65) PAREDE DIAFRAGMA PRE-MOLDADA

1) No Brasil já foi usada a parede-diafragma pré-fabricada em alguma obra?

· 2) Fora do país, esta tecnologia parece que é bastante utilizada. Por que aqui ainda envolve poucas obras?

· 3) Quando se pode usar parede-diafragma pré-fabricada: depende do terreno, depende do tipo de obra, depende do projeto?

· 4) Quais as vantagens e desvantagens de se usar parede-diafragma pré-fabricada?

· 5) A logística para o transporte das peças pré-fabricadas é um empecilho para seu uso ou normalmente as peças são moldadas no local da obra?

· 6) Em comparação com o método tradicional de construir paredes-diafragmas, a pré-fabricada é mais rápida, mas também mais cara?

· 7) Didaticamente, o que é uma parede-diafragma e em quais tipos de obras ela é mais usada?

· 8) Em termos de envolvimento de mão de obra, a parede-diafragma requer número menor de operários no canteiro?

· 9) Qual a importância para a estrutura da obra e o bom desenvolvimento de todo o projeto que uma parede-diafragma seja bem construída?

· 10) Existem engenheiros e projetistas especializados em construir paredes-diafragma? Como é essa especialização?

METODOLOGIA EXECUTIVA

PAREDE DIAFRAGMA - PRÉ-MOLDADA

1) No Brasil já foi usada a parede-diafragma pré-fabricada em alguma obra? (O senhor poderia citar um case ou alguns cases?)

No Brasil já foi utilizada parede diafragma em várias obras.

A técnica de paredes diafragma tem sofrido constantes inovações, deixando de ser moldada in-loco feita com concretagem submersa, sendo a mais importante agora na utilização de painéis pré-moldados de concreto armado ou protendido.

O painel pré-moldado pode ter um recobrimento menor, normalmente 3 cm e concreto com fck superior a 25 MPa. A parede pré moldada tem um controle de qualidade mais fácil de ser executado pois é feita antes da introdução na escavação, desta forma, a resistência estrutural da parede pré-moldada é substancialmente superior a da moldada "in situ" que por outro lado tem um controle de qualidade e tecnológico mais difícil de ser acompanhado, e demanda uma equipe maior para esta finalidade, principalmente junto a fiscalização.

É obvio que a parede pré-moldada não terá perdas de concreto, já a parede moldada in-loco tem muita perda de concreto devido aos bolsões de concreto que durante a escavação com lama podem eventualmente ocorrer sendo esta perda às vezes muito elevada principalmente nas regiões onde exista a presença de solo de baixa resistência ou solo mole.

É comum para reduzir o peso da parede diafragma pré-moldada, executarmos parte da parede pré-moldada e o local onde a ficha da estada será embutida podemos fazer a concretagem "in situ". Neste caso utilizamos placas de concreto pré-moldadas vazadas onde a concretagem da ficha é realizada por dentro da placa. Eventualmente podemos inclusive enrijecer a fundação deixando tubos de PVC para aplicação inclusive de estacas raiz como complemento de eventual fundação quando o projeto exigir.

Para garantia da estanqueidade das juntas, a lamela escavada é feita com lama estabilizante conhecida no meio técnico pelo nome de “colulis” (mistura de cimento + bentonita + água), antes da colocação da parede diafragma em placa pré-moldada.

Após a colocação da placa pré-moldada de concreto, o "coulis" preencherá o espaço entre as juntas, impedindo a passagem da água. Outra forma de evitar a passagem da água é utilizar juntas Fugenband, cuja eficiência tem sido bastante satisfatória. Outro sistema para garantia da vedação das juntas que é muito importante é introduzir junto as paredes diafragmas pré-moldadas tubos de pvc dotados de válvulas manchetes que ficaram por trás da parede diafragma pré-moldada e em caso de vazamento nas juntas o que pode ocorrer durante a escavação, poderá ser injetado calda de cimento sob pressão para injeção de consolidação e tratamento das juntas de concretagem.

1) Metro de Fortaleza – CE - Consórcio Construtor Queiroz Galvão - Camargo Corrêa

2) Canalização do Córrego Águas Espraiadas – São Paulo – SP

3) Canalização do Rio Barueri – Mirim - SP

Figura 1 – Canalização do Córrego Águas Espraiadas – SP – Empresa: Fundesp

Estaca pré-moldada no canteiro de obras

Estaca Sendo escavada e posicionada com guindaste

Içamento de parede diafragma pre-moldade de concreto

Figura 2 – Canalização do Rio Barueri – Mirim – Empresa: Anson

2)Fora do país, esta tecnologia parece que é bastante utilizada. Por que aqui ainda envolve poucas obras?

