Mitos

EXU

Cores - VERMELHO E PRETO

Ferramenta símbolo - OGÓ (BASTÃO ADORNADO COM CABAÇAS E BÚZIOS EM FORMATO FÁLICO) E TRIDENTE

Força/poder/elemento da natureza - FOGO

Animal - BODE E GALO PRETO

Características - Grande amante dos prazeres da vida, ama comer, beber, dançar, rir e fazer sexo. É animado, brincalhão, inteligente e sagaz. Conta mentiras, briguento e desordeiro. Manhoso, amoral, mal educado, cínico e cheio de contradições. Querido e popular é um excelente amigo, que resolve problemas financeiros, amorosos e encrencas. Nunca desanima. É o orixá da comunicação, paciência, ordem, disciplina e sexualidade. É o guardião das cidades e aldeias. Foi associado ao diabo.

Saudação - LAROYÊ EXÚ! (MENSAGEIRO EXÚ!) // EXÚ E MOJUBÁ (EXÚ, A VÓS MEU RESPEITO!)

Mensageiro dos Orixás, ligado ao mal devido sua aparência com chifres, membro viril e sexualidade sem freios, mas na verdade, é só por ser uma divindade do fogo.

Orixá da contradição é o pai da verdade e da mentira, do calor, do caminho, senhor do tudo e do nada. É uma confusão de sentimentos, dor e alegria, revolta e resignação.

Participou da Criação do mundo como Mensageiro de Deus, ligando o Céu e a Terra. Foi o primeiro Orixá a permanecer na Terra e ajudar a evolução dos seres vivos, por comandar o Vazio Absoluto, que permitiu a criação do Mundo.

Existem histórias violentas envolvendo o Exu, ligando-o a imagem do demônio. Mas, vou descrever mais relacionado à sua esperteza.

Ilustração de Felipe Camurati.

Dois amigos tinham uma fazenda grande e Exu estava interessado em ficar lá, em um pedaço. Ao tentar negociação, foi rejeitado. Pintou um chapéu um lado de vermelho e outro branco, e o colocou numa cerca, de tal forma que só fosse visto um único lado. Os amigos, em posições opostas, começaram a brigar, pois cada um via o chapéu de cores diferentes. A briga foi tão séria, que acabaram se matando e Exu se apoderou das terras.

Passou 16 anos visitando Oxalá, aprendendo com ele a criar a humanidade. Foi determinado por ele a receber as oferendas deixadas na encruzilhada na frente de sua casa em seu nome. Quando não dava, a pessoa era recebida com agressão. Seu trabalho foi tão bom, que recebeu uma casa nesta encruzilhada e depois passou a se tornar o Senhor das Encruzilhadas, recebendo as ofertas agora em seu nome.

Tranca rua das almas

Selmi Laresh dá a entender que como o planeta vem sendo habitado a milhões e milhões de anos é possível que povos e povos possam ter desaparecido sem deixar rastros ou vestígios de suas existências e, que nem mesmo quem estuda civilizações antigas pode compreender tantas povoações na Terra, tendo em vista as constantes mudanças, muitas vezes bruscas, pelas quais passaram os continentes, alguns soterrados, atingidos por cometas ou mesmo por armas de alto poder destrutivo que possam ter existido e também não tivemos conhecimento.

Laribor, junto ao Colegiado de Magos, decide desterrar seu aluno a uma ilha deserta e distante, sem árvores grandes com que pudesse fazer qualquer tipo de embarcação para fugir e cercada por grandes monstros marítimos, de modo que Laresh, aquele que hoje conhecemos como Exu Tranca Ruas, foi considerado um “caído” por ter desobedecido às leis de seu templo, leis humanas em detrimento de algo mais humano ainda, do maior dos sentimentos humanos, o Amor.

Laresh tentou convencer Laribor de que não havia justiça alguma naquela atitude precipitada, usou de sua razão argumentativa para mostrar que esse tipo de injustiça é que talvez estivesse levando os reinos e templos à perdição, pois na tentativa de muitos barrarem os sentidos humanos valendo-se de leis ‘ultrapassadas’, o instinto natural dos homens estava falando mais alto, dando vazão às suas emoções e angústias, ao que retrucou um Laribor conservador dizendo que não discutia as leis, apenas as protegia e as executava.

