Simpósios Temáticos

(I)migrações e trabalho: novas perspectivas teóricas-metodológicas e desafios

Proponente: Pedro Jardel Fonseca Pereira (PPGH-UFJF)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: (I)migração. Trabalho. Direito de migrar.


O objetivo deste simpósio temático é reunir pesquisadores que se debruçam sobre os estudos (i)migratórios, refugiados, deslocamentos forçados e migrações indígenas. Ressalta-se que a mobilidade migratória faz parte da natureza, da história e da essência humana. Isto é, o migrar é um direito humano. Entretanto, o que percebemos é uma seletividade baseada em critérios econômicos, raciais, étnicos, educacionais, sociais, religiosos, dentre outros, no processo de acolhimento. E até mesmo, o não reconhecimento do papel do migrante para a sociedade receptora e os enfrentamentos os quais eles se deparam nessa conjuntura. A relevância deste debate é que ele nos possibilita reconhecer o migrante como sujeito histórico e a migração como um processo de reprodução social. Assim como a importância da sua mão de obra para o desenvolvimento econômico, urbano, demográfico e trocas culturais nas regiões receptoras. Inclusive na dinâmica de organização da classe trabalhadora. Em relação aos refugiados é importante que esteja em pauta as discussões sobre Proteção Internacional dos Refugiados e como os Estados, as organizações internacionais e não-governamentais compreendem e gerenciam os fluxos de pessoas em situação de refúgio. Em relação aos deslocamentos forçados faz-se necessário reconhecer as causas que o geram, as experiências de discriminação e questões juridiricas-adminsitrativas enfrentadas por esses sujeitos. Ao nos determos sobre essa conjuntura é fundamental lançarmos mão de análise interseccional, que leve em consideração os marcadores de gênero, raça/etnia e geração. Inclusive, a perspectiva de gênero nos últimos anos tem possibilitado aos pesquisadores identificar os papéis das mulheres migrantes, embora elas sempre se fizeram presentes nos fluxos migratórios. 



Bibliografia

BAENINGER, Rosana. Fases e faces da migração em São Paulo. Campinas: Núcleo de Estudos de População-Nepo/Unicamp, 2012.

COSTA. Carlos Eduardo Coutinho da. Migrações negras no pós-abolição do sudeste cafeeiro (1888-1940). Topoi (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 16, n. 30, p. 101-126, jan./jun. 2015.

FONTES, Paulo Roberto Ribeiro. Comunidade operária, migrações nordestinas e lutas sociais: São Miguel Paulista (1945 – 1966). Tese de Doutorado, Campinas, 2002.

MARINUCCI, Roberto. Feminização das Migrações? Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, Brasília, v. 15, n. 29, p. 5-22, set. 2007. 

MENEZES, Marilda Aparecida de. Migrações e Mobilidades: repensando teorias, tipologias e conceitos. In: TEIXEIRA, Paulo Eduardo; BRAGA, Antonio M. da Costa; BAENINGER,

Rosana (Org.). Migrações: implicações passadas, presentes e futuras. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012.

SOIHET, Rachel; MARIA PEDRO, Joana. A emergência da pesquisa da História das Mulheres e das Relações de Gênero. Revista Brasileira de História, v. 27, nº 54.

A forja do inimigo: Imprensa, literatura e poder em períodos de conflito 

Proponentes: Almerito Francisco Oliveira da Silva (Mestrando pela UFPI); Carlos Alberto de Melo Silva Mota (Doutorando pela UFPI); Italo Andrade Lopes – (Mestrando pela UFPI); Maira Delmondes de Matos (Mestranda pela UFPI)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: História. Conflito. Imprensa. Literatura. 


O presente Simpósio Temático oferece uma perspectiva interdisciplinar que combina o estudo de fontes jornalísticas com a análise de obras literárias privilegiando pesquisas que busquem perceber a importância dos discursos veiculados por estes meios em períodos de conflito.  Dessa forma visamos receber contribuições que abordem diferentes recortes temporais, mas que percebam a imprensa, em especial o jornalismo e, a literatura como veiculadores de ideias e conceitos em prol da construção e manutenção do poder político e social. Partimos da compreensão de que palavras são armas tão importantes quanto a pólvora e, que em momentos de conflito passam a fazer parte do arsenal bélico dos pontos opostos em disputa, onde identidades são moldadas invariavelmente em oposição ao inimigo. No avesso do texto existe algo que forja a realidade e que ao mesmo tempo é forjado por ela, premissa que tem maior relevo em meio a tenções sociais, dessa forma ampararemos pesquisas que abordem períodos crucias tais como guerras, revoltas e ditaduras por meio da imprensa, seja esta literária ou jornalística. 



Bibliografia

ARAÚJO, Johny Santana de. Bravos do Piauí! Orgulhai-vos. Sois dos mais bravos batalhões do Império: A propaganda nos jornais piauienses e a mobilização para a Guerra do Paraguai 1865-1866.- 2. ed. Teresina: EDUFPI, 2015.

BARROS, José D’ Assunção. O jornal como fonte histórica. 1. ed. Petrópolis, RJ: 2023.  

CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. 2ª edição – São Paulo: Contexto, 2010

HOBSBAWM, Eric, 1982. A Era do Capital, 1948-1875. Rio de Janeiro, Paz e Terra; 1998.

SODRÉ, Nelson Werneck. A história da imprensa no Brasil. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1966.

A tradição inventada e o imaginário social na Antiguidade e no Medievo 

Proponentes: Taís Nathanny Pereira da Silva (doutoranda PPGH – UFSC); João Victor Bernardes (mestrando PPGH – UFG); Wemerson Romualdo (mestrando PPGH – UNIFESP)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Tradição Inventada. Memória. Imaginário. Antiguidade. Medievo.


A interação entre a tradição, como algo à primeira vista vinda do passado e que se presentifica, e a prática social, experienciada no presente, desempenha um papel fundamental na configuração do imaginário social e religioso. Eric Hobsbawm, apropriadamente, afirmou que as tradições são mormente tradições inventadas e que o conceito de tradição se distingue do conceito de costume pela orientação objetiva do primeiro para assegurar a invariabilidade, ou seja, a tradição é uma forma de (re)invenção do passado que serve a necessidades contemporâneas, enquanto o costume é uma prática enraizada na continuidade histórica, não necessariamente sujeita à reflexão ou à mudança deliberada (HOBSBAWM, 1984, p. 10). As tradições, entendidas como um conjunto de práticas e narrativas, caracterizam os meios pelos quais a humanidade pretérita quis orientar as ulteriores sociedades dos viventes. Como afirmou Jörn Rüsen, as tradições não são “um passado tratado intencionalmente”, mas antes um componente intencional direcionado do passado para o futuro. Ou seja, a tradição atua antes que a consciência histórica possa interferir (RÜSEN, 2001, p. 76). Por esta razão é imperativo que o historiador interfira sobre a tradição. 

Compreender o desenvolvimento relacional entre as tradições pretéritas e o presente (quer dizer, o contexto da fonte histórica) dependerá do exame sobre um conceito fundamental: o imaginário, uma vez que a memória se realiza por meio das tradições e se constitui através do recurso aos imaginários culturais, sociais, religiosos e políticos. Os imaginários compreendem o grande arcabouço de imagens que as sociedades humanas constroem e nutrem sobre e para si, um inventário criado na (e a partir da) memória das suas simbologias e dos eventos passados. Os imaginários são, nas palavras de Gilbert Durand, “a matriz original a partir da qual todo o pensamento racionalizado e o seu cortejo semiológico se desenvolvem”, explicitando assim o arquétipo fundamental da imaginação (DURAND, 2012, p. 31). Orientando as tradições, este mundo imagético abrange todo o campo do pensamento humano. Assim, os pressupostos teórico-interpretativos se apresentam no nosso quadro conceitual como elementos dinâmicos que, como a linha que define o horizonte visível, se inserem na paisagem, mas nos escapam à medida que tentamos defini-los. 