A tecnologia de execução de parede pré-moldada é utilizada em todo o mundo, porém no Brasil apesar de termos uma defasagem de poucos anos em relação aos países desenvolvidos onde esta técnica surgiu, estamos bem atualizados inclusive com empresas que possuem os equipamentos mais modernos de fundação para esta finalidade, e a complexibilidade para execução das obras e muito grande, por isso não são obras tão usuais e tem alto custo executivo face a grandeza dos serviços para que se destinam.

A geologia do terreno o estudo de riscos e os custos com elaboração de cronogramas de obra influenciam na escolha desta técnica de execução, pois visam a redução do prazo da obra e a redução do impacto.

Em resposta ao surgimento de projetos mais complexos e cronogramas mais enxutos, o segmento de contenção evoluiu inclusive ecologicamente, buscando evitar impactos ambientais.

Escavações profundas, cortes verticais e aterros de grandes dimensões são cada vez mais importantes para a implantação de empreendimentos, especialmente em áreas urbanas, onde há escassez de áreas para construir. Isso torna a etapa de execução de paredes diafragmas pré-moldadas, uma das mais críticas durante a execução de uma obra. Vale lembrar que, em função dos riscos que a movimentação de terra envolve, erros de dimensionamento, de projeto e de execução podem ser fatais, face a grandeza dos equipamentos e guindastes envolvidos na execução das obras.

Entre a diversidade de métodos existentes, paredes diafragmas moldada in loco, pré-moldas, plásticas e executadas com diafragmadora hidráulica (hidrofresa) dotada de fresadoras para corte em rocha a opção deve recair pelo mais seguro, com custo compatível. Para isso temos de atentar para analise das variáveis dos processos.

1) Local e acesso à obra;

2) Resultados de ensaios de laboratórios de solos e rochas e interpretação do perfil geológico e geotécnico do terreno por meio de sondagens rotativas;

3) Tipo e tamanho dos terrenos e espaço físico da obra;

4) Estudo do fator de segurança e da estabilidade global da escavação subterrânea;

5) Fator de risco da segurança contra o colapso ou deslizamento sobre outras estruturas, com risco ao usuário final, seja em edificações, rodovias ou ferrovias;

6) Fator técnico-financeiro, estudo de viabilidade da parede diafragma pré-moldada;

7) Impactos ambientais e de segurança do trabalho.

Nos últimos anos, em resposta ao surgimento de projetos mais complexos e cronogramas mais enxutos, o segmento de execução de paredes diafragmas pré-moldadas evoluiu. Essa metodologia deu um salto com o avanço de maquinários como as hidrofresas, aposentando gradativamente o clam shell mecânico, convencionalmente utilizado no Brasil desde os anos 1960-90. Assim, sem comprometer a segurança e a velocidade e com relativa redução de ruído, aumentou- se a capacidade e a profundidade das escavações, incluindo a adoção de paredes mais espessas.

A substituição da lama bentonítica por polímeros biodegradáveis como fluido estabilizante tem se firmado como tendência. Diferentemente da lama (coulis), os polímeros, por serem biodegradáveis, podem ser descartados em qualquer bota-fora ou até em galerias de águas pluviais desde que não contenham sólidos em suspensão. As empresas também vêm investindo em tecnologias para diminuição do volume de bentonita e de resíduos gerados nas obras. A própria bentonita já pode ser tratada com uso de centrifugação, de sistema filtro prensa, ou ainda de tratamento químico.

Parede-diafragma

Paredes-diafragma são painéis de concreto, geralmente armado, pré-fabricados ou moldados in loco. Aplicada principalmente em subsolos enterrados, essa técnica é recorrente em centros urbanos, onde a falta de área livre dificulta a execução de outros processos. Construídos a partir de lamelas de até 7 m de comprimento e espessura variando entre 0,45 m e 1,50 m (com profundidades de até 30 m), os painéis são executados por meio do preenchimento de trincheiras escavadas com o uso contínuo de lama bentonítica, cujo papel é estabilizar as paredes de escavação e contrabalançar o empuxo causado pelo lençol freático no terreno. Pode-se, também, utilizar polímeros no lugar da lama.

