Submissão de Projetos
Imagens de Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim , Fortaleza de Santo Antonio de Ratones, Fortaleza de São José da Ponta Grossa e Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba. (Alberto L. Barckert, Acervo do Projeto Fortalezas Multimídia/UFSC - Date: 1999 )
Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim
Localizada atualmente na área de jurisdição do município de Governador Celso Ramos, estrategicamente situada na entrada do canal Norte, a fortaleza formava no século XVIII, um dos vértices do sistema triangular de defesa idealizada pelo José da Silva Pais (Brigadeiro).
Sua construção foi iniciada provavelmente nos primeiros dias de maio de 1739, logo após a posse de Silva Paes como governador de Santa Catarina, bem na época das comemorações e festejos religiosos da Santa Cruz. Sua construção se estendeu por muitos anos. Sua arquitetura tem traços de influência renascentista.
Foi guarnecida só em 1749 (segundo Cabral, 1972), sendo colocadas 70 peças de artilharia, com calibres variados de 4 a 24 libras (1,81 kg a 10,88 kg).
As suas edificações se distribuem por toda a ilha, a maioria do material utilizados nas construções é da própria região, com única exceção o lioz ou mármore português.
Destacamos na construção os seguintes prédios: Armazém da Praia, que fica próximo da casa dos remeiros, que infelizmente, hoje não existe mais. Portada, de influência oriental, que o acesso se dá por uma escada de Lioz. Casa do Comandante, um lindo sobrado colonial que nos remete as construções do centro de Florianópolis, como a câmara dos vereadores e a cadeia. Esta foi a primeira sede do governo de Santa Catarina e onde teria residido o Brigadeiro José Silva Paes. Segunda casa do Comandante e Casa do Médico, construída no local onde havia uma igreja ou capela. Primeiro Paiol de Pólvora, construído no alto, com aparência de uma residência, na data da construção era um ponto estratégico e seguro, com o tempo e o desenvolvimento da artilharia, tornou-se obsoleto. Segundo Paiol de Pólvora, construída com os materiais da capela, tem uma parede espessa de cerca de 60 centímetros chamada de corta fogo e uma construção interna onde é Paiol de Pólvora. Casa da Farinha, tipo de dispensa de alimentos, Túnel da bateria baixa de Canhões, situado na frente do Quartel da Tropa. Quartel da Tropa, uma construção que chama atenção pelo seu tamanho e exuberância, representa o auge da imponência das obras do brigadeiro Silva Paes, é a maior existente entre as fortificações brasileiras.
Depois da invasão espanhola, em 1777, o sistema defensivo entrou em descrédito, “Durante a Revolução Federalista (1893-94), é ocupada pelos rebeldes da Armada, contra o governo do Marechal Floriano Peixoto (1891-94). Após o combate naval de abril de 1894, a revolta tem fim em Santa Catarina. Na Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim foram detidos presos políticos, sob as ordens do Presidente da Província, Coronel Moreira César. Nessa condição, 185 homens foram executados sumariamente por fuzilamento e/ou enforcamento, num dos episódios mais sangrentos da história da fortificação e de Santa Catarina” (Texto modificado do portal das Fortalezas. ufsc.br). No século XX, passou para Marinha de Guerra e retornou a ser utilizada como prisão na Revolução Constitucionalista de 1932. A Marinha manteve uma guarnição até aproximadamente 1950, quando logo depois foi abandonada e depredada.
Em 1979, a universidade Federal de Santa Catarina, iniciou um convênio com a marinha e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico nacional, atual IPHAN, assumindo a tutela das fortalezas e o processo de restauração e em 1984 foi reaberta para visitação.
É importante saber que “A Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, juntamente com outras 18 fortificações distribuídas por dez estados do Brasil, formam um conjunto de fortificações brasileiras que integram a Lista Indicativa enviada pelo país, em 2015, para a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO), para concorrer ao título de Patrimônio Mundial.” (Portal fortalezas.org).
