O racismo é um conjunto de ideias que prega a diferenciação, a inferioridade de determinados indivíduos e grupos, apenas em razão de suas características físicas e genéticas. Inclui a falsa ideia de que pessoas ou grupos são superiores a outros em virtude de raça, cor, etnia ou procedência nacional (Lei 7.716/89). É um sistema de opressão que discrimina e marginaliza indivíduos ou grupos de pessoas com base em sua raça, ou etnia. Ele pode se manifestar de diferentes maneiras, desde atitudes e comportamentos preconceituosos até práticas institucionais que perpetuam a desigualdade racial.
"Você não tem cara de negra";
"Esse lugar é perigoso, parece uma favela";
"Não sou racista, até tenho amigos negros";
"Você é bem bonita para uma pessoa negra";
"Esse trabalho ficou ótimo, não pensei que conseguiria".
Individual: comportamentos e atitudes racistas de uma pessoa contra outra, como insultos, discriminação no trabalho, exclusão social, etc.
Exemplo: uma pessoa branca atravessa a rua ao ver uma pessoa negra se aproximando, por assumir que essa pessoa representa uma ameaça. Esses comportamentos refletem preconceitos e estereótipos racistas individuais.
Institucional: quando instituições (como escolas, empresas, governos) adotam políticas e práticas que favorecem um grupo racial em detrimento de outro, seja de forma direta ou indireta (Lei n° 14.187/10, Art.2°).
Exemplo: políticas de contratação que favorecem candidatos brancos, mesmo que de maneira implícita. Uma empresa pode, por exemplo, não ter diversidade racial no recrutamento por preferir candidatos que estudaram em universidades de prestígio, sabendo que a maioria dos alunos dessas instituições são brancos, por questões de acesso desigual ao ensino superior;
Estrutural: refere-se às normas, leis e políticas historicamente estabelecidas que mantêm um sistema de privilégio racial e desvantagem para certos grupos. Mesmo quando não há intenção racista explícita, o sistema continua a prejudicar determinados grupos raciais, especialmente pessoas negras e indígenas.
Exemplo: a desigualdade de acesso à educação de qualidade em muitos países. Escolas em bairros predominantemente negros ou indígenas, frequentemente, têm menos recursos, professores mal pagos, e infraestrutura precária em comparação com escolas em bairros brancos;
Cultural: quando certos valores, tradições e formas de vida de um grupo racial são considerados superiores aos de outro grupo, muitas vezes justificando a marginalização de culturas não hegemônicas.
Exemplo: a ideia de que a cultura europeia é superior às culturas africanas ou indígenas, levando à marginalização dessas tradições. Isso pode ser visto em situações em que danças, línguas, ou vestimentas tradicionais de populações não brancas são desvalorizadas ou ridicularizadas, enquanto culturas de origem europeia são vistas como "normais" ou "superiores".
A postura antirracista busca resolver os conflitos gerados pelo racismo por meio da colaboração, uma atitude que é assertiva e cooperativa. Nesse processo, brancos antirracistas e cidadãos negros trabalham juntos para encontrar soluções que atendam aos interesses de ambos os lados.
Ser antirracista significa aprofundar a discussão, entender as necessidades de cada grupo e buscar soluções que beneficiem todos. O objetivo é aprender com os desacordos, enxergar o ponto de vista do outro e evitar conflitos que possam surgir da competição por recursos. Em vez disso, a ideia é criar soluções criativas para melhorar as relações interpessoais.
Djamila Ribeiro, no livro Pequeno Manual Antirracista, explica que o racismo é um sistema que nega direitos, e não apenas um ato individual. Ela reconhece que entender o racismo como estrutural pode parecer assustador, mas não podemos nos paralisar. A prática antirracista é urgente e começa nas ações cotidianas!
É essencial reconhecer os mitos que sustentam as particularidades do sistema de opressão no Brasil A melhor maneira de enfrentar o racismo é reconhecê-lo. Não tenha receio de usar termos como “branco”, “negro”, “racismo” ou “racista”.
Apontar que uma atitude foi racista é simplesmente uma forma de caracterizá-la, definindo seu significado e as suas consequências.
Pergunte a si mesmo: o que cada um de nós tem realmente feito e pode fazer pela luta antirracista? Questionar o próprio papel, refletir sobre seu lugar e desafiar o que parece "natural" são passos iniciais para evitar a reprodução de violências que beneficiam alguns enquanto oprimem outros.
Para encontrar soluções para uma realidade, é fundamental revisitá-la e tirá-la da invisibilidade. A ausência de reflexão sobre a negritude é um dos pilares que sustentam a perpetuação do racismo. Portanto, expressões como “eu não vejo cor” são contraproducentes.
Reconheçam as cores; somos diversos, e não há problema algum nisso.
A presença escassa ou inexistente de pessoas negras em posições de poder dificilmente gera surpresa, ou desconforto para pessoas brancas. No entanto, considerando que pessoas negras constituem quase 56% da população brasileira, fazendo do Brasil a maior nação negra fora da África, a falta de representatividade negra em espaços de poder deveria ser motivo de choque, não é mesmo?
Por isso, é essencial que pessoas brancas repensem seu lugar, reconhecendo os privilégios atrelados à cor da sua pele, para que esses privilégios não sejam vistos como naturais ou fruto exclusivo de esforço pessoal. É importante perceber que homens brancos são maioria nesses espaços de poder, um fenômeno que não ocorre por acaso, mas foi moldado por um histórico de escravização e desigualdade.
Muitas pessoas reconhecem que existe racismo no Brasil, mas quase ninguém se vê como racista. Pelo contrário, a primeira reação costuma ser negar qualquer comportamento racista. No entanto, é impossível não ser afetado pelo racismo em uma sociedade que o pratica diariamente.
Muitas vezes, ele passa despercebido, como na falta de pessoas negras em filmes ou quando alguém ri de uma piada racista em vez de repreender – e esse silêncio é uma forma de apoio à violência. Ser antirracista significa adotar uma postura incômoda: é preciso estar atento às próprias atitudes, reconhecer nossos privilégios e aceitar que, muitas vezes, seremos vistos como “o chato.”
É importante acabar com a prática do “negro único”: ter uma única pessoa negra em um espaço de poder não significa que ele está livre de racismo. Se você possui ou trabalha em uma empresa, faça algumas perguntas: Qual é a proporção de pessoas negras e brancas na empresa? E nos cargos mais altos? Como a questão racial é considerada nas contratações, ou ela é ignorada com a ideia de um processo “daltônico”? Existe um comitê de diversidade ou algum projeto para melhorar esses números? O ambiente tolera piadas que desrespeitam grupos vulneráveis? Essas perguntas ajudam a avaliar o racismo no ambiente de trabalho.
Duvide do status quo, ou seja, “como as coisas são”. Estude. Escute. Apoie. Seja a mudança que você deseja ver no mundo. Afinal, o antirracismo é uma luta de todas e todos.