Aspectos críticos: durante a execução, um dos principais riscos é o vazamento entre as juntas de concretagem. “Por mais perfeita que seja feita a parede, ao final da obra podem ocorrer vazamentos que demandam tratamento secundário

A empresa responsável pela execução dos serviços deve manter registro completo da cravação de cada painel, em duas vias, sendo uma destinada à fiscalização. Além disso, a concretagem ou aplicação do painel pré-moldado de cada painel deve ser acompanhada para verificação dos volumes efetivos do concreto, em comparação aos volumes previstos e as profundidades esperadas. Desta forma, é possível estimar as espessuras efetivas da parede, bem como avaliar a presença de locais de falhas ou erosão, devido a eventuais desbarrancamentos durante a concretagem ou a aplicação do painel pré-moldado.

Com o uso de equipamentos de grande porte e tanques de lama, acomodar toda estrutura necessária para execução da parede-diafragma pode ser um problema em terrenos confinados e de pequeno espaço o que dificulta sua execução e manuseio.

Detalhe da parede diafragma pré-moldada no canteiro de obras

3)Quando se pode usar parede-diafragma pré-fabricada: depende do terreno, depende do tipo de obra, depende do projeto?

Antes de qualquer serviço uma campanha de sondagem mista deverá ser feita em todo terreno a fim de investigar o perfil geológico geotécnico das escavações para que se possa elaborar um projeto dentro de um modelo matemático de fácil compreensão e calculo para que a obra possa ser executada de forma segura.

Lembrando que o objetivo principal da parede diafragma e permitir a escavação de sub-solos inclusive abaixo do lençol freático para permitir uma escavação segura de cima para baixo funcionando como uma contenção de todo perímetro fechado escavado, pode ser utilizada também para contenção de vazamento em núcleos de barragens.

Elas podem ser utilizadas em certas obras e dependem do tipo de obra, do terreno e até mesmo de um bom projetista para escolha da melhor solução face ao que se propõe o projeto.

O perfil de sondagem deverá ser sempre analisado com rigor pois dependendo do parâmetro que o solo fornecer, com a analise do perfil de sondagem geológico-geotecnico iremos constatar ou não que a resistência do solo ideal para execução de parede diafragma moldada in loco é quando a resistência do solo é muito baixa, isso é, um solo mole não se torna viável a execução de parede diafragma moldada in loco pelo motivo de perda de concreto, essa perda ocorre no desmoronamento do solo quando se escava e todos esses vazios denominados de “over breack” acabam sendo preenchido pelo concreto.

As paredes diafragmas pré-fabricadas podem ser utilizadas na maioria das obras, ela é utilizada para evitar as perdas de concreto, pois é feita no canteiro com um controle de qualidade mais adequado, são de fácil aplicação com guindastes, tem um acabamento melhor em relação às pré-moldadas in loco, tem uma melhor estanqueidade entre as juntas o que acaba conferindo um desempenho melhor quanto a estanqueabilidade, são de melhor aplicação pois evitam um menor acumulo de lama no canteiro. Imprimem um ritmo de cronograma mais rápido a obra.

As paredes-diafragma têm evoluído com o avanço do maquinário. Aumentou-se a capacidade de escavação atingindo maiores profundidades e espessuras de paredes com segurança, velocidade e redução de ruído, este tipo de técnica de contenção é aplicado principalmente em subsolos enterrados. Nesses casos, primeiro se realiza a parede-diafragma tornando o perímetro da construção estanque e contido, para então dar início à escavação dos pavimentos subterrâneos, de forma a garantir a contenção da caixa de escavação. As paredes-diafragma são construídas a partir de lamelas de até 7 m de comprimento e espessura variando entre 0,45 m e 1,50 m (com profundidades de até 30 m).

4)Quais as principais vantagens da parede diafragma moldada no local

A grande versatilidade em se adaptar à geometria do projeto;

A ausência de vibrações durante a sua execução;

Não causar sensíveis modificações nas características dos solos adjacentes ou no nível do lençol freático;

As grandes profundidades que se pode atingir, nos mais diversos tipos de solo, abaixo do nível da água e junto com as estruturas já existentes, sem causar dano nenhum;

Podem ser utilizadas simultaneamente para suportar empuxos laterais e cargas verticais;

Funciona como cortina impermeabilizante impedindo a passagem de água.

Painéis com uma espessura menor do que os painéis concretados “in-loco”, devido à melhor qualidade de concretagem em usina em relação a concretagem do painel moldado “in loco”;

Acabamento perfeito da face visível;

Possibilidade de painéis pré-protendidos, o que permite reduzir o peso dos painéis;

Eliminação dos problemas ligados ao over break, isto é perda de concreto;

Possibilidade de utilização de juntas especiais que garantem ótimas condições de estanqueidade

5)A logística para o transporte das peças pré-fabricadas é um empecilho para seu uso ou normalmente as peças são moldadas no local da obra?