Olhando bem para esses acontecidos na vida do mistério Tranca Ruas, fica fácil entender como há muitos e muitos anos os erros só se repetem milênio após milênio, na criação e perpetuação de leis e costumes que só servem para separar os homens ou enfraquecer suas vontades e consciência em nome de deuses incompreendidos, de favorecimentos empresariais, institucionais e tantas outras coisas que só tem contribuído para impedir nossa evolução.

Durante suas reflexões, se deu conta de todas as injustiças que cometera durante a vida de guardião das leis e que pelas leis que julgava ancestrais e divinas cometeu muitas desgraças, pensou em todas as pessoas que desterrou na ilha onde deixara a neta e Tranca Ruas, logo também temia morrer, pois teria de acertar contas e não seria perdoado tão fácil.

Àquela época alguns Mehis e Mehas conseguiam apagar a memória humana e o cavaleiro mais fiel que Laresh teve durante os confrontos, chamado Iafershi, apagaria todas as lembranças dolorosas dos sobreviventes, tais como mortes de familiares, torturas, mutilações e estupros, por exemplo, para que vivessem os fins de seus dias sem angústias e tristezas, contudo Tranca Ruas pede ao amigo que não apague, o convence que todos ali precisariam superar e evoluir a partir das dores e perdas que sofreram.

Contam ainda que Tranca Ruas foi médico, viveu em um castelo, foi apaixonado por dona Maria Padilha, (Shel-çá, com quem Selmi Laresh conviveu toda a vida, atua na Umbanda hoje como uma Cabocla ligada diretamente a Iemanjá) tiveram como filha a Pomba Gira Menina, que por conta desta paixão cometeu grandes loucuras, usou de seus conhecimentos medicinais para matar gente e assim, essa pessoa até pode ter existido, ter atentado contra a vida dessa forma e agora trabalhe sua evolução espiritual ajudando os humanos dentro da falange de seu Tranca Ruas.

Ressalto, obviamente, que todo mal feito nesta terra parte de um pedido, de um pensamento, de uma atitude humana, do homem, ou seja, mesmo que alguém peça algo inescrupuloso a algum Exu, ao senhor Tranca Ruas, podem ter certeza que caso o pedido seja atendido não é realizado por nenhum exu, há outros tipos de espíritos no além-mundo e que se passam muitas vezes por Exu, como aqui na Terra há muitos homens que se passam como ‘profetas’, ‘escolhidos’, ‘filhos do Cristo’ e por aí vai.

Para confirmar quanto Tranca Ruas já foi incorporado à cultura brasileira, não só ele como Exu Capa Preta, outros, descobri em minhas pesquisas que um vereador do município de Porto Alegre, no extremo sul do país, apresentou um projeto de lei através do qual visa incluir no calendário oficial da cidade uma data em homenagem ao senhor Tranca Ruas.

OSSAIM

Ossain era o orixá das plantas. Ele que tinha o conhecimento das ervas, das folhas, e consequentemente do axé, pois este reside nas folhas e seus segredos. Um sujeito que não curtiu fato de Ossain ser o único a saber dos segredos das folhas foi o rei xangô, o orixá do raio e da justiça. Xangô pretendia tomar posse das folhas de Ossain e distribuí-las de acordo com seu orixá e seu axé. Após passar bastante tempo observando o orixá das plantas, Xangô percebeu que em determinado dia da semana e em determinada hora, Ossain pendurava um cesto com todas as preciosas folhas dentro em uma árvore.

Já tendo feito seu plano, o rei do raio falou de sua descoberta com iansã, deusa das tempestades, esposa de Xangô e que estava por dentro do plano de roubo das folhas.

No determinado e em determinada hora, uma tempestade varreu mundo afora as preciosas folhas que Ossain havia botado penduradas nas nas árvores. Felizes com o sucesso do roubo, Xangô e Iansã cataram as folhas roubadas e ao finalmente terem elas em suas mãos, perceberam que tudo tinha sido em vão.

As folhas estavam com eles, mas quem tinha conhecimento sobre elas e controlava seus axés, era Ossain.

Ilustração de Leo Zanetti.
Ilustração de Alexander Nicacio.

