Fístula arteriovenosa dural

Fístulas arteriovenosas durais (FD) são comunicações de baixa resistência entre artérias meníngeas e estruturas venosas intradurais, que passam a ter fluxo arterializado. Sua incidência é estimada em 0,16/100.000 habitantes/ano. As taxas de diagnóstico relatadas são de uma FD para cada quatro malformações arteriovenosas piais.

A patogênese da FD foi ligada à trombose venosa cerebral após a observação da evolução de casos clínicos. Modelos experimentais mostraram que tanto a trombose do seio como a hipertensão venosa levam ao desenvolvimento de FD e que este processo está associado à angiogênese.

Causas são identificadas em apenas um quarto dos pacientes e trombose venosa cerebral, compressão tumoral dos seios e cirurgia neurológica prévia são os mais comuns. Traumatismo craniano é muitas vezes citado como causa de FD, mas esta relação não está clara frente à compreensão moderna da patogênese. A menos que o traumatismo seja suficientemente grave para causar lesão do seio venoso, não deve ser considerado de importância etiológica.


No caso abaixo, temos como exemplo um paciente de 58 anos, com relato de zumbido pulsátil no ouvido esquerdo, iniciado há cerca de 2 anos, pior à noite, causando desconforto importante.

Angiografia cerebral evidenciou fístula dural (FD) do seio transverso e sigmoide esquerdos, com nutrição a partir de múltiplos ramos durais originados do ramo mastoideo da artéria occiptal e do ramo petro-escamoso da artéria meníngea média, classificada como tipo IIa de Cognard (Fig. 1).

O tratamento endovascular foi realizado pela técnica de embolização via arterial, com agente líquido não adesivo a base de álcool vinil etileno, injetado no ramo mastoideo da artéria occipital, associado a uso de cateter balão 8x80 mm insuflado no seio receptor (Fig. 2 e 3). O controle angiográfico mostrou obliteração completa da rede fistular, com preservação do seio venoso (Fig. 4, 5 e 6).

Após o procedimento houve completa resolução do zumbido pulsátil.

Fig. 1 – Fístula dural para o seio transverso e sigmóide, tipo IIa de Cognard.


Fig. 2 – Microcateterismo da artéria occiptal, ramo mastoideo.


Fig. 3 – Embolização com agente líquido não adesivo assistido por cateter balão transvenoso.


Fig. 4 – Controle angiográfico final. Fase arterial. Perfil


Fig. 5 – Controle angiográfico final. Fase arterial. PA


Fig. 6 – Controle angiográfico final. Fase venosa.