Geralmente as peças são montadas em locais de grande extensão e não nas obras, que geralmente tem espaços confinados e de difícil circulação.

As peças serem montadas em fabricas de pré-moldados ou em canteiros externos a obra facilita a produção das peças bem como a aplicação individual das mesmas em lotes menores na obra.

O grande inconveniente e o transporte das peças pré-fabricadas em carretas onde as vezes e necessário se fazer em horário noturno e com apoio da polícia de transito, devido ao manuseio ser feito com grandes guindastes que tem dificuldade de deslocamento principalmente em grandes centros urbanos.

O ideal e sempre fazer um “chek-list” para receber as paredes pré-moldadas :

· Avalie a experiência da empresa prestadora de serviços, e da qualidade dos equipamentos e a especialização da equipe de transportes e da empresa especializada na aplicação das paredes pré-moldadas;

· - Ofereça informações completas à contratada quanto aos problemas que podem existir no terreno, como fundações antigas que podem atrapalhar no bom andamento da perfuração da lamela para aplicação da parede pré-moldada

· - Verifique se existe alguma restrição ao tráfego de caminhões ao programar a chegada e saída dos equipamentos e dos caminhões de terra que retiram o material proveniente das escavações da lamela;

· - Prepare o canteiro de obras para receber as máquinas de grande porte e as carretas com as estacas pré-moldadas e verifique se o terreno suporta os equipamentos pesados, impedindo que os mesmos atolem ou afundem, garanta o suporte de trabalho com cascalho ou bica corrida;

· - Controle o andamento da obra verificando os boletins dos painéis diariamento bem com um planejamento e controle de obras baseado em cronograma de atividades diárias lamela por lamela;

6)Em comparação com o método tradicional de construir paredes-diafragmas, a pré-fabricada é mais rápida, mas também mais cara?

Sem dúvida alguma em comparação com o método tradicional, construir paredes pré-fabricadas é muito mais rápido, pois com os painéis pré-moldados já prontos e de fácil aplicação com guindastes, evitam a existências de problemas que são comuns de ocorrer nas concretagens submersas das paredes moldadas in-loco, como falta de concreto, quebra do guindaste, falta de lama bentonita, quebra da tremonha, desarenação, dificuldade em recirculação ou vasamento da lama, o que impõe um ritmo mais limpo e acelerado a obra, mas nem por isso ela é mais barata, pois ela depende de um contorle de qualidade e logística mais apurado o que a faz mais cara que a parede convencional.

Escolha do Tipo de Parede Diafragma

Qualquer tipo de empreendimento seja ele um edifício comercial ou um edifício residencial, um fator muito importante hoje em dia é a viabilidade com o seu custo de construção.

A parede diafragma moldada in loco é aproximadamente 40% mais barata do que a paredes pré-moldadas.

O perfil de sondagem deverá ser sempre analisado com rigor pois dependendo do parâmetro que o solo fornecer,com a analise do perfil de sondagem geológico-geotecnico iremos constatar ou não que a resistência do solo ideal para execução de parede diafragma moldada in loco é quando a resistência do solo é muito baixa, isso é, um solo mole não se torna viável a execução de parede diafragma moldada in loco pelo motivo de perda de concreto, essa perda ocorre no desmoronamento do solo quando se escava e todos esses vazios denominados de “over breack” acabam sendo preenchido pelo concreto.

7) Didaticamente, o que é uma parede-diafragma e em quais tipos de obras ela é mais usada?

A escavação de parede diafragma foi uma evolução natural das cortinas com estacas justapostas tipo Strauss ou escavadas mecanicamente. Para tanto, foram desenvolvidas as ferramentas “clam-shell” que podem ser mecânicas ou hidráulicas, de seção retangular sendo sua espessura variável entre 0,30 m até 1,20 m e com larguras variando entre 1,50 m até 3,00 m.

A parede diafragma moldada “in loco” é um elemento de fundação e/ou contenção moldada no solo, realizando no subsolo um muro vertical de concreto armado cuja espessura pode variar entre 30 cm e 120 cm e profundidades variáveis inclusive podendo ser executadas hoje em dia acima de 50 metros.

Este muro pode absorver empuxos, cargas axiais e momentos fletores, bem como ser utilizado como elemento de fundação absorvendo cargas normais, podendo ser executado com a presença ou não de lençol freático.