OXÓSSI

Cor - Azul turquesa

Ferramenta símbolo - Ofá (arco), Damatá (flecha)

Força/poder/elemento da natureza - Terra (florestas e campos cultiváveis)

Animal - Papagaio

Características - é o orixá da caça, florestas, dos animais, da fartura, do sustento. Está nas refeições, pois é quem provê o alimento. É a ligeireza, a astúcia, a sabedoria, o jeito ardiloso para capturar a caça. É um orixá de contemplação, amante das artes e das coisas belas

Saudação - ‘Oké Aro! Arolé!’

Oxum e Oxóssi com Logun Edé

Oxum avistava Oxóssi se refrescando na beira do rio todas as vezes que ele saia para caçar. Ela ficava admirando a beleza do caçador, porém, Oxóssi não gostava das mulheres do rio e sim das matas. Oxum resolveu perguntar a Exu, que era irmão dele o que ela poderia fazer para ficar com ele, pois estava apaixonada. Exu respondeu que ela deveria tomar um banho de mel e jogasse folha no seu corpo, e foi o que ela fez.

Colagem de João Vitto.

Quando Oxóssi foi se banhar no dia seguinte, viu uma mulher maravilhosa das matas e se encantou por ela. Os dois viveram um grande romance por muito tempo, até ele descobrir que Oxum era uma mulher dos rios e não das matas, ele ficou furioso e resolveu deixá-la, foi quando ela viu que ele estava indo embora e resolveu falar que estava esperando um filho, Oxóssi não se conteve de alegria e disse que ia criar o filho. Os dois fizeram um acordo de que Logun Edé, seu filho ficaria seis meses nas matas com Oxóssi e seis meses nos rios com sua mãe Oxum.

Logun Edé se tornou o príncipe dos orixás. União das matas com os rios, Logun Edé é caçador e pescador, o orixá mais bonito e rico de todos.

A origem do nome Oxóssi

Para comemorar a colheita de inhames, todo ano o rei Ifé fazia para os súditos uma grande festa, mas, houve um ano em que foi diferente.

Tudo ocorria normalmente, até que apareceu um pássaro com grandes e monstruosas asas, pousando no telhado do palácio. O povo, já assustado perguntou-lhe sua origem… A ave então respondeu que fora enviada por vossas mães feiticeiras, Iyá Mi Oxorongá, que estavam ofendidas por não terem sido convidadas.

O pássaro ameaçava acabar com as comemorações e, ao ver o povo correndo assustado, o rei chamou os melhores caçadores de todo o reino para abater o pássaro:

De moré veio Oxotogi, trazendo consigo suas quarenta flechas; de ilarê veio Oxotadotá, trazendo consigo suas 50 flechas. Prometeram ao rei que, por sua vida matariam o perverso animal, porém, gastaram todas as suas flechas e nada acertaram, foram então, por ordem do rei, presos, e, mais tarde executados.

Chega então Oxotocanxoxô, de irem, trazendo consigo sua única flecha, se ele fracassasse perderia sua vida, tal como os outros caçadores.

Temendo então a vida do filho, a mãe do último caçador vai até um conselheiro, que lhe recomendou fazer um ebó para agradar as feiticeiras. a mãe aflita, sacrifica então uma galinha; e, nesse mesmo momento Oxotocanxoxô alcança seu ofá e seu arco apontou e disparou, acertando e matando a criatura, sua mãe, aliviada percebeu que o sacrifício havia sido aceito e as feiticeiras estavam em paz de novo.

O caçador recebeu honrarias e metade das riquezas do reino e os presos foram libertos. Todos cantavam em louvor a Oxotocanxoxô, mas chamando-o de oxóssi, que na língua do local significa “o guardião popular”

Desde então Oxóssi é seu nome.

Ilustração de Karen Levy.

OXUM

Cor - amarelo

Ferramenta símbolo - abebê de ouro

Força/poder/elemento da natureza - Água doces

Animal - galinha

Características - senhora da beleza da fertilidade e do dinheiro

Saudação:

“Òsun, mo pè ó o

N ò pé o s’íkú enì Kankan

Béni n ó pè ó s’ árùn eni Kankan

Mo pè ó sí níní owo

Mo pè ó si níní omo

Mo pè ó si níní àláfià

Mo pè ó si òrò

Kí àwa má ríjà omi o

Odoodún ní a nrí orógbó

Odoodún ní a nrí omo obi lórí àte o

Odoodún ní kí wón má rí wá o!

