A moeda é uma das mais importantes invenções da humanidade. Criada em ambiente de contato entre gregos e lídios, na Anatólia, em finais do século VII a.C., esse disco metálico com gravuras e eventuais legendas em ambos os lados conseguiu acumular em torno de si funções antes desempenhadas por uma gama variada de objetos. Quais funções são essas? A de medida de valor, a de aglutinadora de riqueza e a de forma de pagamento. O momento de sua criação é marcado pelo surgimento da pólis grega, o qual implicou uma reorganização social profunda, com a sistematização de normas, regras, leis, pesos e medidas.

Desse ambiente grego, de origem, a moeda espalhou-se em uma velocidade bastante razoável por todo o Mediterrâneo durante a Antiguidade, alcançando igualmente as terras orientais até a China e o Japão.

A moeda congrega em si a abstração do valor, e por tal razão, continuou a ser o objeto preferencial de regramento das trocas, de acúmulo de riqueza e de mensuração de valor ao longo dos séculos e entre sociedades as mais diversas. Por sua portabilidade e por ser o primeiro objeto de produção de massa, ela se tornou um veículo de construção de identidades locais, de alianças e fidelidades políticas, bem como de propaganda e disputas de lideranças antigas. Isso porque a moeda, desde sua criação, configurou-se como monopólio do estado.

A Numismática é um campo da produção de conhecimento que se desenvolveu para dar conta do estudo da moeda, mais precisamente, das formas nas quais ela é inserida: as séries e as emissões monetárias. Na Numismática temos, pois, estudos que abarcam todos os campos pelos quais a moeda transita: a economia, a religião, a propaganda política, a organização social, entre outros.

A Arqueologia, por ser a ciência que tem a cultura material, os artefatos fabricados pelo homem, e as transformações na natureza daí realizadas, como seu objeto de estudo, tem na moeda uma fonte de informações preciosas. E assim o foi desde o início da formação dessa ciência, durante o Renascimento europeu dos séculos XV-XVI.

O intento deste Congresso é o de trazer, ao público brasileiro, os estudos mais atuais destas duas áreas de conhecimento: a Numismática e a Arqueologia. Queremos, assim, reunir pesquisadores renomados internacionais e nacionais no estudo da Numismática; reunir pesquisadores de Numismática antiga que atuam no Brasil; ampliar a colaboração entre os pesquisadores brasileiros e estrangeiros dedicados aos estudos numismáticos gerais; ampliar o debate sobre a Numismática antiga na Academia Brasileira; reunir numismatas, arqueólogos e historiadores para discussões aprofundadas em temas sociológicos; inserir o debate numismático no campo da Arqueologia Global na Academia Brasileira; discutir novos métodos e tecnologias para os estudos numismáticos nas Ciências Humanas; contribuir para a interação de alunos de graduação e pós-graduação com pesquisadores renomados estrangeiros.

O campo da Numismática cresce no Brasil. Nosso país possui importantes coleções de moedas antigas, salvaguardadas em instituições como o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, que sedia este Congresso, o Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro, o Museu Paulista (USP), o Museu do Banco do Brasil (RJ) e a Coleção Bernardo Ramos (AM), para só citarmos alguns exemplos. Há ainda um mercado privado, de colecionadores e pesquisadores independentes, bastante atuante.

Nos últimos 30 anos, nossas universidades e centros de pesquisa têm recebido e abrigado tanto pesquisadores e docentes, como pesquisas do campo da Numismática e da Arqueologia, em nível de pós-graduação, graduação e extensão. Acreditamos, assim, que é chegado o momento de fazermos um balanço de nossa produção nacional, dialogando com colegas da academia internacional a fim de definirmos também novos rumos de pesquisa e novas propostas de atuação de nossos programas de graduação e pós-graduação e de nossos projetos de investigação. É crucial sobretudo dar visibilidade aos trabalhos que vêm sendo feito no Brasil e como eles se inserem no cenário internacional.

Há vagas de hospedagem e alimentação na USP a preços especiais para inscritos de outros estados e do interior de São Paulo

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