Se o propósito da Educação Profissional e Tecnológica é ofertar uma educação emancipadora, a avaliação também deve contemplar este propósito. Portanto, se a adesão às metodologias ativas e às estratégias de mediação da aprendizagem deve contribuir para que o estudante se torne um sujeito autônomo, crítico e proativo, capaz de compreender, analisar e transformar a realidade, a avaliação precisa confirmar se esse objetivo está sendo atingido, ou seja, se os estudantes estão demonstrando evolução na sua aprendizagem, autonomia, criticidade e proatividade nas atividades que desenvolvem. Se não estiverem, é preciso investigar o que não está dando certo.
Baldissera e Machado (2020)
Frequentemente o termo avaliação é associado a outros como exame, nota, sucesso e fracasso, promoção e repetência. Essa confusão de significados acaba tornando a Avaliação uma tirana da prática educativa.
A avaliação não precisa ser sobre atribuir uma nota ao que o estudante deixou de acertar, mas sobre o quanto ele aprendeu e se desenvolveu, suas atitudes e o seu percurso durante a disciplina.
Nesta página, é discorrido o conceito de avaliação, por quê e para quê ela é utilizada, quais tipos existem e como realizar tal procedimento. Adicionalmente é indicada uma lista de aplicativos destinados a essa atividade e alguns elementos que podem ser úteis como aprofundamento na temática. Ao final são compartilhadas algumas referências citadas ao longo das seções.
Para Hoffman (1998) e Luckesi (2002), avaliar é o ato de diagnosticar uma experiência, reorientando-a para o melhor resultado possível. É na verdade transformar a reflexão em ação, ação esta que impulsiona para novas reflexões.
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n° 9.394/96, a avaliação é apontada como meio de verificar o rendimento escolar. De acordo com a lei, a escola deve comprovar a eficiência dos alunos nas atividades escolares, avaliar de forma contínua o êxito por eles alcançado.
A LDB esclarece que o processo de avaliação deve ter como objetivo detectar problemas, servir como diagnóstico da realidade em função da qualidade que se deseja atingir. Não é definitivo nem rotulador, não visa à estagnação, e sim a superar as deficiências.
A avaliação deve ser entendida como processo contínuo, significa a compreensão de avaliação processual feita pela observação diária do professor, à atenção dirigida ao aluno, ao que ele faz, diz, ao modo como reage às diversas situações na sala de aula, um acompanhamento permanente das aprendizagens, quais suas dificuldades, seus avanços como interage com a turma, enfim, todos os aspectos envolvendo o aluno e seu processo de aprendizagem.
Lucas (2021)
Para Hoffmann (2011), o trajeto a ser percorrido, quando praticamos a avaliação, é impulsionado pela vontade de chegar ao objetivo que vem sendo traçado. Segundo ela, avaliar tem o sentido de avançar, promover o acesso ao nível superior de aprendizagem por meio de uma educação qualitativa. Portanto, a finalidade de avaliação é promover a evolução da aprendizagem dos educandos e a promoção da qualidade do trabalho educativo.
A avaliação da aprendizagem possibilita ao professor:
Verificar os conhecimentos prévios e a realidade dos estudantes;
Obter os resultados do processo de ensino e aprendizagem;
Refletir sobre a sua atuação e a dos estudantes;
Intervir no processo para melhorar a qualidade da aprendizagem.
Cipriano Carlos Luckesi, professor de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Bahia, lembra que a boa avaliação envolve três passos:
Saber o nível atual de desempenho do aluno (etapa também conhecida como diagnóstico);
Comparar essa informação com aquilo que é necessário ensinar no processo educativo (qualificação);
Tomar as decisões que possibilitem atingir os resultados esperados (planejar atividades, sequências didáticas ou projetos de ensino, com os respectivos instrumentos avaliativos para cada etapa).
Na literatura educacional, três tipos/funções de avaliação são difundidos: diagnóstica, formativa e somativa. Cada tipo possui um enfoque diferente sobre a prática avaliativa.
