Existia uma cidade muito longe daqui que se chamava Riad, essa cidade era pequena e velha. Lá morava um mercador que era pobre , humilde e estava um pouco acima do peso, mas era muito lindo de olhos azuis. Ele trabalhava em um mercado e tinha problemas no coração.
Quando era pequeno achou um papagaio quase morrendo, pois tinha sido acertado por uma bala perdida , então cuidou dele e colocou um graveto na sua perna machucada. Ele tem o papagaio até hoje.
Um dia esse mercador estava trabalhando quando de repente, ouviu um som, então pediu para ir ao banheiro e foi ver o que estava acontecendo. Surpreso, encontrou um pobre bode comendo suas maçãs, ficou muito bravo e colocou o bode para fora do mercado onde trabalhava, mas depois de alguns minutos, ficou com dó do animal, porque ele era muito magro, passava a ser feio de tão magro. O mercador levou-o para dentro do mercado, em seguida lhe deu comida. Quando acabou seu turno, o mercador pegou o bode e o levou para sua casa.
À noite, seu papagaio foi ver quem tinha chegado, eles ficaram conversando por um bom tempo até que o bode decidiu contar um segredo para o papagaio.
Enquanto isso, o mercador se deitou em sua cama e pensou:
-Se eu vender esse bode vou ganhar pelo menos 500 cequins, mas se eu vender o animal para o sultão Faisal vou ganhar o dobro do preço.
No dia seguinte, o mercador acordou bem cedo para vender o bode para o sultão Faisal. Chegando ao castelo do sultão, o mercador disse:
-Olá, prezado sultão! Você compraria um bode saudável e bem alimentado por 1.000 cequins?
-Sim, é claro, cadê o animal?
-Está ali, já vou pegá-lo.
Logo depois o mercador chegou com o bode e o sultão lhe disse:
-Mas que bela porcaria! Que bode mais feio, muito magro e mal alimentado, horrível! Eu nunca vou pagar 1000 cequins por esse bode. Na verdade nem sei se isso pode ser chamado de bode. No máximo eu pago 100 cequins por esse troço que você costuma a chamar de “bode”! Saia do meu palácio agora!
O mercador ficou muito triste e voltou para sua casa.
No dia seguinte, tentou vender o bode para outras cinco pessoas, baixando o preço para duzentos cequins, mas como o sultão, ninguém aceitou. Voltando para casa o mercador pensou, pensou e pensou. Depois de tanto pensar, ele aceitou a proposta do sultão de vender o bode por 100 cequins.
Após alguns minutos, o mercador foi até o palácio do sultão e lhe disse:
-Senhor sultão! Eu aceito sua proposta de vender o meu bode por 100 cequins.
-Olha mercador, achei que ia ser burro de recusar a minha proposta, aqui esta o seus 100 cequins. Agora me dê o seu troço.
-Oh! Que ousadia, o senhor chamar o meu bode de troço, mas aqui está o seu bode.
O mercador saiu do palácio gritando:
-Eu estou rico, graças a Deus!
Quando o mercador chegou em casa, jantou e foi para a cama.
O mercador pensou:
-Nossa aquele bode faz falta, mas pelo dinheiro valeu a pena.
Logo depois dormiu.
No dia seguinte, o mercador ficou pensando o dia inteiro sobre o bode e não conseguia fazer nada sem ele, parece que ele sentia que aquele bode era especial. Depois de pensar tanto, chegou a uma conclusão: se arrependeu de ter vendido o seu querido bode.
O mercador, de manhã, saiu de casa para ir até o palácio do sultão para pegar o seu bode de volta.
Ao chegar no palácio, o mercador viu o sultão maltratando o seu bode e decidiu tomar uma atitude, entrou dizendo:
-Oh, grande sultão, pare com isso! Por favor, pare com isso! Eu devolvo o dinheiro, mas, por favor, me devolva meu bode!
-Não, trato é trato, agora este bode é meu!
-Por favor, me devolva o bode que eu…que eu… eu te dou o dobro do dinheiro.
-Não, trato é trato e ponto final! Guardas, tirem ele daqui!
-Não, espere eu te dou o dobro, não o triplo, não o quádruplo!
-Oh, mercador, agora eu gostei, 400 cequins, quero meu dinheiro, me dê!
-Já vou te dar o dinheiro, mas primeiro, me dê o que me pertence
-Tá bom, aqui está o seu “bode”.
O mercador recebeu seu bode, pegou o animal e saiu correndo do palácio do sultão porque ele não tinha o dinheiro.
O sultão disse bravo:
-Guardas, peguem esse ladrão!
Era tarde demais, o mercador já tinha se escondido atrás dos arbustos e os guardas não conseguiram pegá-lo, mas eles tinham encontrado o papagaio do mercador.
Chegando no palácio, os guardas disseram:
-Rei, não achamos o homem, mas achamos o papagaio dele e podemos chantagear o ladrão!
Antes do rei falar sequer uma palavra o papagaio do mercador disse:
-Sultão, se você quiser eu posso lhe ajudar. Você aceitaria a minha ajuda?
-Sim, papagaio, é claro!
-Sultão, o mercador disse para mim que iria se esconder atrás de uma árvore que está atrás do mercado do sul.
-Mas papagaio, nós estamos no norte é muito longe daqui, e além do mais como o mercador conseguiu chegar lá em tão pouco tempo?
