do perigo. Eles sacudem a energia residual agitando, movendo rapidamente os olhos, tremendo, ofegando e completando os movimentos motores.

Quando o corpo começa a recuperar o equilíbrio, o animal pode ser observado respirando espontaneamente em profundidade.  A respiração surge de um lugar profundo em seu corpo. Tudo isso faz parte do mecanismo normal de auto-regulação e homeostase. A boa notícia é que compartilhamos essa mesma habilidade com os animais.

Então, por que os humanos sofrem de sintomas de trauma? Somos mais complexos e dotados de um cérebro racional superior, simplesmente pensamos demais. Além disso, pensamento e julgamento costumam andar juntos. Os animais não julgam seus sentimentos e sensações. Não há sentimentos de culpa, vergonha ou censura. O resultado é que eles não impedem o processo de cura que o leva de volta ao equilíbrio e à homeostase como nós.

O trauma não pode ser ignorado, é a cicatriz do estresse. É uma parte inerente da biologia primitiva que nos trouxe aqui. A única maneira de conseguirmos nos libertar, individual e coletivamente, da representação de nossos legados traumáticos, será transformá-los através da renegociação.

O importante, independentemente do que aconteceu, é poder entender o que aconteceu. É importante colocar nossa experiência em palavras para desenvolver nosso potencial como seres humanos. O problema é que, embora um evento possa ter desaparecido da memória consciente, o corpo não esquece. Existe um imperativo fisiológico para completar os impulsos incompletos do sensorimotor que foram ativados antes que o corpo pudesse retornar a um estado relaxado de alerta.

As pessoas traumatizadas são incapazes de superar a ansiedade de sua experiência, são esmagadas, derrotadas e aterrorizadas pelo incidente, presas com medo e incapazes de se envolver novamente na vida. Nem todas as pessoas que sofrem de um evento traumático estão traumatizadas. O processo de cura é mais eficaz quanto menos dramático e mais gradual. Todos nós temos a capacidade de curar traumas. Para nos libertar de nossos sintomas e medos, precisamos despertar nossos profundos recursos psicológicos e usá-los conscientemente. A energia que congelou no momento da experiência traumática deve fluir e nos ajuda a despertar nosso lado instintivo e sensível. A própria pessoa tem os recursos necessários para sair dessa situação de imobilização, mesmo muitos anos depois de ter vivido a experiência traumática.

Trauma não resolvido pode nos levar a ser vítimas eternas ou eternos pacientes de terapias diversas. Os sintomas traumáticos podem ser fisiológicos e psicológicos, intensos e globais ou sutis e ilusórios. O cerne da questão é entender que o trauma representa um instinto não realizado, que mobiliza muita energia para sair da situação, mas, ao mesmo tempo, é interrompido, impedindo que a situação ameaçadora se expresse e resolva.

Muitas culturas, incluindo a nossa, são vítimas de uma atitude comumente aceita de que força significa resistência; que ser capaz de continuar apesar da gravidade dos sintomas, é um pouco heróico. Muitos de nós aceitamos essa diretriz social sem sequer questioná-la. Ao usar o córtex cerebral, nossa capacidade de raciocinar, é possível dar a impressão de que mais de um incidente ameaçador está ocorrendo, mesmo uma guerra sem o menor arranhão, e é exatamente isso que muitos de nós fazemos. Continuaremos como heróis com lábios apertados, como se nada tivesse acontecido conosco. Assim, os efeitos traumáticos se tornarão mais graves, se tornarão firmemente fixos e crônicos. O verdadeiro heroísmo consiste em reconhecer a experiência de alguém, não banir ou negar.

A cura e transformação do trauma é um caminho para o despertar. Deixamos a ilusão de segurança e aprendemos a estar de uma nova maneira. Liberar todas essas energias congeladas em trauma abre nossa sensibilidade mais criativa. Ao dar ao instinto seu lugar de direito, nos rendemos ao presente para o eterno “agora”. Ao resolvermos nossos traumas, encontramos as partes ausentes do nosso ser, aqueles que nos fazem sentir completos e descobrem o conhecimento simples, mas muito vital, de “Eu sou eu e estou aqui”. A cura do trauma nos conscientiza, nos traz de volta para casa. A cura do trauma nos conecta ao impulso da vida. É um caminho para o despertar e para a criatividade.

 Bibliografia

1.- Peter A. Levine e Ann Frederick:  Cure o trauma ao descobrir nossa capacidade inata de superar experiências negativas, Ediciones Urano, Barcelona, 1999.

2.- Peter A. Levine: Cure o trauma. Um programa pioneiro para restaurar a sabedoria do seu corpo,  ( + 12 áudios de exercícios com experiência somática, ) Ed. Neo Person, Madri 2012

3.- Pat Ogden, Kekuni Minton e Clare Pain: Trauma e o corpo. Um modelo sensóriotor de psicoterapia, Biblioteca de psicologia Desclée de Brouwer, Bilbao 2009

4.- Bessel van der Kolk, MD: O corpo continua contando. Cérebro, mente e corpo na superação de traumas. Editora Eleftheria, Barcelona 2015

5.- Pau Pérez Sales: Trauma, culpa e luto. Rumo a uma psicologia inclusiva. Programa de auto-treinamento em psicoterapia de resposta traumática,( 2a Edição ), ed. Biblioteca de psicologia Desclée de Brouwer, Bilbao 2006

6.- Ana Ma Berruete:  O trauma. Uma abordagem gestáltica. Notas de Ticina sobre trauma, Instituto Ananda, Pamplona, 2015

7.-Mónica Ventura:  EMDR: Uma estratégia para gerenciamento emocional de trauma, Apresentação do PowerPoint

8.- Graciela Lauro: Entrevista com Angwyn St. Apenas: “ O desafio de ficar maior do que o que aconteceu conosco ”

Este artigo, com algumas adaptações, foi traduzido por mim do original de Maria Antonieta Bartolome Garcia, do Instituto Ananda, e dela são os créditos de autoria. Meu agradecimento.

Teoria Polivagal na Pratica

Imaginar a química do cérebro pode ser algo como imaginar um furacão. Embora possamos imaginar o mau tempo, é difícil imaginar mudar esse clima. Mas a teoria polivagal de Stephen Porges fornece aos counselors uma imagem útil do sistema nervoso que pode nos guiar em nossos esforços para ajudar clientes. 

A teoria polivagal de Porges se desenvolveu a partir de seus experimentos com o nervo vago. O nervo vago serve o sistema nervoso parassimpático, que é o aspecto calmante da mecânica do sistema nervoso. A parte parassimpática do sistema nervoso autônomo equilibra a parte ativa simpática, mas de maneiras muito mais sutis do que entendemos antes da teoria polivagal.

Nosso sistema nervoso de três partes

Antes da teoria polivagal, nosso sistema nervoso era retratado como um sistema antagônico de duas partes, com mais sinalização de ativação menos calmante e mais calmante sinalizando menos ativação. A teoria polivagal identifica um terceiro tipo de resposta do sistema nervoso que Porges chama de sistema de engajamento social, uma mistura divertida de ativação e acalmação que opera com uma influência nervosa única.

O sistema de engajamento social nos ajuda a navegar nos relacionamentos. Ajudar nossos clientes a mudar para o uso de seu sistema de engajamento social permite que eles se tornem mais flexíveis em seus estilos de enfrentamento.

As duas outras partes do nosso sistema nervoso funcionam para nos ajudar a gerenciar situações com risco de vida. A maioria dos counselors já conhece os dois mecanismos de defesa desencadeados por essas duas partes do sistema nervoso: luta ou fuga simpática e paralisação parassimpática, às vezes chamada de congelamento ou desmaio. O uso do nosso sistema de engajamento social, por outro lado, requer uma sensação de segurança.

A teoria polivagal nos ajuda a entender que os dois ramos do nervo vago acalmam o corpo, mas o fazem de maneiras diferentes. O desligamento, ou congelamento ou desmaio, ocorre através do ramo dorsal do nervo vago. Essa reação pode parecer os músculos cansados e a tontura de uma gripe ruim. Quando o nervo vagal dorsal desliga o corpo, ele pode nos mover para a imobilidade ou dissociação. Além de afetar o coração e os pulmões, o ramo dorsal afeta o funcionamento do corpo abaixo do diafragma e está envolvido em problemas digestivos.

O ramo ventral do nervo vagal afeta o funcionamento do corpo acima do diafragma. Este é o ramo que serve ao sistema de engajamento social. O nervo vagal ventral amortece o estado regularmente ativo do corpo. Imagine controlar um cavalo enquanto você o monta de volta ao estábulo. Você continuaria a recuar e liberar as rédeas de maneiras diferenciadas para garantir que o cavalo mantenha uma velocidade apropriada. Da mesma forma, o nervo vagal ventral permite a ativação de maneira diferenciada, oferecendo assim uma qualidade diferente da ativação simpática.

A liberação vagal ventral na atividade leva milissegundos, enquanto a ativação simpática leva segundos e envolve várias reações químicas semelhantes à perda das rédeas do cavalo. Além disso, uma vez iniciadas as reações químicas de luta ou fuga, nosso corpo pode levar 10 – 20 minutos para retornar ao nosso estado de pré-luta/ pré-fuga. A liberação vagal ventral na atividade não envolve esse tipo de reação química. Portanto, podemos fazer ajustes mais rápidos entre ativação e calma, semelhantes ao que podemos fazer quando usamos as rédeas para controlar o cavalo.

Se você for a um parque para cães, verá certos cães com medo. Eles exibem comportamentos de luta ou fuga. Outros cães sinalizam um desejo de brincar. Essa sinalização geralmente assume a forma que nós, humanos, sequestramos para a pose de cachorro voltada para baixo no yoga. Quando um cão dá esse sinal, ele indica um nível de excitação que pode ser intenso. No entanto, essa energia divertida tem um espírito muito diferente da intensidade dos comportamentos de luta ou fuga. Esse espírito lúdico caracteriza o sistema de engajamento social. Quando experimentamos nosso ambiente como seguro, operamos a partir de nosso sistema de engajamento social.

Efeito do trauma na resposta do sistema nervoso

Se tivermos trauma não resolvido em nosso passado, podemos viver em uma versão de luta ou fuga perpétua. Podemos canalizar essa ansiedade de lutar ou voar em atividades como limpar a casa, arrecadar as folhas ou malhar na academia, mas essas atividades terão uma sensação diferente da que teriam se tivessem terminado com a biologia do engajamento social (pense em “apito enquanto você trabalha”).