Este tipo de fundação tem a vantagem de se moldar a geometria do terreno, sua execução não causa vibrações nem grandes descompressões no terreno podendo ser realizada muito próxima às estruturas vizinhas existentes, sem ocasionar danos às mesmas.

O emprego das paredes diafragma é muito difundido devido a grande gama de utilização.

Podemos utilizar as paredes diafragma como contenção de subsolo para construção de garagens subterrâneas, obras de canalização do leito de rios, cortinas impermeáveis, paredes de trincheiras enterradas, estações do METRÔ, execução de túneis, construção de poços ou silos subterrâneos, obras de edifícios residenciais e comerciais com subsolos tendo a presença de água do lençol freático, galerias de metrô, estruturas portuárias, proteção de fundações de pilares de pontes, reservatórios subterrâneos, fundações profundas, estruturas de contenção para prevenção de deslizamentos, canalização de rios e córregos, dentre outras aplicações.

Hoje em dias as paredes diafragmas podem ser utilizadas para blindagem ou vedação de áreas contaminadas, promovendo um involucro do material contaminado onde a lage de fundo geralmente é feita com Jet-Grouting.

A parede diafragma poderá ter função estática (contenção) ou de intercepção hidráulica (vedação).

Existem hoje no Brasil três tipos de paredes diafragma:

1) Parede Diafragma Moldada in loco;

2) Parede Diafragma Pré-Moldada;

3) Parede Diafragma Plástica.

A parede diafragma moldada in loco é a mais utilizada hoje em dia, nos edifícios residenciais e comerciais.

8)Em termos de envolvimento de mão de obra, a parede-diafragma requer número menor de operários no canteiro?

Em função do processo ser basicamente mecanizado, a redução da mão de obra em função da execução da parede diafragma ser pré-moldada e bem reduzida se fosse ser executada da forma tradicional de contenção através da execução de cortinas de concreto armado com o emprego de escavação em nichos alternados, com execução de armação, forma, concretagem e aplicação de tirantes, seguido de escavação com equipamentos de terraplenagem, o que reduz drasticamente a mão de obra em relação a uma obra executada sem esta técnica.

Equipe básica:

· 1 Engenheiro;

· 1 Encarregado;

· 1 Operador de diafragmadora;

· 1 Operador de Guindaste Auxiliar;

· 7 Ajudantes

8.1) Atribuições de Cada Função Para Execução da Parede Diafragma

8.1.1) Engenheiro

Responder, junto com o encarregado, pelo planejamento e implantação da obra;

Analisar, junto com o encarregado, as condições de vizinhança;

Analisar, junto com o encarregado, o perfil de sondagens;

Discutir com o encarregado as condições contratuais e as responsabilidades de ambas as partes;

Analisar, junto com o cliente e outros empreiteiros, as interfaces dos serviços;

Estabelecer, junto com o encarregado, a sequência executiva e o

cronograma da obra;

Supervisionar o andamento dos serviços;

Analisar os boletins de execução da parede diafragma;

Manter contato com os projetistas, clientes e gerenciadores;

Verificar o limite do terreno para execução da mureta guia;

Conferir a armação dos painéis;

Conferir as medições dos empreiteiros;

Calcular o volume do concreto para os painéis;

Verificar os resultados tecnológicos do aço e concreto

8.1.2) Encarregado

Responder, junto com o engenheiro, pelo planejamento e implantação da obra;

Estabelecer, junto com o engenheiro, o lay out do canteiro, compreendendo, disposição dos equipamentos, montagem da central de lama, pátio de armação, escritório da obra, sequência executiva dos painéis e verificar as condições e manutenções operacionais do canteiro;

Verificar a qualidade da mureta guia;

Receber e conferir os equipamentos, ferramentas e acessórios;

Acompanhar, orientar e supervisionar a execução de todos os procedimentos para a execução de paredes diafragma;

Transmitir instruções aos subordinados quanto à segurança durante a execução dos serviços, os locais a que a equipe pode ou não ter acesso;

Verificar se está livre o caminho do caminhão betoneira até o painel que vai ser concretado;

Participar da amostragem do concreto e da determinação do slump test;

Verificar a cota de arrasamento do concreto;

Preencher os boletins de execução e controle;

Registrar e relatar qualquer anomalia ao engenheiro.

8.1.3) Operador de diafragmadora

Operar a diafragmadora;

Responder pela sua conservação;

Manter a diafragmadora limpa e lubrificada;

Informar a manutenção dos serviços necessários e programar com o encarregado quando faze-la;

Responder pelo livro do equipamento e sua atualização

8.1.4) Operador de Guindaste Auxiliar

Operar o guindaste auxiliar;

Responder pela sua conservação;

Manter a diafragmadora limpa e lubrificada;

Informar a manutenção dos serviços necessários e programar com o encarregado quando faze-la;

Responder pelo livro do equipamento e sua atualização.

