Etapas de Elaboração de uma Ação

Por Carolina Fraga - Gestora de Relacionamento e Consultora em Projetos de Gestão Acadêmica na Carta Consulta.

A Pré-Modelagem

A partir da Resolução do CNE/MEC Nº 7, publicada no final de 2018, as IES têm um prazo até dezembro de 2021 para que as atividades de extensão componham, no mínimo, 10% do total da carga horária curricular da Graduação, fazendo parte da matriz curricular do curso. A Resolução esclarece que as atividades extensionistas são as intervenções que envolvam diretamente as comunidades externas às instituições de ensino superior e que estejam vinculadas à formação do estudante. Elas podem ser desenvolvidas por meio de programas, projetos, cursos e oficinas, eventos e prestação de serviços.

Entre outras vantagens, investir na extensão é uma oportunidade para que as instituições desenvolvam atividades importantes para as suas comunidades, diferenciando-se das ofertas educacionais padronizadas que têm gerado a comoditização da educação superior no Brasil.

Com isso, consequentemente, as IES dialogam com a profissão e com o mercado de trabalho, oferecem um ensino mais ético, captam mais alunos, mantem seus estudantes satisfeitos, enfim, geram um ciclo positivo que contribui para a sua sustentabilidade.

Mas, como fazer atividades de extensão que sejam relevantes para os alunos e para a comunidade?

Um bom princípio pode ser fazer uma pré-modelagem.

O que é isso?

A pré-modelagem é um momento anterior à modelagem definitiva da atividade proposta e consiste em uma fase de levantamento de informações que deem subsídios para que a equipe de extensão, coordenadores e professores possam entender se a sua ideia é realmente interessante e se vai gerar adesão por parte dos públicos envolvidos. Para isso, é importante passarmos pelos seguintes passos:

a. Definir o problema a que esta atividade pretende responder

Ao contrário do que muitas vezes acontece, o projeto de extensão deve atender a uma demanda real e não ser formulado anteriormente para só depois buscar um público. Isso só é possível quando as equipes envolvidas têm um relacionamento com a comunidade, o que faz com que identifiquem possíveis problemas e lacunas que possam ser trabalhados por meio da extensão. Assim, o problema deve ser desenhado identificando: a) a causa central; b) as causas imediatas; c) os efeitos do problema.

b. Reunir o máximo de informações possível a respeito do tema geral, dos públicos envolvidos e das empresas ou instituições que se relacionam com a temática

Antes de propor um evento, curso, programa, projeto, etc., é importante conhecer bem o tema. Isso pode ser feito por meio de uma exploração eletrônica pela pessoa ou grupo que está propondo a atividade. Além disso, é importante conhecer outras atividades sobre o mesmo assunto que estejam sendo realizadas por outras IES ou por outros cursos da própria instituição, avaliando os erros e acertos.

c. Definir quais os beneficiários potenciais do resultado da atividade

Como aponta a Resolução Nº 7/2018, as atividades de extensão, entre outras coisas, devem promover o diálogo construtivo e transformador com os demais setores da sociedade brasileira e internacional e, além disso, expressar o compromisso social da IES com todas as áreas. Assim, é importante pensar sobre quais são os públicos beneficiários do projeto, identificando também quais os resultados da atividade para cada um deles. Isso é importante tanto para que os resultados do projeto sejam alcançados, quanto para desenvolver os argumentos da justificativa em um possível financiamento da atividade.

d. Explicar o produto que a atividade vai gerar

Com o problema identificado, as informações sobre o tema analisadas e o público definido, é hora de delimitar qual o tipo de resposta que a IES dará para a resolução do problema identificado. Vai ser um uma prestação de serviços? Um protótipo? Um conhecimento? Um bem artístico? Nesta hora, é importante pensar duas coisas:

a) o que é factível para a IES e

b) isso realmente irá colaborar para a resolução do problema?

e. Definir o cronograma, os custos e as formas de financiamento

Após a definição do produto, já é possível estabelecer algumas questões bem práticas, como o tempo de realização da atividade. Neste estágio também podem ser estabelecidas as possibilidades de atuação interdisciplinar e a forma como estas horas se adequam à matriz curricular. Além disso, é possível indicar, em termos gerais, quanto esta atividade irá custar. Outra ação importante é fazer um quadro com as possibilidades de financiamento da atividade, seja por meio da venda de um produto/serviço, através do patrocínio de empresas da região, de doadores, ou de recursos da própria IES.

f. Consultar pessoas e avaliar a ideia

Este é o momento de discutir a ideia com os alunos, as entidades de terceiro setor, as empresas, ou os demais públicos relacionados ao tema, utilizando metodologias como brainstorming (em Minas e na Carta Consulta chamamos de toró de parpite, e é o já conhecido processo de gerar o maior número de ideias possíveis sobre um tema específico, sem críticas, em um tempo limitado) e escrita colaborativa (em um ambiente colaborativo online, as pessoas podem escrever, editar e remover textos, chegando a um produto final desenvolvido de forma colaborativa). O objetivo é colher ideias, remodelar e, importante, avaliar se a atividade é interessante para estes públicos. Se não for, não hesite em descartar e partir para outra!

g. Iniciar o ciclo outra vez

Este passo é o último da pré-modelagem e a partir dele a pessoa ou equipe que está propondo a atividade deve ratificar ou remodelar os resultados dos cinco primeiros passos, mas contando agora com as contribuições das pessoas envolvidas com a temática.

Sobre a autora:

Carolina Fraga - Gestora de Relacionamento e Consultora em Projetos de Gestão Acadêmica na Carta Consulta. Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social da Universidade Federal de Minas Gerais. Possui MBA em Administração Acadêmica e Universitária e é graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo.

Linkedin: https://www.linkedin.com/in/carolina-fraga-95b55a108/.