Quando pensamos em riscos e perigos no local do trabalho, é normal que nos venha à mente os perigos físicos, palpáveis, como o risco de explosão de uma caldeira, um vazamento de gás, o mau funcionamento de uma máquina, a falta de equipamentos de proteção. Entretanto, há outros riscos com os quais a maioria das empresas não está preparada para atender, como os riscos psíquicos e emocionais provenientes do cotidiano no trabalho.
Segundo a revista Proteção (2016, on-line)3, de acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em 2011, 211 mil pessoas foram afastadas do trabalho por doenças mentais, sendo as empresas de call center as mais recorrentes. Segundo o Ministério da Saúde, entre os principais problemas apresentados estão baixa estima, problemas com estresse, depressão ou uso de drogas psicoativas, e muitos desses transtornos estão relacionados diretamente ao volume de trabalho, ao acúmulo de funções e ao assédio moral.
Ainda segundo a revista, uma ex-funcionária de um call center relaciona o desenvolvimento de problemas de ansiedade, depressão e doenças de pele às exigências na empresa, uma vez que a cobrança por alcance de metas era contínua, mesmo que as metas fossem alcançadas, a ponto de ter cronometrados os momentos de afastamento do ponto de trabalho para tomar água ou ir ao banheiro. Ao final, para que o tratamento fosse efetivo, ela teve que se desligar da empresa. Outro caso foi a tentativa de suicídio de uma funcionária da empresa por não aguentar a pressão que envolvia o batimento de metas e os tempos cronometrados.
A oferta de alternativas que permitam autonomia, relações saudáveis e reconhecimento pessoal contribuem para inibir o avanço dos transtornos relacionados ao trabalho em quaisquer setores profissionais. Para tanto, é necessário o conhecimento das ocorrências e das suas causas.
O Ministério da Previdência Social e o Ministério do Trabalho e Emprego apresentam anualmente o Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho (AEAT), importante instrumento para análise e direcionamento das políticas públicas voltadas para a segurança e a saúde do trabalho.
Os dados estatísticos de acidentes de trabalho disponíveis no Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho pelo Ministério da Previdência Social são organizados em tabelas e com referência à Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0). Os indicadores de acidentes de trabalho são avaliados para mensurar e analisar a exposição dos trabalhadores aos níveis de risco inerentes à atividade econômica, permitindo a análise de fatos e de tendências históricas dos acidentes e os seus impactos nas empresas e na vida dos trabalhadores.
Esse anuário é um instrumento de suma importância para o planejamento e a implementação de ações nas áreas de segurança e saúde do trabalhador. O conhecimento por parte das instituições públicas e da sociedade civil sobre os aspectos fáticos, sociais e econômicos que envolvem os acidentes de trabalho contribui para que o Poder Público aperfeiçoe e direcione as políticas públicas de segurança e de saúde do trabalho, conferindo-lhes maior eficácia.
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