Para alguns sobreviventes de trauma, nenhuma atividade canaliza com sucesso suas sensações de luta ou fuga. Como resultado, eles se sentem presos e seus corpos fechados. Esses clientes podem viver em uma versão do desligamento perpétuo.

Peter Levine, um amigo de longa data e colega de Porges, estudou a resposta de desligamento por meio de observações de animais e carroceria com os clientes. No livro  “Acordando o tigre: curando o trauma”, ele explica que emergir do desligamento requer um tremor ou tremor para descarregar energia suspensa de combate ou fuga. Em uma situação de risco de vida, se tivermos um desligamento e uma oportunidade de sobrevivência ativa se apresentar, podemos nos acordar. Como counselors, podemos reconhecer essa mudança do desligamento para o combate ou fuga no movimento de um cliente da depressão para a ansiedade.

Mas como podemos ajudar nossos clientes a adotar sua biologia de engajamento social? Se os clientes vivem de maneira mais dissociativa, deprimida e paralisada, devemos ajudá-los a mudar temporariamente para luta ou fuga. À medida que os clientes experimentam intensidade de luta ou fuga, devemos ajudá-los a encontrar uma sensação de segurança. Quando conseguem sentir que estão seguros, podem mudar para o sistema de engajamento social.

As técnicas de conscientização corporal que fazem parte da terapia cognitivo-comportamental (CBT) e terapia comportamental dialética (DBT) podem ajudar os clientes a sair da dissociativa, respostas de desligamento, incentivando-as a se tornarem mais incorporadas. Quando os clientes estão mais presentes em seus corpos e mais aptos a atender a uma tensão muscular momentânea, eles podem acordar de uma resposta de desligamento. À medida que os clientes se ativam para fora do desligamento e mudam para sensações de luta ou fuga, as técnicas de reestruturação do pensamento que também fazem parte da TCC e do DBT podem ensinar os clientes a avaliar sua segurança com mais precisão. Técnicas de escuta reflexiva podem ajudar os clientes a sentir uma conexão com seus counselors. Isso possibilita que esses clientes se sintam seguros o suficiente para mudar para a biologia do engajamento social.

Aspectos específicos do funcionamento do nervo vagal ventral

Porges escolheu o nome sistema de engajamento social porque o nervo vagal ventral afeta o ouvido médio, que filtra ruídos de fundo para facilitar o ouvir a voz humana. Também afeta os músculos faciais e, portanto, a capacidade de fazer expressões faciais comunicativas. Finalmente, afeta a laringe e, portanto, o tom vocal e o padrão vocal, ajudando os humanos a criar sons que acalmam um ao outro.

Desde a publicação "A teoria polivagal: fundamentos neurofisiológicos das emoções, anexos, comunicação e auto-regulação" em 2011, Porges estudou o uso de modulação sonora para treinar músculos do ouvido médio. Clientes com mau funcionamento do sistema de engajamento social podem ter dificuldades no ouvido interno que dificultam o recebimento de calmantes de outras vozes. Como counselors, podemos estar conscientes de nossos padrões vocais e expressões faciais e curiosos sobre os efeitos que esses aspectos de nossa comunicação têm sobre nossos clientes.

Com base em sua compreensão dos efeitos do nervo vago, Porges observa que estender a expiração por mais tempo do que a inalação por um período de tempo ativa o sistema nervoso parassimpático. Porges era um clarinetista em sua juventude e lembra o efeito dos padrões de respiração necessários para tocar esse instrumento.

Como terapeuta de dança, estou ciente de que a extensão de expirações ajuda os clientes que estão presos em formas de resposta de luta ou fuga a se mudarem para uma sensação de segurança. Para clientes presos em alguma forma de desligamento, descobri que o trabalho consciente da respiração pode remover a resposta de luta ou fuga. Quando isso ocorre, a energia de luta ou fuga precisa ser descarregada através do movimento para que os clientes encontrem uma sensação de segurança. Por exemplo, esses clientes podem precisar mexer ou bater numa almofada.  A hierarquia do funcionamento do sistema de defesa explica essas técnicas terapêuticas.

A Variabilidade da Frequência Cardíaca (HVR, pela sigla em inglês) é um bom índice de funcionamento vagal ventral. Isso significa que agora temos métodos para estudar a eficácia de terapias corporais e artísticas expressivas.

Teoria polivagal na minha prática

O que se segue é um exemplo de como usei a teoria polivagal com um cliente que sofreu trauma médico durante o nascimento.

O cliente, que eu vejo há algum tempo, descreveu sentir-se muito sonolento e reconheceu ter dificuldade em chegar à nossa sessão neste dia. Seu psiquiatra havia prescrito sertralina (medicamento de efeito antidepressivo/ansiolítico) como uma maneira de tratar a ansiedade provocada pelo nascimento do primeiro filho de sua filha. A cliente e eu já tínhamos normalizado sua ansiedade como resposta ao trauma.

Durante os anos anteriores a vir me ver, essa cliente tentou se suicidar, o que resultou em procedimentos médicos que contribuíram para o trauma dela. Através do nosso trabalho, ela passou a entender que os ataques de pânico que ela tem quando em situações contidas também são respostas a traumas. Ela viveu grande parte de sua vida no modo perpétuo de resposta de luta ou fuga.

Nesse dia, ela ficou aliviada por ser menos emocional, mas temia o cansaço que acompanhava a ajuda da sertralina em acalmar suas sensações de luta ou fuga. Vi esse medo do cansaço como um medo do desligamento vagal dorsal. Discutimos a possibilidade de que esse cansaço lhe permitisse um novo tipo de ativação. Perguntei se ela gostaria de fazer alguma arte expressiva que permitisse um movimento gentil e expressivo. Ela estremeceu, nomeando sua preferência por coisas menos subjetivas.

Conversamos sobre a existência de um tipo de vivacidade que ainda parece seguro. Conversamos sobre a possibilidade de existir em um lugar lúdico em que não há certo e errado, apenas preferência. Reconhecemos que desde o nascimento dela, ela e os pais temiam que sua saúde falhasse novamente. Esse ambiente em que ela cresceu havia apoiado o funcionamento do sistema nervoso projetado para situações com risco de vida. Com a sertralina acalmando sua ativação de luta ou fuga, sugeri que talvez ela pudesse explorar alguns tipos mais calmos e divertidos de experiências subjetivas.

“Parece que você está tentando criar uma eu diferente”, ela respondeu. Reconheci que poderia parecer que eu estava pensando que ela poderia ser alguém que ela não era. Mas expliquei que o que eu estava realmente sugerindo era a possibilidade de ela ser ela mesma de uma maneira diferente.

A cliente me disse que tinha um novo livro sobre avós que continha um capítulo sobre o jogo. Ela disse que consideraria lê-lo. Ao mesmo tempo, ela disse que talvez não fosse capaz de tolerar a sertralina e talvez precise sair disso. Independentemente disso, a ideia dessa maneira diferente e mais divertida de ser foi apresentada a ela e, por um momento ou dois, experimentada.

Obtendo a imagem

Como counselors armados com a teoria polivagal, podemos imaginar a hierarquia do mecanismo de defesa. Podemos reconhecer mudanças de luta ou fuga para desligamento quando os clientes se sentem presos. Também podemos reconhecer o movimento do desligamento para a luta ou fuga que oferece uma possível mudança na biologia do engajamento social se e quando o cliente puder ter uma sensação de segurança.

Antes da teoria polivagal, a maioria dos counselors provavelmente podia reconhecer comportamentos de luta ou fuga e desligamento. Eles provavelmente poderiam sentir uma diferença entre as respostas de defesa projetadas para situações e respostas com risco de vida que caracterizam o que Porges chama de sistema de engajamento social. A teoria polivagal aprofunda essa consciência com o conhecimento de que excitação lúdica e rendição restauradora têm uma influência única no sistema nervoso.

A maioria dos counselors aprecia a ciência do cérebro, mas pode achar difícil imaginar como usar as informações. Graças ao esclarecimento da teoria polivagal sobre o papel do ramo ventral do nervo vago, agora temos um mapa para nos guiar.

Autora: Dee Wagner. Trabalha como counselor profissional licenciada e terapeuta de dança certificada pelo conselho em The Link Counseling Center, Atlanta, há 22 anos. 

Publicado na Revista COUNSELING TODAY da ACA (American Counseling Association) em Junho/2016.

Traduzido por © Cláudio Menéndez

Estabilização do trauma através da Teoria Polivagal e Terapia Comportamental Dialética

Desde minha perspectiva, a teoria polivagal até agora, nos forneceu o melhor modelo de trabalho de como o trauma afeta o cérebro e o corpo. De acordo com este modelo, o trauma tem um impacto nos dois ramos do sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático), que inclui os dois ramos do sistema nervoso parassimpático (ventral e dorsal). 

O ramo simpático do sistema nervoso está associado a aceleração física e emocional (como aumento do medo, raiva, respiração e freqüência cardíaca); no caso de perigo, isso significa luta ou fuga. Por outro lado, o ramo parassimpático do sistema nervoso está associado à desaceleração física e emocional. Mais especificamente, o ramo ventral do sistema nervoso parassimpático está associado ao envolvimento social, enquanto o ramo dorsal é responsável pelas funções “repouso e digestão” e, no caso de ameaça extrema, “congelar". O congelamento ocorre quando o organismo se dissocia mentalmente ou, em casos ainda mais extremos, desmaia.

Quando apresentados com perigo, os vários ramos do sistema nervoso autônomo são afetados em uma ordem específica. O primeiro ramo a ser afetado é o sub-ramo ventral do sistema nervoso parassimpático, responsável pelo envolvimento social. Em outras palavras, quando apresentadas com ameaça, funções relacionadas à conectividade social — risos, sorrisos, empatia, sintonização, capacidade de fornecer validação — ficam offline. Se o perigo persistir, o próximo ramo a ser afetado é o sistema nervoso simpático, que resulta em luta ou fuga. Quando nem a luta nem a fuga podem mitigar a ameaça, o sub-ramo dorsal do sistema nervoso parassimpático é ativado, resultando em congelamento (algum tipo de colapso mental ou físico, como dissociação ou desmaio). As seguintes ações resumem esta sequência:

Os dois pedais

Pense no sistema nervoso simpático como o acelerador e o sistema nervoso parassimpático como os freios. Enquanto dirigimos pela estrada, precisamos de ambas as funções. Se a condução for suave, às vezes aceleraremos suavemente e às vezes frearemos suavemente. O mesmo processo se aplica ao nosso funcionamento físico, mental e emocional. Se a "condução" for suave, nossa mente e corpo desfrutam de uma oscilação suave entre aceleração e frenagem. 