Ao considerar como parte fundamental o caráter explícito do exercício de lembrar tomado como uma das principais funções das associações estudadas, as pesquisas de Paul Ricoeur (2007) também nos aparecem como pontos de reflexão fundamentais para nossa justificativa. Segundo o autor, lembrar-se não é somente acolher, receber uma imagem do passado, a prática de rememorar, então, consiste em um exercício que se objetiva evocar algo do passado, se relacionando objetivamente com o comportamento narrativo dos grupos humanos. Esse processo de fundamentação da memória coletiva, implica, segundo Ecléa Bosi (2009), na criação de universos que a autora chama de “universos de discursos” e/ou “universos de significado” que visam a fixação da imagem do grupo na história. Dessa forma, o exercício da recordação sofre inúmeras manipulações conscientes ou inconscientes, com o objetivo de ressaltar partes mais importantes que possuem certo grau de afetividade maior com o agente que rememora, ou até mesmo de selecionar, recortar, deturpar o discurso, dando maior ou menor ênfase a determinados pontos de acordo com o momento celebrado.

O objetivo deste simpósio é reunir pesquisadores e pesquisadoras que se dediquem aos estudos relacionados com as propostas supracitadas, tendo preferencialmente a Antiguidade e/ou o Medievo como recorte temporal das pesquisas.





As ressignificações históricas da morte (Brasil, séculos XIX-XXI0: O espetáculo, o tabu e outras possibilidades   

Proponentes: Dra. Maristela Carneiro (ECCO/UFMT); Me. Frederico Tadeu Gondim  (Doutorando em História – PPGH/UFG)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: História da Morte. Tabu. Morte espetacular.


A morte como objeto da História é um interesse cuja projeção costuma-se atribuir a historiadores das mentalidades tais quais Philippe Ariès e Michel Vovelle. No Brasil, ainda na década de 1970, obras como a emblemática “Arte e Sociedade nos Cemitérios Brasileiros”, de Clarival Valladares, abriram espaço ao crescente interesse no tema; ao passo que “A Morte é uma Festa”, publicada pelo historiador João José Ribeiro em 1991, tornou-se referência historiográfica. Tendo por fontes a arte funerária, registros médicos, testamentos, entre outras, as atuais investigações, de um lado, recorrem a construtos teóricos tradicionais como o tabu da morte e a noções como o isolamento dos que a sabem iminente e o silêncio sobre o assunto; de outro, afirmam que temos falado, sim, e cada vez mais sobre a morte. Afinal, a “morte espetacular” proposta por Jacobsen (2016, 2020) circula pelas mídias sociais como mais um elemento mediador das nossas relações além de mercadoria pronta para consumo a uma distância segura; aprofundando a cisão denunciada por Debord (1997), em sua teoria do espetáculo, entre os campos da experiência e da representação. Essa morte que renasce na esfera pública escancara também a ambiguidade de nosso flerte com o tema simultaneamente à recusa à “dança” derradeira. Perguntamos então: Quais manifestações da morte espetacular podemos analisar no Brasil? Quais outras ressignificações fogem ao tabu e à espetacularização da morte, indicando agenciamentos e a pluralidade de nossas culturas? O que temos produzido academicamente, no Brasil, em termos de uma História da Morte? Este Simpósio Temático se justifica para que pensemos essas questões, nos limites dos séculos XIX e XXI, bem como as vias teórico-metodológicas adotadas em nossas pesquisas.



Bibliografia:

ARIÈS, P. O homem diante da morte. Tradução de Luiza Ribeiro. São Paulo: Editora UNESP, 2014.

BORGES, M. E. Arte funerária no Brasil (1890-1930): ofício de marmoristas italianos em Ribeirão Preto. Belo Horizonte: C/Arte, 2002.

DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Tradução de Estela Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

ELIAS, N. A solidão dos moribundos. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

Autoritarismo contemporâneo: ideologias, personagens, práticas e conexões 

Proponentes: Me. Fabrício Ferreira de Medeiros (PPGH-UFF); Drª. Vivian Zampa (PPGH-UNIVERSO e CAp UERJ) 


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Autoritarismo. Contemporâneo. História.


No período de 1920 e 1940, a Europa se tornou o centro de ondas de xenofobia, racismo e violência políticas em um quadro geral de recessão econômica e crise da democracia representativa. Neste contexto, milhares de pessoas aderiram a movimentos e regimes autoritários, com destaque para as experiências alemã, italiana e russa (KERSHAW, 2016). Embora a queda dos fascismos no campo de batalha tenha contribuído para a democratização no Ocidente, logo esse processo demonstrou suas limitações, uma vez que os comunistas e a classe operária foram marginalizados do poder, as punições contra os fascistas e seus colaboradores foram pouco efetivas e a participação política ficou restrita ao voto (CONWAY, 2002). De outro lado, foram instauradas várias ditaduras na América Latina a partir dos anos 1960, em países como Paraguai, Cuba, Brasil, Argentina e Chile, tornando sistemática a violação dos direitos humanos na região (ROLLEMBERG; QUADRAT, 2010). O fim da Guerra Fria e as transições democráticas realizadas na Europa e na América Latina não impediram que o autoritarismo retornasse com vigor, sendo justificado como instrumento para barrar o avanço da criminalidade e da corrupção, preservar valores morais tradicionais e combater supostos inimigos da nação (MUDDE, 2022). O objetivo deste Simpósio Temático (ST) será reunir pesquisas relativas ao autoritarismo nos séculos XX e XXI, considerando questões vinculadas a instituições, ideologias, práticas cotidianas, conexões em diferentes dimensões geográficas, mecanismos de mobilização e financiamento de grupos e movimentos autoritários. Trabalhos que proponham discussões conceituais serão igualmente bem-vindos, assim como abordagens sensíveis à memória construída em torno de personagens, governos e movimentos políticos e às rupturas e continuidades históricas, na média ou longa duração. Espera-se que este ST possa auxiliar na explicação de questões e temas que ainda hoje causam controvérsias, paixões e conflitos, mobilizando pesquisadores(as) de diferentes filiações teóricas e correntes disciplinares. 



Bibliografia:

CONWAY, Martin. Democracy in Postwar Western Europe: The Triumph of a Political Model. European History Quarterly, vol. 32, nº 1, p. 59–84, 2002.

KERSHAW, Ian. De volta do inferno: Europa, 1914-1949. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

MUDDE, Cas. A extrema direita hoje. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2022.

Brasil central - arquivos, fontes e história (s) 

Proponente: Dra. Maria Lemke (FH-UFG)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Pesquisa. Arquivos. Sociedade.


Uma mirada em depositórios dos programas de pós-graduação indica que a história do Brasil central, sobretudo com ênfase em História Social, permanece pouco pesquisada. Em que pese a existência de trabalhos referentes à escravidão, alforria, famílias, administração, clientelismos, resistências indígenas, avanços do agro, fronteiras e as facetas do golpe militar, muito ainda está por ser perscrutado. Por exemplo: religiosidades em áreas de conquista, as expressões de época, o vocabulário social e político, mobilidade social ascendente e descendente, a cultura política de favores, a circulação de homens e ideias, as relações comerciais entre Goiás e Mato Grosso com o Rio de Janeiro e a Bahia. Quiçá, parte desse silenciamento/apagamento/desinteresse esteja relacionado à dispersão das fontes ou, inclusive, do desconhecimento da localização de arquivos e centros de documentação. Em paralelo, talvez parte desse desinteresse esteja relacionado à falsa ideia de que, por distante dos grandes centros decisórios, pouca coisa interessante acontece no “coração do Brasil”. Para Giovanni Levi, a História é a ciência das perguntas gerais e das respostas locais. Nesse aspecto podemos formular a seguinte questão: como reverberaram as transformações da grande história nessa porção do Brasil? Com efeito, não seria essa a tarefa do historiador? Com o objetivo de congregar estudiosos cujas pesquisas estejam voltadas para responder a esta e outras questões, este simpósio temático propõe ser um espaço de diálogo para abordar as temáticas acima – ou outras que problematizem o Brasil central. Serão bem-vindas pesquisas iniciais, em desenvolvimento, ou consolidadas, com ênfase no Brasil central e amplamente alicerçados em documentos históricos. Tal proposta visa a impulsionar jovens pesquisadores a investigar quanta coisa acontece em lugares onde aparentemente não há dinâmica, movimento, mudanças, rupturas e permanências.