8.1.5) Ajudantes

Escavação

Acompanhar a escavação dos painéis;

Verificar o prumo da ferramenta da escavação;

Orientar o operador da diafragmadora;

Comandar o fluxo de lama bentonítica para o interior da escavação mantendo o nível da mesma sempre nos limites da mureta guia;

Medir a profundidade do painel sempre que necessário;

Retirar amostra da lama bentonítica sempre que necessário

Instalação das Armaduras, Juntas e Chapas Espelho

Orientar o operador do guindaste auxiliar, durante o içamento e colocação das armaduras, juntas e chapas espelho;

Participar das operações de fixação das armaduras à mureta guia e orientar os ajudantes;

Responder pelo untamento com graxa das juntas e chapas espelho

Preparo da Lama Bentonítica, Tratamento da Lama Bentonítica Antes da Concretagem

Orientar e participar do preparo da lama bentonítica (dosagem e tempo de mistura);

Retirar amostra para ensaio;

Realizar os ensaios da lama bentonítica;

Participar e orientar a operação de desareação, como conexão das bombas da lama, conexão dos desarenadores, operação dos registros dos tanques de lama.

Concretagem

Participar e orientar a montagem e desmontagem do tubo tremonha;

Comandar o fluxo de concreto para o interior do painel;

Medir a profundidade da superfície de concreto durante a concretagem;

Responder pela limpeza do funil e tubos tremonha após a concretagem.

Retirada das Juntas e Chapas Espelho

Orientar o operador do guindaste auxiliar na retirada das juntas e chapas espelhos

Responder pela limpeza das juntas e chapas espelho.

9)Qual a importância para a estrutura da obra e o bom desenvolvimento de todo o projeto que uma parede-diafragma seja bem construída?

A importância é vital para o sucesso do empreendimento.

Aspectos críticos: durante a execução, um dos principais riscos é o vazamento entre as juntas de concretagem. Por mais perfeita que seja feita a parede, ao final da obra podem ocorrer vazamentos que demandam tratamento secundário.

Se houver defeito nas juntas pode acontecer de vazar água e outros materiais para dentro do subsolo escavado, criando um vazio no solo do edifício vizinho e até comprometendo suas fundações visinhas.

Escavação segura

Quais os principais problemas que você detecta na execução de paredes-diafragma?

Primeiramente, se o terreno não for bem preparado à empresa pode encontrar interferências enterradas, fundações de prédios antigos ou mesmo interferências com a nova fundação. Também há problemas de logística, na chegada e saída dos equipamentos e dos caminhões de terra no canteiro. Principalmente em São Paulo é preciso estar atento a isso, pois a cidade tem restrições de tráfego. Outra coisa que se deve observar é o tamanho do terreno, porque as máquinas são grandes.

Quais os problemas que uma parede diafragma malfeita pode causar?

Vazamentos são problemas correntes em parede diafragma. Se houver defeito nas juntas entre os painéis, pode acontecer de vazar água e outros materiais do terreno para dentro do subsolo escavado, criando um vazio no solo do edifício vizinho e até comprometendo suas fundações. Outro problema acontece quando o painel desvia para dentro da obra, causando perda de área. Quando os painéis ficam com armadura exposta também é preciso consertar.

Quais os equipamentos utilizados nesse serviço e quais as características necessárias da mão de obra?

Utilizam-se guindastes nos quais são acopladas as ferramentas de escavação, como o clam-shell hidráulico e mecânico. Também se usam guindastes auxiliares para levantar armadura e transportar peças. Equipamentos bem balanceados e bem cuidados fazem uma boa obra, mas o mais importante é a equipe. Ela deve ser formada por engenheiros e encarregados especializados nisso, que conheçam bem o serviço. Também se empregam serventes, mas em número reduzido.

10) Existem engenheiros e projetistas especializados em construir paredes-diafragma? Como é essa especialização?

Sim existem, são os Engenheiros de fundações e contenções, engenheiros especializados em engenharia civil e Engenharia Geotecnia, filiados a ABMS.

Este profissional e especializado em solos e baseia suas atividades em rigoroso trabalho de investigação de subsolos através da realização de sondagens geológico-geotecnicas e tem que saber lidar com as diversas condições impostas pela natureza, somada a calculo estrutural e comportamento de estabilidade de taludes, dentre outras especializações da engenharia geotécnica.

