Gastronomia do Porto

Francesinha

Iguaria das noites do Porto, do fora de horas ou da refeição rápida, esta receita nasce na cidade nos anos sessenta numa inovação do croque-monsieur que um emigrante tantas vezes fizera em França, onde trabalhava. A sua forma abundante na quantidade e na diversidade dos artigos que a acompanham, adubada com um molho de marisco picante, veio de facto ao encontro das gentes do Porto que gostam de comidas com sabores carregados e de bom sustento. É, pois, um prato jovem, de convívio, grande na porção, quente no palato, inventivo na receita.


Tripas à moda do Porto

O prato que dá o nome às gentes do Porto tem uma longa história. Embora existam várias receitas de tripas, como as de Caen, Lyonaises ou os callos à Madrileña, nenhuma assumiu um enquadramento histórico como as do Porto. A versão mais popular da lenda/história e que tem mais defensores e suporte histórico tem origem na grande aventura das Descobertas em que um filho da terra, o Infante Dom Henrique, precisando de carne para abastecer as suas caravelas para a conquista de Ceuta terá pedido ao povo ajuda no fornecimento das embarcações para tão grande empresa. O povo do Porto acorreu ao chamamento do seu Príncipe e logo encheu na quantidade necessária as barricas de madeira com carne salgada, ficando com as tripas que cozinharam em estufado grosso com enchidos e carne gorda, acompanhado na altura com grossas fatias de pão escuro. Mais tarde foi adicionado o feijão branco, conquista da descoberta de novos mundos, que também teve origem no mesmo senhor que encheu de carne os porões das suas caravelas. O prato ficou para a História de uma cidade que se revê não só nesta iguaria suculenta de aromas de cominhos e pimenta preta, adubada com enchidos de fumeiros caseiros e galinha gorda, mas sobretudo no gesto de entrega num dos momentos altos da nação portuguesa.