O SOM INSPIRADOR DO CLUBE DA ESQUINA
Uma viagem pela música
CONHEÇA O CLUBE DA ESQUINA
A expressão Clube da Esquina surgiu na década de 1960 e tem sido utilizada para se referir a um grupo de compositores, cancionistas, na sua maioria mineiros, tendo Milton Nascimento como personagem centralizador. Em 1972 lançaram o Clube da Esquina 1 e no ano de 1978, o Clube da Esquina 2, assim como vários outras obras. Tiveram a cidade de Belo Horizonte, MG, como local de formação inicial, e o bairro Santa Luzia como local de encontros e fomentação da criatividade.
O grupo, formado por jovens, se encontravam na esquina entre as ruas Divinópolis e Paraisópolis em busca de compor músicas. Então, foi literalmente em uma esquina de Belo Horizonte, que um grupo de jovens compôs músicas que posteriormente ficaram conhecidas nacional e internacionalmente.
🎵 INTEGRANTES
ÁLBUNS
FONTE: CAFI
O primeiro álbum lançado pelo Clube da Esquina, foi gravado entre 1971 e 1972, e contém 21 músicas. Por conta da censura existente no período, o álbum Clube da Esquina surge como inovação, tendo a riqueza da obra no intercâmbio de diversos gêneros musicais. Algumas das músicas do álbum são “Nada Será Como Antes”, “Paisagem da Janela” e “San Vicente”.
O segundo álbum do Clube da Esquina, também chamado de Clube da Esquina 2, foi lançado em 1978, continua com a diversidade presente no álbum anterior, e ao mesmo tempo, dá expressão e fortalece o movimento musical dos jovens. Possui 23 músicas, contendo desde canções de amor, até sambas. Algumas das músicas existentes no álbum, são “Credo” e “Ruas da Cidade”.
FONTE: EMI
O CLUBE DA ESQUINA E A
DITADURA CIVIL MILITAR
O início da ditadura militar no Brasil, na década de 60, gerou uma grande insatisfação da população por causa das restrições feitas pelo governo, dessa forma, os artistas organizaram-se contra o regime militar utilizando a arte como sua principal resistência. Neste período, músicas foram criadas abordando a realidade do país.
O Clube da Esquina aborda temas diferenciados em suas letras como sentimentos de melancolia e as paisagens de Minas Gerais. Além disso, havia a luta contra o regime no país, demonstrando a situação política no Brasil e sua importância em representá-la artisticamente. Inicialmente, o foco do grupo não era analisar a ditadura em suas músicas, mas por crescerem no ramo artístico nesse período, seus repertórios musicais e literários não poderiam ser separados do contexto histórico.
FONTE: Rádio Batuta
Mineiridade é uma expressão normalmente empregada para se referir à suposta identidade do "povo mineiro". O vínculo que os artistas do Clube da Esquina estabeleceram com esta literatura é o modo como eles captavam mudanças da vida cotidiana e as abordagens que teciam sobre os vários lugares e tempos alocados na memória.
O Clube da Esquina fazia referência a literatura mineira, falando da vida cotidiana em suas canções. Lô Borges uma vez perguntado sobre como é descrever Minas Gerais em música, fala que a Inconfidência é o manancial da alma mineira, que os mineiros de algum modo estavam arraigados em sua terra, mas com olhos e ouvidos abertos para o mundo em busca de liberdade.
FONTE: Museu Clube da Esquina
A obra de Milton Nascimento e do Clube da Esquina se tornaram, ao longo do tempo, referências estéticas essenciais para a compreensão da identidade do estado de Minas Gerais.
A música “Credo” é importante para pensar na música como um meio de resistência política, devido a diversas analogias e críticas à ditadura.
Essa música traz mensagens de esperança e boas visões, como semear liberdade e sonhos, "apagando a escuridão" da opressão da ditadura. Importante ressaltar também que a questão da "fé no povo”, pois a própria música menciona “tenha fé no nosso povo que ele resiste”, portanto, é um ótimo exemplo de resistência e força.
Vale a pena mencionar que o início e o final dessa música foram extraídos de "San Vicente", canção sobre opressão de Milton Nascimento e Fernando Brant que aconteceu durante o período em El Salvador.
Essa música aponta de uma maneira poética e esperançosa o contexto histórico que aparece na letra de forma sútil. Importante destacar que diversas músicas do Clube foram escritas justamente para fazer oposição à opressão, assim, tendo a arte uma de suas maiores aliadas. Portanto, essa é uma das músicas que retrata essa resistência.
Muitas pessoas acreditam que a música "Paisagem da Janela" foi escrita inspirada nas paisagens de Diamantina, mas na verdade refere-se ao bairro dos Funcionários, em Belo Horizonte.
Brant usa da metalinguagem para falar de si mesmo. A música é um reflexo do momento conturbado que Minas Gerais passava.
Brant também disse que os primeiros versos são resultado de quando ele estava em seu quarto. Lá, ele observa a igreja de Lourdes e afirma que é um símbolo cristão, já que a religiosidade também é um dos importantes traços do povo mineiro. Ele também observa um muro, os pássaros voando, uma grade e um velho sinal.
O autor faz um pensamento sobre suas circunstâncias, sobre a sociedade e a triste e difícil realidade do que se passava na época. E é aqui que começa a imaginação, as lembranças e as metáforas.
Na música, Lô Borges conta um pouco de sua vivência: "A polícia era tão arisca, tão sorrateira, que eu tinha que pular o muro da casa do vizinho, e jogava o violão, porque a polícia estava dando dura".
A insatisfação e resistência na música é presente, utilizando da metalinguagem, no trecho "A parede das ruas, não devolveu, os abismos que se rolou".
Importante destacar a história da capital mineira. Belo Horizonte foi o exemplo de cidade ideal na Primeira República e o centro da execução do golpe de Estado realizado em 1964, dando início à Ditadura Civil Militar.
Com essa canção, o Clube da Esquina faz questão de afirmar e reforçar que a sociedade brasileira é fruto de uma miscigenação e destacar as nossas raízes.
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Clube da Esquina, resistência e mineiridade
"Nada será como antes"