Esse setor de engenheiros e projetistas especializados só expande quando o País cresce. A definição do engenheiro civil geotécnico reflete muito sobre a carreira do engenheiro de fundação e contenção. Ela é desenvolvida principalmente na prática do dia a dia desenvolvendo serviços especializados como dos estudos de pós graduação e especialização na área da engenharia geotécnica seja nas cadeiras de especialização e mestrados oferecidos em diversas universidades do pais. Com a expectativa de investimentos que precisam ser feitos no País em infraestrutura, é certo que há muito espaço para a profissão do engenheiro geotécnico de fundações crescer. Os últimos anos foram bons para a construção civil com os investimentos decorrentes da Copa do Mundo de 2014. Vale lembrar que apesar da crise atual não há obra alguma, independentemente de porte ou localização, que possa dispensar a etapa de fundações e Geotecnia.

Tudo que seja relacionado com o solo, desde suporte para pisos e pavimentos à escolha do tipo de fundação e contenção, é função do engenheiro de fundações e contenções (geotécnico), que também define a sequência executiva e realiza o acompanhamento de obras, com base em seus conhecimentos práticos, na sua experiência com obras da mesma similaridade executadas no passado bem como nas informações obtidas com relação ao solo, as sondagens mistas e a arquitetura do empreendimento. O profissional especializado tem condições de fornecer várias alternativas de soluções para fundação e contenção para que o cliente possa escolher a que mais lhe atenda seja na parte de arquitetura e viável econômica e financeiramente, levando em consideração os prazos da obra. O engenheiro especializado em fundação e geotecnia deve ter empenho na investigação e observação de campo, trabalhar com a coleta de dados e da estatística vinda das amostragens. Fazer uma boa campanha de sondagem para obter o número máximo de parâmetros a fim de corresponder uma ótima interpretação do modelo matemático criado com a obtenção destes dados para a correspondente interpretação do projeto a ser concebido. Ser eficiente na definição dos ensaios para dar um diagnóstico no necessário para o conceito básico de um bom projeto.

O profissional que atua em obras de contenções e fundações agrega conhecimentos das áreas de mecânica dos solos, civil, estrutura e geotecnia. Apesar das faculdades de engenharia abordarem de forma bastante eficiente os temas teóricos, no meio acadêmico o aluno tem acesso apenas a uma parte do que é necessário à formação de um bom engenheiro de fundações. Quando se fala em geotecnia, a vivência, pratica em campo, o currículo em obras contam muito, afinal aprende-se bastante com as observações de antigos erros, acidentes e patologias, certamente uma solução hora no passado não bem colocada não será repetida.

Além da formação essencial, para impulsionar a carreira do engenheiro especialista em fundação e geotecnia é necessário fazer pós-graduação ou especialização na área. "A pós-graduação é um diferencial. Há vários cursos direcionados para quem trabalha nessa.

O mercado de trabalho para a carreira é amplo. O engenheiro especialista em fundação e geotecnia, poderá optar por atuar com projetos, consultorias e também exercendo acompanhamento técnico das obras, ou trabalhar na execução como técnico e comercial nas empresas especializadas em serviços de geotecnia.

O engenheiro de fundações e contenções interage em seu dia a dia com várias disciplinas, tais como estrutura, arquitetura, planejamento, geologia aplicada a engenharia, orçamento/custos e, até mesmo, com a área de instalações enterradas. Durante a implantação do empreendimento, esses profissionais são rotineiramente consultados por arquitetos, executores para auxiliar na tomada de decisões, por exemplo, em relação à quantidade de subsolos e à viabilidade técnica de determinada contenção ou escolha mais apropriada da fundação.

O trabalho normalmente é realizado em meio período no escritório e a outra metade em campo. Por isso, a jornada de trabalho que, em princípio, é de até nove horas, pode se transformar em 12 horas.

Em alguns casos, é necessário residir no local da construção atuando inclusive como fiscal, principalmente nos períodos de pico e no começo das obras, quando existe a necessidade de passar o projeto a equipe de execução contratada da obra.

Em sua rotina diária, o profissional que atua com fundações e contenções precisa ter muito foco, pois acidentes, como por exemplo, a queda de um muro de arrimo ou o abalo estrutural de uma edificação, podem ser frequentes e trazer muitos danos materiais e, pior ainda, danos irreparáveis com acidentes fatais.

A modernização da carreira deve-se dar por meio do aperfeiçoamento tecnológico dos equipamentos usados. Já existem algumas máquinas que provocam pouca ou quase nenhuma vibração, com isso, os danos em áreas próximas tendem a diminuir, assim como os riscos de acidentes.

