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Proeg-Unemat celebra o Dia Internacional da Mulher

O curso superior como instrumento de empoderamento para mulheres indígenas nos cursos de graduação da Unemat

Roda de Conversa das Mulheres durante uma atividade dos cursos da Faindi. Foto: Arquivo do Curso de Pedagogia Intercultural

Com uma proposta aberta e inclusiva, a Universidade do Estado de Mato Grosso Carlos Alberto Reyes Maldonado (Unemat) se mostra pioneira com suas políticas de gestão, de inclusão e de ingresso no interior do país. Alguns eventos dão visibilidade deste percurso de diversidade e de conquista de espaço para as mulheres na universidade.

 

A Pró-Reitoria de Ensino de Graduação, professora Nilce Maria da Silva, destaca que a UNEMAT, no decurso de sua criação até os dias atuais, conta com seis reitoras. “Atualmente, à frente da gestão da universidade está uma mulher, a professora Vera Maquêa, efetiva do ano de 1994 e com a formação de graduação pela própria UNEMAT,” destacou.

 

A Pró-Reitora aponta que uma das turmas de Licenciatura Intercultural é coordenada por Eliane Boroponepa Monzilar, da etnia Umutina, graduada na primeira turma da Faindi. “São exemplos de empoderamento e da importância da formação superior para a vida profissional das mulheres indígenas”, ponderou a professora Nilce Maria.

 

Nos cargos para pró-reitores, assessorias, diretorias, supervisões e coordenações há um esforço para preenchê-los de maneira equilibrada pelos servidores da Unemat. Nem sempre se consegue devido à sobrecarga de trabalho que as mulheres acumulam para além do espaço profissional.

 

Outra marca da diversidade na Unemat é a presença das mulheres estudantes, alcançada com as políticas afirmativas. Uma das pioneiras do país, a instituição criou seu primeiro programa em 2004, oito anos antes da política nacional de Lei de Cotas, em 2012, abrindo espaço para o ingresso de mulheres pretas. A política foi sendo ampliada com a reserva de vagas para candidatos e candidatas de escolas públicas (2013), indígenas (2016) e pessoas com deficiência - PCD (2019).

 

No caso das mulheres indígenas, sua presença na Unemat é ainda mais forte na Faculdade Intercultural Indígena (Faindi) que oferece condições específicas com uma modalidade de oferta que contempla etapas modulares que priorizam a interculturalidade e os Tempo Universidade e Tempo Aldeia. Nota-se um aumento no número de mulheres ingressantes nos últimos anos.

 

 

A mulher indígena na Unemat

 

Em 2023, a Unemat inovou na educação superior indígena com o curso de Enfermagem que recebeu 14 mulheres de etnias distintas entre os 50 ingressantes. Os seus tradicionais cursos de Licenciatura tiveram um aumento considerável no número de mulheres em 2023, trazendo pela primeira vez uma representante da Terra Indígena do Xingu, da etnia Ikpeng, assim como da etnia Guatô, para estudar em Barra do Bugres; e da etnia Canela para o curso de Matemática Intercultural Indígena, em Luciara.

 

A maior presença delas na Faindi está nas turmas atuais, incluindo a Enfermagem Intercultural, com 29,8% delas (51) entre os 171 ingressantes, se comparado com as turmas anteriores. O maior equilíbrio se percebe na Pedagogia Intercultural com 12 mulheres entre os 31 acadêmicos. De 90 vagas das Licenciaturas, 25 são de mulheres nas três habilitações: Línguas, Artes e Literaturas; Ciências Matemáticas e da Natureza; e Ciências Sociais.

 

Ao longo da trajetória da Faindi verifica-se que sua presença aumentou com a criação do curso de Pedagogia, conforme dados das colações de grau. Em 2016, 22,8% dos que colaram grau eram mulheres, e em 2022 aumentou para 25,9%. A menor participação delas foi em 2012 (8,5%), em 2009 (11,9%) e em 2006 (19,8%).

 

Os cursos de oferta diferenciada que estão mais próximos dos territórios indígenas têm atraído as mulheres. Específico para os povos originários, a licenciatura em Matemática Intercultural tem 17% de mulheres, em Luciara. Elas também têm forte presença em cursos em Luciara (Tecnologia em Agropecuária), Aripuanã (Agronomia), Confresa (Pedagogia).

 

Muitas das egressas dos cursos da Faindi cursaram o mestrado profissional em Ensino em Contexto Indígena Intercultural, aprovado em 2019. Atualmente, 26,7% das mulheres estão entre os 56 mestrandos.