O Tratador do Hipopótamo - Egnaldo Paixão

O Tratador do Hipopótamo - Egnaldo Paixão

Era um motor Caterpillar

lembrando um hipopótamo

que causava incômodo.

Ensurdecia qualquer um por certo.

E Jovininho sentia ciúmes

se alguém chegasse perto.

Os dois pirraçavam a rua

e aos moradores de Itiúba,

como um jumento que de vez amua.

Quando queriam forneciam luz,

quando não, se apagam cedo

e o Jovininho se dizia: fui.

Um Caterpillar gerando energia

para uma cidade inteira...

só trabalhavam quando os dois queriam.

Em noite de festa era um inferno,

os dois mais pirraças fazendo.

Ficavam até às vinte e duas

. se apagando e se acendendo. .

Até que um dia a vingança chegou.

Veio energia de Paulo Afonso,

e deu-se adeus ao motor.

Jovininho ficou abalado

com saudades do hipopótamo

com quem tinha se acostumado.

Como é que ia dormir

sem o ronco do danado?