Fortaleza de Santo Antonio de Ratones
Fortaleza de Santo Antônio de Ratones é localizada na ilha de Ratones Grande, dentro da chamada Baía Norte (ou canal norte). Projetada e construída pelo engenheiro militar, Brigadeiro José da Silva Paes, entre 1740 até 1749.
A Fortaleza de Ratones é um dos vértices do triângulo defensivo, que fazia a defesa da ilha de Santa Catarina. Que junto com as Fortalezas de Santa Cruz de Anhatomirim e pela Fortaleza de São José da Ponta Grossa formavam o sistema defensivo de Silva Paes que será completado pela Fortaleza de Araçatuba, na Barra Sul, iniciada em 1742. Juntas, estas fortalezas deveriam proteger a Ilha de Santa Catarina das investidas estrangeiras - principalmente espanholas - consolidando a ocupação do sul do Brasil Colônia, e servindo de base estratégica para a manutenção do domínio português sobre a disputada Colônia do Sacramento.
Das construções mais importantes e a portada, que contava com uma ponte levadiça e um fosso seco, a fonte de água, que conta com um teto de abóbada de aresta e corredor de acesso em abóbada de berço e um aqueduto que conduzia e fazia parte de um sistema de aproveitamento de águas pluviais, que fazia a ligação da casa do comandante e o quartel da tropa. “Ratones contava então com doze canhões de ferro (cinco de calibre 24 libras, três de 18 lb, três de 12lb e um canhão de 4 lb), além de dois canhões de bronze, ambos de calibre 12 libras (RANGEL, 1786: 24). Em 1881 dispunha de apenas doze peças em mau estado, assim como a própria fortificação, posicionados em uma única e pouco espaçosa bateria que disparava à barbeta (SOUZA, 1885: 124). Guarnecida por soldados do Regimento de Infantaria de Linha da Ilha de Santa Catarina, como as irmãs também foi abandonada sem luta quando da invasão espanhola de 1777. Desarmada e desativada no decorrer do século XIX, funcionou também, até princípios do século XX, como lazareto para doentes de cólera e outras doenças infecto-contagiosas (fonte fortalezas.org)”.
Durante a Revolução Federalista (1893), à qual se juntaram os integrantes da Revolta da Armada (1893-94), foi ocupada pelos rebeldes, que ali instalaram dois canhões raiados, um de calibre 70 e outro Krupp de calibre 8 (CALDAS, 1992: 85). Um canhão Whitworth de alma sextavada permanece ainda hoje "protegendo" o porto da Fortaleza. Dominada a Revolta pelas forças legalistas, as suas instalações passaram para a jurisdição do Ministério da Marinha (1894), voltando a funcionar por iniciativa de Carl Hoepcke, como lazareto a partir do ano seguinte, até ao início do século XX. Posteriormente ainda funcionou como depósito de carvão da Marinha.
A restauração efetiva da Fortaleza de Ratones ocorreu em 1990, no âmbito do "Projeto Fortalezas da Ilha de Santa Catarina - 250 anos na História Brasileira", uma iniciativa capitaneada pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, com recursos da Fundação Banco do Brasil. Inicialmente sob a jurisdição da Marinha do Brasil, a fortaleza está hoje cedida à Universidade Federal, que a gerencia e mantém desde 1990, juntamente com as fortalezas de Anhatomirim e Ponta Grossa.
Fortaleza de São José da Ponta Grossa
A Fortaleza de São José da Ponta Grossa está localizada no alto do Morro da Ponta Grossa, entre as atuais praias do Forte e de Jurerê (cerca de 25 km ao norte do centro de Florianópolis), dominando a barra da Baía Norte da Ilha de Santa Catarina, no litoral do Estado de Santa Catarina.