Isso se reflete no ritmo cardíaco. Um ritmo saudável é indicado por uma repetição consistente de rápido/ lento, rápido/ lento, rápido/ lento. A razão para esse pendulamento suave é que todo o organismo, a qualquer momento, pode acelerar ainda mais ou interromper, conforme necessário. Um batimento cardíaco que é consistentemente rápido ou consistentemente lento ou irregularmente rápido/lento não é um ritmo saudável, porque esses estilos de circulação não podem permitir a oscilação suave entre aceleração e frenagem necessária para um passeio suave.

Vamos voltar à nossa analogia de condução. Se você estiver dirigindo pela estrada e um caminhão desviar descuidadamente bem na sua frente, provavelmente terá todas as reações representadas pela teoria polivagal: Você pode jurar e mostrar vários dedos (o envolvimento social fica offline), você pode acelerar repentinamente ou pode pisar no freio. Mas depois que o perigo for evitado, você provavelmente retornará à sua linha de base oscilando suavemente entre acelerar/ brecar conforme necessário — até que a próxima ameaça novamente exija uma ação mais extrema.  

Agora, vamos supor que você tenha experimentado tantos perigos na estrada que decide nunca baixar a guarda. Você está pronto a cada momento para gritar e esganiçar com outros motoristas, acelerar imprevisivelmente e frear imprevisivelmente. Se você está realmente cansado, pode até tentar acelerar e frear simultaneamente. Com o tempo, esse se torna seu novo estilo de direção padrão, independentemente das condições de condução: xingue todos, acelere repentinamente, freie repentinamente. (Você deve ter notado que em algumas grandes cidades esse tipo de direção é comum.) Você vê como isso levará a um passeio selvagem? Mesmo que as condições de condução tenham sido relativamente suaves, elas não serão mais. E mesmo que nenhum perigo estivesse presente, agora existe. Você está indo para as corridas …

Uma quebra na dialética

Essa metáfora motriz descreve o que acontece com as pessoas que sofreram trauma crônico: muita aceleração, muita frenagem e perda de engajamento social. Isso leva a uma grande variedade de respostas que são “demais” ou “muito pouco” resultando em uma série de complicações na vida. Essa tendência a muito ou muito pouco afeta especialmente os seguintes domínios:

Para cada um desses domínios, é possível ter excesso de uso do acelerador em excesso ou sistema nervoso simpático (ou muito pouco uso excessivo do freio, ou sistema nervoso parassimpático). Muita consciência leva à hipervigilância, enquanto muito pouca leva à dissociação. Muito pensamento leva à ruminação obsessiva, enquanto muito pouca leva à tomada de decisões impulsivas. Muita estimulação emocional leva à sobrecarga, enquanto muito pouca leva à dormência. Muita reatividade leva a ainda mais crises, enquanto muito pouco leva à paralisia. Mesmo os relacionamentos podem ser muito ou muito pouco, resultando em superdependência ou subdependência dos outros.  

Resumindo, o trauma resulta em todas as seguintes possibilidades: superconsciência versus subconsciência; pensar demais versus pensar pouco; superemoção versus subemoção; reação exagerada versus reação insuficiente; e super-relacionamento versus sub-relacionamento. Como os sistemas nervosos simpático e parassimpático foram sequestrados, o motorista está constantemente acelerando e freando demais em cada um desses domínios - e muitas vezes fazendo as duas coisas ao mesmo tempo.

Restaurando o saldo 

A terapia comportamental dialética (DBT, pela sigla em inglês), desenvolvida por Marsha Linehan, trata-se de reconciliar dilemas dialéticos (extremos binários que resultam em disfunção), ensinando habilidades comportamentais específicas para forjar um caminho médio entre esses extremos. Em particular, a DBT ensina os cinco conjuntos de habilidades a seguir: atenção plena, tolerância à angústia, regulação de emoções, pensamento dialético e eficácia interpessoal. Esses conjuntos de habilidades ensinam o caminho do meio entre cada um dos dilemas dialéticos mencionados na seção anterior.

Enquanto os clientes estiverem existindo e operando nesses extremos, é extremamente difícil para eles fazer counseling básico — muito menos trabalho de trauma e muito menos vida. É por isso que a DBT como modelo de tratamento é totalmente focado em habilidades. A DBT ensina as habilidades fundamentais necessárias para otimizar o counseling, estabilizar o trabalho de trauma e prosperar na vida — “construindo uma vida que vale a pena viver” nas palavras de Linehan. Entre dezenas de habilidades que poderiam ser destacadas, gostaria de apresentar cinco acrônimos simples para ajudar os clientes a encontrar — ou forjar — cada um desses caminhos intermediários.

A dança RAIN (dança da chuva): um caminho para a atenção plena 

A atenção plena, por definição, é sempre uma combinação de consciência e aceitação. A dança RAIN ajuda os clientes a aumentar a conscientização e a aceitação de emoções intensas e outros gatilhos de maneira altamente prática e aplicada. RAIN significa Recognize, Allow, Inquire and Nurture (Reconhecer, Permitir, Investigar e Nutrir).  

O objetivo deste acrônimo é ajudar os clientes a saber exatamente como aplicar a atenção plena em uma situação da vida real. Suponhamos que você queira ajudar um cliente a ficar mais consciente da raiva dele. Primeiro, ensine seu cliente a reconhecer sua raiva — e especialmente onde eles percebem em seu corpo (por exemplo, mandíbula apertada). Em seguida, ensine seu cliente a permitir sua raiva (em vez de julgá-la ou resistir a ela, o que tornará apenas mais difícil de administrar a longo prazo). Em seguida, ensine seu cliente a perguntar sobre sua raiva — com curiosidade, empatia e talvez até humor. (O medo e a raiva são neurologicamente incompatíveis com empatia, curiosidade e humor.) Por fim, ensine seu cliente a se envolver em algum tipo de nutrição (ou seja, auto-calmante) para liberar a raiva de maneira apropriada (como fazer uma longa caminhada pela floresta). A energia emocional precisará ser adequadamente descarregada, especialmente se a emoção intensa resultar de uma resposta de luta ou fuga; caso contrário, essa energia simplesmente ficará congelada — e continuará ressurgindo quando acionada. 

A ideia básica por trás dessa habilidade é simples: Aprenda a "dançar" com suas emoções, em vez de evitar, resistir, suprimir ou julgá-las.  

TIP.  Desbalance o balanço: um caminho para a tolerância à angústia 

A tolerância ao sofrimento do DBT tem tudo a ver com aprender a lidar no momento sem piorar. Trata-se de substituir comportamentos impulsivos, viciantes, arriscados ou autolesivos (em outras palavras, qualquer comportamento que leve a ainda mais crise) por estratégias de enfrentamento mais eficazes.  

Uma das minhas habilidades favoritas de tolerância ao sofrimento tem a ver com encontrar maneiras de reduzir o equilíbrio. Como existe uma conexão mente-corpo direta e óbvia, muitas vezes a maneira mais rápida de mudar seu humor é mudar rapidamente algo em seu corpo. Se você pode “desbalançar” (Tip) a química do seu corpo, também pode “desbalançar” o equilíbrio de suas emoções. Existem três maneiras de desequilibrar rapidamente a química do seu corpo: temperatura, exercício intenso e respiração ritmada/relaxamento muscular ritmado (refere-se à tensão dos músculos à medida que você inspira e relaxa os músculos ao expirar). 

Embora cada uma dessas técnicas seja eficaz por si só, elas podem ser ainda mais eficazes quando realizadas em conjunto. Por exemplo, uma maneira de eu pessoalmente dobrar o balanço na minha própria vida é andar de bicicleta. Essa atividade me ajuda a mudar rapidamente a temperatura do meu corpo, envolve exercícios físicos intensos e me ajuda a sincronizar minha respiração (inalação / expiração) com minha musculação (tenso/relaxado) através da natureza cíclica do pedalado.

SEEDS. Semeie suas sementes: um caminho para a regulação da emoção

Enquanto a tolerância à angústia se refere ao enfrentamento a curto prazo no momento, a regulação da emoção se refere a uma mudança de estilo de vida a longo prazo que acabará por apoiar uma emocionalidade muito mais saudável. Quando ensino habilidades de regulação de emoções aos clientes, uso uma analogia estendida do jardim. Por exemplo, se você quiser ter um jardim saudável de flores, faria algum sentido gritar e xingar as flores? Ignorar as flores? Envergonhar as flores? Coagir ou manipular as flores? Claro que não. Suas flores não precisam ser controladas — elas precisam ser cultivado. 

O mesmo conceito se aplica às nossas emoções. Em vez de tentar controlá-los, precisamos cuidar delas — como flores bonitas e delicadas. ( A propósito, isso me faz estremecer toda vez que ouço terapeutas — e até praticantes de DBT, nada menos que a regulação da emoção da parafraseada — como “controlando suas emoções”.) Há várias coisas que você precisa fazer para cuidar de um jardim real: plante as sementes certas, tire as ervas daninhas, verifique o solo, continue cuidando do jardim, mesmo quando quiser desistir, e fertilize. Cada uma dessas atividades representa uma maneira específica de cuidar de nossas emoções também. Aqui, apresentarei simplesmente o primeiro: Você precisa plantar as sementes (SEEDS) certas.  

Plantar as  sementes (SEEDS) certas refere-se a cinco maneiras de cuidar do seu corpo físico: sintomas, alimentação, exercício, drogas e sono (SEEDS = Symptoms, Eating, Exercise, Drugs and Sleep). Se você deseja ter um jardim saudável de emoções, precisará plantar cada uma dessas sementes abordando sintomas físicos, encontrando padrões alimentares saudáveis, fazendo exercícios moderados, monitorar quais drogas entram no seu corpo e dormir adequadamente. Depois de ajudar meus clientes a desenvolver um plano específico para cada uma dessas sementes, muitas vezes os forneço um relatório rápido de SEEDS no início de cada sessão, como parte do check-in semanal. 

Trabalhando o TOM: um caminho para o pensamento dialético  

O pensamento dialético tem tudo a ver com deixar de lado os extremos, aprendendo a pensar mais no meio, aprendendo a ser mais flexível com suas cognições, aprendendo a ver as coisas da perspectiva de outra pessoa, aprendendo a ver as coisas de várias perspectivas em sua própria cabeça e aprendendo a atualizar suas crenças quando receber novas informações.  

