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O que é inteligência artificial?

De um modo genérico, inteligência artificial (IA) é definida como a área da ciência da computação em que sistemas completam tarefas ou resolvem problemas que demandem intelecto. Na IA, a máquina tenta emular a inteligência humana. Essa mímica é sempre limitada pelas funcionalidades para as quais a máquina foi programada.

É possível "conversar" com o Google Assistant, por exemplo,  porque o sistema foi programado para, entre outras coisas, (i) processar a linguagem humana, inclusive em diferentes idiomas, (ii) realizar extensas buscas e (iii) retornar os resultados considerados relevantes. Essa forma de interação não é criativa ou consciente: há, na verdade, a emulação (potente, diga-se) de um ou mais comportamentos humanos. Por ser uma emulação, a tarefa pretensamente inteligente que a máquina desempenha é artificial e sempre limitada por códigos de programação -- por mais impressionantes que sejam a performance da máquina e a sofisticação do seu código.

O fato de o público em geral não entender tecnicamente como carros podem "dirigir por si sós", por exemplo, não torna a máquina genuinamente inteligente. Seres humanos, e não máquinas, desenvolveram a tecnologia self-driving car.

Então, se a IA é limitada, por que usá-la?

Sistemas de IA são capazes de processar dados e completar tarefas numa velocidade incrivelmente superior a de qualquer ser humano. Isso permite aumentar a produção de atividades, serviços e produtos, trazendo, por conseguinte, maior eficácia e qualidade de vida. Acredite: o casamento entre a criatividade do ser humano e a operacionalidade da máquina produz resultados incríveis!

Veja-se o AppCrim, por exemplo. O sistema de IA:

(i) guia o usuário por meio de perguntas relevantes ao caso concreto -- questionamentos para os quais muitos usuário não dariam atenção, não fosse o auxílio do sistema;

(ii) interpreta um grande universo de regras jurídicas aplicáveis à temática e seleciona aquelas pertinentes ao caso em questão -- regras que, muitas vezes, escapam ao conhecimento do usuário, até mesmo entre os mais experientes, seja por esquecimento, seja por desconhecimento; e

(iii) oferece, em segundos, resposta ao problema penal descrito, na forma de um texto juridicamente fundamentado e pronto para utilização em peças e decisões -- seres humanos não resolvem casos penais, nem produzem minutas, em tão pouco espaço de tempo.

Significa que, com a disseminação da IA no Direito, juristas deixarão de ser necessários?

A resposta é óbvia: não, juristas sempre serão indispensáveis. A diferença é que, com o uso crescente da IA no Direito, a produção de tarefas jurídicas e a sua eficácia serão incrementadas dia a dia.

No AppCrim, a palavra final será sempre do usuário. O objetivo do sistema é otimizar a performance do profissional do Direito, e não substituí-lo -- o que seria impossível, por sinal.

Como o Sistema de Justiça enxerga a adoção da IA?

Observe-se, por exemplo, o que ocorre atualmente no Judiciário.

Em fevereiro de 2021, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou o relatório Tecnologia Aplicada à Gestão dos Conflitos no Âmbito do Poder Judiciário com Ênfase em Inteligência Artificial, que apresenta um inventário inédito dos projetos de IA implementados e em desenvolvimento nos tribunais brasileiros e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A pesquisa teve como coordenador o Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Luis Felipe Salomão. Segundo as considerações finais do relatório (p. 71):

"Os dados apresentados neste relatório permitiram verificar o desenvolvimento dos sistemas de inteligência artificial, a qual vem sendo tratada como a grande aliada do aumento da produtividade do Poder Judiciário brasileiro, havendo importante investimento direcionado à automação de algumas atividades. Não há dúvidas de que a tecnologia pode tornar a justiça mais efetiva e com mais qualidade."

A propósito, o estudo salienta às fls. 22 e 69 que sistemas capazes de efetuar a dosimetria da pena ou analisar a prescrição penal -- duas das principais funcionalidades do AppCrim -- são exemplos de IA aplicada ao Direito admitidos pelo CNJ.

Criador e programador do AppCrim: Mauro Messias

Master of Laws (Universidade da Califórnia em Los Angeles, Estados Unidos), com período de trabalho no Ministério Público da Califórnia em Los Angeles. Computer Science certificate program (Universidade de Harvard, Estados Unidos). Autor de livros (Editoras Lumen Juris, D'Plácido e Mizuno). Professor de Direito Processual Penal (RSC Online/JusPodivm). Criador e programador do "Sistema de Inteligência Artificial AppCrim", premiado em 1º lugar pelo Conselho Nacional do Ministério Público, em 2021. Redator pela CONAMP da petição inicial e de pedido liminar nas ADIs 6919/DF e 6305/DF, respectivamente, bem como de memoriais perante o STJ acerca do pedido de revisão da Súmula 231 deste tribunal. Integrante do Grupo de Trabalho “Governança de Dados e Transformação Digital no Ministério Público”, no âmbito da Comissão de Planejamento Estratégico do CNMP. Membro do Ministério Público.

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