Capitalismo tardio: política, economia e ideologia 

Proponente: Pedro Henrique Borges Guimarães (mestrando PPGH-UFG)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Capitalismo Tardio, Pós-Modernismo. Neoliberalismo.


O passado recente intriga com sua complexidade e fragmentariedade. Na última década, na conjuntura internacional, observou-se eventos históricos do tipo da crise institucional ucraniana que se desdobrou no atual conflito militar entre Rússia e OTAN; a eleição presidencial de Donald Trump nos EUA, propulsionando uma guinada à extrema-direita na política eleitoral global e o crescimento dos movimentos de tipo ultranacionalista e neofascista; a pandemia de COVID-19 e a falência sanitário-ambiental de governos ao redor do globo; a irrupção do bloco sino-russo como importante ator na disputa pela hegemonia político-econômica e pelo controle dos mercados de consumo globais abalados desde a crise econômica de 2008 e o genocídio continuado do povo palestino por parte de Israel que se extrema em novas proporções nos fins de 2023.

Nesse panorama de uma crise estrutural que se manifesta em estado agudo nas dinâmicas de produção e reprodução do capital e se transmuta num estado de barbarização que incide sobre a totalidade da vida social, é possível ver o quanto o paradigma político econômico neoliberal subsiste não apesar da crise, mas por meio desta (PARANÁ, 2023, p.215). E, neste momento histórico de reafirmação do poder das classes dominantes, faz-se necessária a compreensão do que há de novo.

O debate teórico-epistemológico sobre a ideia de um capitalismo tardio irrompe como uma perspicaz chave de leitura para o momento presente. Partindo da elaboração pioneira de Mandel (1982) sobre a mundialização do capital, o neocolonialismo e as sociedades de consumo. Adiante, David Harvey (2005) contribui a esta análise, observando no paradigma neoliberal uma proposta de transformação radical da sociedade norteada pelo aprofundamento das relações de mercado aos moldes do que propuseram Friedmann e Hayek nas primeiras décadas do século XX.

Nestes termos, através da crítica cultural, Fredric Jameson observa o capitalismo tardio como expressão específica das condições de produção material da sociedade contemporânea e dotada de uma lógica cultural, a pós-modernidade: “o pós-moderno é o que se tem quando o processo de modernização está completo e a natureza se foi para sempre” (JAMESON, 1997, P.13). Destaca-se daí a compreensão do capitalismo tardio em termos semelhantes, sendo assim, o momento histórico do capitalismo em que suas contradições inerentes evidenciam-se ao nível da superficialidade. É assim, a era do jargão de Margaret Thatcher de que “não há alternativa”, dispensando a defesa da economia de mercado enquanto modelo aprazível, e apelando ao inescapável.

Este simpósio conclama ao diálogo acadêmico sobre temas de relevância para a compreensão deste momento histórico e suas vicissitudes e em suas múltiplas delimitações: política, economia, epistemologia, ideologia, cultura e demais margens do saber.

Da Antiguidade à Contemporaneidade: práticas religiosas, identidades e representações do poder nas Antiguidades Clássica e Tardia  

Proponentes: Me. Dyeenmes Procópio de Carvalho (PPGH-UFG); Ma. Azenathe Pereira Braz (PPGH-UFG)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Práticas Religiosas. Identidades. Antiguidade


Existem mais vestígios do Mundo Antigo em nosso tempo do que podemos imaginar. A própria dinamicidade das querelas históricas, que evoca o poder das memórias e das crenças sempre que possível, para legitimar os discursos, acabou deixando marcas perenes. Concordamos com Norberto Guarinello ao afirmar que o ato de memória é um ato de poder e o campo da memória é um campo de conflitos (GUARINELLO, 2014:21).  Assim, no uso de recordações, a história forma, transforma e ressignifica suas memórias que são fundamentadoras de identidades e fontes de significação das ações coletivas. Seguimos, então, a premissa de que para analisar a obra histórica “é necessário nos determos nos discursos que estão interpolados na narrativa percebendo por quem ele é proferido, em qual ocasião e para quem ele é emitido” (GONÇALVES, 2010:102). Além disso, sabe-se que o universo religioso permeou profundamente as sociedades e entrelaçou-se nas diversas esferas das civilizações antigas, por isso, foi um instrumento de poder utilizado em discursos e práticas. Deste modo, propomos o escrutínio de memórias e religiosidades que são legitimadoras de poderes, sobretudo, no que se pode apreender do Mundo Antigo e buscando analisar suas reminiscências na atualidade.

A diversas práticas religiosas do mundo antigo, a se tornarem objeto de investigação e interpretação, apresentam um entrelaçamento das relações sociais e institucionais como elemento perpassante e circunscrito aos espaços vividos em constante mudança no urbanismo antigo (RÜPKE, 2022: 21). Os variados suportes documentais, quer textuais quer materiais, podem sugerir o papel axial que as interações entre as crenças e práticas religiosas tinham nas vivências fronteiriças das esferas pública e privada (ROSA, 2006: 137-140). A relação entre os homens e as divindades, em suas múltiplas manifestações (rituais, festivais, santuários etc), era uma preocupação constante posto que interessava à comunidade e permeava vários elementos no espaço e tempo (ORLIN, 2007: 58). Logo, ao invés de serem vistas como dadas, as religiosidades na Antiguidades Clássica e Tardia são passíveis de reinterpretações e novos estudos na medida em que são compreendidas a partir de suas alterações e prementes adaptações de acordo com os interesses distintos, visando atender a demandas concretas da experiência humana em sociedade. Por isso, as múltiplas religiosidades e relações de poder do mundo antigo ainda dizem respeito à forma como cada sociedade formula e reformula suas identidades e projeta suas expectativas sobre si mesma.



Bibliografia

​GONÇALVES, Ana Teresa Marques; OMENA, Luciane Munhoz de(org.). Literatura, Poder e Imaginário no Mediterrâneo Antigo. Goiânia: Ed. da PUC Goiás, 2010.

GUARINELLO. Norberto. Ensaios sobre História Antiga. 2014, 330f. Tese apresentada para o concurso de Livre-Docência na Área de História Antiga – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. 

ORLIN, Eric. Urban Religion in the Middle and Late Republic. In: RÜPKE, Jörg (org.). A Companion to Roman Religion. Cambridge: Cambridge University Press, 2007, p. 58-70.

ROSA, Cláudia Beltrão da. A religião na Urbs. In: SILVA, Gilvan Ventura da; MENDES, Norma Musco (orgs.). Repensando o Império Romano: perspectiva socioeconômica, política e cultural. Rio de Janeiro: Mauad; Vitória: EDUFES, 2006, p. 137-159.

RÜPKE, Jörg. Religião Urbana: uma abordagem histórica. Curitiba: Appris Editora, 2022.

Dos silenciamentos às referências: (re) fazendo narrativas LGBTQIAPN+ na pesquisa e no ensino 

Proponentes: Me. Maicon Douglas Holanda (ProfHistória-UFNT); Ma. Lucrécia Borges Barbosa (PPGCULT-UFT)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Corpos não-hegemônicos. LGBTQIAP+. Interseccionalidades.


