Naquela tarde de inverno sombria
Ao te deixar, deixar pra sempre abandonada
N'alma eu senti, eu senti uma saudade fria
Mais que saudade e dor, mais que dor, ó bem amada!
Juventude, sonhos meus
Ilusões, crenças, amores
Sim a tudo, a tudo eu disse adeus
Eu disse adeus, adeus
Ao te deixar por entre flores
Ao te deixar, a tudo eu disse adeus
Crenças, amores, sonhos, sonhos meus
Eras tão pobre, modesta e tão pequena
Mas eras rica, rica de amor e de mocidade
Em teu regaço a vida, a vida era serena
Quanta lembrança! Oh sim, quanta, quanta saudade!
Juventude sonhos meus
Ilusões, crenças, amores
Sim a tudo eu disse adeus, adeus
Ao te deixar por entre flores!
Ao te deixar, a tudo eu disse adeus
Crenças amores, sonhos, sonhos meus
Adeus, Adeus, Sonhos, adeus!
Tags: despedida, lenta, triste,
Quem se condói do meu fado
Vê bem como agora eu ando
De noite sempre acordado
De dia sempre sonhando
O amor perturbou-me tanto
Que este contraste deploro
Querendo chorar, eu canto
Querendo cantar, eu choro
Querendo cantar, eu choro
Curvado à lei dos pesares
Não sei se morro ou se vivo
Senhor dos outros olhares
Só do teu fiquei cativo
Por isso a verdade nua
Este tormento contém
Minh'alma não sendo tua
Não será de mais ninguém
Não será de mais ninguém
Tags: amor, lenta, triste.
Tão longe de mim distante
Onde irá, onde irá teu pensamento
Tão longe de mim distante
Onde irá, onde irá teu pensamento
Quisera, saber agora
Quisera, saber agora
Se esqueceste, se esqueceste
Se esqueceste o juramento.
Quem sabe se és constante
Se ainda é meu teu pensamento
Minh'alma toda devora
Dá a saudade dá a saudade agro tormento
Tão longe de mim distante
Onde irá onde irá teu pensamento
Quisera saber agora
Se esqueceste se esqueceste o juramento.
Tags: amor, lenta, saudade.
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
> ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Nessa rua, nessa rua, tem um bosque
Que se chama, que se chama, Solidão
Dentro dele, dentro dele mora um anjo
Que roubou, que roubou meu coração
Se eu roubei, se eu roubei teu coração
Tu também, tu também roubaste ,roubaste o meu
Se eu roubei, se eu roubei teu coração
É porque, é porque te quero bem.
O moreno é meu,
não é de mais ninguém
Quem tiver inveja ora
faça assim também,
Menina, minha menina,
entre dentro desta roda,
diga um verso bem bonito,
diga adeus e vá-se embora.
Aí;
Juquinha, juquinha meu bem,
a vida é formosa para quem amores tem,
Aí;
Juquinha, Juquinha meu bem,
a vida é formosa para quem amores tem.
Um, dois, três,
Quatro, cinco, seis!
sete, oito, nove para doze faltam três.
Ah!
Minha flôr idolatrada
Tudo em mim é negro e triste
Vive minh'alma arrasada Ó Titilha
Desde o dia em que partiste
Este castigo tremendo
já minh'alma não resiste, Ah!
Eu vou morrendo, morrendo
Desde o dia em que partiste
Tudo em mim é negro e triste
Vive minh'alma arrasada, Ó Titilha!
Desde o dia em que partiste
Tudo em mim é negro e triste
Este castigo tremendo, tremendo.
Minha flôr idolatrada
Tudo em mim é negro e triste
Vive minh'alma arrasada Ó Titilha
Desde o dia em que partiste
Este castigo tremendo
já minh'alma não resiste, Ah!
Eu vou morrendo, morrendo
Desde o dia em que partiste
Ó titilha.
Acorda, vem ver a lua
Que dorme na noite escura
Que surge tão bela e branca
Derramando doçura
Clara chama silente
Ardendo meu sonhar
As asas da noite que surgem
E correm o espaço profundo
Oh, doce amada, desperta
Vem dar teu calor ao luar
Quisera saber-te minha
Na hora serena e calma
A sombra confia ao vento
O limite da espera
Quando dentro da noite
Reclama o teu amor
Acorda, vem olhar a lua
Que brilha na noite escura
Querida, és linda e meiga
Sentir seu amor e sonhar
Ouvi contá certa noite no terreiro
Quando a lua em farinheiro peneirava pelo chão
Que Nhapopé quando sente a asa ferida
Vai buscar resto de vida no calor de um coração
Você é Nhapopé
O meu amor em ti tem fé!
Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente.
Sobre o espaço, sonhadora e bela!
Surge no infinito a lua docemente,
Enfeitando a tarde, qual meiga donzela
Que se apresta e a linda sonhadoramente,
Em anseios d'alma para ficar bela
Grita ao céu e a terra toda a Natureza!
Cala a passarada aos seus tristes queixumes
E reflete o mar toda a Sua riqueza...
Suave a luz da lua desperta agora
A cruel saudade que ri e chora!
Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente
Sobre o espaço, sonhadora e bela!
Que venha se tiver de vir
esse amor assim, assim.