Bí a se, sodún re yií

Kí á tún se, èyí tó jù báyi lo, ní àmódún.

Osun só wá, kí ó máà sí wàhálà lárin àwa omo re.

Kí ilé má jò wá.

Kí ònà má nà wá o.

Pèsè àse fún wá o.

Enì nse àmódi ara,

Fún ní àláfíà o.

Oko oba, àdá oba, kí ó má sá wa lésé o.

Kí àwa má rí Ogun idílé”.

Ilustração de Julia Mendonça.
Colagem de João Nusbaum

IANSÃ

Cores - em diferentes religiões suas cores se diferem. Em Umbanda, sua cor é amarela e na mistura de Umbanda e Candomblé suas cores são marrom, rosa e vermelho.

Ferramenta símbolo - uma espada acompanhada de um chicote feito com rabo de búfalo.

Força/poder/elemento da natureza - seu poder envolve os mortos, os ajudando a caminhar até a morte e os dando possibilidade de falar com os vivos. Seu elemento da natureza é o fogo e o ar em forma de ventos. Também tem ligação com os raios e trovões e pode cuspir fogo.

Animal - búfalo

Características - forte, guerreira, intensa, justa, impetuosa e corajosa.

Saudação - sua saudação é “Epahey Iansã/Oyá” sabendo que há de se ver escrito “Eparrei”, “Epa hei”, “Epahey” e “Epa hey”, mas o comum é com “H” e a palavra toda junta. Epahey significa “Olá” com um tom de admiração.

Iansã e Ogum

Um dia, Ogum estava a caçar, observando seus arredores à procura de um animal que o satisfizesse. Quando viu um búfalo, ficou quieto, esperando a hora certa para acertá-lo, mas antes que ele fizesse algo, a pele do búfalo foi ao chão. De lá, saiu uma belíssima mulher que pegou sua pele e chifres e escondeu em um formigueiro. A moça, que não havia notado a presença da Ogum, seguiu para o mercado. Quando a mulher não se era mais vista pelo homem, ele pegou seus pertences no formigueiro e escondeu em sua casa.

Após isso, ele foi ao mercado, onde tinha acompanhado com os olhos que era o caminho que tal moça tinha feito. Quando se esbarraram no mercado, Ogum começou a “cantar” a mulher, descobrindo que seu nome era Iansã. A mesma recusou o pedido de casamento que lhe foi concedido por Ogum, logo voltando a mata.

Querendo voltar a sua forma de animal, Iansã procurou suas coisas por todos os lugares, mas não achou nada. Logo soube com quem estaria, voltando ao mercado. Procurou com os olhos o homem que conversava antes e, quando achou, foi em sua direção apressadamente.

- Onde estão minhas coisas? - disse Iansã.

- Não sei do que está falando… Voltou porque reconsiderou minha proposta? - após essa fala, Iansã armou um rápido plano em sua cabeça. Iria aceitar a proposta do homem com condições para poder procurar seus chifres e peles.

- Nós dois sabemos do que se trata. E saiba que aceitei sua proposta sim, com algumas condições.

- Diga-as.

- Ninguém em sua casa poderá me chamar de animal, ficar me fazendo perguntas ou fazer mal aos meus pertences.

Naquele dia, Iansã foi a casa de Ogum, que garantiu que suas condições fossem cumpridas. Lá ficou por um longo tempo, não conseguia encontrar o que queria. Teve 9 filhos com o companheiro, de forma que todas as outras esposas de Ogum sentiam inveja, por não serem belas ou receberem atenção como Iansã.

Um dia, quando Iansã estava no mercado, as outras mulheres de Ogum colocavam um plano em prática, para descobrir a origem de Iansã. Elas embebedaram o homem até que ele falasse a verdade, o que aconteceu. Falou de como se conheceram, de que era meio búfala, para nunca a chamarem de animal e de que sua pele e chifres estavam junto as palhas e milhos.

Colagem de Amelie Sayumi.