Avaliação Diagnóstica
A função de diagnóstico refere-se à descrição minuciosa da situação do processo de ensino e aprendizagem para planejamento das situações de aprendizagem. No início do processo, ela se destina a verificar a realidade e os conhecimentos prévios dos estudantes para prepará-los para o estudo dos conteúdos. Durante o processo, está focada no acompanhamento e na apreciação dos resultados para corrigir falhas na condução do trabalho, esclarecer dúvidas dos estudantes e estimulá-los a buscar resultados positivos, favorecendo a avaliação formativa. No final, permite avaliar os resultados finais do processo, considerando a situação inicial e todo o percurso percorrido, para, dessa forma, o professor poder realizar a avaliação somativa.
O diagnóstico é utilizado para conhecer melhor cada estudante. Porém, a partir dele, são necessárias ações diversificadas e individualizadas. Individualizar significa respeitar os conhecimentos prévios e a forma de ser e pensar de cada aprendiz. A diversificação corresponde a ensinar de diversas formas para atender às necessidades de mais aprendizes. Então, o mediador precisa dominar o conteúdo para fazer com que os estudantes o compreendam a partir de diferentes perspectivas e metodologias.
Avaliação Formativa
O objetivo da função formativa é aperfeiçoar o processo de ensino e aprendizagem. Por isso, ela consiste em verificar se os objetivos educacionais estão sendo atingidos com a finalidade de corrigir falhas. A partir dos resultados encontrados, os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem devem assumir a responsabilidade de garantir os meios para a qualidade do aprendizado. Desse modo, a avaliação formativa não deve ser confundida com avaliação contínua, porque, muito mais do que ser constante, sua função é contribuir com os aspectos pedagógicos didáticos.
O professor deve avaliar os estudantes de acordo com os objetivos, os conteúdos e a metodologia de ensino. Nesse sentido, deverá criar critérios objetivos do que espera que os estudantes apresentem em cada atividade avaliativa. Ao trabalhar com metodologias ativas, o professor deve avaliar os discentes não apenas no resultado final das atividades, mas também no desenvolvimento, verificando as atitudes e o envolvimento de cada estudante. Os critérios de avaliação devem ser compartilhados com a turma, a fim de que todos se empenhem para atender às expectativas referentes ao seu desempenho.
Em um curso técnico que objetiva formar cidadãs e cidadãos para o mundo do trabalho e para a vida em sociedade, alguns critérios importantes a serem considerados na avaliação são: participação, assiduidade, contribuição, colaboração, cooperação, cumprimento das atividades dentro do prazo, verificação da autenticidade dos trabalhos, competência para resolver problemas, capacidade de argumentação, capacidade de expressão oral e escrita, análise crítica e síntese do conteúdo.
Avaliação Somativa
A avaliação somativa tem o objetivo de mensurar os resultados obtidos pelos estudantes. Destina-se ao controle parcial e final dos resultados da aprendizagem para atribuir um conceito ou nota ao desempenho deles na realização de atividades avaliativas. A avaliação somativa deve motivar professor e estudantes a se empenhem para atingir um bom resultado de aprendizagem e não para controlar o educando e o educador, reprovando-os ou aprovando-os, ameaçando-os e desqualificando-os e, desse modo, prejudicando a sua autoestima e consequentemente a sua atuação. Os estudantes devem ser estimulados e não intimidados a aprender.
O direito a um tratamento igualitário, na avaliação, não é avaliar todos da mesma maneira, mas sim considerar as diferenças individuais. Desse modo, uma avaliação justa não utiliza critérios de avaliação unilaterais, mas deve ser planejada para contemplar múltiplas dimensões do conhecimento, da personalidade e da cultura que precisam ser incluídas no processo de ensino e aprendizagem. Estas múltiplas dimensões envolvem, por exemplo, uma linguagem que seja compreensível a todos os educandos e a possibilidade de eles poderem se expressar de várias maneiras.
Avaliação Diagnóstica
A avaliação diagnóstica pode ser realizada por meio de testes rápidos, fórum de apresentação, dissertação, discussão dirigida, entrevista com cada estudante, conversação didática, atividades para revisão de conteúdos referentes a estudos anteriores, etc. A iniciativa do diálogo deve partir do professor especialmente nos casos de estudantes com dificuldades de aprendizagem e de estudantes mais introvertidos.
