A imunovigilância antitumoral pode falhar. Nesses casos, se instaura a doença e os sinais e sintomas podem levar ao diagnóstico de câncer. Assim, operacionalmente, cada caso de câncer também pode ser considerado como evidência de comprometimento do sistema imune.
O microambiente tumoral tem a capacidade de induzir a exaustão dos linfócitos T infiltrados, com a perda progressiva da função efetora, o que envolve a reduzida secreção de citocinas e o comprometimento da capacidade citolítica.
Os interesses de pesquisa da equipe do Laboratório de Imunoengenharia têm três focos principais:
Estudo das razões pelas quais os linfócitos T e outras células imunes são frequentemente encontrados no tumor primário, apesar da falta de uma resposta eficaz. Busca-se responder a questões centrais, tais como: (i) O que torna os linfócitos disfuncionais ?(ii) Qual é a história natural da evolução fenotípica das células imunes antitumorais ? (iii) Como a deficiência funcional linfocitária pode ser rompida ?
Estudo da hiperativação imune. Em Biologia, MUITO nem sempre é melhor... Partindo dessa premissa, várias doenças – inclusive o câncer – têm um componente imunofisiopatológico importante. Células imunes que fazem parte da resposta fisiológica, natural, a um estímulo agressor ou neoplásico (como, por exemplo, a desorganização do estroma) podem se tornar hiperativadas. A inflamação crônica resultante não é benéfica e contribui para a perda da função imune e para a evolução da doença. Os pesquisadores do laboratório estudam a imunomodulação, ou seja, os mecanismos que possam ser usados para reverter o estado pró-inflamatório ineficaz.
Desenvolvimento de imunoterapias CAR-T. A biologia sintética é empregada na tecnologia CAR-T, para modificar a função dos linfócitos e redirecionar sua atividade contra alvos tumorais. Para tanto, utiliza-se uma abordagem multidisciplinar, na qual variadas técnicas são empregadas, dentre elas: (i) técnicas de biologia molecular para gerar os transgenes que codificam as proteínas recombinantes que desejamos expressar nas células imunes; (ii) técnicas virológicas para produzir e quantificar os vetores de transferência gênica, que nos permitem modificar os linfócitos; (iii) técnicas de cultivo de linfócitos e outras células somáticas primárias; (iv) técnicas de caracterização fenotípica e funcional das células imunes por citometria de fluxo e microscopia confocal e (v) bioterismo com animais imunodeficientes, que se prestam para estudar a história natural de evolução, bem como a imunoterapia de leucemias e tumores sólidos.