No meu caso profissional sou formado pela Universidade de Juiz de Fora - MG, Assessor da Diretoria da Progeo engenharia Ltda empresa de engenharia especializada na área de fundações, sondagens, contenções e infraestrutura rodoviária e ferroviária atuo a 25 anos na área.

Acredito que o atual panorama para o setor de geotecnia seja promissor, pois o Brasil está carente e almeja rapidamente melhorias na área de infraestrutura. Não é possível imaginar uma obra de infraestrutura sem estar presente a engenharia de fundações e contenções. Podemos citar também o setor de logística e transporte, que está tendo um grande crescimento com a execução de centros de distribuição e de escoamento do minério pelo interior do Brasil para a região portuária. Já na área imobiliária, atualmente, há um excesso de produtos prontos à venda, o que implica uma diminuição desse tipo de obra principalmente nos grandes centros urbanos com na cidade de São Paulo e Rio de janeiro. Mas creio que logo deva existir uma retomada pois o pais não pode parar.

A profissão passa por desafios no dia a dia, porém com expertise e conhecimento vamos superando os problemas. É muito comum a verificação, no local das obras, de solos com características totalmente diferentes aos daquelas descritas nas sondagens e nos mapas de geologia. É nessa hora que a experiência ajuda muito para que não ocorra uma paralisação nas atividades, nem uma patologia indesejada ou, o que é pior, um acidente durante a execução de uma escavação ou fundação.

Passamos por transformações tecnológicas recentes, na área de projetos bem como nas demais áreas que atuam na transferência de tecnologia, a grande evolução ocorreu com o advento dos computadores e programas que possibilitaram a resolução de problemas com mais rapidez e confiabilidade utilizando inclusive elementos finitos. Na etapa de execução, os novos equipamentos deixaram as obras mais rápidas, com custos menores, e qualidade melhor, reduzindo a utilização da mão de obra e como consequência reduzindo os acidentes de trabalho e melhorando a qualidade de vida do trabalhador pela mecanização dos serviços. Muitos desses equipamentos monitoram a execução no que se refere à resistência do solo, prumo, concretagem da estaca, a exemplo do que ocorre na execução das paredes diafragmas pré-moldadas na perfuração monitorada pelos sensores.

Trabalhar como engenheiro de fundações e geotecnica é importante apaixonar-se pelo trabalho e pela engenharia, pois temos de estudar muito, pois as matérias ministradas na graduação, estendem-se seus conhecimentos em curso de pós-graduação e especialização e sempre ser humilde com o aprendizado, e saber que cada dia na sua carreira sempre haverá uma novidade, uma nova situação de pesquisa.

Os conhecimentos que adquiri no início da minha carreira foram importantes para amadurecimento e aprendizado, eu tive a sorte de viver os anos de crise quando me formei, ainda trabalhando longe da minha cidade natal, o que me obrigou a trabalhar em uma empresa de fundação e geotecnica como projetista e também lecionar nas cadeiras de mecânica dos solos e fundações e aprender principalmente com meus fiscais que eram consultores especializados nas cadeiras de fundações e geotecnia. Isso fez com que eu estivesse sempre atualizado e interessado em perguntar, registrar e me atualizar. Hoje, decorridos a boa fase que vivemos, o engenheiro recém-formado tem que assumir rapidamente responsabilidades e tomar decisões que exigem uma base muito boa para não errar. Acredito que o segredo seja adequar os problemas de campo à teoria aprendida na graduação, além de compartilhar e discutir as decisões com pessoas mais experientes.

Qual o currículo desejável para um engenheiro especializado na área:

Atribuições: responsável pela investigação do solo para definir tipos de fundações e contenções que podem ser usados. Planejamento da sequência executiva e acompanhamento do processo para garantir o resultado do trabalho.

Aptidões: domínio de geotecnia, conhecimento dos equipamentos disponíveis no mercado e veia investigativa.

Formação: engenharia cuja grade curricular contemple mecânica dos solos e fundações. Também deve ser capacitado por meio de cursos específicos como pós-graduação e especializações em fundações e engenharia geotecnica.

Oportunidade de trabalho: pode trabalhar na área privada em empresas especializadas ou como consultor para compra de terrenos por parte de construtoras e investidores. Como a atividade envolve perfurações e aberturas de valas, esse profissional pode atuar em empresas ligadas à infraestrutura, como ferrovias, metrôs e empresas de abastecimento de água.

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