Projetada e construída pelo Engenheiro Militar, Brigadeiro José da Silva Paes, primeiro governador da Capitania de Santa Catarina (1739-49), a Fortaleza de Ponta Grossa é um dos vértices do triângulo defensivo que protegia a Barra Norte da Ilha de Santa Catarina, formado ainda pela Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim e pela Fortaleza de Santo Antônio de Ratones. O sistema defensivo de Silva Paes será completado pela Fortaleza de Araçatuba, na Barra Sul, iniciada em 1742.
Para completar a defesa de seu flanco leste e impedir o acesso por terra, em 1765 foi levantada a bateria de São Caetano, com seus canhões voltados para a atual praia do Jurerê, distante cerca de 200 metros da Fortaleza de São José Ponta de Grossa.
A invasão pelos espanhóis aconteceu em 1777 com 117 embarcações, aproximadamente 670 canhões e um contingente de tropas com cerca de 12 mil homens que ancoraram na costa norte da Ilha de Santa Catarina. Uma força desembarcou na praia de Canasvieiras tomando a bateria de São Caetano e posterior a Fortaleza de São Jose. A ilha permaneceu ocupada pelos espanhóis por um ano e devolvida aos portugueses pelo tratado de Santo Ildefonso.
O armamento de Ponta Grossa em 1786 compunha-se de trinta e uma peças de artilharia, assim distribuídas: cinco canhões de bronze, sendo quatro de calibre 12 libras e um de 8 lb; e vinte e seis canhões de ferro, sendo nove de calibre 24 libras, dois de 18 lb, seis de 12 lb, seis de 8 lb, um de 4 lb e dois de 2 lb (RANGEL, 1786: 22). em 1863 já se encontrava em ruínas e em 1938, quando foi tombada como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a fortaleza encontrava-se já completamente abandonada e em ruínas. Em 1976 começou a receber intervenções pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para garantir a sobrevida do monumento.
Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba
Para conhecer e se deslumbrar com a fortaleza de Araçatuba é necessário fazer uma boa caminhada, em meio à mata atlântica, próximo de costões e ir até a Caieira da barra do sul.
Esta Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, fica localizada na barra do Canal Sul, também conhecida como Baía Sul da Ilha de Santa Catarina, entre a Ponta do Papagaio, no continente, e a Ponta dos Naufragados, no extremo sul da Ilha de Florianópolis, mais precisamente, na ilha de Araçatuba, no Município de Palhoça, no litoral do Estado de Santa Catarina.
Foi projetada e construída pelo Engenheiro Militar, Brigadeiro José da Silva Paes, primeiro governador da Capitania de Santa Catarina (1739-49), a Fortaleza de Araçatuba é a quarta peça, que faz parte, do sistema defensivo da ilha de Santa Catarina, com finalidade de bloquear a entrada pelo canal da barra da Baía Sul.
Logo na chegada do morro que dá acesso a praia de Naufragados, é possível avistar a praia, assim como a ilha de Araçatuba, em meio praticamente natural, com as ruínas da fortaleza. A praia oferece algumas condições de recebimentos de moradores e turistas, com dois restaurantes de madeira muito simples, onde habitam os seus donos e suas famílias.
Este sistema de defesa foi iniciado na primeira metade do século XVIII, com a montagem do triângulo defensivo da barra do canal da Norte da Ilha, com a construção das três fortalezas já destacadas do texto anterior. As fortalezas do canal norte juntamente com a do Canal Sul, deveriam proteger a Ilha de Santa Catarina dos ataques estrangeiros, principalmente espanhóis. Assim, consolidar a ocupação portuguesa do sul do Brasil Colônia, e servindo de base estratégica para a manutenção do domínio português sobre a disputada Colônia do Sacramento.
A Fortaleza da Conceição da Barra do Sul ou Fortaleza da Barra do Sul como era chamada, iniciada em 1742, recebeu esse nome em homenagem a Conceição da Virgem em 1786. Segundo levantamento de Rangel, (1786) estava artilhada com dez canhões de ferro: quatro de calibre 18 libras, três de 12 lb e três de 8 lb. Nela se destacava a bateria principal de artilharia, com planta em formato circular com quatro braças de raio (SOUZA, 1885: 125). Sua construção de alvenaria usou como base pedra e cal.