Este Simpósio Temático tem a pretensão de evocar interseccionalidades na pesquisa e no ensino que explorem trajetórias, experiências e produção de subjetividades com enfoque e abordagem nas históricas construções de gênero e sexualidades. Gênero, sexualidade e seus desdobramentos, como identidade, subjetividade, orientação e autoafirmação, são categorias históricas que foram utilizadas como dispositivos de desqualificação de sujeitos submetidos a inúmeros processos de violência e segregação decorrentes da LGBTfobia. Todavia, no Tempo Presente, percebemos como essas narrativas também podem funcionar, e efetivamente funcionam como agenciamentos, individuais e coletivos, e permitem vislumbrar formas de resistência, projetos de existência e criação de modos de vida criativos que conseguem romper com históricas formas de produção da infâmia. Considerando que por meio da cisheteronormatividade são inventadas imposições históricas e socialmente estabelecidas que buscam definir os papéis a serem assumidos por sujeitos nomeados como homens ou mulheres, importa-nos compreender como esses sujeitos lidam com essas determinações sociais. Assim, este Simpósio Temático acolhe investigações preocupadas em entender, mapear e registrar esses processos de classificação, enquadramentos e violências em diferentes contextos sociais, políticos, culturais, educacionais e históricos; bem como, interessa-nos, focalizar as estratégias tecidas, articuladas e inventadas para estabelecer vidas possíveis frente a esses inúmeros processos de normalização. Assim, abrimos espaço para compreender as particularidades das violências que afetam travestis e transexuais, gays e lésbicas, bem como mulheres e homens heterossexuais que não se enquadram na reprodução do modelo de feminilidade e masculinidade socialmente hegemônicas; considerando, ainda, na construção desses sujeitos as especificidades de raça/etnia e classe, dialogamos com os atuais debates propiciados pela abordagem interseccional.

Feminismos e suas diversidades: gêneros, história das mulheres e interseccionalidades 

Proponentes: Beatrice Rossotti (PPGH - UFF); Olivia Tereza Pinheiro de Siqueira (PPGH - UFF)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Gêneros, Mulheres, Interseccionalidade. 


Ao longo da História, e em diferentes sociedades, grupos de mulheres foram marginalizados por diversos motivos e de múltiplos modos. Para existirem e resistirem, utilizaram-se de suas vivências e experiências como instrumentos de ações políticas, econômicas, sociais e religiosas. Segundo Silvia Federici (2004) e Lélia Gonzalez (2020), os estudos de gêneros e das Histórias das Mulheres são fundamentais para pensarmos as pesquisas históricas a partir dessa parcela social, que por muito tempo, foi negligenciada por ensinamentos acadêmicos, que as classificavam aptas somente como “fontes” a serem pesquisadas. De acordo com Michelle Pierrot (2008), todo esse isolamento pode ser combatido a partir de estudos sobre as temáticas, o que também possibilitou a criação da categoria gênero, definida por Joan Scott (1989, p.21), como “elemento constitutivo de relações sociais baseados nas diferenças percebidas entre os sexos” sendo a categoria uma forma de significar as relações de poder. 

Ambas afirmam a necessidade de um comprometimento acadêmico e social que busque romper com uma história excludente e para isso faz-se urgente a formulação de outras possibilidades, que ultrapassem também a dimensão binarista de estudos históricos. Por isso, ao propormos estudos nas áreas de pesquisa sobre Mulheres e estudos de gêneros, temos que ter em mente a necessidade de uma formulação interseccional (Akotirene,2019) em que outras características destas sujeitas sejam levadas em consideração, como raça, classe, regionalidade e identidades. 

Sendo assim, o nosso simpósio temático (ST) tem como intuito propor um espaço de debate e discussões em que sejam apresentados estudos que dialoguem com as propostas de estudos de gênero e História das Mulheres. Para um debate mais amplo e enriquecedor, optamos por não delimitar um específico recorte temporal, permitindo que pesquisas e conexões sejam construídas a partir dos trabalhos a serem apresentados. Pois, este ST tem como objetivo principal abarcar trabalhos que versem sobre as multiplicidades de gêneros, suas vivências e resistências, apresentando-nos de que maneira se posicionaram na História, utilizando-se de instrumentos para reivindicar e construir seus lugares, espaços e fazer bradar as suas vozes. 

Gênero e religiosidades

Proponente: Ma. Viviane Teixeira Lima Nunes (SME-Sobral)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Gênero. Religiosidades. Poder.


Ao longo do tempo, a participação em movimentos e grupos religiosos tem sido parte importante nas maneiras como determinados sujeitos constroem para si valores e modos de vida, influenciando, além de outras coisas, a forma como lidam com questões relacionadas a corpo, gênero e sexualidade. É comum, inclusive, que certos grupos utilizem constantemente das narrativas religiosas em suas disputas de poder, muitas vezes ancorando seus discursos no gênero e na sexualidade. Entretanto, as experiências desses sujeitos no cotidiano podem fugir às tentativas de normatização e moralização da vida das instituições religiosas.  Entendendo o discurso religioso como discurso de poder que envolve conflitos em torno das defesas de certas formas de ser e agir no mundo, bem como entendendo o poder não só como dominação, mas também como potência de criação, este Simpósio Temático tem como objetivo reunir trabalhos que articulem gênero e religiosidade a partir de fontes diversas, passando por debates sobre identidades, sensibilidades, subjetividades, corpo e sexualidade. A discussão visa abranger pesquisas concluídas ou em desenvolvimento que, por exemplo, proponham-se a analisar historicamente narrativas e práticas religiosas que procurem definir ou normatizar papéis de gênero, bem como trabalhos que discutam experiências de gênero e sexualidade variadas, associadas à relação com o sagrado. Serão bem-vindas ainda reflexões históricas que analisem, entre outras coisas, interpretações de grupos religiosos sobre identidades e feminismo e experiências com o sagrado que articulem outras maneiras de compreender os papéis sociais de gênero, além de resistências e reinterpretações de discursos oficiais de determinadas religiões por seus fiéis.


Bibliografia 

ANDRADE, Maria Lucelia de. “Uma Revista Bem Moderna e Bem Cristã”: A Revista Maria Entre o Passado e o Futuro (1915-1985). 2019. Dissertação (Mestrado em História Social). Universidade Federal do Ceará. Fortaleza.

BUTLER, Judith. Política sexual, tortura e tempo secular. In:_____, Judith. Quadros de Guerra: quando a vida é passível de luto?. 5ªEd. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018. 

FARIAS, Marcilene Nascimento de Farias; FONSECA, André Dioney. Relações De Gênero E Cultura Religiosa: Um Estudo Comparado Sobre A Atuação Feminina Na Igreja Evangélica Luterana Do Brasil E Assembléia De Deus. Revista de História Comparada. Rio de Janeiro, 4-1: p. 6-41, 2010.

FOUCAULT, M. Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

SIMÕES, Solange de Deus. Deus, pátria e família: as mulheres no golpe de 1964. Petrópolis: Vozes, 1985.

Governo, instituições e estadistas na Época Moderna (séculos XV-XVIII)

Proponentes: Lucas Lixa Victor Neves (PPGHIS-UFRJ); Camille Ferreira Leandro (PPGHIS-UFRJ)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Governo, Instituições, Época Moderna.


Durante a Época Moderna, novos diálogos e práticas de organização política emergiram na Europa e seus territórios colonizados. Os processos de centralização de poder pelos monarcas europeus não só tornaram possível a atuação de homens de Estado que cumpriam funções políticas, administrativas e burocráticas cada vez mais necessárias para o controle de conjuntos territoriais amplos e díspares, como também inauguraram períodos de prestígio e debilidade de instituições políticas – parlamentos, tribunais e conselhos, por exemplo. O fenômeno de concentração de poder político nas mãos dos reis por vezes enfrentou duras oposições e mobilizações sociais. Basta lembrar do caso das revoluções inglesas do século XVII. Há de se sublinhar, ainda, que foi neste contexto que os europeus empreenderam grandes esforços para estabelecer domínios coloniais em África, América, Ásia e Oceania. 

