O primeiro passo para entender a interação flor-visitante floral/polinizador é estudar em detalhe a morfologia (tipo floral, disposição dos elementos florais, recurso floral, tamanho, cor, odor) e biologia floral (i.e., as fases da "vida da flor", incluindo sua longevidade, momento de abertura, período de disponibilidade do recurso floral, receptividade estigmática, disponibilidade e viabilidade polínica, etc.) e suas fases) das unidades de polinização in loco (no campo) e em laboratório, à vista desarmada ou com auxílio de equipamentos como estereomicroscópios, microscópios, lupas manuais, equipamentos fotográficos (incluindo celulares!!!). Para saber, em detalhes, como é feito essa etapa e os nosso resultados da prática acesse o item: ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS
É IMPRESCINDÍVEL também saber que os atributos florais sofre(ra)m a pressão de seleção dos principais grupos de polinizadores e que a análise desses atributos pode auxiliar na predição do potencial grupo polinizador de uma espécie vegetal. Em conjunto estes atributos caracterizam as diferentes síndromes de polinização (senso Faegri & van der Pijl 1979), que apesar das suas limitações são usados para inferir a evolução floral ou os sistemas de polinização de espécies vegetais na ausência de evidências empíricas dos polinizadores (e.g., Rech et al. 2014, Rosas-Guerrero et al. 2014 e referências). Utilizamos para isto síntese do conteúdo presente em Faegri & van der Pijl (1979).
Outra etapa fundamental é realizar observações dos visitantes florais em campo, tentando registrar (à vista desarmada, com auxílio de equipamentos fotográficos como celulares) os visitantes florais das espécies vegetais amostradas, anotando o tipo de animal (abelha, mosca, etc.), seu tamanho em relação à unidade de polinização, seu comportamento de visita na flor (recurso floral coletado, o que faz para coletar o recurso, tempo de visita na unidade de polinização, se contacta estigma(s)/anteras durante a visita = realiza a polinização, etc.), na planta ou entre plantas da mesma espécie. Associando tudo isto podemos tentar entender como é o mecanismo de polinização (i.e. o modo de polinização) das espécies vegetais que observamos. E foi isto o que fizemos nesta prática!!!!
Para entender do/o que estamos falando é IMPRESCINDÍVEL assistir ao vídeo disponibilizado a seguir: Ferreira_&_Nakamura_2021 [Todo visitante floral é um polinizador-eo1.pptm.pptx]
Após, veja alguns exemplos registrados na nossa prática, tentando determinar se o visitante floral pode ser um potencial polinizador das espécies vegetais em questão na na área de amostragem.
ÁREA DA AMOSTRAGEM (PRÁTICA): Margem do Lago do Amor (Reserva Patrimônio Particular Natural, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande , MS, Brasil), onde há várias espécies arbóreas e (sub)arbustivas, muitas espécies ruderais (principalmente ervas e sub-arbustos) em floração e vegetação graminosa.
Período e data da prática: 03/12/2021, das 07h30-08h30, ensolarado e quente (entre 24-25◦C)
Espécie herbácea, heterostílica, com flores campanuladas, actinomorfas, amarelas, nectaríferas e de antese diurna.
abelha Trigona spinipes Fabr. coletando néctar.
Espécie herbácea, com flores brancas, tubulosas e pequenas, nectaríferas e agrupadas em inflorescências congestas capituliformes.
Apis mellifera L.
coletando néctar com a proboscíde distendida no interior do tubo floral.
cf. Paratrigona lineata Lepeletier
abelha vista “de cima” provavelmente coletando néctar.
Apis mellifera L. forrageando e coletando de néctar dentro da inflorescência.
Espécie sub-arbustiva, muito abundante na área de amostragem, com flores de cor lilás, tubulosas, nectaríferas e reunidas em inflorescências terminais “racemosas”.
Apis mellifera L. coletando néctar nas flores.
Apis mellifera L. coletando néctar e casal de Hemiptera copulando e “bebendo” néctar nas flores.
Borboleta coletando néctar.
cf. Bombus sp. coletando néctar e forrageando em “linha-de-captura” (“trapline”).
Espécie sub-arbustiva, abundante em porções ensolaradas da área de amostragem, com flores grandes, campanuladas, heterostílicas, creme, nectaríferas e diurnas.
abelha Trigona spinipes Lepetelier coletando pólen nas anteras de flor brevistila.