Apresentação
Desigualdades, racismo e resistências: Educação e Psicologia em debate
O Simpósio de Estudos e Pesquisas da Faculdade de Educação é um evento bienal, e tem como objetivo promover e ampliar a troca de experiências, debates, estudos e pesquisas a partir de distintos e diversos olhares, epistemologias e práticas referentes à temática proposta.
Em 2022, o XXV Simpósio de Estudos e Pesquisas da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás terá como tema “Desigualdades, racismo e resistências: Educação e Psicologia em debate”. A definição da temática justifica-se pela atualidade do debate sobre as desigualdades econômicas, sociais e raciais que demarcam os limites de uma ordem capitalista global, cujas raízes históricas assentadas no mercantilismo, colonialismo e imperialismo como formas de desenvolvimento desigual e combinado, evidenciam o racismo constitutivo das relações sociais e a distribuição de pobreza pelo mundo.
O racismo, compreendido na abordagem da raça como categoria lógica e histórica, é intrínseco ao colonialismo da segunda metade do século XIX, nos termos definidos pela formação histórico-social brasileira, e, portanto, desenvolveu-se no lastro da ciência que objetivou a superioridade branca, europeia e patriarcal. Esse colonialismo constituiu uma estrutura e lógica sociais que conformaram colonizadores e colonizados em uma relação cujo fundamento foi a violência física, simbólica e psíquica, fazendo sofrer o sujeito, que resistiu lutando pela sua libertação, utilizando como arma sua própria vida. As condições objetivas e subjetivas configuraram a problemática colonial e precisam ser, dialeticamente, colocadas em debate, dado que a resistência anticolonial não promoveu o desaparecimento da violência político-social-racial, mas sua sofisticação, em novos contornos cada vez mais sutis, de maneira a perpetuar a invisibilidade dos grupos humanos subalternizados, sob a aparência de uma verdadeira “superioridade racial”, mediante a intensificação do ciclo de racialização do mundo e das contradições sociais abertas, encobertas e latentes.
O capitalismo brasileiro, tendo atualizado as relações coloniais sob novas formas de sociabilidade ao longo do século XX, amplificou e naturalizou formas ideológicas de ocultamento da realidade social violenta do racismo sob a hegemonia do “mito da democracia racial”, que se materializa, ainda hoje, no cotidiano das relações humanas, seja explicitamente, ensejando a criminalização de comportamentos discriminatórios, seja de forma implícita, com o silenciamento sobre a subalternização das populações negras, quilombolas e indígenas.
A par dos desafios atuais impostos pela pandemia de Covid-19 e a omissão do governo brasileiro na vacinação e atendimento digno da população, ampliam-se as desigualdades regionais, em âmbito nacional e internacional, evidenciando a ausência de políticas públicas efetivas para educação e saúde que promovam um bem-estar mínimo diante da miséria de grande parte do povo brasileiro, abandonado à própria sorte. Nesse contexto, no qual os dados nutricionais do Brasil são alarmantes, a fome é uma realidade crescente que, embora aceitemos discuti-la nos termos científicos das ciências sociais e humanas, conforme nos advertiu o grande intelectual Milton Santos, é inaceitável nos termos da própria humanidade. Se estamos fazendo os primeiros ensaios do que virá a ser essa humanidade, seguindo com Milton Santos, não podemos ignorar a realidade de mortalidade da população mais pobre, atravessada pelos marcadores de raça, gênero e etnia. Realidade que aponta historicamente para a violência e invisibilidade dessas pessoas, há tempos transformadas em dados estatísticos, e agora em números de mortos pela Covid-19. Tal cenário nos compele a clamar as diversas formas de resistência ao racismo, ao capitalismo, ao fascismo e a todas as formas de opressão e violência que obstam a convivência social nos termos da liberdade, da igualdade e da solidariedade.
Considerando a educação como formação humana, na realização de sua finalidade precípua que é a construção da autonomia, da liberdade de expressão e pensamento, a partir de uma concepção crítica e transformadora da realidade social — material e subjetiva —, propõe-se a reflexão e discussão sobre desigualdade, racismo e resistências a partir de distintos e diversos olhares, sejam no campo da cultura, da sociedade, da educação formal e informal, dos movimentos sociais, dos saberes tradicionais, dentre outros. Os espaços de debate de ideias supõem a liberdade e o respeito como princípios fundamentais, e pretende-se que o XXV Simpósio de Estudos e Pesquisas da FE/UFG continue sendo um espaço reconhecido de discussões e intercâmbio de experiências e ideias, para estudantes, educadores, psicólogos, profissionais de diferentes áreas do conhecimento, comunidade acadêmica e externa, público interessado nas possibilidades de construção de uma sociedade eticamente humana.
Eixos Temáticos
História, Estado e Políticas Afirmativas
Sociedade, desigualdades e processos educacionais
Infâncias, escola e relações étnico-raciais
Cultura, diversidade, inclusão e gênero
Juventudes, Movimentos Sociais e resistências
Comunidades Tradicionais, territorialidades e desenvolvimento social
Processos Psicossociais, racismo e Educação
Antirracismo, interseccionalidades e feminismo negro
Violências e sistemas de garantias de direitos
Políticas públicas e resistências no Brasil: saúde e educação
Contexto pandêmico, vulnerabilidades e implicações educacionais e psíquicas
Processos clínicos, diversidade e minorias
Psicologia, Educação e Relações Étnico-raciais
Formação docente, profissionalização e desigualdades
Equipe realizadora
Coordenação Geral
Kellen Cristina Prado da Silva
Vice Coordenação
Simone Alexandre Martins Corbiniano
Comissão Científica
Ana Idalina de Paiva Silva
Cecília Maria Vieira
Edna Misseno Pires
Marilúcia Pereira do Lago
Michelle Castro Lima
Rachel Benta Messias Bastos
Talita Bordignon
Marcilene Pelegrine Gomes
Comissão de Secretaria
Denise Silva Araújo
Gabriela Santos Almeida
Juliana Cristina Soares
Leandro Silva de Paula
Michell Pedruzzi Mendes Araújo
Thaís Regina de Carvalho
Yara da Costa Santana
Comissão de Arte e Cultura
Isadora Marques Teodoro
Lucas Passos de Moura
Márcia Sacramento Rocha
Marlini Dorneles de Lima
Virgínia Maria Ferreira Beltrão
Comissão de Finanças
Kellen Cristina Prado da Silva
Simone Alexandre Martins Corbiniano
Comissão de Comunicação, Divulgação e Assessoria de Imprensa
Mara Rúbia de Camargo Alves Orsini
Douglas Alves Viana
Fátima Regina Almeida de Freitas
Gustavo Henrique Mendes Corrêa
Haney Soares Silva
Josileide Veras Sousa
Julia Carvalho Leal de Souza
Mony Iaslyn Sampaio Luz
Nathália Cristina Lemos Simão