OXALUFÃ X OXAGUIÃ

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ÒSÀLÚFÓN (OXALUFÃ)

Ou Orìsà Olúfón, é o maior de todos os Òrìsà, o Òrìsànlà. Òrìsà da paz e da criação, desloca-se apoiado no seu Òpàsórò, o cajado sagrado encimado por um pássaro. É originário de Ifè e governou em Ìfon onde existem os seis sacerdotes deste Òrìsà, os Ìwèfà méfà – Aájè, Aáwa, Olpuwin, Gbògbò, Aláta e Ajíbódù. A cerimónia de saudações ao rei de dezesseis em dezesseis dias pelos Ìwèfà e pelos Olóyè chama a atenção pela calma, simplicidade e dignidade. O rei Olúfón espera sentado à porta do palácio reservada só para ele e que dá para o pátio. Ele está vestido com um pano e gorro brancos. Os Olóyè avançam, vestidos de tecido branco amarrado no ombro esquerdo, e seguram um grande cajado. Aproximam-se do rei, param diante dele, colocam o cajado no chão, tiram o gorro, ficam descalços, desatam o tecido amarram-no à cintura. Com o torso nu em sinal de respeito, ajoelham-se e prostram-se várias vezes, ritmando, com uma voz respeitosa, um pouco grave e abafada, uma série de votos de longa vida, de calma, felicidade, fecundidade para suas mulheres, de prosperidade e proteção contra os elementos adversos e contra as pessoas ruins. Tudo isso é expresso em uma linguagem enfeitada de provérbios e de fórmulas tradicionais. Em seguida os Olóyè e os Ìwèfà vão sentar-se de cada lado do rei, trocando saudações, cumprimentos e comentários sobre acontecimentos recentes que interessam à comunidade. A seguir, o rei manda servir-lhes alimentos, dos quais uma parte foi colocada diante do altar de Òsàlúfón, para uma refeição comunitária com o deus.

Grande Òrìsà, ele cobre o mundo e os àrà-àiyé, seus habitantes, com o seu pano branco sagrado, o Àlà.

ÒSÒGÌYÁN (OXAGUIÃ)

Face jovem de Òòsàálà, filho de Òsòlúfón. Òsògìyán é um jovem guerreiro de Èjìgbó, em Ìjèsà, onde ostenta o título de Eléèjìgbó. Ele teria nascido em Ifé ainda antes do seu pai se tornar rei de Ìfan, e partiu jovem com o seu fiel amigo Àwólèdjé, um bàbálàwó, até Èjìgbó na ânsia de se tornar rei. Só comia iyan, o inhame, tendo inventado o pilão para seu preparo. Era tão grande a sua obsessão or inhame pilado que recebeu o nome de Òsògìyán, isto é, Òrìsà-comedor-de-inhame-pilado. Importa aqui recuperar o mito de Òsògìyán Kàbìyésì:

Àwólèdjé, seu companheiro, era bàbálàwó, um grande advinho, que o aconselhava no

que devia ou não fazer. Certa ocasião, Àwólèdjé aconselhou a Osogiyan oferecer: dois ratos de tamanho médio; dois peixes, que nadassem majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras, cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos. Disse-lhe, ainda, que se ele seguisse seus conselhos, Ejigbo, que era então um pequeno vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma cidade grande e poderosa e povoada de muitos habitantes.

Depois disso Awoledje partiu em viagem a outros lugares. Ejigbo tornou-se uma grande cidade, como previra Awoledje. Ela era arrodeada de muralhas com fossos profundos, as portas fortificadas e guardas armados vigiavam suas entradas e saídas.

Havia um grande mercado, em frente ao palácio, que atraía, de muito longe, compradores e vendedores de mercadorias e escravos. Elejigbo vivia com pompa entre suas mulheres e servidores. Músicos cantavam seus louvores. Quando falava-se dele, não se usava seu nome jamais, pois seria falta de respeito. Era a expressão Kabiyesi, isto é, Sua Majestade, que deveria ser empregada.

Ao cabo de alguns anos, Awoledje voltou. Ele desconhecia, ainda, o novo esplendor de seu amigo. Chegando diante dos guardas, na entrada do palácio, Awoledje pediu, familiarmente, notícias do “Comedor-de-inhame-pilado”. Chocados pela insolência do forasteiro, os guardas gritaram: “Que ultraje falar desta maneira de Kabiyesi! Que impertinência! Que falta de respeito!” E caíram sobre ele dando-lhe pauladas e cruelmente jogaram-no na cadeia.

Awoledje, mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se, utilizando sua magia. Durante sete anos a chuva não caiu sobre Ejigbo, as mulheres não tiveram mais filhos e os cavalos do rei não tinham pasto. Elejigbo, desesperado, consultou um babalawo para remediar esta triste situação. “Kabiyesi, toda esta infelicidade é consequência da injusta prisão de um dos meus confrades! É preciso soltá-lo, Kabiyesi! É preciso obter o seu perdão!”

Awoledje foi solto e, cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata. Elejigbo, apesar de rei tão importante, teve que ir suplicar-lhe que esquecesse os maus tratos sofridos e o perdoasse.

“Muito bem! – respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo, Osogiyan, mas tem uma condição: Cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário que você envie

muita gente à floresta, cortar trezentos feixes de varetas. Os habitantes de Ejigbô, divididos em dois campos, deverão golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou quebrem-se”.

Desde então, todos os anos, no fim da seca, os habitantes de dois bairros de Ejigbô, aqueles de Ìsàlé Òsóló e aqueles de Oké Màpó, batem-se todo um dia, em sinal de contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva cair.