Se pudéssemos voltar no tempo à época dos nossos avós e bisavós poderíamos testemunhar a formação do espaço geográfico brasileiro e descrever o nosso país marcado pelo trabalho no campo, ou seja, no setor primário, onde as pessoas praticavam o extrativismo vegetal, animal e mineral, a agricultura e a pecuária. Muitas dessas atividades eram voltadas, principalmente, para a subsistência e nas localidades cujas imediações com ferrovias haviam grandes produtores de gêneros tropicais que eram levadas até os portos, embarcados com destino principal aos países europeus. Recuando mais um pouco, até o período colonial, veríamos o Brasil sendo ocupado por grandes fazendas que tinham o objetivo principal de cultivar um único gênero e que também eram enviadas para fora do país.
O campo era provedor de quase tudo, o sul diferente das demais regiões prevaleceram as pequenas e médias propriedades, porém o restante do país foi marcado pelas grandes propriedades, os latifúndios, que voltavam-se para a monocultura e a exportação dos seus gêneros. Essas propriedades plantavam gêneros únicos como cana de açúcar, café e mais recentemente a soja, destinadas principalmente para o comércio externo e rendendo muitos lucros. Atualmente, o Brasil possui uma agricultura fortíssima tornando-nos dependentes desse setor.
Entretanto, vale lembrar que o espaço rural no Brasil, após a sua modernização, agora, possui serviços diversificados e não se volta mais exclusivamente às atividades agrícolas do setor primário, em outras palavras, ambos espaços, o rural e o urbano cada vez mais tem-se conectado e criado uma relação de interdependência, porque as tecnologias utilizadas no campo são criadas pelo setor terciário e fabricadas no setor secundário a partir do trabalho humano nas cidades. Dessa forma os setores primário e secundário tornam-se próximos, pois, agora, a colheita da lavoura de tomate, por exemplo, é enviada para a fábrica de extrato e polpas de tomates que se encontram bem próximas, ainda no espaço rural. Outro exemplo para sua compreensão é a criação de aves e suínos que estão no setor primário, junto ao espaço rural, mas nas suas proximidades há a presença dos frigoríficos. E, por fim outro exemplo, imagine o cultivo da soja plantada em grandes áreas e colhida por máquinas que também foram planejadas no setor terciário e fabricadas pelo setor secundário presente no espaço urbano de uma cidade, mais uma vez, confirma-se a interdependência dos setores da economia, do campo (espaço rural) e da cidade (espaço urbano).
Mas são as pequenas e médias propriedades da agricultura familiar que mais empregam os trabalhadores do campo, já que as grandes propriedades passaram por um grande processo de modernização que chamamos de “revolução verde” através do uso de tecnologias e da mecanização das tarefas no campo aumentando a produção, mas em contrapartida dispensando os postos de trabalho, ou seja, desemprego que vai originar o fenômeno do êxodo rural no qual as pessoas sem emprego migram para as cidades em busca de melhores condições de vida.
A agricultura familiar que é detentora de pequenas propriedades usa como mão de obra os integrantes da própria família e se caracteriza pela policultura destinando parte da sua produção no primeiro momento para sua subsistência e toda sobra da sua produção é responsável por abastecer a maior parte do mercado interno do Brasil, visto que, as grandes propriedades basicamente produzem apenas para a exportação.
No Sul do Brasil esse cenário possuía suas próprias características, dado que no passado a grande parte da população vivia no espaço rural e eram poucas as áreas que davam primeiros sinais de avanços no processo de urbanização como no litoral de Santa Catarina com destaque para a capital do estado, Florianópolis, Blumenau no Vale do Rio Itajaí-Açu, e Joinville localizada ao norte-nordeste do estado.
Aos poucos, graças aos conhecimentos trazidos pelos imigrantes europeus, as pequenas cidades da época despertam sua vocação fabril. Cada qual seguindo uma determinada linha de produção de bens como, por exemplo, metal-metalúrgica, motores elétricos, têxteis e cristais. Com o passar do tempo os lugares próximos que compunham esse espaço geográfico adquiriam importância por estarem de alguma forma envolvidas, ora como consumidores, ora por encaminharem as mercadorias através dos seus portos às diversas partes do mundo.
Mas é nas atividades econômicas do estado de Santa Catarina que percebemos o quão importante é a diversidade do trabalho humano, fato que se explica por sua forte participação nos três setores da economia.
A porção Oeste e Meio-Oeste de Santa Catarina as atividades voltam-se para a agroindústria com destaque a suinocultura e criação de aves (frangos, perus) realizada pelos pequenos e médios produtores que trabalham integrados e associados às agroindústrias. Ainda nesta região encontramos o cultivo das maçãs como importante atividade econômica.
A Região Serrana destaca-se pela produção de papel e a criação de gado bovino (maior rebanho bovino de Santa Catarina), o turismo de inverno e a produção de maças no município de São Joaquim.
O Planalto Norte volta-se para a indústria moveleira, portas, papel, papelão e celulose a partir das plantações de Pinus Elliottii e, ainda nessa região, há presença importante das indústrias de cerâmica.
A Região Nordeste o grande destaque é para o polo eletro-metal-mecânico que compreende fábricas de motores, parafusos, carrocerias de ônibus e laminação de aço como as principais atividades do setor secundário e o cultivo da banana nas proximidades de Joinville e Garuva como exemplo da atividade do setor primário.
No Vale do Itajaí e litoral próximo destaca-se, principalmente, a indústria têxtil e do vestuário, cristais, informática, pesca e, ainda, a agroindústria como o processamento de suínos e o cultivo do arroz, sendo que o estado de Santa Catarina ocupa o segundo lugar na produção nacional desse gênero.
O Vale do Rio Tijucas além da presença do turismo religioso como é o caso de Nova Trento (Madre Paulina) destacam-se as indústrias de calçados em São João Batista e Porto Belo no ramo das cerâmicas com a produção de pisos, azulejos e porcelanatos.
A região da grande Florianópolis tem sua importância por se tratar da capital administrativa do Estado, pela presença de serviços como a educação técnica e superior, atividades turísticas e com destaque especial para as empresas de tecnologias. Junto aos municípios da Grande Florianópolis destacam-se a produção das hortaliças como atividade do setor primário.
O Sul de Santa Catarina onde cidades como Criciúma, Tubarão e Araranguá se destacam como a Região Carbonífera devido a extração do carvão mineral utilizado nas termoelétricas para a produção de eletricidade. Nesta região encontram-se também presentes as indústrias cerâmicas e plásticos descartáveis, além da produção do arroz.
Plantation no Brasil Colonial
Beneficiamento de carnes de aves
Agricultura familiar em Santa Catarina
Vista parcial da cidade de São Paulo (SP)
Favela Penha-Brasil, Zona Leste de São Paulo (SP)