Apresentação
Entre os dias 26 e 28 de fevereiro de 2024, será realizado, na acolhedora cidade de Bento Gonçalves, o Seminário Direito Fundamental ao Trabalho Decente: Caminhos para a Erradicação do Trabalho Escravo Contemporâneo.
Este evento reunirá renomados representantes do Poder Judiciário, Ministério Público, Organização Internacional do Trabalho e Fiscalização do Trabalho, além de estudiosos dedicados à causa. Juntos, exploraremos estratégias e soluções para enfrentar o desafio persistente do trabalho escravo contemporâneo, reafirmando o compromisso com o Direito Fundamental ao Trabalho Decente.
Neste cenário, o evento será o palco de diálogos enriquecedores e debates substanciais, buscando fomentar a conscientização, compartilhar conhecimentos e promover a colaboração entre os diversos atores envolvidos na erradicação do trabalho escravo.
Carta de Bento Gonçalves*
Os participantes do SEMINÁRIO DIREITO FUNDAMENTAL AO TRABALHO DECENTE: CAMINHOS PARA A ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO, organizado e promovido pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), Escola Nacional de Magistrados do Trabalho (ENAMAT), Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), Escola Judicial da 4ª Região (EJUD4) e Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no período de 26 a 28 de fevereiro de 2024, se manifestam publicamente nos seguintes termos:
No ano de 2023, mais de 3.500 trabalhadores foram resgatados da condição análoga à escravidão, sendo cerca de 81% autodeclarados negros e a maioria nascidos no Nordeste. Esta persistência de condições degradantes de trabalho se dissemina pelo país, afetando principalmente homens jovens em atividades que exigem força física, sendo o deslocamento uma estratégia de fragilização da pessoa do trabalhador que remonta aos tempos da escravidão.
O trabalho análogo à escravidão, atualmente, assume diversas formas, como exposição a condições degradantes, servidão por dívidas e tráfico de pessoas, estendendo-se a todos os setores da economia, inclusive em cadeias produtivas modernas e no mercado internacional. Como recomenda a própria Organização Internacional do Trabalho, acabar com o problema exige não só o comprometimento das autoridades dos governos, como também o engajamento multifacetado de trabalhadores, empregadores, organismos internacionais e sociedade civil.
As instituições e entidades do Mundo do Trabalho no Brasil têm se empenhado no combate a todas as formas de violação do trabalho decente, resgatando trabalhadores e responsabilizando os infratores, com a intensa atuação de órgãos como o Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego (pela fiscalização do trabalho) e a Justiça do Trabalho.
É importante salientar que o trabalho escravo contemporâneo é um fenômeno estrutural, que não pode ser individualizado. Trata-se da consequência de um sistema de produção, que visa a uma máxima redução de custos e resulta na superexploração e desumanização de trabalhadores e trabalhadoras.
A Justiça do Trabalho do Brasil, ao completar oitenta anos, permanece como segmento especializado do Poder Judiciário, indispensável à proteção ao trabalho e à promoção da Justiça Social. Neste contexto, reafirmamos a importância da preservação da sua competência constitucional. Salientamos, ainda, que medidas como a ratificação, pelo Estado brasileiro, do Protocolo Facultativo de 2014 à Convenção 29 da OIT; a imprescritibilidade do crime de redução de trabalhador a condições análogas à escravidão, como já reconhecido pela Corte Interamericana de Direitos Humanos; e a defesa inabalável do conceito de trabalho escravo, tipificado pelo artigo 149 do Código Penal, são essenciais para o fortalecimento da política de Estado de erradicação ao trabalho escravo contemporâneo.
Bento Gonçalves, 28/2/2024.
* Carta lida no encerramento do evento pela juíza Luciana Paula Conforti, Presidente da ANAMATRA e Gestora Nacional do Programa de Enfrentamento ao Trabalho Escravo e ao Tráfico de Pessoas e Proteção ao Trabalho Imigrante.
Local do Evento
Dall'Onder Grande Hotel
Rua Herny Hugo Dreher, 197 - Bairro Planalto - Bento Gonçalves (RS)
Contatos da Escola Judicial do TRT4 (organização)
Camila Frigo - Secretária-Executiva
escola@trt4.jus.br / (51) 3255.2687
Roberta Liana Vieira - Assessora-Chefe da Coordenadoria de Formação e Aperfeiçoamento Jurídico
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