Exemplos de táxons-alvo dos nossos projetos: aranha-pernalonga (Pholcidae, Mesabolivar; acima) e escorpião (Buthidae, Troglorhopalurus translucidus).
Os projetos desenvolvidos por nosso grupo de pesquisadores focam diversos táxons de aracnídeos, incluindo aranhas de seis famílias (Nesticidae, Oonopidae, Palpimanidae, Pholcidae, Theridiidae e Trechaleidae), escorpiões e esquizômidos, com um foco especial para a fauna brasileira.
Para executarmos estes projetos, serão examinados espécimes depositados em coleções científicas, para estudos morfológicos e produção de ilustrações. Este material será complementado por espécimes coletados em cavernas de diversos estados brasileiros, que serão usados para sequenciamento de DNA. As sequências serão analisadas de modo a testar a existência de lacunas de distância genética (barcode gaps) entre as espécies definidas morfologicamente, a partir de espécimes adultos, além de estudos de filogeografia, citogenética e evolução de troglomorfismos.
Estes projetos são financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG, (Chamada 07/2018 - Pesquisa na Área de Espeleologia, Parceria FAPEMIG-VALE; processo RDP-00098-18) e pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade - IABS, (Edital de Chamada Pública Nº 01/2023 - TCCE ICMBio/VALE: Compensação Espeleológica, Termos de Acordo firmados entre IABS-UFPI, IABS-UFMG e IABS-UFRN). Os discentes envolvidos neste projeto recebem ainda bolsas concedidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES.
Os habitats subterrâneos, especialmente as cavernas, são ambientes únicos com condições extremas, como ausência de luz, alta umidade e baixa variabilidade de temperatura, tornando-os habitats desafiadores para a sobrevivência de organismos. Ao longo do tempo, diversos grupos de organismos evoluíram de maneira independente para se adaptar a essas condições, desenvolvendo especializações conhecidas como troglomorfismos, que incluem a perda de olhos, redução da pigmentação e o desenvolvimento de órgãos sensoriais mais aguçados. Essas adaptações são resultado de processos evolutivos tanto regressivos quanto progressivos, permitindo que esses organismos prosperem em ambientes com recursos escassos e isolamento extremo. A fauna cavernícola é altamente vulnerável a mudanças ambientais, com tendência ao endemismo e baixa capacidade de recuperação, sendo incapaz de sobreviver fora dos habitats subterrâneos. No entanto, o estudo dessa biodiversidade ainda é fragmentado, especialmente no Brasil, que abriga vastas áreas cársticas e um número significativo de cavernas. A expansão de atividades econômicas, como mineração e agricultura, e a falta de dados sobre a fauna subterrânea tornam urgente o avanço em estudos ecológicos e evolutivos. Este projeto visa avançar no conhecimento da biodiversidade subterrânea, especialmente das aranhas cavernícolas brasileiras, investigando padrões de troglomorfismos e evolução. Combinando dados morfológicos, ecológicos e genômicos, busca-se entender como esses organismos se adaptaram ao ambiente subterrâneo, contribuindo para a conservação de ecossistemas hipogeus e suas espécies endêmicas.
Financiamento: Edital De Chamada Pública N 01/2023 - Item XX da Cláusula Segunda do TCCE n 1/2022/ICMBio - Pesquisa e Conservação do Patrimônio Espeleológico Nacional.
Valor: R$294.185,20.
Coordenador: Prof. Dr. Adalberto José dos Santos (UFMG).
A fauna brasileira de escorpiões é a segunda mais diversificada, do mundo. No entanto, pouco podemos falar sobre a escorpiofauna brasileira que habita cavernas, pois esta sofre de longa inércia científica e déficits de conhecimento biológico. Este é um cenário ruim, considerando a importância de classificar cavernas para fins de exploração econômica, aliada à conservação dos táxons que nelas habitam. Desta forma, no presente projeto, pretende-se realizar o mais abrangente estudo sobre a fauna de escorpiões cavernícolas, do Brasil. Pretende-se examinar, documentar, identificar e descrever ou redescrever os escorpiões coletados em cavernas brasileiras e disponíveis em coleções científicas. Além disto, serão realizadas atividades de campo para coleta de novos espécimes em regiões prioritárias, objetivando coletar novos espécimes, que servirão para o desenvolvimento de estudos morfológicos, taxonômicos, moleculares e citogenéticos. Todas estas informações serão disponibilizadas em uma plataforma on-line, em publicações acadêmicas e postagens de divulgação científica, em redes sociais. Os espécimes encontrados em cavernas serão comparados a espécimes de ambientes epígeos, fornecendo informações para a avaliação do status de conservação destes organismos. Todas estas atividades contribuirão ainda para a formação de novos taxonomistas de escorpiões, no Brasil, bem como para a melhoria e a ampliação dos acervos de escorpiões, das coleções biológicas brasileiras.