Este patrimônio histórico não está disponível para visitação é de difícil acesso, não existe trapiche e está na condição de ruínas, Hoje está sob jurisdição do Exército Brasileiro e está inserido no parque da Serra do Tabuleiro, criada por Decreto Estadual.
Trilha do Saquinho une a antiga comunidade do Rio das Pacas, famosa por sua cachoeira a um dos lugarejos mais lindos e isolados de Florianópolis: a Praia do Saquinho, ela foi calçada pelos seus próprios moradores no término do século passado, a trilha segue atualmente em grande parte pelo Monumento Natural Municipal da Lagoa do Peri. Seu trajeto,embora curto, pela encosta do morro acima da Ponta das Pacas, permite a companhia de uma encantadora vista panorâmica até a Pedra da Vigia, onde surge aos olhos a fascinante Praia do Saquinho, encravada no pequenino Saco do Caldeirão.
Embora oficialmente seja parte de um percurso maior, que liga as comunidades da Solidão e dos Naufragados, a Trilha do Saquinho se destaca por si mesma como principal meio de acesso à praia do Saco do Caldeirão, já que não existem estradas rumo a esse bucólico recanto da Ilha, cuja ocupação permanente data do século passado. Antes do calçamento do antigo caminho, por onde se passava de cavalo, até carros de cabritos, atravessar a declivosa encosta do Morro do Trombudo era uma verdadeira aventura, transformada hoje num passeio imperdível para turistas e moradores.
Dos antigos moradores a criar raízes no Saco do Caldeirão uma bela homenagem se descortina no retrato do Seu João e Dona Maria, em janelas de sua singela casa na beirada da Trilha do Saquinho, cujo restaurante local, do Seu Quirino, revela histórias como a que batiza o pequenino saco em que se encontra a linda praia. Caldeirão é um dos nomes pelo qual é conhecido o boto-da-tainha (Tursiops truncatus).
Avistados ao longo da região costeira da Ilha de Santa Catarina, com sorte, é possível topar com esses simpáticos golfinhos no mar do Saquinho, especialmente durante a temporada da tainha (Mugil liza).
Antes ou depois da Trilha do Saquinho o poção da Cachoeira da Solidão, não raro, costuma fazer parte do cardápio turístico local. Em dias de forte calor, na alta temporada de verão, o Rio das Pacas, com sua sombra e água fresca, fica ainda menor com tanta gente. O belo poção, de águas esverdeadas devido ao reflexo das árvores, corre risco, infelizmente, de desaparecer como as pacas que batizavam o rio. Tamanha é a captação de água acima no rio, em pontos acima da queda de água, que a cachoeira, para alguns, parece mais uma lembrança do passado do que um lugar no presente.
Especificações técnicas
Início: Solidão, Rua Inério Joaquim da Silva, nº 950.
Final: Praia do Saquinho.
Trajeto: Rio das Pacas (altitude: ±02 m) até a Praia do Saquinho (altitude: ±01 m) pela Trilha do Saquinho.
Distância total: cerca de 1,34 quilômetros.
Duração estimada: 1 h 00 minutos.
Desnível total de subida: ±93 m e descida: ±94 m.
Condições específicas: eventualidade de queda por declive acentuado.
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Em um dos cenários mais deslumbrantes da Ilha de Santa Catarina um pacote histórico completo sobre Florianópolis. Decididamente não faltam atrativos ao extremo sul da Ilha, sendo o Caminho dos Naufragados o principal meio de acesso a ele, de oficinas líticas, de antes da chegada dos navegadores europeus, a ruínas de engenhos em funcionamento até o século passado, a Praia dos Naufragados que ainda é uma joia natural ladeada por 03 Unidades de Conservação (UCs): o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (PEST) e as Áreas de Proteção Ambiental (APAs) do Entorno Costeiro e da Baleia Franca.
