GRAFITE

GRAFITE e SAM?

Uma das importantes características da SAM é como ela reflete nas artes atuais, revelando traços do futurismo, cubismo, dadaísmo, surrealismo e expressionismo, porém com temáticas atuais. Também é importante destacar a ausência de formalismo estético e da padronização nessa eloquente ruptura com o academicismo e o tradicionalismo.

As obras de Di Cavalcanti e o grafite

Em homenagem ao centenário da Semana de Arte Moderna, vamos mostrar o impacto que esse evento teve na arte brasileira, dando foco principalmente às obras do pintor Di Cavalcanti. Ele nos mostra suas inspirações: a busca pela identidade nacional brasileira, a quebra de padrões morais e de convenções sociais impostas pela sociedade. Além desses elementos, o artista multivalente cria um repertório artístico visual colorido, sensual, com muitas formas, ritmo e movimento.

Os artistas da SAM trazem, concomitante à ausência de formalismo ou padronização, a liberdade de expressão. Essa nova forma de significar a arte valoriza as experimentações estéticas, além de trazer fortes críticas ao modelo parnasiano.

A seguir, vamos apresentar artistas do século XXI que partilham os ideais vistos nas obras de Di Cavalcanti e de outros modernistas, artistas cuja temática de trabalho é voltada para questões sociais e valorização do negro, do samba, da arte na periferia e exaltação da mulher e de seu papel social.

Outro ponto de ligação é o fato de os artistas da SAM terem defendido a ideia de que a arte não deveria ser um objeto cultural apenas para a burguesia, essa concepção pode ser observada na fala de Di Cavalcanti “Seria uma semana de escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesia paulista.”, e é possível perceber esse mesmo desejo de popularização e democratização da arte no grafite, pelo fato de sua tela ser, na maioria das vezes, uma parede de rua, exposta ao público em geral.

O grafite é uma expressão de arte que ressoa esses elementos, nesse sentido, trabalha com a real valorização da identidade e cultura brasileira, prima pela liberdade de expressão. Essa ruptura com os padrões se dá por meio da aproximação da linguagem oral, muitas e repetidas vezes com utilização da linguagem coloquial e vulgar. Outra característica marcante dessa arte de rua são as experimentações estéticas, que fazem da arte do grafite uma expressão cultural viva e dinâmica.

Nina Pandolfo

Complexa alma feminina

Em sua obra, Nina Pandolfo reflete um novo olhar sobre os sentimentos, a sutileza e a força feminina. Parece conseguir captar a alma da menina mulher em seus traços. Também é possível perceber o destaque dado ao tom sereno da maturidade.

Outros elementos que compõem o conjunto dessa artista são a representação do amor e da inocência, levando as pessoas a refletirem sobre a complexa construção da identidade da mulher. Gradação de cores, diversidade de formas e corpos, figurinos inusitados, cenários marcantes, olhos muito expressivos, todos esses recursos revelam o dinamismo da artista que tem sua marca registrada: seus gatos.

Eduardo Kobra

Mural Etnias

A obra de Kobra, ‘Todos Somos Um" (Etnias), está localizada na Zona Portuária do Rio de Janeiro, em uma parede de um prédio abandonado e se transformou no maior mural individual do mundo. Ela se relaciona com as obras de Di Cavalcanti, pois utiliza técnicas muito presentes nas obras desse artista como o cubismo e expressionismo, formas geométricas, cores muito fortes e vibrantes.

Além dessas características, tanto Di Cavalcanti quanto Kobra abordam temáticas sociais e demonstram grande preocupação com questões sociais.

Fachada da sede da ONU, Nova York.

O mural feito pelo artista Eduardo Kobra trabalha a ideia de sustentabilidade, Kobra diz que quando recebeu o convite, pesquisou sobre o tema da Assembleia Geral e viu que convergia para os assuntos que cada vez mais fazem parte do seu trabalho. Representou a temática através de um pai entregando a Terra para a filha. A cena nos leva à reflexão de que o futuro do planeta é a próxima geração que está por vir, nós devemos acolher e cuidar dele.

Os Gêmeos

Projeto "Gigantes"

Nesta obra é clara a influência de Di Cavalcanti, as cores vibrantes, o corpo irregular, suas proporções alteradas para fortalecer o aspecto de expressionismo no seu mural, destacando estilos diferentes também. Assim como ele, Os Gêmeos têm em seus murais, a influência dos artistas brasileiros para os gringos.

Mural em Nova York dedicado ao Hip Hop

O mural em Nova Iorque dedicado ao Hip Hop, de 2017, feito pelos artistas gêmeos, nos traz a reflexão sobre essa representação artística, é um mergulho em um novo estilo de vida que tem adeptos pelo mundo todo, não discriminando cor, idade ou classe social. Revela-nos a importância de dar voz a esse movimento, para agrupar povos que se sentiam excluídos da sociedade, uma forma inclusive de protesto.