O simpósio proposto se justifica pela necessidade de aprofundamento do entendimento de como as práticas de organização política, os dilemas inerentes à centralização de poder político pelos monarcas e conseguintes processos de oposição influenciaram não apenas a Europa, mas também os vastos territórios colonizados pelos europeus. Ao analisar as dinâmicas das instâncias de decisão e instituições políticas, a atuação de homens públicos e a gestão de recursos naturais praticadas na Época Moderna, o presente simpósio busca contribuir para preencher lacunas historiográficas e discutir novas interpretações sobre o período. Ao fim e ao cabo, o estudo das estruturas e dinâmicas governamentais da Época Moderna se mostra fundamental para que se tenha uma percepção mais acurada do âmbito político das sociedades europeias e seus espaços coloniais entre os séculos XV e XVIII. 

Este simpósio tem por objetivo proporcionar um espaço para reflexões e debates de temas relacionados à história política da Europa e seus espaços coloniais entre os séculos XV e XVIII. Intencionamos abarcar trabalhos que tratem das instâncias decisão, instituições políticas, atuação de homens públicos e a utilização de recursos naturais pelas administrações das monarquias da Época Moderna e seus territórios coloniais. O simpósio acolherá especialmente comunicações que tenham como foco: I) trajetórias individuais de operadores da política na Época Moderna; II) choques entre o ímpeto centralizador das Coroas, privilégios corporativos e instâncias tradicionais de poder colegiado; III) o exercício das prerrogativas e deliberações de parlamentos, câmaras municipais e demais órgãos deliberativos; IV) intelectuais que desenvolveram concepções políticas originais sobre o papel a ser desempenhado pelos governantes; V) o processo de racionalização dos recursos naturais nas monarquias modernas e seus espaços de conquista. 

História da historiografia e Teoria (e Filosofia) da História 

Proponentes: Dr. Marlon Salomon (UFG); Dr. Murilo Gonçalves (UFG)


Modalidade: Presencial

Faculdade de História - UFG

Palavras-chave: História da Historiografia. Teoria da História. História Intelectual.


Com o intuito de contribuir para a consolidação de uma cultura historiográfica orientada para a pesquisa e mais próxima de reflexões de caráter teórico, sem, no entanto, negligenciar seus aspectos práticos e materiais, bem como de fomentar um debate contemporâneo e enriquecedor, este simpósio temático propõe-se a reunir pesquisadores(as) de diversos níveis de formação acadêmica com a intenção de abordar as distintas perspectivas e abordagens pertencentes aos campos da história da historiografia e da teoria (e filosofia) da história, que incluem reflexões sobre os fundamentos teórico-metodológicos, epistemológicos e ontológicos da disciplina histórica. Além disso, o simpósio temático busca abrir espaço para pesquisadores de outras áreas de estudo interessados em compartilhar reflexões de história da historiografia e teoria da história decorrentes de suas pesquisas em andamento. Com isso em mente, o simpósio acolherá comunicações que visem a investigar questões historiográficas, conceituais, heurísticas, hermenêuticas, intelectuais e curriculares associadas à produção, disseminação e preservação do conhecimento histórico. De forma mais específica, espera-se receber contribuições que se enquadrem ou se relacionem com uma variedade de temas, tais como: história da historiografia, escrita da história (incluindo as interações entre história e verdade, história e memória, história e representação, história e ficção, entre outros), história dos conceitos, história intelectual e das ideias, o problema do tempo e da temporalidade (envolvendo conceitos e noções como historicismo, historicidade, multiplicidade temporal, tempo presente, entre outros), história e filosofia das ciências, história global e transnacional e, por fim, a relação entre história, mídias e linguagens. Esses temas abrangentes visam proporcionar uma plataforma inclusiva para discussões interdisciplinares e frutuosas.

História das mulheres, das relações de gênero e das violências: interseccionalides e interdisciplinaridades

Proponentes: Dra.Bruna Alves Lopes (UEPG); Dra. Talita Gonçalves Medeiros 


Modalidade: on-line

Link para a reunião: em breve.

Palavras-chave: Gênero. Violências. Interssecionalidades.


A partir da segunda metade do século XX, mudanças significativas aconteceram na História gerando impactos nas fronteiras que delimitavam a disciplina, assim como, seus objetos de interesses, metodologias e a própria maneira de compartilhar os conhecimentos produzidos em seu meio. Entre os elementos que contribuíram para a renovação do campo estão a emergência da histórias(s) da(s) mulher(es) na década de 1970, impulsionado pelos movimentos feministas da época e pelo desejo de superar a invisibilidade da agência feminina na narrativa histórica. A partir dos anos 1990, o acúmulo de experiência e reflexões, possibilitou a ampliação do olhar para as relações de Gênero e, no início do século XXI, o desejo de uma História plural e democrática impulsionou reflexões e inserções de categorias e reflexões até pouco tempo ignoradas, tais como, a cisheteronormatividade, a decolonialidade e a interseccionalidade,  expressando não apenas o desejo de uma escrita da História que abarque os sujeitos femininos, mas que também seja reflexiva e capaz, inclusive de criticar e desvelar os mecanismos que colaboraram para a sua construção, colocando em evidência suas interdições, exclusões e possibilidades. Desta feita, tendo em vista as questões acima expostas, este simpósio temático tem como proposta reunir pesquisas concluídas e/ou andamento que versem sobre a(s) história(s) da(s) mulher(es) e das relações de gênero. Serão bem vindas, investigações que abordem as lutas políticas e o movimentos sociais em busca de igualdade e respeito a diversidade, a hierarquização dos corpos e suas interseccionalidades (gênero, classe, raça/etnia, deficiência, sexualidade, geração, entre outras), as construções dos modelos de masculinidades e feminilidades e as múltiplas violências que cercam, expõem, marcam ou mutilam esses corpos, bem como, discussões que envolvem práticas de cuidado, as práticas reprodutivas e as discussões sobre famílias.



Bibliografia

BADINTER, Elisabeth. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985.

BEAVOUIR, Simone de. O Segundo Sexo. São Paulo: Difusão Europeia de Livros, 1967.

BELLOTI, Elena Gianini.  Educar para submissão: o descondicionamento da mulher. Petrópolis, Vozes, 1981. 

BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

BUTLER, Judith. Cuerpos que importan: sobre los limites materiales y discursivos del “sexo”. – 2º Ed. 2ª reimp. – Buenos Aires: Paidós, 2012.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: A vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 9.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

PEDRO, Joana Maria. Relações de Gênero como categoria transversal na historiografia contemporânea. Topoi, v. 12, n.22, jan-jun. 2011, p. 270 -283.

História e democracia em disputa: tensões na pesquisa, no ensino e na política 

Proponentes: Gulherme Abizaid David (PPGH - UFJF); Júlia Delage Gomes Sabino (PPGH - UFJF); Octavio de Melo Pontes (PropEd UERJ)


Modalidade: on-line

Link para a reunião: em breve.

Palavras-chave: Neoliberalismo; Ensino de História; Pesquisa.


O cenário político dos últimos anos, tanto no Brasil quanto nos países vizinhos e no chamado sul global, têm sido fator determinante para o desenvolvimento de abordagens múltiplas em torno das pesquisas históricas. Perspectivas pós-coloniais, pós-fundacionais e pesquisas relacionadas à História do tempo presente são apenas alguns dos exemplos que têm buscado compreender o jogo político no qual se insere a historiografia e o ensino de História. 