Como não há estradas até o extremo sul da Ilha o antigo caminho de carro de boi continua sendo o principal meio de ligação de moradores e turistas à Praia dos Naufragados, cujo nome se deve aos naufrágios ocorridos na temível Barra do Sul, desde o século XVI. O mais mortífero deles ocorreu no ano de 1753, quando duas embarcações transportando colonos, em sua maioria açorianos naufragaram deixando um saldo de aproximadamente 180 mortos. Diz-se que parte dos corpos foi enterrada na própria praia que junto com sua ponta leste passou a ser assinalada nos mapas do século XVIII como dos Naufragados.
Do século XVIII também datam as ruínas da Fortaleza de Nossa Senhora de Conceição, na Ilha de Araçatuba, cuja melhor vista se dá no alto da Ponta dos Naufragados, já no Caminho do Farol na região do centenário Forte Marechal Moura, última fortificação do antigo sistema defensivo da Ilha. Além delas, outro atrativo histórico do caminho é o Farol dos Naufragados, inaugurado em 1861. Diz-se que o caminho, que mais tarde deveria se tornar uma estrada, foi aberto justamente para sua construção. O fato é que a estrada não chegou e desde o final dos anos 1980 o farol funciona por baterias.
Com a criação do Monumento Natural da Lagoa do Peri, grande parte do Caminho dos Naufragados fora do PEST e da APA do Entorno Costeiro, passou a fazer parte da nova UC, a divisa entre o parque estadual, cuja versão insular data de 1977, e o monumento natural municipal de 2019 que segue em grande parte, o Rio dos Naufragados na margem do qual ainda resistem as ruínas de dois dos últimos engenhos da região, um de mandioca e outro de cana de açúcar. Se grande parte dos bois ficou pelos lados da Caieira da Barra do Sul, os cavalos até hoje seguem pelo histórico caminho a partir dos Naufragados.
Especificações técnicas
Início: Caieira da Barra do Sul, próximo do final da Rodovia Baldicero Filomeno.
Final: Praia dos Naufragados.
Trajeto: Caieira da Barra do Sul (28 m) até a Praia dos Naufragados (1 m) pelo Caminho dos Naufragados.
Distância total (ida e volta): cerca de 2,3 quilômetros.
Duração estimada: 1 h e 24 minutos.
Desnível total de subida: ±107 m.
Desnível total de descida: ±145 m.
Condições específicas: Há opção de transporte de barco.
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A trilha na praia do Pontal da Daniela inicia no encontro do mar com o Rio Ratones, onde se formam uma ponta de areia branca no encontro das águas. Nesse ponto de encontro é possível o avistamento das Ilhas de Santo Antonio de Ratones Grande e Pequena, além da Fortaleza de Santa Cruz na Ilha de Anhatomirim, Ponte Hercílio Luz e o Lado continental da Cidade de Governador Celso Ramos.
A praia da Daniela passou a ter habitação mais recente, no inicio da década de 1970 com a aprovação do loteamento da região, apesar dessa aprovação ferir o artigo dois do Código Florestal sobre a preservação de regiões de Mangues e fixadoras de Dunas. Nos tempos mais antigos apenas pescadores procuravam por esse ambiente para a pesca de camarão, siri e berbigão. Esses animais se encontravam próximos ao manguezal, o solo lodoso e úmido dos Manguezais que não era muito atrativo para moradores.
Após o loteamento a localidade passou a ser chamada de Praia da Daniela, devido uma homenagem feita pelo empresário responsável pelo projeto de urbanização a sua Neta Daniela, Porém este nome é usado somente em mapas turísticos, pois a legislação atual não permite nominar logradouros públicos com nomes de pessoas vivas, como é o caso de Daniela. Por isso a denominação primitiva e atual é Praia do Pontal.