Quando Iansã estava voltando, encontrou as mulheres que logo começaram a chamá-la de animal e contaram onde estavam seus pertences. Logo ela correu furiosa para o local e vestiu sua pele e chifres. Quando pronta, matou todas as mulheres com seus chifres. Seus filhos a viram e a chamaram com vozes de choro e medo. Iansã disse que não iria fazer mal algum a eles e entregou seu chifres em suas mãos, logo dizendo:

- Eu estou indo, mas sempre que precisarem de minha ajuda, esfreguem estes chifres um no outro que irei até vocês, independente de onde e quão longe estivermos.

E então ela partiu, deixando para trás Ogum, seus filhos e seu lindo par de chifres.

A ira da mulher de búfalo

Ogum foi um dia caçar na floresta, ficou na espreita e viu um búfalo vindo em sua direção, nisso avaliou logo à distância que os separava e preparou-se para matar o animal com a sua espada, mas viu o búfalo parar e, de repente, baixar a cabeça e despir-se de sua pele. Da pele saiu uma linda mulher, era Iansã, vestida com elegância, coberta com panos, um turbante luxuoso amarrado à cabeça e ornada de colares e braceletes.

Ela enrolou sua pele e seus chifres, fez uma trouxa e escondeu num formigueiro.

Partiu, em seguida, num passo leve, em direção ao mercado da cidade, sem desconfiar que Ogum tinha visto tudo. Assim que Iansã partiu, Ogum apoderou-se da trouxa, foi para casa, guardou-a no celeiro de milho e seguiu também, para o mercado. Lá ele encontrou a bela mulher e cortejou-a e pediu-a em casamento. Qual foi a reação dela? Bom, apenas sorriu e recusou. Ogum insistiu e disse-lhe que a esperaria, pois ele não duvidava de que ela aceitasse sua proposta.

Depois disso, Iansã voltou à floresta e não encontrou seu chifre nem sua pele e depois, voltou ao mercado, já vazio, e viu Ogum que a esperava.

Ela perguntou-lhe o que ele havia feito daquilo que ela deixara no formigueiro e

Ogum fingiu inocência e declarou que nada tinha a ver, nem com o formigueiro nem com o que estava nele.

Colagem de Laura Fusco.

A bela moça não se deixou enganar e disse-lhe:

- Eu sei que escondeu minha pele e meu chifre, sei que você se negará a me revelar o esconderijo. - Disse a Ogum que se casaria com ele e viveria em sua casa, mas, mediante certas regras de conduta com ela.

Estas regras devem ser respeitadas, também, pelas pessoas da casa. As regras eram: ninguém poderá utilizar cascas de dendê para fazer fogo, ninguém poderá rolar um pilão pelo chão da casa .Ogum respondeu que havia compreendido e levou Iansã.

Chegando em casa, reuniu suas outras mulheres e explicou-lhes como deveriam comportar-se.

-Ficará claro para todos que ninguém deverá discutir com ela e nem insultá-la.

Depois disso tudo se organizou, pois Ogum saía para caçar ou cultivar o campo enquanto Iansã procurava sua pele e seus chifres.

Depois de um tempo ,deu à luz uma criança, depois uma segunda e uma terceira… no total deu à luz a nove crianças.

As mulheres viviam enciumadas da beleza dela, cada vez mais enciumadas e hostis, elas decidiram desvendar o mistério da origem de Iansã.

Uma delas conseguiu embriagar Ogum com vinho de palma e fez com que ele revelasse, contou que Iansã era, na realidade, um animal e que sua pele e seus chifres estavam escondidos no celeiro de milho. Recomendou-lhes para não procurem vê-los, pois isto a amedrontava e para jamais dizerem que é um animal.

Certo dia, todas as mulheres saíram para o mercado com isso, Iansã aproveitou-se e correu para o celeiro, abriu a porta e, bem no fundo, sob grandes espigas de milho, encontrou sua pele e seus chifres. Vestiu - os novamente e se sacudiu com energia, cada parte do seu corpo retomou exatamente seu lugar dentro da pele.