Quando ensino o pensamento dialético aos clientes, uso um processo muito simples: trabalhamos no TOM (Thought, Opposite and Middle), que significa Pensamento, Oposto e Médio. Primeiro, identificamos o pensamento problemático original. Em seguida, identificamos o extremo oposto completo dessa cognição. Finalmente, discutimos uma possível crença em algum lugar mais no meio.  

Vamos supor que um cliente tenha o pensamento problemático original de “Eu não sou bom em nada”. O extremo oposto completo seria: “Nunca cometi um erro. Eu sou absolutamente impecável. Eu sou o espécime humano mais competente que já existiu.” E algo mais no meio pode ser: “Há algumas coisas em que estou bem, mas também há muitas coisas em que preciso trabalhar.”  

O objetivo deste exercício é ajudar os clientes a identificar rapidamente uma cognição que provavelmente é muito mais precisa do que a crença original. Os clientes nem sempre conseguem pensar por si mesmos, por isso é completamente bom ajudá-los a princípio. Eventualmente, no entanto, é melhor que os clientes possam gerar seus próprios pensamentos intermediários, porque tudo o que eles produzem será inerentemente mais crível do que o que você criar. Mesmo que o cliente insista que não acredita no pensamento intermediário que gerou, é provável que parte deles o faça — porque essas palavras vieram de sua mente. Independentemente disso, seu trabalho não é tentar convencer seu cliente de que o pensamento intermediário é mais preciso; é simplesmente plantar a semente para esse pensamento e depois germiná-la por conta própria. De fato, quanto mais o cliente luta com o pensamento do meio, mais pensa sobre ele, reforçando a nova cognição.  

DEAR. Caro Adulto: Um caminho para a eficácia interpessoal 

Enquanto todas as outras habilidades mencionadas até agora são sobre auto-regulação, a eficácia interpessoal envolve inerentemente o eu e outra pessoa. Portanto, a eficácia interpessoal subsume inerentemente os outros conjuntos de habilidades. Afinal, você não pode lidar com outra pessoa se ainda não pode lidar consigo mesmo. 

Aqui, gostaria de apresentar talvez a mais abrangente das habilidades de eficácia interpessoal: CARO Adulto. (DEAR) D significa Descrever: Primeiro, descreva a situação que precisa ser abordada. Declare apenas os fatos e concentre-se verdadeiramente na situação, não na pessoa. Em seguida, expresse como você se sente sobre a situação. Use as instruções “Sinto”. Mais uma vez, expresse verdadeiramente como você se sente sobre o situação, não a pessoa. Às vezes, pode ser útil usar um verso e expressar como você se sentiu em situações semelhantes anteriormente, para que você e a outra pessoa entendam que pode haver mais história além da situação atual. Se você deseja ser especialmente dialético, use também este E para empatizar com a perspectiva da outra pessoa.  

Agora você está pronto para passar para A, que significa Afirmar. Ao afirmar, use declarações tipo “eu necessito”. Em particular, explique o que você precisa em termos positivos, não negativos; explique com precisão o que você precisa que a outra pessoa faça, não o que eles deveriam parar de fazer. Se você quiser ser ainda mais dialético, use também o A para avaliar a perspectiva da outra pessoa e até se desculpar pelo seu papel nessa situação.  

R significa Reforçar. Você deseja terminar com uma nota positiva e otimista, reforçando sua solicitação e o próprio relacionamento. Na minha opinião, a melhor maneira de reforçar os dois é explicar como o que você está solicitando é uma proposta em que todos saem ganhando. Você simplesmente quer o melhor para ambas as partes. Portanto, você está disposto a negociar e comprometer ainda mais, conforme necessário.  

Finalmente, você deseja fazer tudo isso usando a Voz Adulta, que é a dialética (o meio termo) entre a Voz Parental (gritar, repreender, censurar) e a Voz da Criança (lamentar, fazer beicinho, fazer uma birra). A voz adulta é quando você se comunica de uma maneira calma, composta e coletada.

Resumo 

O trauma contínuo resulta em superestimulação dos sistemas nervoso simpático e parassimpático (acelerador e freio), resultando em uma variedade de respostas que são “demais” ou “muito pouco”. Os cinco conjuntos de habilidades ensinados no DBT ajudam a restaurar o equilíbrio entre esses extremos, fornecendo um caminho intermediário, que inclui a reativação do sistema de engajamento social. É por isso que, quando explico DBT aos meus clientes, geralmente dispenso o jargão clínico e simplesmente me refiro a esse modelo como “desenvolvendo uma terapia de equilíbrio”. Neste artigo, introduzi brevemente cinco habilidades (entre muitas) como exemplos desses caminhos intermediários: a dança RAIN como uma forma de atenção plena; TIP, o equilíbrio como uma forma de tolerância ao sofrimento; semear suas SEEDS como uma forma de regulação da emoção; trabalhar o TOM como uma forma de pensamento dialético; e DEAR como uma forma de eficácia interpessoal. 

Para deixar claro, o DBT não foi projetado para resolver o trauma original. Miríadas de modelos foram desenvolvidos para processar traumas. Alguns modelos se concentram mais no processamento verbal e geralmente são chamados de modelos de "cima para baixo". Outros modelos se concentram mais no processamento somático e são geralmente chamados de modelos de "baixo para cima“. Alguns clientes preferem formas verbais de processamento, alguns preferem formas somáticas de processamento e a maioria dos clientes pode se beneficiar de ambos, portanto, não é necessário (na minha opinião) participar de debates intermináveis ou guerras inúteis por território neste ponto. Minha recomendação é simples: seja treinado em pelo menos uma forma de processamento de trauma que seja principalmente de cima para baixo e pelo menos uma forma de processamento de trauma que seja principalmente de baixo para cima — e se torne proficiente em ambos. ( Outro dilema dialético foi resolvido.) 

No entanto, nenhuma forma de processamento de trauma pode ser completamente eficaz quando o indivíduo está ativamente em crise, experimentando perigo contínuo ou constantemente desregulado. É aí que entra o DBT. O DBT (que eu gosto de chamar de “desenvolvendo terapia de equilíbrio”) fornece o conjunto de habilidades necessárias para ajudar os indivíduos a se estabilizarem ou se auto-regularem suficientemente para prosseguir com um trabalho mais profundo de trauma.  


Se você quiser saber mais sobre como usar o DBT focado em trauma com uma variedade de distúrbios baseados em trauma, recomendo os seguintes recursos para começar:  


Kirby Reutter

Publicado na Revista COUNSELING TODAY da ACA (American Counseling Association) em Setembro/2021.

Traduzido por © Cláudio Menéndez

Explorando a Conexão Mente-Corpo: Práticas e Técnicas Terapêuticas

Documento baseado em um programa apresentado na Conferência da American Counseling Association de 2013, de 20 a 24 de março, Cincinnati, OH. 

Jan C. Lemon e Buddy Wagner 

Jan C. Lemon é professora assistente no Departamento de Counseling e Psicologia do Mississípi College. Tem interesse em pesquisa nas áreas de bem-estar e espiritualidade e traz uma experiência única na aplicação da fé e da ressonância psicológica à discussão mente-corpo.

Buddy Wagner é professor aposentado e adjunto do Departamento de Counseling e Psicologia do Mississípi College. E um autor e hipnoterapeuta certificado, e ajudou muitas pessoas a superar a depressão, a ansiedade e a dor física por meio do uso da Terapia Breve integradora e técnicas mente-corpo. 

Resumo

Neste artigo, os autores concentram-se em incorporar técnicas práticas de psicoterapia mente-corpo ao processo de counseling. Essas técnicas promovem harmonia e equilíbrio dentro do cliente. Especificamente, os autores incluem informações sobre a biologia das crenças relativas à terapia mente-corpo e os conceitos da neurociência ao counseling. Além disso, o artigo enfoca a interação entre a mente consciente e inconsciente e inclui técnicas específicas para vincular a comunicação entre a mente e o corpo para promover mudanças duradouras. O artigo é elaborado a partir de uma estrutura de resolução de problemas, que inclui pesquisas relacionadas e técnicas de counseling para questões psicológicas como depressão e ansiedade. 

A ciência moderna agora está confirmando que todos os problemas, sejam físicos ou emocionais, são considerados dentro da rede mais ampla da vida de um indivíduo. Essa abordagem de bem-estar ao counseling envolve a integração da mente, corpo e espírito com o objetivo de viver a vida mais plenamente. Um novo paradigma de bem-estar surgiu durante a década de 1990, que incluía a abordagem da pessoa completa para melhorar a qualidade de vida de maneira proativa e positiva. Essa abordagem preventiva foi adotada por muitos counselors que estão em posição de ajudar as pessoas a alcançar o bem-estar mental, físico e emocional. Como complemento de um bom atendimento médico, a Terapia Mente-Corpo é cada vez mais popular como um meio de autocuidado econômico. Vastas quantidades de pesquisas biomédicas indicam agora que nossos sentimentos, crenças, atitudes, vida espiritual e bem-estar físico estão intimamente interligados.

Além disso, os pesquisadores descobriram ligações complexas entre o corpo e a mente e estabeleceram uma linguagem comum entre os órgãos e as respostas emocionais. A Terapia Mente-Corpo trabalha nos processos emocionais subconscientes do cliente e ativa recursos mentais inatos que são usados para restaurar a harmonia e a saúde. Na área da psicoterapia, a neurociência aborda as questões de como os processos neurais são afetados pelas emoções. 

O desenvolvimento de novos e formidáveis procedimentos de medição, como neuroimagem e eletrofisiologia, combinados com técnicas avançadas de pesquisa, permite que cientistas, psicólogos e counselors abordem questões como a forma como os pensamentos e emoções humanos estão conectados a receptores neurais específicos ativados no nível celular. Ivey, Ivey, Zalaquett e Quirk (2009) indicaram cinco áreas de importância na arena da Terapia Mente-Corpo, que relacionam o estudo da neurociência à prática do counseling. Essas áreas incluem o seguinte:

(a) Neuroplasticidade – Simplificando, o cérebro pode mudar. O counseling eficaz não apenas muda os pensamentos, emoções e crenças, mas também muda o cérebro.

(b) Neurogênese – A psicoterapia apóia a construção de novos neurônios.  Através de um processo conhecido como apatose, o cérebro está constantemente descartando neurônios não utilizados e adicionando novos.