Na trilha ofertada pela Emar, os estudantes circulam por dois ecossistemas do Bioma Mata Atlântica, a praia arenosa e o Manguezal do Rio Ratones. Os Manguezais são ambientes ricos em nutrientes, o que decorre da abundância de matéria orgânica em decomposição, e possui uma vegetação denominada “mangue” o qual nomea o ecossistema. Além disso, apresentam uma fauna características, visto as condições de marés que caracterizam esses ecossistemas. É fonte de alimento para diversas espécies e ainda para o ser humano. Os Manguezais é um ecossistema costeiro considerado o berçário da vida marinha e por isso precisa ser preservado.
Especificações técnicas
Início: Avenida palmeiras, 1746 na Praia do Pontal da Daniela.
Final: Manguezal do Rio Ratones.
Trajeto: praia do Pontal até o Mangue do Rio Ratones, depende das condições da maré, se estiver alta não é possível ir até o final.
Distância total (ida e volta): cerca de 3 quilômetros.
Duração estimada: 2 h .
Condições específicas: caminhada pela praia e Manguezal, shorts ou bermuda e descalço para fazer o trajeto.
Você nos dias atuais tem todas as facilidades, pode tomar banho quente mais de uma vez por dia, um banheiro dentro de sua casa e pode fazer suas necessidades fisiológicas tranquilamente, tem papel higiênico, faz uso de escova dentária para escovar os dentes após as refeições, pode escolher o seu sabonete e xampu (shampoo) para uso durante seu banho, pode dormir em colchões macios e confortáveis , entre outros confortos da vida moderna.
Agora, como seria a vida a cerca de cinquenta anos atrás ou mais?
Como era viver nesta época?
Tem curiosidade?
Se tem, vai ser ótimo, pois vamos abordar a vida no interior da ilha e você, vai poder fazer a comparação e pensar como se comportaria .
Vamos lá !
Como havia escrito, hoje temos facilidade na escolha dos nosso sabonetes e sabões , mas antigamente não era assim, teríamos que fabricar o nosso sabão. “Acredita-se que a semente da nogueira tenha sido trazida pelos açorianos até o Brasil, pois são nos lugares povoados por estes que se encontram grandes concentrações da árvore. A cultura agrícola deste povo somada com o conhecimento indígena local pode ter levado a uma cultura de fabricação caseira do sabão feito da noz, que foi transmitida através de gerações, produzindo entre as comunidades, o que chamamos de tecnologia apropriada”( quimica.araquari.ifc.ed.br). Essas nogueiras ou Aleurites moluccana é uma árvore originária da Indonésia, conhecida como nogueira da-Índia era a matéria prima da produção de sabão caseiro. Este sabão era chamado de sabão de noz ou sabão de anódia, pelos nativos de nossa ilha. Ele servia tanto para lavar roupas e louça, como para o banho, inclusive lavar os cabelos … Já imaginou como era ?
Hoje você toma banho todos os dias, tem água encanada. Naquela época, não era assim, você teria que buscar água nos rios e fontes ou tempos depois canalizar de cachoeiras ou fontes em morros. A visão de higiene não era a mesma dos tempos de hoje, as pessoas não tomavam banho completo todos os dias, não havia a facilidade de chuveiros e água encanada, o banho diário consistia em lavar os pés, as mãos, rosto antes de dormir e nos finais de semana um banho completo em uma bacia , jogando água com uma cuia. Quando havia vários filhos para se lavarem, a água aquecida ,em um fogão a lenha , era reutilizada para o banho dos outros irmãos. Já imaginou ficar a semana toda sem um banho completo ? Hoje é bem difícil!