Logo que as mulheres chegaram do mercado, ela saiu bufando. Foi um tremendo massacre, pelo qual passaram todas, com grandes chifradas Iansã rasgou-lhes a barriga, pisou sobre os corpos ,rodou-os no ar e disse:

- Eu vou voltar para a floresta; lá não é bom lugar para vocês, mas vou lhes deixar uma lembrança. Quando qualquer perigo lhes ameaçar, quando vocês precisarem dos meus conselhos, esfreguem estes chifres um no outro. Em qualquer lugar que vocês estiverem, em qualquer lugar que eu estiver, escutarei suas queixas e virei socorrê-los.

Eis por que dois chifres de búfalo estão sempre no altar de Iansã.

Oiá-Iansã

Certo dia, Ogum saiu para caçar. Em meio a grandes animais que estavam lá, animais cuja força e poder ele nem podia imaginar, um específico chamou-lhe a atenção, um búfalo com pele negra, mais especificamente, de um tom de cinza muito escuro que andava com tanta leveza que chegava a atrair beija-flores e, ao mesmo tempo, olhava ao seu redor com tamanho empoderamento que, de longe, era possível observar o respeito que os outros animais tinham por ele.

Ogum nem hesitou. Iria matá-lo e guardar seus grandes e curvados chifres brilhantes. O touro pôde ouvir o som de sua intenção e partiu para cima do homem. Ogun, por um pequeno momento, pensou em voltar atrás. Mas não tinha jeito, o búfalo já estava vindo para tirar sua vida. De repente, enquanto Ogum já tinha até desistido de lutar por sua própria vida, o búfalo parou em sua frente.

Ao parar, toda a terra cota daquela parte da floresta subiu, formando uma grande fumaça avermelhada. Ogun pôde ver o fogo nos olhos do animal. Pôde até ouvir tempestades se formando no local. O grande e esbelto búfalo transformou-se em uma linda mulher. Ogum não acreditara.

A mulher saiu andando e Ogum, sem reação para o que acabara de ver, nem foi atrás dela. O tempo passou e ele chegou a uma conclusão: estava apaixonado por aquela mulher. Foi andando, mas com as esperanças quase já acabadas de reencontrar a mulher.

Foi a um mercado e, olhando por trás de uma caixa de frutas, reconheceu aqueles cabelos castanhos que vira, era a mulher novamente. Dali em diante, ele não poderia perdê-la. Foi conversar com ela e a convenceu de que não fazia mal aos animais ou os desrespeitava. A mulher acreditou e aceitou continuar conversando com o homem. Os dois saíram de lá mais tarde. Ogum, antes de sair, percebeu que ela tinha deixado uma bolsa de couro caída no chão, era sua pele de búfalo e seus incríveis chifres. Ogum os guardou e aquilo foi esquecido, ele deixou a bolsa atrás de um arbusto em seu jardim.

lustração Rafael Affonseca Homem de Melo

Com o passar do tempo, os dois foram muitos felizes em sua relação, até se casaram e a mulher até aceitou conviver com as outras mulheres do homem. Tiveram nove filhos. O único problema que fora criado fora a inveja destas outras mulheres do homem, que invejavam a beleza da nova esposa.

Um dia, as invejosas, curiosas para saber a origem da mulher, encheram Ogum de vinho e descobriram tudo. Logo foram procurar a mulher e começaram a chamá-la de animal, de bicho fedorento.

A mulher saiu correndo e esbarrou em um arbusto. Ali estava sua bolsa. Ela se lembrou de tudo e, em seguida, virou novamente um búfalo. Os céus trovejaram e ventos fortes passam por toda a região. Os ventos derrubaram as outras mulheres e espíritos cochicharam em seus ouvidos: “É o fim de vocês!”.

A mulher, agora em forma de búfalo novamente, encontrou as mulheres no chão. Deu uma breve olhada com seus olhos ferventes de fogo e as massacrou, Cortou todas elas em pedacinhos.

O búfalo saiu correndo novamente gritando seu nome pela primeira vez:

- Meu nome é Iansã!

Encontrou seus filhos e voltou a ser humana. Deu a eles seus chifres e estas foram suas últimas palavras antes de voltar à floresta novamente:

- Em caso de qualquer problema, juntem os chifres!

É por isso que os chifres de Iansã sempre estão juntos.