Que venha brando como a brisa imaterial da madrugada
Calmo e sem pernoites
Mais feito de auroras que de noites.
Que venha se tiver de vir
esse amor assim, assim.
Venha em silêncio como um barco deslizando na corrente,
Suave e com recato,
Mais feito de olhar que de contato.
Que venha se tiver de vir
esse amor assim, assim.
Que venha pobre como as aves imigrantes sem pousada,
Franco e contente,
Mais feito de futuro que de presente.
Que venha se tiver de vir
esse amor assim, assim.
Que venha assim esse amor a mim,
Se vier por si,
Se vier por ti.
Antigamente, quando eu ainda era criança
Cantava com os meninos da vizinhança
alegremente:
"Senhora Dona Sancha,
Coberta d'ouro e prata,
Descubra seu rosto,
Que nós queremos ver".
Depois, veio a mocidade.
Foi-se-me toda a esperança
De achar a feliciade
Do meu tempo de criança.
Quando eu ouço,
Na minha rua
Os meninos a cantar,
Vou depressa, sem tardança,
E fico olhando, a escutar,
(Ah, se eu fosse ainda criança)
Sem poder acompanhar
Aqueles meninos todos
Satisfeitos a gritar:
"Senhora Dona Sancha,
Coberta d'ouro e prata,
Descubra seu rosto,
Que nós queremos ver..."
Felicidade,
Senhora Dona Sancha,
De rosto lindo, mas velado,
Busquei-te por toda parte,
Procurei ver o teu rosto,
Devagarinho, com cuidado,
Atrás daquela bonança
Do meu tempo encantado de criança.
Agora, nem mais um sonho.
Não é como antigamente
Canto à toa, canto a esmo
Baixinho, para mim mesmo,
Tristemente, para não esquecer.
"Senhora Dona Sancha,
Coberta d'ouro e prata,
Descubra o seu rosto,
Que eu tanto quero ver..."
Credo cruz!
Lá vem a Cobra Grande,
Lá vem a boiúna de prata,
A danada vem rente à beira do rio,
E o vento grita alto no meio da mata,
Credo cruz !
Cunhantã, te esconde,
Lá vem a Cobra Grande, ah, ah,
Faz depressa uma oração,
Pr’ela não te levar, ah,ah.
A floresta tremeu quando ela saiu,
Quem estava lá perto de medo fugiu,
E a boiúna passou logo tão depressa,
Que somente um clarão foi que se viu.
Cunhantã, te esconde,
Lá vem Cobra Grande, ah, ah,
Faz depressa uma oração,
Pr´’ela não te levar, ah, ah.
A noiva cunhantã,
Está dormindo medrosa,
Agarrada com força,
No punho da rede,
E o luar faz mortalha em cima dela,
Pela fresta quebrada da janela.
Êh, Cobra Grande...
Lá vai ela !..
Tajá-panema chorou no terreiro
Tajá-panema chorou no terreiro
E a virgem morena fugiu pro costeiro
Foi boto, sinhá
Foi boto, sinhô
Que veio tentá
E a moça levou
E o tal dancará
Aquele doutô
Foi boto, sinhá
Foi boto, sinhô
Tajá-panema se pôs a chorar
Tajá-panema se pôs a chorar
Quem tem filha moça é bom vigiá!
Tajá-panema se pôs a chorar
Tajá-panema se pôs a chorar
Quem tem filha moça é bom vigiá!
O boto não dorme
No fundo do rio
Seu dom é enorme
Quem quer que o viu
Que diga, que informe
Se lhe resistiu
O boto não dorme
No fundo do rio...
Tamba-tajá me faz feliz
Que meu amor me queira bem
Que seu amor seja só meu de mais ninguém,
Que seja meu, todinho meu, de mais ninguém...
Tamba tajá me faz feliz...
Assim o índio carregou sua macuxy
Para o roçado, para a guerra, para a morte,
Assim carregue o nosso amor a boa sorte...
Tamba-tajá
Tamba-tajá-a
Tamba-tajá me faz feliz
Que meu amor me queira bem
Que seu amor seja só meu de mais ninguém,
Que seja meu, todinho meu, de mais ninguém...
Tamba-tajá me faz feliz...
Que mais ninguém possa beijar o que beijei,
Que mais ninguém escute aquilo que escutei,
Nem possa olhar dentro dos olhos que olhei.
Tamba-tajá
Tamba-tajá-a
Certa vez de montaria
Eu descia um Paraná
O caboclo que remava
Não parava de falar, ah, ah
Não parava de falar, ah, ah
Que caboclo falador!
Me contou do lobisomen
Da mãe-d'água, do tajá
Disse do jurataí
Que se ri pro luar, ah, ah
Que se ri pro luar, ah, ah
Que caboclo falador!
Que mangava de visagem
Que matou surucucú
E jurou com pavulagem
Que pegou uirapuru, ah, ah
Que caboclo tentadô
Caboclinho, meu amor
Arranja um pra mim
Ando roxo pra pegar
Unzinho assim
O diabo foi-se embora
Não quis me dar
Vou juntar meu dinheirinho
Pra poder comprar
Mas no dia que eu comprar
O caboclo vai sofrer
Eu vou desassossegar
O seu bem querer, ah, ah
Ora deixa isso pra lá!