• Nasceu na região da Baviera em 1781. Ingressou na Escola Episcopal muito jovem, aos 11 anos. Aos 19 anos doutorou-se em Filosofia. Em 1807, tornou-se doutor em Medicina, mas encontrou sua verdadeira paixão no campo das Ciências Naturais
• Primeiro Curador de Zoologia da BayerischeAkademieder Wissenschaften(Academia Bávara de Ciências)
• Em parceria com Martius e diversos naturalistas, realiza uma expedição científica ao Brasil. Nela foi capaz de catalogar mais de 3.000 espécies de animais brasileiros, alguns deles acabaram sendo batizados em sua homenagem, como a Cyanopsittaspixii, mais conhecida como Ararinha Azul
• Faleceu aos 44 anos, deixando obras inacabadas.
• Médico, naturalista, botânico e antropólogo, nasceu na região da Baviera em 1794.
• Responsável por dividir o Brasil em 4 dos 6 biomas que conhecemos até os dias atuais: Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Selva Amazônica (além deles temos também os Pampas e o Pantanal).
• Patrono do Instituto Martius-Staden, juntamente com Hans Staden.
O zoólogo Johann Baptist von Spix e o botânico Carl Friedrich Martius figuram entre os mais famosos e importantes viajantes que já desembarcaram no Brasil. O século XIX foi um período de intensa movimentação no país com a chegada de cientistas e artistas empenhados em descobrir e reproduzir em seus estudos e obras a biodiversidade brasileira: Spix e Martius, mais especificamente, embarcaram então na que ficou conhecida como expedição austríaca que, além de razões políticas, nas palavras do imperador Maximiliano I do então reino da Baviera, tinha o intuito de realizar investigações científicas pelo bem da ciência e da humanidade.
De fato, a viagem dos dois pesquisadores propiciou a mais completa exploração da fauna e da flora brasileiras até os dias de hoje, dando origem a uma série de produções responsáveis por revelar detalhes fascinantes e profundos do Brasil ao Velho Mundo: Spix e Martius lançaram as bases para a divisão dos biomas brasileiros além de catalogar quase metade de todas as espécies de plantas brasileiras até hoje conhecidas. Em apenas 3 anos — de 1817 a 1820 — os naturalistas percorreram mais de 10 mil km, passando por diversos estados, entre os quais São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Piauí, Maranhão, Pará e Amazonas, legando uma vasta produção científica publicada em diversos volumes e, ainda, um relato da viagem, intitulado Viagem pelo Brasil, publicado em 1823.
O novo mundo: do primitivismo ao exuberante desconhecido
A influência dos estudos de Spix e Martius é tal que ultrapassa até mesmo o ramo científico, tendo contribuído grandemente para a produção literária de Johann Wolfgang von Goethe. O poeta alemão, atraído pelos estudos de botânica, se correspondeu com Martius e ainda o encontrou algumas vezes quando este retornou da viagem ao Brasil. Além disso, há fortes indícios de que tenha lido Flora Brasiliensis enquanto escrevia a segunda parte de seu célebre poema trágico, Fausto: segundo o professor do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo, Marcus Mazzari, as metáforas botânicas presentes em Fausto II podem ser fruto da influência dos estudos legados por Martius, nos quais Goethe demonstrava interesse.
Mas não foi Goethe o único a beber em fontes alheias para o desenvolvimento de seu trabalho: da mesma forma que o autor serviu-se dos estudos da fauna realizados por Martius, Martius também serviu-se da produção do poeta para aperfeiçoar sua própria escrita. Além de ter lido Metamorfose das Plantas, obra escrita por Goethe em 1790 — e que o denuncia um também excepcional cientista —, Martius leu Fausto I. Há registros, inclusive, de poemas por ele escritos sobre os locais por onde passou no Brasil.
O país que era antes visto como “exótico” pelo olhar estrangeiro, primitivo do ponto de vista de relatos como os de Hans Staden no século XVI e sua exposição de episódios de canibalismo, selvagem pela imagem estereotipada atribuída à população indígena, passa, finalmente, a partir do século XIX, a ser lido através de uma perspectiva mais científica. Essas imagens pré concebidas do Brasil, porém, não desapareceram de súbito do imaginário comum; no entanto, ganharam outros contornos que deixaram de se referir somente ao excêntrico, mas sobretudo à grande diversidade natural que abriga.
No período da viagem, entre 1817 e 1820, os exploradores viveram muitos martírios, passaram por tempestades, secas, doença, sede. Spix e Martius retornaram à Europa levando uma vasta coleção de amostras e desenhos da fauna, flora e etnografia brasileiras.
Entre os suvenires transportados para a Europa, 6.500 plantas e sementes, 2.700 insetos, 85 mamíferos, 350 pássaros, 150 anfíbios e répteis, além de 116 peixes e 2.700 insetos, exemplares preparados e alguns mesmo vivos – incluindo seres humanos.