IEMANJÁ

Cores - azul, branco, prata e cristal

Ferramenta símbolo - Leque, espada e espelho

Força/poder/elemento da natureza - é a deusa dos mares, tem o poder das águas, que é seu elemento.

Animal - PEIXES

Características - cuida de todos que vivem e entram no mar, maternal, protetora, competente, dedicada, representada com grandes seios que simbolizam a maternidade e fecundidade, tida como uma mãe para muitos outros orixás.

Saudação - ODO IYÁ e ODOCIABA

Iemanjá e sua sorte

Iemanjá quando criança recebeu um colar da sorte que foi dado pelo seu pai, Olokum, e diz que ele esse colar salvaria sua vida.

Certo dia ela conheceu Odudua que seria seu esposo e tiveram juntos 10 filhos, com isso seus seios ficaram maiores que o normal e se tornaram uma vergonha para ela, e um dia o esposo de Iemanjá bebeu muito e acabou oferecendo Iemanjá falando de seus seus seis e com isso fez com que Iemanjá fugisse decepcionada e com isso Iemanjá pegou seu colar na mão e usou o cordão do colar para fugir de seu esposo usando seu colar para impedir de seu esposo fazer algo.

Ilustração de Bianca Anita.

A morte de Iemanjá

Quando os orixás Obatalá e Odudua se casaram tiveram dois filhos: Aganju que representa a terra e Iemanjá que representa o mar. Eles se casaram e tiveram um filho, Orungã que representa o ar. Quando Orungã cresceu se apaixonou pela própria mãe. Então um dia que seu pai não estava, tentou violentá-la. Mas eles conseguiu fugir pelos campos. Quando Orungã já a estava quase a alcançando, ela caiu em uma pedra e morreu. Então aos poucos seu corpo foi inchando, até seu seio explodir explodir e virar dois grandes rios, e no ventre saíram grandes Orixás como Exu, Ogum, Oxum, Dadá, Xangô, Iansã, Okô, Okê, Ajê, Xalugá, Ossain, Oxóssi, Obá, Olocum, Oloxá, Orum e Oxu.

O encontro de Iemanjá com o mar e com sua felicidade

Na sua infância, Iemanjá tinha seu pai Olokum bastante presente em sua vida. Como era o soberano dos mares, ou seja, tinha o poder das águas, fez uma poção para a filha, que a protegeria de todos os perigos. A orixá guardou sua poção para quando precisasse usar.

Mais tarde, conheceu Oduduá, e se casou. Tiveram dez filhos (um deles foi muito importante futuramente, como contarei ao longo da história), o que fez com que Iemanjá tivesse essa característica maternal e representasse a fecundidade. Porém, este casamento já não a deixava feliz, então resolveu o abandonar.

Durante esse período em que buscava sua própria felicidade, se aproximou do rei Okerê e acabou se apaixonando por ele. Infelizmente, sua paixão era violenta, e a maltratava e a insultava de maneira rude. Iemanjá já estava pensando em fugir de Okerê, então lembrou da poção que ganhara na infância. A usou, e, como o esperado (já que Olokum tinha o poder das águas), a maneira que foi encontrada para protegê-la foi transformá-la num rio, que se encontraria com o mar futuramente, conseguindo correr do rei o mais rápido possível.

Porém, Okerê foi mais rápido e alcançou-a antes de seu encontro com o mar. Para impedi-la, se transformou numa grande montanha, interferindo no caminho do rio. Foi então que o filho Xangô entrou na história. Com a intenção de ajudar sua mãe e seus poderes do fogo, o orixá criou uma tempestade: os raios partiram a montanha ao meio, e a grande quantidade de água da chuva derrubada aumentou o tamanho do rio, permitindo-o seguir seu percurso. E assim, Iemanjá foi capaz de encontrar sua felicidade e se tornou a rainha dos mares.

Ilustração de Isabella Scalabrin.

O nascimento de Iemanjá

Segundo a lenda, com o casamento do céu (Obatalá) e da terra (Odundua), nasceu Iemanjá e seu irmão Aganju. Ela passou a representar as águas e Aganju foi a divindade responsável pelo controle das terras. Da união ocorrida entre ambos nasceram os primeiros orixás a habitarem a terra.

Ilustração de Lucas Lima.