-É…é…é… É que ele foi de cavalo sabe, e o cavalo era muito mais rápido.
-Ah tá, então eu vou de carroça de três cavalos até lá! Tchau papagaio!
Quando o sultão chegou no sul atrás da árvore, o mercador não estava lá, o sultão ficou tão bravo que mandou os cavalos irem depressa até o seu palácio. Ele chegou em seu palácio e viu que o papagaio não estava mais no seu devido lugar.
O sultão ficou muito bravo e gritou:
-Cadê aquele papagaio insolente?!
-Fugiu senhor. - responderam os guardas.
-Mas como vocês deixaram isso acontecer?
-Eu estava com sede e fui beber água!
-E eu estava com muita dor de barriga se eu segurasse ia fazer ali mesmo!
-Mas porque eu lhes pago, se vocês não trabalham!
Ficou um silêncio absoluto até que…
O sultão gritou:
-O que que vocês estão fazendo aqui parados? Vão pegar os cavalos para irmos atrás do mercador e do papagaio maldito dele! Andem, andem.
Foi assim que Faisal e seus súditos ficaram perguntando de pessoa por pessoa sobre o mercador e o papagaio e não tiveram sucesso.
Até que depois de horas e horas, o Faisal falou:
-Olha, eu já to cansado desse papo, eu vou parar agora e amanhã eu vou sair daqui, parece que vocês não prestam!
O sultão saiu irritado do palácio e dormiu pensando sobre esse assunto de o mercador ter roubado o seu bode, pois já era noite.
No dia seguinte, Faisal acordou e nem tomou café da manhã e foi logo procurar o mercador.
Logo Faisal chegou nos guardas e disse:
-Guardas, vamos procurar informações sobre o mercador, o bode e o papagaio. Foi assim que o sultão Faisal decidiu sair da cidade.
Enquanto isso o mercador estava cansado sem água nem comida e perdido com vontade de chorar, mas percebeu que não iria adiantar nada, então, sentou no chão e começou a falar:
-Oh meu bode querido lutei tanto por você , pelo mesmo você poderia me ajudar.
O bode ouviu essas palavras e imediatamente se transformou em um grande Ifrit alto, forte, cabeludo,magro,inteligente, era humilde, nervoso e com uma missão de testar a humildade das pessoas.
O mercador ficou surpreso,como tinha um problema no coração o mercador desmaiou. Logo em seguida o Ifrit fez uma magia que fez o mercador acordar.
O mercador acordou e disse:
-O que está acontecendo aqui?
-Eu sou o seu bode e vim para este mundo para testar a humildade das pessoas e você passou no teste diferente daquele rei Faisal, eu vou castigá-lo e te dar direito de três desejos. -respondeu o gênio.
-Sério, não acredito que eu posso fazer 3 desejos.
-Sim, qual será o seu desejo?
-Meu primeiro desejo é não ter mais esse problema no coração!
-O seu desejo será uma ordem!
Uma fumaça se estendeu pelo lugar formando um nevoeiro em sua volta, quando o nevoeiro acabou, o mercador se sentiu tão bem. Para ter certeza, o Ifrit deu um susto no mercador que já era para o mercador estar infartando, mas nada aconteceu.
O mercador agradeceu o Ifrit tanto, mais tanto, que quase ficou sem voz.
-E aí mercador, você vai querer fazer o seu segundo desejo?
-Sim, eu quero ficar rico e nunca mais trabalhar naquele mercado!
De novo o Ifrit falou:
-O seu desejo é uma ordem.
Aquela fumaça se estendeu pelo lugar, o mercador viu que em sua conta havia muito dinheiro.
Logo depois o Ifrit disse:
-Mercador, se me der licença eu vou prender o Faisal dentro de um jarro de cobre fechado com chumbo, aí não vai ter como o sultão escapar de lá de dentro. Se quiser posso te dar uma carona, você quer?
-Sim, claro, se você quiser, eu aceito.
Quando eles chegaram lá o sultão estava perdido no meio do deserto.
O Ifrit não esperou nem um segundo e colocou o Faisal dentro de um jarro de cobre e liberou os seus capangas para jogar o jarro de cobre de uma montanha.
O Ifrit logo perguntou ao mercador:
-Qual será o seu último desejo?
-Eu quero voltar para casa e me encontrar com a minha família.
-E vocês querem uma carona? - o Ifrit perguntou para os guardas.
-Sim, é claro.
Eles foram para a cidade e quando chegaram lá, os outros guardas e funcionários do sultão foram libertados, assim que souberam que o Faisal morreu.
Tudo se resolveu na cidade Riad, mas quando já era noite o Ifrit perguntou para o mercador:
-Qual vai ser o seu terceiro e último desejo, mercador?
-O meu terceiro e último desejo é que eu vire o sultão para melhorar a minha cidade!
-O seu desejo é uma ordem.
Aquela fumaça se estendeu pelo lugar e de repente o mercador estava em um palácio lindo e grande.
-Agora, se me der licença, eu vou me transformar em um outro animal e ver se ainda existe alguém com o coração tão bom quanto o seu, adeus!
-Adeus, Ifrit! Venha mais vezes me visitar.
Foi assim que a cidade do mercador ficou linda e a maior cidade que você pode imaginar, com os moradores muito felizes e satisfeitos.
Beatriz e Helena C.