No dia 28 de fevereiro 22 novos estudantes extensionistas foram recebidos no Laboratório de Didática para iniciarem as oficinas formativas em Palhaçaria hospitalar. Confira a cobertura feita pela Univale TV.
Uma meia colorida, um brinco de coração, laços, gravatas, jaleco personalizado e... o nariz! Vermelhos, amarelos, até azuis! É com esse figurino super divertido que estudantes de diferentes cursos vãos se transformando em palhaços para realizarem as intervenções artísticas no Hospital Municipal de Governador Valadares. Mas, onde é que essa palhaçada se arruma? Desde 2016, uma sala do CREDEN-PES foi o espaço para a troca de figurinos e maquiagem dos integrantes, mas que por motivo de reformas desde 2024/2, não pode mais contribuir com o projeto. Precisámos encontrar outro "camarim".
Foi então que a reitora da Univale, professora Dra. Lissandra Lopes Coelho Rocha, solicitou à Secretaria Municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo, a utilização da galeria Monhangara para a troca de figurino e maquiagem. Desde 28 de março de 2025 que os Anjos têm desfrutado desse novo camarim... É muita foto, muito vídeo, muitas interações com os funcionários da galeria e com os transeuntes. Alegria que brota miúda e desabrocha em sorrisos e acenos reconfigurando os espaço-tempos da cidade, em meio ao trânsito, buzinas e o movimento frenético das sextas-feiras.
Ao longo do semestre, quinzenalmente, foram realizadas oficinas formativas para os estudantes extensionistas, intercalando com as visitas hospitalares. Na brinquedoteca da UNIVALE ou no Laboratório de Didática, professores e alunos, se envolveram com as oficinas de música, contação de histórias, jogos teatrais e corporeidade, figurino, maquiagem e a construção da identidade do eu-palhaço. Esses momentos formativos são essenciais para desenvolver e potencializar nos estudantes e professores, por meio de múltiplas linguagens, a arte da palhaçaria hospitalar, possibilitando novos horizontes e novas estratégias de ações para as visitas presenciais.
A cada visita no hospital os estudantes colocavam em prática as aprendizagens construídas nas oficinas formativas. Os integrantes se dividiam em grupos menores e realizam as atividades lúdicas nas enfermarias do hospital e até mesmo no corredor, envolvendo na brincadeira os acompanhantes e profissionais da saúde.
A atividade integrou a programação nacional da Semana mundial do Brincar, promovida pelo Instituto Alana. A oficina foi um convite aos estudantes a mergulharem nas lembranças afetivas da infância e juventude, por meio de brincadeiras que fizeram parte de suas histórias.
Foi um momento de reviver jogos tradicionais, cantigas, parlendas e gestos lúdicos que marcaram época e aqueceram tantos corações. Mais do que diversão, essa vivência promoveu conexão, resgate da autoestima e fortalecimento dos vínculos entre os participantes porque brincar também é uma forma de cuidar e viver plenamente.
O resumo científico foi uma construção coletiva que partiu da estudante Silviane Alves de Carvalho, do curso de Pedagogia, para submissão ao 23º Simpósio de Pesquisa e Iniciação Científica da Univale, que vai ocorrer em setembro. Os autores relatam a experiência de construção da identidade do eu-palhaço, que inicia-se por meio da expressão corporal e facial, sendo consolidada pela escolha dos nomes, que materializam a identidade de cada palhaço.
Em junho, o tradicional “Arraiá no Hospitar” trouxe cores, risos, cantigas e afeto aos corredores do Hospital Municipal. Os palhaços extensionistas protagonizaram um divertido casamento na roça, repleto de brincadeiras e encenação. A presença de músicas juninas, embalaram cada encontro com crianças hospitalizadas, seus acompanhantes e os profissionais de saúde, transformando o ambiente hospitalar num verdadeiro arraial, onde cada canto trouxe de volta doces memórias de festa e acolhimento .
Essa ação, além de provocar sorrisos, reforçou o compromisso do projeto com a humanização do cuidado por meio da arte e da ludicidade. Ao envolver os presentes — crianças hospitalizadas, acompanhantes e equipe hospitalar — em cantigas, ritmos e afetos coletivos, o Arraiá Junino reafirmou a força da brincadeira como ferramenta de cuidado integral, fortalecendo os vínculos e despertando esperança e leveza num ambiente que, muitas vezes, exige tanta sensibilidade.
A iniciativa também evidencia o papel transformador da extensão universitária, aproximando o saber acadêmico das realidades locais. Por meio da arte da palhaçaria, estudantes vivenciam práticas de cuidado que extrapolam os muros da universidade, aprendendo com a escuta e o encontro. Assim, o projeto consolida-se como ponte afetiva entre a formação em saúde e as necessidades humanas que emergem nos serviços de atenção.
O semestre foi encerrado com o Clownique, um momento especial de encontro entre os estudantes e professores extensionistas do Projeto Anjos da Alegria, marcado por partilhas, afetos e reflexões. A roda de conversa, recheada de memórias e risos, permitiu que cada participante expressasse suas vivências, desafios e aprendizados ao longo das visitas hospitalares e oficinas formativas. Em um ambiente acolhedor e sensível, o Clownique reafirmou o valor da escuta e do vínculo entre o grupo, fortalecendo a confiança mútua e o compromisso coletivo com a arte do cuidado.
Mais do que uma avaliação formal, o Clownique foi um espaço de cuidado, no qual a dimensão humana da extensão universitária se fez presente de forma sensível e potente. O encontro promoveu a integração entre a experiência prática e a formação acadêmica, valorizando o protagonismo dos estudantes e sua escuta atenta às necessidades do outro. Com isso, o projeto segue reafirmando seu papel como elo entre universidade e comunidade, onde o riso, o afeto e a reflexão caminham lado a lado.
Foi publicado em 30 de julho, na Revista Elo – Diálogos em Extensão, o artigo “Hoje é dia de alegria: relatos de profissionais de saúde e estudantes sobre as visitas do projeto de extensão Anjos da Alegria/UNIVALE”. O texto apresenta resultados de uma pesquisa qualitativa realizada em 2024 pelas então graduandas de Enfermagem, Giovanna Aniele Martins Pinheiro e Gianne Tavares Neves, orientadas pela professora Flávia Rodrigues e coorientadas pelo professor Valdicélio Martins. O estudo, que teve autorização do Comitê de Ética em Pesquisa, foi realizado na pediatria do Hospital Municipal de Governador Valadares (HMGV) e evidencia o impacto positivo da palhaçaria hospitalar na humanização do cuidado à saúde.
O trabalho, que envolveu profissionais da saúde e estudantes, mostra que as visitas dos palhaços extensionistas promovem alegria, alívio do estresse e maior interação entre pacientes, acompanhantes e equipes hospitalares. A presença dos “Anjos da Alegria” contribui, segundo os participantes, para um ambiente mais leve, acolhedor e propício à recuperação, especialmente em momentos de fragilidade vivenciados por crianças hospitalizadas.
Confira a matéria completa em: https://univale.br/publicacao-artigo-anjos-da-alegria/