Os usos do passado perpassam um dos grandes desafios da pesquisa e ensino de História. Questiona-se as possibilidades de narrativas que permeiam as apropriações políticas da história, especialmente num mundo neoliberal, nos quais percebemos a ascensão de grupos de extrema direita. Refletir nos usos políticos do passado torna-se necessário num contexto de ascensão destes grupos, tendo em vista uma forte onda de negacionismos, inverdades, construído através de um silenciamento de narrativas de grupos minoritários, além de uma clara destituição do trabalho do historiador e das dimensionalidades do conceito de verdade.

Ao mesmo tempo que as narrativas distorcidas ou silenciadas ocupam esse espaço de delimitar o poder a certos indivíduos, especialmente os conservadores e da extrema-direta, produtos do desenvolvimento e do enraizamento das políticas neoliberais, também é perceptível uma denúncia e desmoralização de historiadores e professores de história. A tentativa de controle tanto da narrativa, quanto daqueles que trabalham ensinando e/ou pesquisando demonstra o poder político que a disciplina de História detém.

Em outras palavras, tem sido possível observar que leituras inscritas em quadros teóricos diversos têm buscado compreender nomes e conceitos como “democracia”, “neoliberalismo”, “direitas”, “conservadorismo”, “história pública”, entre outros, que dinamizam debates em diversos espaços. Tendo como principal objetivo oportunizar o debate sobre os usos dos nomes citados, buscamos, neste simpósio, acolher trabalhos, pesquisas, experiências e reflexões que buscam compreender as disputas políticas em torno da pesquisa em História, em Ensino de História e em Educação. Desse modo, buscamos qualificar o debate sobre a atuação do historiador nos espaços públicos e na sala de aula em tempos presentes.

História, identidades de gênero e as sexualidades consideradas dissidentes 

Proponentes: Prof. Dr. Paulo Souto Maior (PPGH-UFPB); Dra. Brun@ do Prado Alexandre (UFGD); Me. Gustavo de Souza Rubbi (UFU); Ian Gomes Martins (Mestrando-UFU)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Gênero. Identidades. Representações.


No decorrer dos séculos XVIII e XIX as sociedades ocidentais produziram discursos e dispositivos para construir as sexualidades, com o objetivo de realizar o controle sobre os corpos. Assim, as sexualidades e identidades de gênero que não se fixaram nos discursos taxativos da cis-heterossexualidade, passaram a ser deslegitimadas pelas normas regulatórias do sexo. Nesse sentido, o simpósio propõe reunir pesquisas que apresentam como mote central os estudos de gênero enquanto categoria de análise histórica em tensionamento com as perspectivas de sexualidade, território, raça e classe, e que teorize a composição de um conjunto de representações textuais e imagéticas que produzem intencionalmente as performatividades e a construção das identidades. Interessa ao propósito deste simpósio os trabalhos que se preocupam com as questões ligadas ao campo de estudo das relações de identidades de gênero e sexualidades consideradas dissidentes como, por exemplo, os discursos, as práticas sociais e as experiências que envolvem as subjetivações das identidades, as dinâmicas de poder baseadas no gênero, as travestilidades, as transexualidades, as discussões dos estudos feministas, gays, lesbianos e a teoria queer e suas implicações teórico-metodológicas no panorama das atuais reflexões historiográficas. 



Bibliografia 

BUTLER, Judith. Problemas de Gênero. Feminismo e Subversão da Identidade. 13 edição. RJ: Civilização Brasileira, 2017.

CHARTIER, Roger. À Beira da falésia: a história entre certezas e inquietudes. Porto Alegre: UFRGS, 2002. p. 61-79.

De LAURETIS, Teresa. Tendências e Impasses: O Feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994, p. 206-242

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.

GREEN, James Naylor. Novas palavras, novos espaços, novas identidades, 1945-1968. In: Além do carnaval: a homossexualidade masculina no Brasil do século XX. São Paulo: Editora UNESP, 2000, p. 251-328.

HOOKS, Bell. O Feminismo é para todo mundo. Políticas Arrebatadoras. 6. ed. RJ: Rosa dos Tempos, 2019.

HARAWAY, Donna. Manifesto ciborgue. Ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. In: Antropologia do ciborgue: as vertigens do pós-humano. Belo Horizonte: Autêntica, 2009, p. 33-118.

HOLLANDA, Heloisa B. Pensamento Feminista Brasileiro. Formação e Contexto. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.

História, religiões e política

Proponentes: Andressa Rayane Maria Almeida da Mota (mestranda, PGH-UFRPE); Me. Edmilson Antonio da Silva Junior (doutorando, PGH-UFRPE); Me. José Pedro Lopes Neto (doutorando, PGH-UFRPE)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: História Cultural. História Cultural das Religiões. Ensino de História das Religiões.


O objetivo deste simpósio é congregar trabalhos sobre História das Religiões e das Religiosidades e contribuir para o debate sobre os temas que permeiam esses campos de estudo. A partir da perspectiva da História Cultural e também da História Política, enxergamos as religiões como produtos culturais condicionados ao contexto sociopolítico no qual emergem. Entendemos que a esfera religiosa estrutura a política, enquanto esta subsidia a primeira, tendo ambas, nesse sentido, uma íntima interação. Essa abordagem permite pensarmos os eventos religiosos para além da fenomenologia, nos permitindo pensá-los de maneira plural, com outros campos como a cultura, política e economia.

Além disso, também pensamos os eventos sociorreligiosos como construções não somente das ortodoxias eclesiásticas, mas como obra de inúmeros agentes envolvidos em negociações, concessões e trocas culturais entre as lideranças religiosas e os fiéis, estando essas trocas condicionadas temporal e espacialmente. Estudar essas construções religiosas é de extrema importância porque elas possuem a capacidade de construir culturas políticas estáveis que influenciam nas representações de uma sociedade em determinada época.

Este simpósio pretende também reunir pesquisas que abarquem questões teóricas e metodológicas, além daquelas sobre as relações entre o ensino de História e as religiões. Portanto, interessam aos nossos debates trabalhos que versam sobre as seguintes áreas temáticas: 1. História das Religiões e das Religiosidades, história das instituições e confissões religiosas, história da construção de crenças, devoções e identidades; 2. Religião, Estado e política; 3. Missionarismo, colonialismo e cristianização; 4. Intelectuais, imprensa e diálogos inter-religiosos; 5. Relação entre religiões e regimes autoritários; 6. Laicidade, democracia, fundamentalismos religiosos e intolerâncias; e 7. Ensino de História e Religiões.



Bibliografia 

ADNOLIN, Adone. História das religiões: perspectiva histórico-comparativa. São Paulo: Paulinas, 2013.

BURKE, Peter. O que é história cultural?. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

CERTEAU, Michel de. A cultura no plural. 7ª ed. Campinas: Papirus, 2012.

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. 22ª. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.

CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. 2ª. ed. Miraflores: DIFEL 82, 2002.

COUTROT, Aline. Religião e Política. In: RÉMOND, Réne (org). Por uma história política. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.

MAINWARING, Scott. A Igreja Católica e a política no Brasil (1916-1985). São Paulo: Brasiliense, 2004.

MARANHÃO FILHO, Eduardo Meinberg de Albuquerque. (org.). (Re) conhecendo o Sagrado: reflexões teórico-metodológicas dos estudos de religiões e religiosidades. São Paulo: Fonte Editorial, 2013.

MONTEIRO, Paula (org.). Deus na aldeia: missionários, índios e mediação cultural. São Paulo: Globo, 2006.

MOURA, Carlos André Silva de [et all] (org.). Religião, cultura e política no Brasil: perspectivas históricas. Campinas: Unicamp/IFCH, 2011.

RIOUX, Jean-Pierre; SIRINELLI, Jean-François. (dir.). Para uma história cultural. Lisboa: Editorial Estampa,1998.

SALES, Lílian Maria Pinto. O circuito das aparições marianas. Temáticas, Campinas, v. 13, n 25/26, pp. 139-159, jan./dez. 2005.