História de Iemanjá

Iemanjá foi casada com Oduduá onde teve 10 filhos orixás, por amamentar tanto os seus filhos seus seio ficaram ficaram enormes, cansada do seu casamento, decidiu morar em outra cidade onde conheceu o rei Okerê onde ficou apaixonada por ele.

Envergonhada pelo seus seios ela pediu para o seu novo marido não zombar de seu seios e ele concordou, porém um dia ele ficou muito bêbado e ofendeu sua esposa, Iemanjá decidiu então a fugir, Iemanjá tinha uma poção que seu pai lhe deu quando estivesse em perigo, durante a fuga ela caiu e quebrou o pote onde estava a poção e essa poção transformou a Iemanjá em um rio, querendo não perdê-la Okerê se transformou em uma montanha onde impedia ela de seguir o seu caminho, nisso ela pediu ajuda ao seu filho Xangô que lançou um raio em direção da montanha e partiu ela ao meio, e onde foi possível a Iemanjá seguir seu caminho e virar a rainha das águas.

Iemanjá

Existe uma lenda que seus seios se tornaram maiores e mais cansados devido a amamentação de todos os seus filhos, característica que ela grande vergonha. Cansada de seu casamento, Iemanjá decidiu deixar seu esposo e seguir em busca de sua própria felicidade. Depois de algum tempo, ela se apaixonou pelo rei Okerê, com quem viveu uma história péssima. Contos falam que, em um dia, após beber demais, Okerê se referiu aos seios de Iemanjá de maneira grosseira, o que fez com que ela fugisse triste e com raiva.

Para escapar da perseguição de Okerê, Iemanjá fez uso da poção dada por seu pai. Assim a Rainha do Mar se transformou em um rio que encontra o mar.

Para recuperar sua esposa, Okerê decidiu interferir no curso do rio, ao se transformar em uma montanha. Mas com a ajuda de seu filho Xangô (que abriu passagem no meio dos vales criados por Okerê), Iemanjá conseguiu seguir seu caminho, tornando-se então a Rainha do Mar.

IBEJIS

Cores - azul, rosa, verde, gosta bastante do colorido.

Ferramenta símbolo - Grandes folhas. Símbolo: infância e brincadeiras.

Força/poder/elemento da natureza - Fogo e ar.

Animal - Macaco colono e coelho, com seu jeito brincalhão.

Características - São gêmeos crianças, muito brincalhões e divertido, eles representam a infância e a diversão.

Saudação - Omi Beijada! Beijiróó!

Os Ibejis desafiam a morte

A morte sempre foi intrometida com os orixás, irritando-os toda vez. Porém, nenhum orixá consegue enganá-la, a morte sempre tem que sair por conta própria, mas ela não era a pior coisa, normalmente só era irritante, um pé no saco!

Certo dia, a morte queria ter um pouco de diversão, então ela irritou os reis da diversão, os Ibejis, dois orixás gêmeos, mas eles podiam ser crianças, mas eram inteligentes e poderosos. Os irmãos estavam vivendo em uma vila, de poucas pessoas presentes, mas as pessoas eram unidas e se conheciam muito bem, parecia a escolha errada para a morte, mas ela queria desafios, em que achava que teria mais diversão.

Ilustração de Joaquim Moraes.

Todos as pessoas tem um tempo certo para morrer, esse era o papel da morte, mas tem um momento certo. Na vila ela chegou, colocando armadilhas nas passagens para os lagos e rios e até matando pessoas, mas a vila percebeu tal presença e começou a se preocupar e se arrumar para um possível ataque. E foi daí que decidiram esvaziar a vila, todos se esconderam em um esconderijo embaixo da terra e armaram armadilhas para a curiosa morte, que de curiosa tinha tudo, e foi ver de perto para entender o que estava acontecendo, e aí, PÁ, caiu na armadilha, fazendo um barulho muito alto, que foi o aviso dos moradores para saber que conseguiram. Mas não era o fim para o plano da morte, que apenas fingiu a situação para provocar a chegada das pessoas.

Então era hora dos Ibejis agirem, eles distraíram a morte com sua canção contagiante, ela não conseguia parar de dançar, enquanto isso, as pessoas na vila lançaram flechas na morte, afastando-a finalmente