'Amor de Perdição' é considerada a obra principal de Camilo Castelo Branco e uma das mais importantes do Romantismo português. Foi escrita em 15 dias, quando o autor se encontrava preso por crime de adultério, o qual se deveu ao envolvimento com uma mulher casada, Ana Plácido.
O enredo desta obra é ultrarromântico: Simão e Teresa apaixonam-se, mas o seu amor é contrariado pelas respetivas famílias, os Botelhos e os Albuquerques, famílias inimigas de Viseu. Os jovens preferem morrer a abdicar do amor que os une. O pai de Teresa, Tadeu de Albuquerque, quer obrigá-la a casar com um primo, Baltasar Coutinho e, frente à recusa de Teresa em casar e à persistência de contactos amorosos com Simão, acaba por encerrá-la num convento. Simão tenta resgatar Teresa e enfrenta Baltasar. No calor da refrega, Simão mata a tiro Baltasar, entregando-se logo a seguir à Justiça. É condenado à forca, mas a sentença é atenuada e Simão é degredado para a Índia. Teresa, padecendo de uma doença grave, assiste do convento à partida do navio que levará o seu amor para longe. Depois do último adeus, morre. Ao saber da morte da mulher amada, Simão tem uma febre inexplicável, acabando por morrer.
Fontes: Porto Editora, 'Amor de Perdição' em Infopédia
Companhia das Ideias, 'Grandes Livros - "Amor de Perdição" de Camilo Castelo Branco' em RTP Ensina
'Amor de Salvação', segundo o autor, não corresponde, durante a maior parte do romance. a um verdadeiro 'amor de salvação', mas sim a um 'amor de perdição': «O leitor folheia duzentas páginas deste livro, e o amor de felicidade e bom exemplo não se lhe depara, (...). Três partes do romance narram desventuras do amor de desgraça e mau exemplo. (...) — que o amor puro, o amor de salvação, vem tarde para desvanecer as impressões do amor impuro (...).» Mas, ainda segundo Camilo, é através deste 'amor de perdição' que aquele que sofre reconhece o erro da sua paixão e se entrega finalmente ao 'amor de salvação', protagonizado pela 'mulher-anjo' e pelo casamento feliz. «Amor de salvação, em muitos casos obscuros, é o amor que excrucia e desonra. Então é que o senso íntimo mostra ao coração a sua ignomínia e miséria. A consciência regenera-se, e o coração, reabilitado, avigora-se para o amor impoluto e honroso.»
Fontes: Camilo Castelo Branco, 'Observação' em 'Amor de Salvação', p. 4