(c) Atenção e Foco – Atender com energia e interesse são mensuráveis por meio de imagens cerebrais. Agora que a atenção pode ser medida, é evidente que a atenção e o foco ativam o núcleo do cérebro, que estimula o córtex e produz neurônios-espelho.

(d) Esclarecimento das Emoções – Imagens do cérebro agora indicam que cada uma das emoções disparam diferentes partes do cérebro.

(e) Bem-estar e Positivos – A pesquisa indica que um córtex frontal executivo eficaz com foco nos pontos fortes pode superar o negativo.

Rossi e Cheek (1988) afirmaram: “Os neuropeptídeos e seus receptores se unem ao cérebro, às glândulas e ao sistema imunológico em uma rede de comunicação entre o cérebro e o corpo, provavelmente representando o substrato bioquímico da emoção” (p. 208). Eles acrescentaram ainda que as funções mente-corpo são moduladas por substâncias de informação que são ativadas no nível celular. Essas substâncias de informação incluem neurotransmissores, neuromoduladores, neuro-hormônios e hormônios. Compreender como pensamentos, ações e emoções afetam o cérebro e o corpo capacita o terapeuta a treinar o cérebro do cliente para o bem-estar emocional e físico. Este artigo traz à tona pesquisas sobre como nossas emoções afetam nossa saúde física e psicológica e fornece um resumo de poderosas técnicas mente-corpo para o tratamento da depressão e da ansiedade. 

Depressão

De acordo com Hagen, Wong-Wylie e Pijl-Zieber (2010), a depressão afeta 9,5% da população dos EUA com 18 anos ou mais, e Currie (2005) afirmou que as taxas mundiais de depressão aumentaram 1.000 vezes desde o surgimento dos antidepressivos 20 anos atrás. Os sintomas da depressão clínica incluem: humor deprimido na maior parte do dia, perda de interesse, perda ou ganho de peso, dormir demais, raciocínio lento, fadiga, sentimentos de inutilidade, perda de concentração e pensamentos de morte ou suicídio. critérios para depressão clínica, você deve ter cinco ou mais desses sintomas em um período de duas semanas (Hall-Flavin, 2012).

Literatura mente-corpo relacionada à depressão

Selhub (2007) afirmou: “Na medicina mente-corpo, a mente e o corpo não são vistos como entidades funcionando separadamente, mas como uma unidade funcional. A mente e as emoções são vistas como influenciando o corpo, assim como o corpo, por sua vez, influencia a mente e as emoções” (p. 4). O autor afirmou ainda que, se o sistema de resposta ao estresse ficar sobrecarregado, outros sistemas do corpo experimentam resultados patológicos, que incluem depressão, e que o indivíduo que sofre de depressão terá sistemas neuroendócrinos anormais de resposta ao estresse. “O objetivo das técnicas mente-corpo é regular o sistema de resposta ao estresse para que o equilíbrio possa ser mantido e sustentado, restaurar a atividade do córtex pré-frontal, diminuir a atividade da amígdala e restaurar a atividade normal do eixo HPA e do locus ceruleus - sistema nervoso simpático” (Selhub, p. 5).

Alguns dos tratamentos mente-corpo para a depressão incluem meditação, imaginação guiada, relaxamento muscular progressivo, hipnose e treinamento autógeno. Selhub concluiu que o uso dessas técnicas para equilibrar o sistema de resposta ao estresse pode melhorar a depressão, desde que não haja fatores de doença mental comórbidos.

Bendelow (2010) discute o complexo tema da saúde emocional e o uso da biomedicina quando muitos dos sintomas são clinicamente inexplicáveis. O autor declarou: “Em vez da resposta 'rápida' do tratamento psicofarmacológico, terapias psicoterapêuticas, como terapia cognitivo-comportamental ou intervenções sociais, como programas de exercícios, podem ser consideradas para aliviar a ansiedade e a depressão” (p. 465). Além disso, o autor concluiu que deveria haver um conceito de equilíbrio em relação à saúde emocional, que inclui uma visão hipocrática tradicional do corpo como um microcosmo da natureza.

Williams, Teasdale, Segal e Kabat-Zinn (2007) exploraram o conceito de usar o Mindfulness Based Stress Reduction (MBSR) para depressão (Redução do Estresse Baseada em Mindfulness). O livro começa com uma explicação do ciclo da depressão e se expande ao romper o ciclo com pesquisas específicas sobre a prática da atenção plena. Os autores oferecem um programa prático de 8 semanas para incluir em um plano de autocuidado para redução da depressão. No entanto, afirma-se que ninguém deve iniciar o programa no auge da depressão clínica. Os autores continuamente lembram ao leitor que mindfulness é a consciência que surge ao focar no momento presente e não em questões tangenciais, e afirmam que estar atento significa desligar intencionalmente o modo piloto automático, não se preocupando com o passado ou o futuro, mas sintonizando nas coisas como elas são no presente com plena consciência.

Em dois estudos recentes, descobriu-se que as técnicas mente-corpo melhoram a depressão em crianças e adultos. Um estudo de Staples, Atti e Gordon (2011) indicou que melhorias significativas nos sintomas de depressão e uma sensação reduzida de desesperança foram estabelecidas depois que 129 crianças e adolescentes palestinos participaram de um grupo de habilidades mente-corpo de 10 sessões, que incluiu meditação, imagens, técnicas de respiração, treinamento autógeno, biofeedback, genogramas e auto-expressão por meio de desenhos e movimentos. O achado mais interessante foi que, mesmo após sete meses, as melhorias na depressão foram mantidas e, embora as dificuldades e os conflitos continuassem, a diminuição da sensação de desesperança também foi mantida.

Em outro estudo de Lin et al. (2010), os participantes encontraram alívio da depressão e maior consciência pessoal por meio de oito sessões do Método Bonny de Imaginação Guiada e Música. Este programa promove relaxamento e exploração da consciência usando música e visualização. Os participantes relataram liberação da rigidez mente-corpo, maior consciência e inspiração pessoal e indicaram transformação cognitiva e comportamental.

Técnicas de counseling Mente-Corpo para a Depressão - Psicologia Positiva.

A psicologia positiva complementa a psicoterapia tradicional e se concentra em valores, pontos fortes, virtudes e talentos. Além disso, a psicologia positiva indica três grandes diferenças entre pessoas felizes e pessoas deprimidas. Essas diferenças incluem o seguinte: 

(1) pessoas felizes são mais gratas, 

(2) pessoas felizes são mais otimistas e 

(3) pessoas felizes são mais autoconfiantes.

Seligman (2002) sugeriu os seguintes exercícios de gratidão:

Mudança de submodalidades. Uma técnica para mudar as submodalidades é pedir à pessoa que tome consciência da imagem que está vendo em sua mente e que está contribuindo para a depressão. Peça à pessoa para descrever a imagem em termos de cor ou preto e branco, em movimento ou imóvel, tamanho, localização, clara ou difusa, etc. Por exemplo, se a imagem for colorida e a pessoa mudar para preto e branco, ela perde parte de seu poder? Uma vez que o indivíduo tenha descoberto qual das submodalidades impacta a imagem, instrua a pessoa a ver a imagem original e então mudar as submodalidades que diminuem o poder. Veja a imagem original, altere-a e veja uma tela branca. Repita cinco vezes o mais rápido possível. Se o indivíduo for auditivo em vez de visual, você deve pedir a ele que mude as submodalidades (intensidade, direção, tom, andamento etc.) da voz ou do som que está ouvindo.

Crie um mantra. O terapeuta deve ajudar o indivíduo a criar um mantra que seja positivo e ajude a pessoa a se sentir mais confiante. Afirmações e mantras são praticados há milhares de anos para aliviar a depressão e a ansiedade, mas também com o propósito de manifestar objetivos, sonhos, prosperidade e saúde em geral. O cliente deve declarar seu mantra de forma positiva e usar as declarações como se o resultado desejado já foi criado (sentir e saber que você já o possui). Um exemplo de depressão pode ser: “Sou uma pessoa de valor e valor, e tenho paz e alegria em minha vida”. Instrua a pessoa a escrever o mantra em um pequeno cartão e a carregá-lo para que esteja disponível quando for necessário. Quando os clientes experimentam depressão, eles podem ler a declaração até se sentirem melhor.

Atenção plena. Como o aprimoramento da atenção é uma característica definidora da atenção plena, o terapeuta pediria à pessoa para se concentrar em seu corpo e prestar atenção às manifestações físicas da depressão (Bishop et. al, 2004). O cliente não está tentando mudar os sintomas físicos, mas apenas prestar atenção a eles e perceber sentimentos, pensamentos e sensações físicas. Instrua os clientes que, se sua mente divagar, empurre-a gentilmente de volta para as manifestações. Ao invés de lutar contra as manifestações, eles estão cooperando com elas e percebendo que, ao cooperar com elas, elas mudam. Isso mostra ao indivíduo que os sentimentos e pensamentos são temporários e não permanentes e não têm poder duradouro.

Ansiedade

De acordo com o Dr. Robin Roberts (2012), uma maneira muito benéfica de compreender a ansiedade é vê-la como a tensão entre as emoções reprimidas que estão tentando surgir em nossa consciência e o esforço inconsciente que despendemos para manter essas emoções sob controle, longe de nossa consciência. As emoções perturbadoras não precisam ser especialmente dolorosas para reprimi-las; mesmo os sentimentos levemente desconfortáveis são fáceis de suprimir se estivermos muito ocupados ou não tivermos capacidade de lidar com eles. A pesquisa atual na área de psicoterapia para ansiedade indica que as terapias mente-corpo têm um impacto positivo nas questões psicológicas, ao mesmo tempo em que promovem estilos de vida saudáveis. Essa abordagem de bem-estar para a redução da ansiedade se encaixa na nova atitude de desenvolvimento do DSM-V programado para ser publicado em 2013, que vê os sintomas do indivíduo de uma perspectiva biológica, social, ambiental e do ciclo de vida. 