História(s) de e sobre Goiás 

Proponente: Ma. Janaína Ferreira dos Santos da Silva


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Goiás. Sertão. Região.


Apresentamos algumas justificativas enquanto fundamentais para a estruturação deste simpósio temático. A primeira delas é que a história de Goiás ainda é um campo pouco explorado e marginalizado pela categoria de história regional, apesar da riqueza de elementos que seu enredo proporciona. Com isso, as/os pesquisadoras/es com trabalhos que investigam essa lacuna percebem a urgência de uma maior produção de trabalhos acadêmicos que retratem a História de Goiás e a necessidade de criação e/ou fomento de espaços de diálogos entre os pares que exploram a historicidade goiana. Acrescentamos às justificativas que, após vivermos um momento de isolamento social, vimos a ampliação do caráter solitário do ofício das/os historiadoras/es, dificultando a manutenção e/ou a criação de redes de discussões sobre os trabalhos que estão sendo desempenhados. A partir dessas questões, a proposta desse simpósio temático consiste em estabelecer um espaço de diálogos entre as/os pesquisadoras/es que atuam resgatando a História do estado de Goiás. Buscamos abarcar pesquisas e comunicações com diferentes temáticas, recortes temporais, fontes documentais, metodologias e delimitações teóricas; mas que confluem em um mesmo ponto: a reconstituição do passado goiano. Assim, a partir do espaço desse simpósio temático, propomos visibilizar os trabalhos em desenvolvimento ou já desenvolvidos e estabelecer diálogos entre as/os pesquisadoras/es em questão.



Bibliografia:

Amado, Janaína. Região, sertão, nação. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, volume 8, número 15, p. 145-152, jan./jul. 1995.

Arrais; Cristiano Alencar; Sandes, Noé Freire (Orgs.). A história escrita: percursos da historiografia goiana. Goiânia: Gráfica UFG, 2017.

Campos, Francisco Itami. Coronelismo em Goiás. Goiânia, Ed. da Universidade Federal de Goiás, 1987.

Chaul, Nasr Fayad. Caminhos de Goiás: da construção da decadência aos limites da modernidade. Goiânia: Editora UFG, 2010. 

Magalhães, Sônia Maria de. Alimentação, saúde e doenças em Goiás no século XIX. 2004. Tese (Doutorado em História) – UNESP, Franca, 2004. 

Sandes, Noé Freire; Arrais, Cristiano Alencar. História e memória em Goiás no século XIX uma consciência da mágoa e da esperança. Varia História, Belo Horizonte, Volume 29, Número 51, p. 847-861, set/dez 2013. 

Histórias, memórias e identidades na América Latina

Proponentes: Me. Jorge Luiz Teixeira Ribas (Doutorando, PPGHIS-UFOP); Me. Pedro Gabriel Torres de Assis (Doutorando, PPGHIS-UFOP); Me. Ualisson Pereira Freitas (Doutorando, PPGH-UFG)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Literatura. América Latina. Memória.


A instituição das Ciências Sociais no século XX e a intenção de substituir a doxa pela episteme científica, não esgotaram a tradição de subordinar a arte da escrita à arte política. Se, na América Latina oitocentista, as literaturas de fundação buscaram criar as nações recém independentes a partir de uma posição de verdade, política ou moral, os escritos literários novecentistas – frequentemente associados ao sonho e ao fantástico – não deixaram de abordar o real. Insurgentes, esses textos bastardos, autodeclarados híbridos, que se recusavam a reafirmar dicotomias como verdade/ficção, tinham como proposta não a supressão da “realidade”, mas o enjeitamento de uma realidade encarada como apreensão unilateral dos fatos, isto é, como estrutura imaculada, íntegra, intocável, apartada da linguagem. Indissociáveis do campo da memória – categoria que passou a ser valorizada e vigorosamente disputada no centro dos debates historiográficos –, essas escrituras serviram como espaços de exposição de experiências traumáticas em função das ditaduras instituídas; como refúgio de escritores exilados em decorrência das crises governamentais e, ainda, como sítio de reconstituição identitária diante das diversas formas de desabrigo na modernidade. Nesse sentido, este simpósio temático propõe reunir e discutir trabalhos que se ocupam de objetos literários, apresentando como mote central a narrativa histórica do vivido, da intriga, da instituição e/ou subversão de racionalidades. São bem-vindos os estudos que se ocupam das dimensões simbólicas da escrita, abordando categorias como experiência, trauma e identidade, bem como, pesquisas que por meio da análise de revistas, romances, epístolas e escritos testemunhais de intelectuais e seus grupos, versam sobre as Revoluções, ditaduras e processos exílicos na América Latina do século XX.



Bibliografia 

ARFUCH, Leonor. O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea. Trad. Paloma Vidal. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010.

CHARBEL, Felipe. O historiador face a ficção. In: MEDEIROS, Bruno. Teoria e Historiografia: debates contemporâneos. São Paulo: Paco Editorial, 2015, p. 15-33.

GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Trad. Sergio Faraco. Porto Alegre: L&PM, 2012.

RICOEUR, Paul. O esquecimento e a memória manipulada. In: A memória, a história, o esquecimento. Trad. Alain François. Campinas: Editora Unicamp, 2007.

SAID, Edward. Reflexões sobre o exílio. In: Reflexões sobre o exílio e outros ensaios. Trad. Pedro M. Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 46-60.

SARLO, Beatriz. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. Trad. Rosa F. d’Aguiar. Belo Horizonte: UFMG, 2007.

SIRINELLI, Jean-François. Os intelectuais. In: RÉMOND, René. Por uma história política. Trad. Dora Rocha. Ed. 2. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003, p. 231-271.

Interações e conexões entre o Medievo e a Modernidade: diálogos historiográficos 

Proponentes: Prof.ª Dr.ª Adriana Vidotte (Docente, PPGH-UFG); Me. Saymon da Silva Siqueira (Doutorando, PPGH-UFG); Gabriel Rodrigues de Souza (Mestrando, PPGH-UFG)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Idade Média. Idade Moderna. Conexões.


Este Simpósio Temático tem por objetivo agregar e promover debates sobre as pesquisas desenvolvidas, e em desenvolvimento, nas áreas relacionadas aos campos da História Medieval e Moderna. No que se refere ao diálogo entre a Idade Média e a Modernidade, a imaginação histórica permaneceu, por muito tempo, concentrada na análise do nível concreto das relações de poder, das relações entre realeza e aristocracia, entre senhor e camponês, ou mesmo no modo mais evidente da manifestação do poder: a violência. Desse modo, estabeleceu-se um imaginário no qual tais aspectos foram superados apenas pelo empreendimento de uma burguesia revolucionária à luz do resgaste das influências e heranças da Antiguidade clássica, implementando-se assim uma cisão entre períodos contíguos. Entretanto, sabe-se que essa pretensa cisão se efetuou como elemento tardio, a fim de estabelecer uma alteridade que se configurasse como definidora identitária, e que oscilou entre distanciamentos e aproximações no decurso dos séculos. Nas últimas décadas, as pesquisas dedicadas a estas áreas têm se beneficiado extraordinariamente dos estudos pautados em novas abordagens historiográficas, contemplando os diversos elementos em constante interação no tecido social, tais como os elementos de ordem religiosa, econômica, moral e política. Não somente, o aumento significativo de estudos locais, realizados dentro de recortes espaço-temporais mais precisos, abandonando a abordagem secular, contribuíram grandemente para as novas perspectivas desenvolvidas nessas áreas. Sobretudo, destaca-se a notável renovação epistêmica estabelecida pelos estudos dos fenômenos de circulação/conexão, reinterpretando seus objetos de estudos como elementos que, ao circularem, se metamorfoseiam e influenciam os seus espaços de presença.