O banho de mar não era como hoje, já foi até proibido. O mar era local de trabalho, no caso dos pescadores, e também meio de transporte: ninguém chegava à ilha por terra, chegava-se pelo mar". O transporte das mercadorias por muitas vezes eram feitos de barcos, lembra o historiador Sérgio Luiz Ferreira, que há anos pesquisa o assunto, e nos anos 90, fez dele tema central de sua dissertação de mestrado, no livro O banho de mar na Ilha de Santa Catarina: O lazer na orla marítima de Florianópolis. Outro motivo que levava as pessoas às praias era ainda menos glamouroso: jogar no mar as fezes e a urina acumuladas em penicos ao longo da noite. É fácil deduzir que a ideia de mergulhar voluntariamente nas mesmas águas onde se despejava os dejetos era simplesmente impensável. "Essa coisa de associar o mar ao lazer é muito recente", diz Sérgio. O historiador relata que, na Europa, o banho de mar começou a se tornar hábito em meados do século XVIII, principalmente como tratamento medicinal. No Brasil, em grandes cidades como o Rio de Janeiro, a prática passou a se espalhar no final do século XIX; mas só chegou à Ilha de Santa Catarina no final dos anos 1920 e começo dos anos 1930 - de início a passos tímidos ( fonte DC 23/03/2020 por Marina M. Lopes).
Pensou como era , difícil de imaginar, né ?
Já pensou como eram conservados os alimentos? Esta é outra história. Não havia geladeira ou freezer, pois não existia energia elétrica ou não havia acesso nas comunidades do interior da ilha. As pessoas tinham o grande desafio de conservar os alimentos. Eram usadas várias técnicas, como a de defumar, salgar ou secar ao sol alguns alimentos, como a carne vermelha e os peixes. Outra técnica era salgar e cozinhar, conservando mergulhada em um tonel de gordura animal, geralmente de porco. O camarão , uma deliciosa iguaria, era cozido, salgado e depois colocado para secar no sol, assim ficava pronto para comercialização e conservação.
Todos dormiam bem cedo, pois não havia TV ou rádios e a iluminação era feita por lampiões ou a chamada pomboca ou lamparina, que era alimentada por óleo de baleia e depois querosene, já imaginou o cheirinho das casas com a queima do óleo de baleia?
Os colchões eram feitos com um saco que era preenchido no seu interior com palha, que de tempos e tempos tinha que ser removido e trocado por palha nova, também se dormia em esteiras feitas de palha. Os travesseiros eram feitos com penas ou marcela, uma planta que tem um cheiro bem forte e que hoje é usado de forma medicinal, quando você acordava após dormir a noite toda com um travesseiro de marcela, seu cabelo ficava com o cheiro da planta e este cheiro era muito forte, claro que quem dormia com este travesseiro não sentia o cheiro, pois acostumava. Os cobertores eram chamados de acolchoados, eram feitos de lã de ovelha, eram super pesados, quando caia da cama você tinha que levantar para poder se cobrir, era um cobertor muito quente.
As roupas eram feitas pelas mães, que quando viajavam (escrevi viajavam, porque era uma dificuldade ir até o centro da cidade, era de acesso difícil, a estradas de chão batido, esburacadas e quando chovia piorava significativamente, o meio de locomoção era de cavalo, carroça ou barco) para a cidade (o centro), compravam ou negociavam, cortes de tecido, para confecção das roupas. Para as meninas vestidos e meninos bermudas e camisas de botão. O corte de cabelo era feito em casa, pelo irmão ou irmã mais velho, no padrão de cuia.
A base de toda alimentação era a farinha de mandioca, fazia-se um pirão escaldado ( pirão de nylon) e muitas vezes fritava a linguiça ou o peixe (na gordura de porco) e colocava o peixe ou a carne em cima do pirão, com gordura e tudo…ficava uma delícia !!!
Ainda tinha-se o costume, se a família tinha muitos filhos, de escaldar o pirão em uma bacia ou alguidar, colocar a carne ou o peixe na quantidade necessária para o número de filhos , dar uma colher para cada um e todos comiam nesta bacia ou alguidar , era uma festa ou uma briga , imagine você, como era viver nesse tempo.