Literatura mente-corpo relacionada com a ansiedade 

Ernst, Pittler, Wider e Boddy (2008) declararam: “A ansiedade é uma combinação complexa de emoções como medo, apreensão e preocupação. Os sintomas físicos da ansiedade incluem palpitações, náuseas e dores no peito” (p. 42). Uma análise desses autores foi conduzida para descobrir quais terapias alternativas funcionam para a ansiedade, e eles descobriram que massagem terapêutica, musicoterapia e relaxamento são tratamentos benéficos. Além disso, seu estudo indicou que acupuntura, aromaterapia, imaginação guiada e hipnoterapia tinham dados encorajadores. Outro estudo que analisou dados de longo prazo foi conduzido por Smeeding, Bradshaw, Kumpfer, Trevithick e Stoddard (2010). Este estudo foi conduzido para determinar a eficácia de um programa de veteranos para estresse crônico e ansiedade. Este programa, a Clínica e Programa de Saúde Integrativa, foi concebido para o tratamento não farmacológico dos sintomas. O grupo de serviços incluiu 10 habilidades holísticas mente-corpo, e os dados foram coletados durante um período de 2 anos. As medidas de resultado incluíram: Qualidade de Vida Relacionada à Saúde, o Inventário de Depressão de Beck e o Inventário de Ansiedade de Beck. Os resultados indicaram que o IHCP é um programa eficaz para melhorar a ansiedade crônica.

David Feinstein (2012) completou um extenso relatório sobre a eficácia da estimulação de pontos de acupuntura no tratamento de distúrbios psicológicos. O relatório incluiu uma visão geral da literatura que incluiu estudos avaliados criticamente com resultados clínicos após tratamentos de pontos de acupuntura para abordar questões psicológicas. Em um estudo, 714 pacientes foram tratados com terapia de campo de pensamento (TFT) e receberam tratamentos de 30 a 50 minutos para uma média de 2,2 tratamentos (Sakai et al., 2001). Ao usar testes t pré e pós-tratamento de sofrimento subjetivo, as medidas de resultado indicaram melhora estatisticamente significativa no nível de confiança de 0,001 para 28 categorias, que incluíam ansiedade, luto, dor crônica, depressão, fobias e transtorno de estresse pós-traumático e em 0,01 para desejos de álcool, transtorno depressivo maior e tremores. Em outro estudo usando TFT, um médico usou toque de pontos de acupuntura para condições psiquiátricas em 11 clínicas na Argentina e no Uruguai. Os resultados foram relatados em Feinstein (2004) e indicaram que a equipe médica acompanhou o progresso de 5.000 pacientes ansiosos durante um período de cinco anos e meio. Metade dos participantes foi tratada com um protocolo padrão, que incluía terapia cognitivo-comportamental (TCC) e medicamentos anti-ansiedade. A outra metade recebeu batidas de pontos de acupuntura enquanto se concentrava em uma ativação mental sem medicamentos. Os avaliadores envolvidos no experimento não sabiam qual tratamento o paciente recebia. No grupo de toque de pontos de acupuntura, foi encontrada uma melhora de 90% dos sintomas, enquanto no grupo CBT foi observada uma melhora de 68%. Na meta de alívio completo dos sintomas, 76% foram indicados para percussão de pontos de acupuntura e 51% para TCC.

De acordo com Kessler, Chiu, Demler, Merikangas e Walters (2005), o transtorno de estresse pós-traumático afeta 3,6% da população dos EUA, o que se traduz em 10,9 milhões de pessoas. Estudos descobriram que a Terapia de Campo de Pensamento (TFT) e as Técnicas de Libertação Emocional (EFT) têm relatos de fortes resultados de melhora e um baixo número de sessões necessárias. Sakai, Connolly e Oas (2010) estudaram um grupo de 188 adolescentes órfãos e traumatizados em Ruanda. Cinquenta pessoas do grupo preencheram os critérios de seleção do estudo, que incluíam os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (4ª ed., texto rev.; DSM IV-TR; Associação Americana de Psiquiatria, 2000) para TEPT. Os participantes estavam sofrendo de sintomas como flashbacks intrusivos, pesadelos, dificuldade de concentração, agressividade, enurese noturna e abstinência. Após o tratamento de apenas uma sessão de TFT, apenas 6% dos indivíduos pontuaram dentro da faixa de TEPT e, mesmo após um ano, apenas 8% pontuaram na faixa de diagnóstico para TEPT. Rowe (2005) conduziu um estudo para medir quaisquer mudanças no funcionamento psicológico que possam resultar da participação em um workshop de EFT. O pesquisador usou um projeto de medidas repetidas de séries temporais dentro dos sujeitos. Os 102 participantes foram testados com uma versão abreviada do SCL-90-R (Symptom Checklist-90-Revised; Derogatis, 1994). Após a oficina, todos os participantes da pesquisa foram solicitados a preencher novamente o checklist. Os resultados indicaram uma mudança estatisticamente significativa das medidas iniciais para as medidas pós-tratamento, F (44, 59) = 7,80, p < 0,005.

Técnicas de Counseling Mente-Corpo para a Ansiedade

O padrão Swish. Classifique sua ansiedade em uma escala de dez pontos, sendo um sem ansiedade e dez sendo uma ansiedade insuportável. Crie uma imagem da situação que causa a ansiedade. Observe as submodalidades da imagem (é em cores ou preto e branco, é em movimento ou imóvel, tamanho, localização, etc.). Crie uma imagem de uma situação quando você se sentir calmo e observe as submodalidades da imagem. Veja a imagem ansiosa e gradualmente mova a imagem ansiosa para o local da imagem calma e mude-a para possuir as mesmas submodalidades da imagem calma. Agora pegue a foto calma e diminua-a e coloque-a no canto da foto ansiosa, que é grande. Agora pegue a imagem ansiosa e torne-a pequena e escura enquanto ao mesmo tempo torna a imagem calma grande e brilhante. Limpe a tela e repita cinco vezes. Classifique sua ansiedade na escala de dez pontos novamente para ver a melhora (O'Connor & Seymour, 2011).

Técnica de Libertação Emocional. Esta é uma forma de acupressão psicológica que combina o toque dos meridianos de energia com afirmações positivas para limpar bloqueios emocionais. Avalie sua ansiedade em uma escala de um a dez, sendo dez "insuportável" e um "nada". Bata nas laterais das mãos, sob os olhos, nas laterais das axilas e sobre o coração, dez vezes cada. Ao tocar, pense em "ansiedade". Avalie sua ansiedade novamente para determinar se ela melhorou. Repita o exercício, se necessário. Se após a segunda vez sua ansiedade não for reduzida a um nível aceitável, faça o seguinte. Feche seus olhos; abra os olhos e olhe para baixo e para a direita, depois para baixo e para a esquerda. Gire os olhos e, em seguida, gire-os na direção oposta. Cantaroleie a primeira linha de “Parabéns para você”, conte até dez e, em seguida, cante “Parabéns para você” novamente. Avalie sua ansiedade para determinar se ela melhorou (Craig, 2004).

Feinstein (2012) afirmou que a Harvard Medical School investigou os efeitos da estimulação de pontos específicos de acupuntura e descobriu que a estimulação de certos pontos produz atividade na amígdala, hipocampo e outras áreas do cérebro. O autor acrescenta que, por meio do uso de neuroimagem, a acupuntura é capaz de produzir desativação no sistema límbico-paralímbico-neocortical; portanto, usar EFT enquanto se concentra em uma ativação mental específica torna-se uma técnica de exposição. O autor afirmou ainda: “Trazer à mente um gatilho emocional, cena problemática ou memória traumática não resolvida ativa a amígdala, despertando uma resposta de ameaça. Estimular pontos de acupuntura selecionados, de acordo com o estudo de Harvard, envia simultaneamente sinais de desativação para a amígdala” (p. 15).

Dissociação. Peça ao indivíduo que se imagine sentado no meio de uma sala de cinema e assista a um filme da primeira experiência de que se lembra relacionada à ansiedade (fobia, ataque de pânico, etc). O cliente deve iniciar o filme em cores antes de sentir qualquer desconforto e rodar o filme até o ponto de começar a sentir o desconforto. Nesse ponto, o cliente se imagina flutuando da cadeira para dentro da cabine de projeção, de modo que esteja observando a pessoa sentada no cinema, assistindo ao filme.

Mude o filme para preto e branco e passe-o pela experiência até que a ansiedade termine. Por fim, o cliente flutua da cabine de projeção para a tela. Mude o filme para colorido e execute-o de trás para frente o mais rápido possível (Andreas & Andreas, 1989).

Ritmo futuro. Trata-se de uma técnica de Programação Neurolinguística, que vivencia previamente uma situação. Peça ao indivíduo para se mudar para o futuro daqui a seis meses e presumir que ele se curou da ansiedade. Ajude-o a trabalhar de trás para frente para que ele perceba exatamente como conseguiu a cura. Isso é simplesmente uma forma de ensaio mental, e a técnica fornece ao cérebro fortes imagens positivas.

Metáforas. Você pode contar histórias que são metáforas para curar a ansiedade. Uma metáfora é poderosa porque sugere indiretamente ações que podem ser tomadas. Um exemplo é uma mulher que tinha fobia de voar. Contaram a ela a história de um garotinho que caiu de um cavalo quando tinha seis anos e quebrou o braço. Depois dessa experiência, ele teve medo de cavalgar. 

Seus pais o encorajavam e tentavam convencê-lo a cavalgar novamente. A cada vez, ele começava a torcer as mãos, chorar e ofegar. Seus pais tentaram argumentar com ele, garantindo-lhe que não cairia novamente, mas não importava quanta garantia lhe dessem, ele estava com medo e se recusou a montar no cavalo. Então, um dia, ele observou sua irmãzinha de quatro anos cavalgando e percebeu o quanto ela estava se divertindo. 

Ele começou a se lembrar de como se divertia andando a cavalo antes de cair. Quanto mais ele se lembrava, mais feliz ele ficava. Logo ele começou a se imaginar cavalgando novamente e percebeu como isso o deixava excitado. Quase sem pensar, ele montou no cavalo depois que sua irmã desmontou. Para sua surpresa, ele não ficou assustado, mas feliz quando o cavalo começou a se mover. Depois da cavalgada, ele se sentiu muito satisfeito consigo mesmo e muito feliz por cavalgar novamente. Este foi o início de muitos anos de prazer em cavalgar (Wagner, 2012). Depois de contar essa história, sua reação fóbica desapareceu e ela não tinha mais medo de voar.

Intenção paradoxal. Quando um indivíduo luta contra um sentimento, o sentimento se torna mais forte. Uma maneira pela qual o indivíduo pode obter controle é fazer o oposto de lutar. Exagere os sentimentos a ponto de se tornarem ridículos. Por exemplo, se a pessoa torce as mãos quando está ansiosa, peça ao cliente para torcer as mãos a um extremo ridículo. Se o cliente fizer respirações rápidas e superficiais, peça-lhe que respire mais rápido. Se eles tensionarem certos músculos, peça-lhes para contraí-los ainda mais. Ao exagerar os sintomas, o cliente ganha controle sobre eles e, se o exagero chega a um extremo ridículo, ocorre o riso (Frankl, 1978).

