No parágrafo 54 do capítulo VIII da LUMEN GENTIUM é dito que a intenção do Concílio com essa parte do documento foi esclarecer de forma cuidadosa:
A função da santíssima Virgem no mistério da Encarnação do Verbo.
a função da mesma Virgem Santíssima no Corpo Místico de Cristo, a Igreja.
E os deveres nossos para com a Mãe de Deus.
Antes, no parágrafo 53, diz
que a Virgem Maria concebeu o Verbo de Deus "em seu coração e no seu corpo".
Reafirma que Maria foi remida de modo mais sublime em atenção aos méritos do Filho;
e ao mesmo tempo em que se encontra vinculada à estirpe de Adão, assim como todas as criaturas humanas, ele se encontra na História da Salvação unida ao Redentor Jesus por vínculo estreito e "indissolúvel". Por essa razão
Maria é membro supereminente da Igreja; protótipo e modelo acabado, na fé e na caridade, da Igreja;
e por isso a Igreja, guiada pelo Espírito Santo, honra-a como Mãe Amantíssima.
compreende a figura dela esboçada no Antigo Testamento, em Gn 3,15; e profetizada em Is, 7,14; Mq 5,2-3;
ressalta que o Pai das Misericórdias, Deus, quis que a Encarnação do Filho se fizesse precedida da aceitação dessa mulher predestinada, para assim remediar o nefasto papel de Eva.
A Igreja reafirma a crença de que Maria foi adornada desde o primeiro instante da sua existência com o esplendor de uma santidade singular.
Que o "sim" dado por ela na Anunciação do Anjo fê-la consagrar-se como "escrava absoluta do Senhor".
A perfeita união da Mãe e o Filho mostrou-se de forma inaugural quando Maria, tendo já concebido milagrosamente Deus-Filho em sua alma e em seu corpo encontrou-se com Izabel e aquele que viria a ser o Profeta do Altíssimo estremeceu de alegria no seio de sua mãe.
a Igreja lembra a presença de Maria no alvorecer da "vida pública de Jesus", quando mediando ela entre a necessidade de uma casa e o Senhor, intercedeu em Caná da Galileia antecipando de forma extraordinária a manifestação do Cristo.
No parágrafo 60, sob o título de A Santíssima Virgem na Igreja, o documento lembra a confissão da Igreja Católica, segundo o apóstolo Paulo:
"Porque há um só Deus, também há um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, verdadeiro homem, que se ofereceu em resgate por todos" (1Tm 2,5-6).
Porém reafirmando que
a função de Maria enquanto Mãe em nada obscurece ou diminui a mediação única de Cristo.
Porque a função de Maria não decorre de uma necessidade intrínseca, mas por conta do livre querer de Deus. Foi Deus quem assim quis.
A função de Maria enquanto Mãe medianeira dimana da abundancia dos méritos de Cristo; funda-se na mediação d'Ele; dela dependendo e tirando toda a sua eficácia.
Portanto, o papel singular de Maria enquanto Medianeira dá-se pela condição de Mãe predestinada desde toda a eternidade para a Encarnação do Verbo divino nela, cooperando ela assim de forma absolutamente singular na nossa redenção. Papel que ela continua a exercer depois de elevada ao Céu.
A Igreja explica o papel singular de Maria na Mediação única e exclusiva de Cristo comparando com o sacerdócio; que sendo exclusivo de Cristo é, no entanto, participado de modo diverso pelos ministros sagrados. Assim também a única mediação do Redentor não exclui, antes suscita em nós uma cooperação múltipla, embora a participar da fonte única.
Refletindo sobre as virtudes de Maria, a Igreja, na sua atividade apostólica
olha para a Mãe d'Aquele que foi concebido pelo Espírito Santo com o fim de fazer-se Ele nascer e crescer também em nossos corações.
Sendo a Virgem Mãe, Maria, o modelo do amor materno de que todos que se animam para colaborar na missão apostólica da Igreja para a redenção dos homens.
Por fim, o documento dá breve orientação geral sobre o culto da Santíssima Virgem na Igreja.
Lembra que o culto a ela é antigo.
Justifica-se porque ela foi exaltada acima de todos os anjos e homens.
Antes mesmo do Concílio de Éfeso (431 a.C) era já venerada como a Mãe de Deus.
lembra, entretanto, que este culto difere essencialmente do culto de adoração, só devido ao Verbo encarnado e, do mesmo modo, ao Pai e ao Espírito Santo.
A Igreja entende que honrar a Mãe de Deus contribui para que o Filho seja bem conhecido, amado e glorificado. Por isso estimula o culto da Virgem Santíssima, e de modo especial o culto litúrgico.
Mas pede que teólogos e pregadores católicos se abstenham tanto de exagerar quanto de apequenar a figura da Mãe de Jesus.
E que os todos os fieis lembrem-se de que a autêntica devoção à Mãe de Deus não consiste em sentimentalismo estéril e passageiro, ou em vã credulidade, mas procede da verdadeira fé.