Hoje todos que nascem em Florianópolis, são chamados de manézinhos, mas nem sempre foi assim. Quem morava no centro se intitulava Florianopolitano ou Ilhéu e de forma pejorativa era denominado de manézinho os moradores das comunidades do interior da ilha e colonizadores de origem açoriana. Este termo, manézinho, tinha o significado de um gentílico mais popular, com um certo desprezo em relação aos moradores do centro. Para alguns, a origem do nome, tem origem em um peixe barato chamado Manézinho que era alimento dos moradores pobres que viviam no interior da ilha. Em minhas memórias, recordo que quando chegavam os estudantes, da antiga Escola Técnica de Santa Catarina (atualmente é o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC)), que moravam na Barra da Lagoa ou comunidades do interior da ilha, eram reconhecidos pelo corte de cabelo, suas vestimentas, como os calçados ou barras das calças avermelhados do barro, os alunos do centro diziam e riam “lá vem os manés“ de forma de brincadeira mas que também servia como chacota. Lembro de histórias de meus amigos do centro e das formas que falavam dos manés, e lembro de um fato que nunca me saiu da cabeça, um amigo do centro, das redondezas da rua Presidente Coutinho, namorava uma menina do Itacorubi e a mãe dele disse para o seu filho Eduardo o seguinte “ Eduardo, meu filho, você um menino do centro, namorar aquela manezinha do Itacorubi “, desta fala já podemos sentir que existia uma diferença entre os grupos ( memórias professor Joaquim A. G. Neto ). Além disso, também existem relatos do termo Manézinho pode ter sido originário do nome Manoel, muito comum entre os Portugueses.
A ligação entre a ilha e o continente era feita por barcos que carregavam mercadorias e pessoas. Em 13 de maio de 1926 foi inaugurada a ponte Hercílio Luz, que fez a ligação da ilha ao continente, "Como não é fixa, ela balançava muito, principalmente em dias de vento Sul e Nordeste. A estrada da ponte, feita de madeira, rangia e tinha espaços, o que dava a sensação de estar voando quando se olhava para baixo. Era uma grande aventura atravessar a pé"( lembranças de Pedro Eugênio portal G1 23/03/2014).
Em 8 de março de 1975 foi inaugurada a chamada “Ponte Nova “, ponte Colombo Salles, ela funcionava no sistema de mão dupla e conforme a cidade foi crescendo, houve necessidade de uma nova ligação com o continente . Em 8 de março de 1991 foi inaugurada a ponte Pedro Ivo Campos.
Nesta época , década de 70 a 90, a cidade gozava de uma grande tranquilidade, praticamente todos se conheciam , a população na década de 70 era em torno de 143.414. Até meados de 1970, se tomava banho de mar em Coqueiros, para ir nas praias da ilha era uma aventura, conta Pedro Eugênio ( G1 23/03/2014) em suas lembranças “ida até a Praia de Jurerê, no Norte da Ilha, levava pelo menos duas horas." "Fazíamos o trajeto na Rural Willys do meu pai e chegávamos empoeirados. Não tinha cinto de segurança no carro nem guarda-vidas na praia, mas ninguém se machucava", conta.
Pedro e um amigo, quando jovens, costumavam pegar o barco e visitar ilhas próximas. "Íamos para Ratones, Ilha dos Guarás, Araçatuba, Ilha do Coral. Sempre acampávamos em algum lugar diferente", explica. "Na Ilha do Coral tinha um ermitão, que morava lá. A esposa dele morreu e ele ficou lá com três filhas. Ele fazia uma cachaça maravilhosa', relembra”. Na década de 80 existia ônibus para as comunidades do interior da ilha, mas era em horários bem esparsos, em alguns lugares era um para ir e outro para voltar, não existia ônibus após às 23 horas, perdeu o último , teria que ir a pé ou arranjar um lugar para dormir… imaginou a situação, hoje seria bem difícil !
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