Questões Multiculturais e Ética com Terapia Mente-Corpo

Há uma tendência emergente no Ocidente de uma abordagem de bem-estar voltada para a cura física, e essa tendência se deslocou para a área da psicologia e do counseling. Segundo Moodley, Sutherland e Oulanova (2008), essa abordagem está de acordo com as tradições culturais de muitos grupos étnicos e parece ser um fenômeno relativamente novo para os membros da comunidade caucasiana americana. O acesso à Terapia Mente-Corpo em vez das tradicionais “terapias de fala” está se tornando mais popular entre diversas populações devido à falta de foco na psicopatologia. A doença humana, seja física ou emocional, é inimitavelmente pessoal e, no entanto, também é uma experiência coletiva (So, 2008). Na Terapia Mente-Corpo o próprio corpo torna-se um registro de tudo o que aconteceu e vai elucidar a história que se manifesta nos sintomas. Independentemente da teoria ou técnica, o preditor mais forte de resultado eficaz e bem-sucedido no counseling multicultural é a relação de counseling (Paris, Anez, Bedregal, Andres-Hyman e Davidson, 2005; Qureshi, 2005; Qureshi e Collazos, 2011).

Para dar integridade a este novo campo de counseling é importante que os profissionais estejam cientes de seus próprios valores e padrões profissionais. O uso da percepção intuitiva e dos estados incomuns de consciência na Terapia Mente-Corpo exige que o terapeuta pense além de não causar danos para se tornar genuinamente centrado no cliente. A ética exige ser atento, respeitoso, cauteloso e claro sobre os limites. Os valores centrais devem ser fortes no counselor, e um caminho único é encontrado para cada indivíduo. Espera-se que os profissionais observem as diretrizes éticas estabelecidas por seus respectivos conselhos de licenciamento e sua principal disciplina profissional e devem ser adequadamente treinados nos métodos empregados. As técnicas mente-corpo são intervenções de ponta que fluem com terapia tradicional ainda fornecem meios poderosos para reduzir o sofrimento psicológico e físico.

Referências

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Counseling e neurociência: a vanguarda da próxima década

Experiências, pensamentos, ações e emoções realmente mudam a estrutura de nossos cérebros. … De fato, uma vez que entendemos como o cérebro se desenvolve, podemos treinar nossos cérebros para saúde, vibração e longevidade.” — John J. Ratey,

GUIA DO USUÁRIO PARA O CÉREBRO

CINCO CONCEITOS BÁSICOS

O counseling constrói novas redes cerebrais. A pesquisa em neurociência e ciência cognitiva é altamente favorável à nossa ênfase na escuta, compreensão empática e construção de forças e bem-estar. Surpreendentemente, as descobertas da neurociência no cérebro resultam em uma consciência mais completa de como o ambiente e a cultura moldam o indivíduo. A ponte entre processos biológicos e psicológicos está apagando a antiga distinção entre mente e corpo, entre mente e cérebro — a mente é o cérebro.

Como e por que a neurociência e a ciência cognitiva são relevantes para a prática de counseling? Primeiro, a neurociência fornece pesquisas reconfortantes que sugerem que a maioria das teorias e práticas de counseling está no alvo. Mas também nos dá uma compreensão mais clara de por que o que fazemos realmente funciona. Além disso, transmite ideias para melhorar nosso trabalho com os clientes. Também aprendemos que nosso bem-estar e orientação ambiental estão corretos. A menos que tenhamos um ambiente significativo e eficaz, não podemos crescer e mudar. No counseling, isso significa que nosso relacionamento com palavras-chave é ainda mais importante e que precisamos honrar e respeitar o que fizemos e o que podemos fazer no futuro.

Você provavelmente já notou histórias frequentes na televisão e na mídia popular sobre pesquisa cerebral e suas implicações para o futuro. Esta pesquisa atingiu um estado de precisão em que agora tem significado imediato para o processo e o resultado do counseling. A neurociência e a neuroimagem descobriram que mudanças estruturais mensuráveis ocorrem no cérebro do cliente como resultado da terapia cognitiva e interpessoal. Os avanços nas tomografias de emissão de pósitrons e na ressonância magnética funcional tornaram possível medir áreas do cérebro que “acendem” ou “disparam” sob várias condições de estímulo. E não é apenas o cliente que desenvolve novos neurônios e redes neurais no processo de counseling; o cérebro do counselor também está mudando.

Conseguir que nosso campo aceite e aprenda essa nova área será um desafio, no entanto. Não temos conhecimento de nenhum currículo que inclua uma discussão séria sobre como podemos usar a neurociência e a ciência cognitiva na prática de counseling e terapia. Felizmente, nossa principal associação de credenciamento, o Conselho de Credenciamento de Programas de Counseling e Educação Relacionada, antecipou esse futuro em seus padrões de 2009. Em relação a uma das oito áreas curriculares comuns do CACREP, “, encontramos a seguinte declaração incorporando essas novas ideias:

Estudos de crescimento e desenvolvimento humano “que fornecem uma compreensão da natureza e necessidades das pessoas em todos os níveis de desenvolvimento e em contextos multiculturais, incluindo todos os seguintes:

Esta declaração de padrões do CACREP fornece uma justificativa e orientação para o nosso novo futuro. Estamos agora em um ponto em que a neurociência e suas áreas relacionadas podem e fornecerão um poderoso impulso para adicionar novo conteúdo ao nosso currículo e prática de counseling. A menos que tomemos consciência desse novo paradigma e mudança, corremos o risco de ficar para trás em nossa prática diária, ensino e pesquisa. John Cacioppo e Jean Decety escreveram que a ciência psicológica “no século XXI pode e deve se tornar não apenas a ciência do comportamento manifesto, não apenas a ciência da mente, mas a ciência da função cerebral.” A neurociência não apenas indica claramente que estamos no caminho certo, mas também demonstra a necessidade de atualizar nosso campo para que possamos permanecer atuais e relevantes.

Muitos profissionais de counseling se preocupam com o "modelo médico” e um possível foco na patologia. No entanto, você descobrirá que os neurocientistas têm uma forte orientação ambiental — o desenvolvimento do cliente ao longo da vida afeta claramente o cérebro. As evidências sugerem que counseling e terapia eficazes podem mudar o cérebro de maneiras positivas. Na verdade, a neurociência reforça o modelo de bem-estar do counseling.

CINCO CONCEITOS BÁSICOS

Cinco conceitos básicos ilustram a utilidade da neurociência no counseling.

Lembre-se que atividades de bem-estar, como exercícios, reformulação positiva de histórias antigas, relacionamentos interpessoais, meditação e lazer, facilitam nossa capacidade de controlar os demônios do pensamento e do sentimento negativos.

EMPATIA E NEURÔNIOS-ESPELHO

Empatia não é apenas uma ideia abstrata; é identificável e mensurável no cérebro físico. Pesquisas fascinantes sobre a atividade cerebral validam o que o campo de ajuda vem dizendo há anos. Como comenta Decety, “Os blocos básicos de construção (de empatia) são conectados ao cérebro e aguardam desenvolvimento através da interação com os outros… Empatia (é) uma capacidade intencional.”

Vamos “descompactar” o significado dessa frase complexa e suas implicações. Neurônios espelhos são neurônios que disparam quando nos comportamos, pensamos ou sentimos, e eles também disparam quando vemos os outros se comportarem, pensarem ou sentirem. Os neurônios espelhos permitem que você sinta e entenda o que o cliente está dizendo e sentindo. Esses neurônios afetam suas respostas corporais internas quando você está experimentando empaticamente o mundo do cliente. Esse é um talento natural que você pode incentivar e desenvolver, aumentando sua conscientização sobre o cliente e observando o que acontece dentro do seu próprio corpo.

Ao mesmo tempo, você está despertando os neurônios-espelho no cliente e facilitando o desenvolvimento de novas conexões em pensamentos, sentimentos e ações. Esse despertar mostra o comportamento verbal dos clientes e a ação que eles tomam como resultado da entrevista. E à medida que os clientes restauram seus problemas, nascem novas conexões neurais. Seu comportamento empático e o relacionamento são centrais para mudar, enfatizando ainda mais a importância de uma abordagem positiva para mudar. Se ouvirmos e atendermos seletivamente apenas a problemas como counselors, isso reforçará os padrões negativos no cérebro e tornará o processo de mudança lento e desajeitado.

O que aprendemos aqui é que o cérebro da pessoa empática responde à experiência de outra pessoa, mesmo que ela não experimente o mundo dessa pessoa. Muitos estudos ao longo dos anos apoiam esse ponto central. Por exemplo, por volta do segundo ano, as crianças indicam preocupação com os outros de maneira cognitiva, emocional e comportamental, compreendendo outras dificuldades e tentando ajudar. Talvez você tenha visto duas crianças brincando juntas. Um cai e começa a chorar. Mesmo que o segundo filho não tenha sido ferido, ele ou ela também chora. Essa capacidade de observar os sentimentos dos outros pode ser considerada a raiz do desenvolvimento da compreensão empática.

Decety ressalta que a personalidade anti-social e criminal tem uma capacidade reduzida de apreciar as emoções dos outros. Há menos ativação de neurônios-espelho no córtex pré-frontal, e esse déficit também parece ser uma disfunção da amígdala e hipocampo energizantes (memória de longo prazo). O trabalho inovador de Decety com crianças diagnosticadas com transtorno de conduta revela novamente menos atividade em áreas de neurônios-espelho do cérebro.

O núcleo accumbens está relacionado ao funcionamento sexual e ao “alto” de certas drogas recreativas. É particularmente sensível à maconha, álcool e produtos químicos relacionados e, portanto, é fundamental no vício. Quando procuramos ajudar um cliente viciado, estamos trabalhando contra algumas partes muito poderosas do cérebro. Um de nossos grandes desafios é ajudar esses clientes a examinar e reescrever suas histórias e encontrar novas ações por meio de elevações alternativas saudáveis para substituir os pontos fortes do vício. Quando você encontra esses clientes desenvolvendo novas satisfações e interesses da vida (bem-estar), você os está influenciando em direção a comportamentos que podem resultar em novas respostas positivas no núcleo accumbens e outras partes do cérebro. William Glasser, fundador da terapia da realidade, afirmou há muito tempo a importância de construir vícios positivos para combater as drogas, comportamento anti-social e álcool.

