A canoa descendo o rio
No rebojo da correnteza
Com um remo a lhe guiar
As cantigas das lavadeiras
Batendo trouxas de roupas
E deixando para quarar
A alegria dos pequeninos
Brincando na beira d'água
Com os anjos a lhes guardar
............................................................
............................................................
............................................................
Tempo, tempo o que fizeste!!
Para onde levaste a Paz,
A Paz que havia em Tapauá?
Das praias do Rio Purus
Lembro o barulho das gaivotas
E o agouro dos bacuraus
............................................................
Lembro os causos de assombração
E o alvíssimo manto de luar!
............................................................
Só não lembro da saudade
A dor dessa saudade
Que não quer mais acabar
Cheguei tarde pra ver a flor
O caminho era longo. E lento,
O meu barquinho de vento
Encontrei pétalas pisadas
Folhas murchas, arrancadas
Espalhadas ao redor
E às margens do caminho,
Triste e derrotado,
Um solitário espinho!
À
Noite
No
Flutuante
Às
Margens
Do
Lago
Apenas
Lamparinas
Tremulam
O resto
É
Silêncio!
Um dia de junho,
Com achas de imbaúba,
Fizemos uma fogueira
No barranco de Tapauá.
À noite, no calor das chamas
Nos juramos amor eterno!
............................................................
A eternidade que juramos,
No fogo do nosso amor,
Durou o tempo das cinzas
Da fogueira que queimou
Sem deixar nenhuma brasa.
............................................................
Nem o tempo guardou!
No
Remanso
Do tempo
A vida flui
Em espiral
Recíproca
Trazendo no bojo
A cada estação
Um
Pouco mais
De amargura
Muito
Mais
Solidão!
Espero...
Chove na grande floresta
Enquanto o dia não vem
Não temo mais
Espero, calmamente
Fui Lavrador,
Pescador,
Cuidei da terra.
Sou caboclo.
Um dia deixei o mato
Nunca mais tive paz!
A beleza
Que trazias
Com a roupa
Colada ao corpo
No banho
À beira d'água
O tempo,
O imponderável,
Murchou o viço
Dos lábios,
Nublou o brilho
Dos olhos
E nos seios
Deixou mágoa!
O menino do mato
Cresceu na cidade
Percorreu corredores
Saudou indumentárias
Serviu servos de servos
Não consertou o brinquedo quebrado
Não dançou ciranda
Os cálculos intermináveis
Destruíram os causos, os sonhos, as canções...
Das lembranças de Tapauá
“Só ficou a saudade, pai dele!”
Ao fim
De
Tantas
Desilusões
Eis
O sonho
Que
Me resta:
“A sombra
Das árvores
De terra-firme
E o canto
Dos pássaros
Das altas florestas”
Tua
Lembrança
O tempo largou
Em
Perdidas
Auroras
Folha
Caída
Na Terra-Firme
Onde
Ninguém
Pisou
Não restou nada!
Nada além de destruição.
Séculos de vida
Jogados por terra
Desfeitos em cinzas
Em negro carvão!
Quando
O derrubador
De árvores
Tombou
Com
Uma
Flecha
Envenenada
-CARNIÇA!!!
Gritaram
Todos
Os
Pássaros
Em revoada