Financiamento: Edital De Chamada Pública N 01/2023 - Item XX da Cláusula Segunda do TCCE n 1/2022/ICMBio - Pesquisa e Conservação do Patrimônio Espeleológico Nacional.
Valor: R$194.147,60.
Coordenador: Prof. Dr. Leonardo Sousa Carvalho (UFPI).
A maioria das cavidades subterrâneas encontradas no Estado do Rio Grande do Norte está localizada nos calcários do Grupo Apodi/Formação Jandaíra, no bioma Caatinga. Essa região é considerada de alta relevância bioespeleológica, uma vez que apresenta elevada riqueza e concentração de espécies que são adaptadas a viver em cavernas e outros ambientes subterrâneos. Dentre elas está o aracnídeo da ordem Schizomida, também conhecido como escorpião-chicote-de-cauda-curta, Rowlandius potiguar, registrado em 29 cavernas da Formação Jandaíra. Algumas destas cavernas ainda não estão protegidas, tornando-as vulneráveis a diferentes tipos de ameaça. Estudos recentes baseados em dados moleculares com dois marcadores moleculares, citocromo C oxidase I e rDNA 28S, indicaram que R. potiguar se trata de um possível complexo de espécies, com dois grupos que não seguem um padrão geográfico claro em sua distribuição, e não apresentam sobreposição em nenhuma localidade. Com isso, a espécie alvo deste projeto é R. potiguar, que apresenta parte do material já coletado, mas também iremos incluir seus congêneres que ocorrem no Nordeste do Brasil a fim de elucidar a taxonomia de R. potiguar a partir de uma abordagem integrativa de dados genômicos com dados morfológicos e ecológicos, para compreender a diversificação dessas linhagens na Caatinga e Mata Atlântica. Além da delimitação das linhagens e descrição das espécies novas, vamos estimar o tempo de separação das linhagens e relacioná-las com eventos climáticas e geomorfológicos de Rowlandius no Nordeste do Brasil, bem como usar dados ecológicos para Identificar os fatores ambientais importantes para a sobrevivência dessas espécies. Portanto, será possível compreender a evolução biológica e elucidar a taxonomia do gênero Rowlandius no Nordeste do Brasil, principalmente do complexo R. potiguar, esperando identificar quando as linhagens divergiram e como estão atualmente distribuídas, informações importantes para embasar ações de conservação, principalmente para espécies que têm como habitat as cavernas.
Financiamento: Edital De Chamada Pública N 01/2023 - Item XX da Cláusula Segunda do TCCE n 1/2022/ICMBio - Pesquisa e Conservação do Patrimônio Espeleológico Nacional.
Valor: R$195.749,00.
Coordenador: Prof. Dr. Sergio Maia Queiroz Lima (UFRN).
Aranhas estão entre os principais componentes da fauna cavernícola em todo o planeta. No Brasil, em particular, o grupo tem se mostrado bastante frequente em inventários e estudos de licenciamento ambiental, o que tem resultado em grande quantidade de espécimes depositados em coleções científicas. A despeito da importância das aranhas na biota subterrânea brasileira, o conhecimento atual sobre a taxonomia do grupo é insuficiente, de modo que muitas espécies coletadas recentemente permanecem não-identificadas ou não descritas. Esta situação é indesejável, diante da necessidade de classificação de cavernas para fins de preservação, prevista na legislação brasileira. Neste projeto serão estudadas aranhas de quatro famílias (Nesticidae, Oonopidae, Pholcidae e Theridiidae), comumente encontradas em cavernas no Brasil. Serão examinados espécimes depositados em coleções científicas, para estudo morfológico e produção de ilustrações. Este material será complementado por espécimes coletados em cavernas de Minas Gerais, que serão usados para sequenciamento de DNA. Serão obtidas sequências de dois marcadores mitocondriais, comumente usados para identificação de espécies através de códigos de barra de DNA. As sequências serão analisadas de modo a testar a existência de lacunas de distância genética (barcode gaps) entre as espécies definidas morfologicamente, a partir de espécimes adultos. Este recurso permitiria identificar espécimes juvenis, que são frequentemente coletados em cavernas. As espécies reconhecidas, e que forem demonstradas como associadas exclusivamente a cavernas, serão descritas taxonomicamente em publicações científicas. Serão também incluídas em um banco de dados on-line, que contará com registros de distribuição geográfica, imagens digitais das espécies e informações de história natural.. Objetivos: (1). Testar o uso de códigos de barra de DNA para a identificação de espécies de aranhas cavernícolas do Brasil; (2) Descrever espécies cavernícolas de pelo menos quatro famílias de aranhas, a partir do material disponível em coleções científicas e do material coletado durante o projeto. (3) Construir um banco de dados de espécies de aranhas cavernícolas do Brasil.
Financiamento: Chamada 07/2018 FAPEMIG-VALE, Processo #RDP-00098-18.
Valor: R$249.527,80.
Coordenador: Prof. Dr. Adalberto José dos Santos (UFMG).
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