NEUROCIÊNCIA, ESTRESSE E JUSTIÇA SOCIAL

O gerenciamento do estresse se torna uma estratégia central à medida que desenvolvemos uma maior compreensão da neurociência. O estresse tóxico e de longo prazo é prejudicial. Paul Krugman resume: “A pobreza na primeira infância envenena o cérebro… Os neurocientistas descobriram que muitas crianças que crescem em famílias muito pobres com baixo status social experimentam níveis prejudiciais de hormônios do estresse, que prejudicam seu desenvolvimento neural. O efeito é prejudicar o desenvolvimento da linguagem e a memória — e, portanto, a capacidade de escapar da pobreza — pelo resto da vida da criança.” Racismo, sexismo e outras formas de opressão enviam cortisol prejudicial ao cérebro.

Os clientes precisam ser informados sobre como os sistemas sociais afetam o crescimento pessoal. Como counselors, podemos ajudar os clientes a entender que o problema não está neles, mas em sistemas opressivos. Eles devem evitar a culpa e a autopiedade. Podemos construir pontos fortes por meio de uma abordagem de bem-estar e um foco em gênero e identidade cultural positivos. Os neurocientistas descobriram que o cérebro dispara mais ao ver rostos que se assemelham aos seus. Este é um componente importante do treinamento anti-racismo. Todos nós precisamos trabalhar contra nosso condicionamento pessoal e cultural. Podemos fazer isso estudando, mas mais eficaz é mudar para comunidades culturalmente diferentes e conhecer e trabalhar com pessoas diferentes de nós.

Finalmente, há ação social. O que você está fazendo em sua comunidade e sociedade para trabalhar contra forças sociais que provocam pobreza, guerra e opressão? Você está ensinando seus clientes a trabalhar em prol da justiça social? Uma abordagem de justiça social inclui ajudar os clientes a encontrar meios de opressão e trabalhar com escolas, grupos de ação comunitária e outros para mudar.

OLHANDO PARA O FUTURO

A pesquisa em neurociência fornece uma base biológica importante para entender o impacto de nosso trabalho como counselors. O próprio ato de entrevistar e aconselhar produz mudanças na memória do cliente (bem como na sua própria). Esteja sempre ciente de que o aprendizado e novas ideias estão sendo construídas na sessão. Sugerimos que os counselors continuem estudando e aprendendo sobre estruturas e funções cerebrais, porque novas descobertas podem fornecer mais suporte ao nosso trabalho e sugerir diretrizes específicas para a prática.

O espaço não permite explorar como micro-habilidades, teorias e estratégias terapêuticas específicas provavelmente afetarão os neurotransmissores nos níveis mais profundos. Mas os dados estão começando a sugerir que o counseling eficaz pode ser mais duradouro do que a medicação em muitos casos. Por quê? Estamos claramente impactando neurotransmissores no processo de desenvolvimento de novas redes neurais, que contêm nossos pensamentos e sentimentos, que levam a comportamentos. E estamos ensinando simultaneamente habilidades que durarão muito depois que a medicação cessar.

A pesquisa cerebral não se opõe à ênfase cognitiva, emocional, comportamental e significativa da entrevista e counseling. Em vez disso, pode nos ajudar a identificar tipos de intervenções que são mais úteis para o cliente. De fato, uma das descobertas mais claras é que o cérebro precisa de estímulo ambiental para crescer e se desenvolver. Podemos oferecer uma atmosfera saudável para o crescimento e desenvolvimento do cliente. Defendemos a integração de counseling, psicoterapia, neurociência, biologia molecular e neuroimagem e a infusão de conhecimento desses campos integrados de estudo, na prática, treinamento e pesquisa.

Nota: Este artigo foi adaptado de Entrevistas e Counseling Intencional: Facilitando o Desenvolvimento de Clientes em uma Sociedade Multicultural, sétima edição, por Allen Ivey, Mary Bradford Ivey e Carlos Zalaquett (Brooks/ Cole/ Cengage).

Allen Ivey (allenivey@gmail.com) é um membro da ACA de 2009 e professor universitário distinto (emérito), Universidade de Massachusetts, Amherst.

Mary Bradford Ivey foi uma das primeiras pessoas nomeadas bolsista da ACA e vice-presidente da Microtraining Associates.

Carlos Zalaquett é professor associado da Universidade do Sul da Flórida e coordenador da especialização em counseling em saúde mental.

Kathryn Quirk é counselor da faculdade na Chyten Educational Services.

TRADUZIDO POR © Cláudio Menéndez

Coerência Cardíaca e Congruência Rogeriana: A Interligação Entre a Aceitação Interna e a Saúde 

Carl Rogers, psicólogo americano, desenvolveu o conceito de congruência, um dos fundamentos da sua Abordagem Centrada na Pessoa, uma abordagem em psicoterapia com foco nos aspectos positivos do ser humano e no desenvolvimento de suas potencialidades. De acordo com Rogers, a congruência é um estado de acordo entre a autoimagem e a imagem ideal do Eu. Quando a autoimagem está em harmonia com a imagem ideal do Eu, a pessoa sente uma sensação de paz interior e uma maior estabilidade emocional. A congruência está relacionada com a autenticidade e a aceitação interna. Quando uma pessoa é autêntica, está a ser verdadeira consigo mesma e a agir de acordo com seus valores e crenças.

Com o termo Coerência Cardíaca, faz-se referência a um trabalho harmonioso do coração, a um padrão repetitivo e estável do ritmo cardíaco. Esta ligada a uma sincronização entre a respiração e o coração. É uma coerência psicofisiológica que afeta ou ressoa em todos os órgãos do corpo. Para entender isso, devemos saber que as distâncias entre os pulsos (batimentos cardíacos) nem sempre são as mesmas, mas variam. A Variabilidade da Frequência Cardíaca (HVR, pela sigla em inglês) é a quantidade de variação na frequência cardíaca. Isso é mensurável com dispositivos especiais que proporcionam feedback em tempo real. 

São duas variáveis diferentes propostas por diferentes teorias, mas que podem ser conjugadas para conseguir objetivos terapêuticos poderosos.

A congruência se refere à harmonia existente entre a experiência da comunicação e a percepção consciente. Ela está relacionada às discrepâncias que surgem entre vivenciar algo e estar ciente disso. Um elevado grau de congruência implica que a comunicação (o que está sendo expresso), a experiência (o que está acontecendo em nosso campo de percepção) e a percepção consciente (o que estamos percebendo) são todas semelhantes. Nesse caso, nossas observações e as de um observador externo seriam consistentes.

Um exemplo que ilustra bem a congruência é a maneira como um praticante zen-budista descreve sua abordagem: "Quando estou com fome, eu como; quando estou cansado, eu me sento; quando estou com sono, eu durmo."

Por outro lado, a incongruência ocorre quando há disparidades entre a percepção consciente, a experiência e a comunicação. Ela é caracterizada não apenas pela incapacidade de perceber com precisão, mas também pela dificuldade ou incapacidade de comunicar de forma precisa.

Quando a incongruência surge entre a percepção consciente e a experiência, isso é chamado de repressão. Nesse caso, a pessoa simplesmente não está consciente do que está fazendo. A maioria das abordagens psicoterapêuticas se concentra nesse sintoma de incongruência, auxiliando as pessoas a se tornarem mais conscientes de suas ações, pensamentos e atitudes e como esses aspectos as afetam a elas e aos outros.

Já quando a incongruência se manifesta como uma discrepância entre a percepção consciente e a comunicação, a pessoa não expressa verdadeiramente o que está sentindo, pensando ou vivenciando. Esse tipo de incongruência é frequentemente interpretado como mentira, falta de autenticidade ou desonestidade, mas a experiência demonstra que essa conclusão nem sempre é verdadeira. Muitas vezes, isso pode indicar uma dificuldade na expressão ou até mesmo uma falta de consciência em relação ao próprio estado interno.

Quando colocamos em um gráfico: os batimentos cardíacos, por um lado, e a frequência cardíaca (batidas por minuto), obtemos uma curva ou onda na qual podemos ver essa variação. Quando há um padrão de onda harmônico, falamos de alta coerência cardíaca ou onda coerente. As principais características desta onda são: amplitude, frequência e forma. Esse padrão harmônico de coerência é encontrado quando a pessoa experimenta emoções renovadas, quando segue um ritmo respiratório constante e quando a atenção é direcionada exclusivamente para algo específico (atenção plena). No entanto, encontramos baixa coerência cardíaca ou padrões desarmônicos com emoções negativas, ritmos respiratórios irregulares e estados mentais com atividade mais desajustada (pensamentos ruminativos, negativos ou multitarefa). Portanto, no trabalho sobre a HVR temos uma forma de regular os diferentes sistemas do corpo (nervoso, endócrino, musculoesquelético, etc.)

Os 3 elementos para alcançar a Coerência Cardíaca são: emoção, atenção e respiração.

O trabalho a ser feito é o seguinte:

Sentimento do coração. Devemos encontrar uma emoção ou um sentimento renovador que nos recarregue de energia (um familiar querido, uma situação, um lugar…).

Atenção ao coração. Respirar essa emoção positiva no centro do peito, no coração.

Coração Respirando. Acompanhar a vivência no peito daquele sentimento ou emoção renovadora ao mesmo tempo que se toma o ritmo respiratório do coração.

Então vemos que coerência-congruência podem formar uma dupla terapêutica de grande potência no devir da pessoa no caminho da sua “auto-atualização” no dizer de Rogers, o que implica um "potencial de crescimento" cujo objetivo e integrar de forma congruente o "verdadeiro eu" e o "eu ideal" a fim de cultivar a emergência da "pessoa plenamente funcional". Os indivíduos autorrealizados são capazes de resolver dicotomias como aquelas refletidas no oposto essencial de livre-arbítrio e determinismo. Os autorrealizadores são indivíduos altamente criativos e psicologicamente robustos.

No âmbito terapêutico, o terapeuta cria um ambiente congruente, onde o cliente se sente seguro para explorar seus pensamentos, sentimentos e experiências de maneira autêntica. A congruência do terapeuta serve como um modelo para o cliente, encorajando-o a também buscar congruência e autenticidade em sua própria vida. Conjuntamente, pode conduzir experiencias que vão ao encontro da coerência cardíaca, produzindo uma espiral virtuosa onde o consultante experimenta real e concretamente o caminho de se “tornar pessoa”.

© Cláudio Menéndez