Vivemos num mundo perigoso: existem radiações que emanam naturalmente do meio ambiente ou que são produzidas artificialmente pelos seres humanos. Estamos constantemente expostos a um coquetel nefasto de substâncias químicas possuidoras de potencial, ou demonstrada, capacidade mutagênica. E, por fim, mas não menos importante, estamos também expostos a agentes biológicos, tais como o vírus de Epstein-Barr e o vírus do papiloma, que são capazes de desorganizar o programa proliferativo das células que infectam, predispondo-as à tumorigênese.
Este conjunto variado de estímulos nocivos pode comprometer a integridade funcional do genoma, onde está primariamente contida a informação que coordena a vida celular e, por extensão, aquela dos organismos multicelulares.
A evolução nos primou com mecanismos que permitem escanear o genoma à procura de inconformidades, identificar os erros ou danos introduzidos em genes específicos e, eventualmente, repará-los. Todavia, dependendo da carga hereditária de cada um e, sobretudo, do tempo e intensidade de exposição aos estímulos mutagênicos, algumas alterações genéticas não são corrigidas. A acumulação de acidentes genéticos não reparados numa célula acima de um nível crítico mais comumente a leva à morte celular programada ou apoptose. A alternativa menos frequente, mas altamente relevante, para a célula genética e funcionalmente danificada é de se transformar num clone pré-neoplásico. Entretanto, isto não significa necessariamente doença.
É nesse ponto, que o bastão de revezamento é passado do sistema de reparo genético para o sistema imune clássico.