A dupla chegou na Alemanha com duas crianças indígenas, de duas tribos distintas, uma menina e um menino, que morreram meses após o desembarque na Europa. "Eles levaram seis índios da Amazônia, dois deixaram no Brasil, dois morreram durante a travessia do Atlântico", lembra a historiadora Karen Macknow Lisboa.
"Como eles adquiriram essas crianças é ainda um ponto de interrogação, mas tudo indica que elas foram escravizadas ilegalmente", frisa. ″Citamos isso nos painéis da mostra de maneira crítica. Mas também situamos dentro do contexto da época, quando esse tipo de prática não era incomum", ressalta. "O próprio Martius, em seu díário, quando mais velho, retoma o episódio e faz uma espécie de mea-culpa em relação a isso."
Parte da coleção etnológica brasileira dos exploradores ainda pode ser vista em museus de Munique. Artigos de caráter etnográfico, como máscaras indígenas, adereços, armas e outros utensílios se encontram no Museu dos Cinco Continentes, também na capital bávara.
O material foi usado como base para a produção de uma série de estudos sobre botânica e zoologia brasileiras, publicados nos anos seguintes. O relato da jornada em três volumes, Reise in Brasilien (Viagem pelo Brasil), está entre as primeiras dessas obras.
Martius foi responsável pelo lançamento da maior parte dos livros. Mesmo com saúde abalada nos anos seguintes, Spix finalizou alguns trabalhos importantes, contendo descrições de espécies de animais tropicais. Mas parte de sua contribuição foi impressa após ele ter morrido, em 1826, quase seis anos após deixar o Brasil, de doença adquirida nas matas tropicais.
Exuberância brasileira
Em seus escritos, os autores descrevem e ilustram detalhadamente aspectos da exuberância natural do Brasil. Uma das contribuições de maior destaque de Martius é a monumental Flora Brasiliensis, ainda considerada a mais importante obra sobre a botânica brasileira, distribuída em 15 volumes subdivididos em 40 partes, originalmente publicados na forma de 140 fascículos individuais e lançados ao longo de seis décadas. O trabalho descreve um total de 22.767 espécies.
Das mais de 3 mil espécies de animais catalogadas pela primeira vez pelos naturalistas alemães, algumas acabaram sendo batizadas em homenagem aos pesquisadores. Um exemplo é o nome científico da ararinha-azul, que homenageia Spix: Cyanopsitta spixii. Atualmente considerada extinta na natureza, a espécie (a mesma do personagem principal da animação da Disney Rio) só é encontrada em cativeiro.
Em três alentados volumes, o zoólogo Johann Baptist von Spix e o botânico Carl Friedrich Philipp von Martius partem do Rio de Janeiro em direção a São Paulo. Depois, ingressam em território mineiro até Vila Rica. Enveredam pelo interior a caminho de Belém, através das vastas regiões do Distrito Diamantino, Salvador, Ihéus, Juazeiro e São Luís do Maranhão. Avançam pela ilha de Marajó, pelo Tocantins, Xingu, Tapajós, rios Negro e Madeira. A descrição abrange numerosas vilas das margens dos rios e do interior como Fortaleza da Barra, Parintins, Vila da Ega, Tabatinga, Barcelos e outras tantas paragens. Um dos mais importantes registros de cientistas estrangeiros sobre o Brasil Colônia e suas riquezas humanas e naturais. Um vislumbre de um novo país independente que, com sua descrição geográfica, humana, cultural e científica, revela um Brasil ainda hoje inóspito e pouco conhecido pelos brasileiros. Acompanham a coleção dois mapas com o roteiro da viagem. Três tomos.
Inclui notas explicativas e bibliográficas.
Publicação baseada na edição de 1938, promovida pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Tradução de Lucia Furquim Lahmeyer, com revisão de B.F. Ramiz Galvão e Basilio de Magalhães. Notas de Basilio de Magalhães.
Título original: Reise in Brasilien.
Spix, Johann Baptist von, 1781-1826
Outros autores : Galvão, Benjamin Franklin Ramiz, 1846-1938 | Lahmeyer, Lucia Furquim, 1864-1954, trad | Magalhães, Basílio de, 1874-1957 | Martius, Carl Friedrich Philipp von, 1794-1868
Publicador : Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial
Data de publicação : 2017
Descrição física : 3 v. : il.
Série : Edições do Senado Federal ; 244-A-244-C
Assuntos : Expedição científica, memórias, Alemanha, Brasil, 1817-1820 | Índios América do Sul | Recursos minerais, Brasil | Viagem, memórias, Brasil, 1817-1820
Cobertura geográfica : Brasil, geografia histórica
Responsabilidade : Spix e Martius ; tradução de Lúcia Furquim Lahmeyer.
ISBN : 9788570188755 | 9788570188762 | 9788570188779 | 9788570188786
Endereço para citar este documento : https://www2.senado.gov.br/bdsf/handle/id/573991
Recurso relacionado : https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/518757