Avaliação Formativa
A avaliação formativa é integrada ao processo de ensino e aprendizagem, ou seja, considera o desempenho dos estudantes não apenas nas atividades entregues e apresentadas, mas no desenvolvimento destas. As metodologias ativas permitem e exigem que o professor observe, intervenha e avalie os educandos durante as situações de aprendizagem. Desse modo, a avaliação deixa de representar uma parcela discreta do tempo, em que o professor observou a postura do educando na atividade apresentada e/ou entregue, e passa a contemplar todo o processo. Como se trata de uma avaliação formativa, é importante que todos os sujeitos envolvidos avaliem o processo de ensino e aprendizagem, por isso existem três tipos de avaliação possível de acordo com quem avalia: a autoavaliação (o avaliador é o próprio avaliado - exige do estudante uma análise crítica sobre sua aprendizagem), a coavaliação (os estudantes avaliam o trabalho uns dos outros e partilham a responsabilidade de avaliar) e a heteroavaliação (o professor avalia seus estudantes e vice-versa).
Só se deve avaliar aquilo que foi ensinado. Não adianta exigir que um grupo não orientado sobre a apresentação de seminários se saia bem nesse modelo. E é inviável exigir que a garotada realize uma pesquisa (na biblioteca ou na internet) se você não mostrar como fazer. Da mesma forma, ao escolher o circo como tema, é preciso encontrar formas eficazes de abordá-lo se não houver trupes na cidade e as crianças nunca tiverem visto um espetáculo circense.
Avaliação Somativa
Para a avaliação somativa, o professor deve oportunizar os alunos a participarem de discussão na sala de aula ou meio digital, se expressarem em forma de texto escrito, áudio ou vídeo, bem como de realizarem a apresentação de alguns estudos e projetos da forma que preferirem, apresentando slides, vídeos, encenações, etc. Essa flexibilidade é importante, pois cada educando tem facilidade e preferência por uma forma de aprender e de se expressar. A avaliação com base na pedagogia histórico-crítica e na aprendizagem por meio de metodologias ativas deve superar padrões e limitações culturais e, desse modo, precisa acolher e valorizar diferentes ideias e pensamentos, desde que tenham fundamento. O professor pode adotar a avaliação por rubrica (a rubrica é um instrumento de avaliação apresentado na forma de tabela, construída e modificada com base nos critérios específicos (relacionados a uma atividade ou qualquer outra tarefa) que se deseja avaliar.).
Texto “Avaliação Mediadora: uma relação dialógica na construção do conhecimento”, de Jussara Maria Lerch Hoffmann
Criação de atividades de aprendizagem diárias com geração de feedbacks. Saiba mais sobre a ferramenta através deste artigo publicado na Revista Tecnologias na Educação.
Preparação de tarefas através de diferentes recursos, com feedbacks e notas individualmente gerados.
Criação de avaliações aprimoradas com tecnologia e obtenção de feedbacks imediatos sobre o desempenho dos alunos.
Crie formulários com hiperlinks, imagens e vídeos. Use-os para levantamento, pesquisas e questionários.
BALDISSERA, Lucilene Fátima. MACHADO, Mércia Freire Rocha Cordeiro. Mediações pedagógicas e metodologias ativas no contexto da educação profissional e tecnológica a distância. Curitiba: Instituto Federal do Paraná, 2020.
HOFFMANN, Jussara. Contos e contrapontos: do pensar ao agir em avaliação. Porto Alegre: Mediação, 1998.
______________________. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. 31 ed. Porto Alegre: Mediação, 2011.
LUCAS, Áquila Sales de Souza. Avaliação do Ensino – Aprendizagem: Um olhar psicopedagógico. Sobral: Centro Universitário Inta, 2021.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem na Escola e a Questão das Representações Sociais. Eccos Revista Científica, São Paulo, vol. 4, fac. 2, p. 79-88, 2002.