Se, por um lado, esses estudos tornaram mais preciso e diversificado o conhecimento do período, de forma a sofisticar o diálogo e a coerência interna de seus elementos; por outro lado, os mesmos estudos são menos eficazes no que diz respeito ao diálogo entre estas duas áreas, a despeito de sua continuidade temporal e espacial. Em virtude dessas considerações, este Simpósio Temático tem por objetivo lançar mão destes aspectos em proveito mútuo, de forma a dialogar com as rupturas e continuidades, bem como as conexões e interações entre o medievo e a modernidade. Portanto, interessam aos nossos debates um vasto leque de possibilidades de investigação e de abordagens teórico-metodológicas, tais como: as relações de poder, a vida política e econômica, os saberes universitários, a cultura popular e erudita, as questões de gêneros e sexualidade, a literatura, as práticas e representações culturais, as experiências sociais da morte, a história da saúde e das doenças, as intelectualidades, os diálogos entre o Ocidente e o Oriente, além de outras possibilidades de investigação que estejam inseridas no recorte temático aqui proposto.

Memória, verdade e justiça: as experiências de resistência às ditaduras na América Latina 

Proponente: Lucas Barroso (Mestrando - PPGHIS/UFRJ)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Autoritarismo. Repressão. Resistência.


Nos anos que marcaram o fim da década de 1970 e o início dos anos 1980, os países latino-americanos testemunharam um intenso embate entre culturas políticas autoritárias e democráticas durante os processos de redemocratização. Esse embate foi enraizado em décadas de histórico autoritarismo na região, cujas raízes se estendem desde, pelo menos, a década de 1930. Essa longa tradição de autoritarismo, combinada com as diversas dificuldades econômicas, políticas e sociais enfrentadas por cada país, impôs sérias barreiras ao avanço da democracia na América Latina. No entanto, à medida que o século XX chegava ao fim, começaram a surgir sinais de uma possível recuperação dos direitos civis na região. Essa recuperação gradual representou um rompimento parcial com o legado autoritário que havia moldado a América Latina por décadas, abrindo caminho para um renascimento da esperança democrática. Embora esse processo tenha sido lento e gradual, ele eventualmente desencadeou uma onda de otimismo em vários países latino-americanos, indicando uma mudança significativa em direção a uma maior participação cívica e liberdades democráticas, em vista da grande participação popular na queda dos regimes autoritários. Nesse contexto, o estudo analítico das diferentes formas de resistência às ditaduras latino-americanas é de suma importância para compreendermos não apenas a história política da região, mas também as dinâmicas sociais, culturais e econômicas que moldaram a recente luta pela democracia em seus país. Essa análise nos permite reconhecer o papel crucial dos movimentos sociais, ativistas, intelectuais e grupos marginalizados na construção de sociedades mais justas e inclusivas. Espera-se, assim, que os trabalhos submetidos para este simpósio abordem uma ampla gama de temas relacionados à resistência às ditaduras na América Latina, incluindo, mas não se limitando a, movimentos sociais e populares; ativismo intelectual, social, político e cultural; memória da repressão; justiça de transição; e experiências e legados de resistência local. Nesse cenário, serão aceitos reflexões críticas que analisem as estratégias adotadas por diferentes atores sociais para enfrentar regimes autoritários, sejam elas por meio de manifestações de rua, organização sindical, resistência armada, expressões artísticas e culturais, ou outros meios alternativos de contestação. Essas experiências muitas vezes revelam formas criativas e inovadoras de resistência que surgiram em comunidades marginalizadas, rurais ou urbanas, e destacam a importância da solidariedade, da organização comunitária e da construção de redes de apoio na luta pela democracia. Além disso, encorajamos estudos que explorem a memória coletiva da repressão, incluindo narrativas individuais e coletivas de sobreviventes, testemunhos de familiares das vítimas e análises sobre o papel da arte, literatura e mídia na preservação da memória histórica. Nesse sentido, também serão esperados trabalhos que apresentem análises aprofundadas sobre os diferentes modelos de justiça de transição adotados na região, incluindo comissões de verdade, julgamentos de crimes contra a humanidade, programas de reparação às vítimas e políticas de memória. Com esta proposta de simpósio, buscamos criar um espaço de reflexão e debate acadêmico que promova uma análise aprofundada e contextualizada das lutas pela democracia no continente frente aos seus períodos ditatoriais, incentivando o intercâmbio de ideias e experiências entre pesquisadores, estudantes e ativistas comprometidos com a promoção dos direitos humanos e da justiça social.

Mulheres, classe, raça, sexualidades e relações de poder: estudos sobre a interseccionalidade e suas categorias 

Proponentes: Me. Débora de Faria Maia (PPGH-UFG); Me. Ingrid Lima Sousa (PPGE-UFG)


Modalidade: Presencial

Faculdade de História - UFG

Palavras-chave: Relações de Poder. Interseccionalidade. Desigualdades Sociais.


Patrícia Hill Collins (2022) nos questiona acerca do quão críticas ou resistentes podem ser as teorias sociais dentro dos muros da academia. Partindo destes incômodos e situando as disputas de poder que ocorrem entre a formação dos campos de saber e sua validação (FOUCAULT, 2017, 2018), nos propomos a investigar, através deste Simpósio Temático, narrativas e enredos sociais cujos grupos marginalizados pela História enquanto disciplina e saber científico, são os protagonistas. As pesquisas a respeito das relações de gênero, mulheres, classe, raça, nacionalidades e sexualidades foram emergentes à partir da década de 1980, engajados pelas epistemologias feministas e o diálogo com os estudos culturais, influenciando não somente as Ciências Sociais, como também a formação de políticas públicas para as populações em situação de vulnerabilidade. Dito isso, definimos a Interseccionalidade como instrumento facilitador dessa análise, conforme Carla Akotirene (2019), buscando não somente debater acerca dessa metodologia como proposta para as pesquisas em desenvolvimento, mas também trazer luz para as estruturas de poder que atravessam os corpos, marcando suas subjetividades, reorientando suas posições e experiências, na formação e manutenção das desigualdades sociais. Este Simpósio Temático, contudo, quer visibilizar as resistências e (re)existências possíveis, recebendo trabalhos que margeiam debates no âmbito da educação, sociedade, cultura, políticas públicas, História, teoria e afins, validando como protagonistas os dilemas desses sujeitos, suas identidades e experiências nas encruzilhadas do poder.  



Bibliografia:

AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. - São Paulo, Sueli Carneiro. Ed: Pólen, 2019. 

COLLINS, Patricia Hill. Bem mais que ideias: a interseccionalidade como teoria social crítica. Trad: Bruna Barros, Jess Oliveira - São Paulo: Boitempo, 2022. 

Curiel, Ochy. Construindo metodologias feministas a partir do feminismo decolonial. In. HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Pensamento Feminista Hoje: perspectivas decoloniais, pp.121- 138. Rio de Janeiro. Ed: Bazar do Tempo, 2020. 

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro; São Paulo: Paz e Terra, 2018.

______.Arqueologia do saber. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2017.  

Mulheres, gênero e masculinidade: unindo abordagens e superando desafios 

Proponentes: Mª. Ana Luzia Pereira Martins (doutoranda PPGH-UERJ); Mª. Andrea da Conceição (doutoranda PPGH-UERJ);  Mª. Isadora de Melo Escarrone Costa (doutoranda PPGH-UERJ)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Mulheres. Gênero. Masculinidades.


Nas últimas décadas, a historiografia apresentou uma maior tendência à interdisciplinaridade. Inclusive, essa interdisciplinaridade foi a base para a renovação de algumas áreas teóricas, como a Nova História Cultural e a Nova História Política.  Tais renovações buscaram responder algumas inquietudes como a crítica a exclusividade da quantificação, a imprecisão da ideia de mentalidade, a descrença nas categorias rígidas e pré-estabelecidas. Essas críticas permitiram que a História Cultural olhasse para novos horizontes, contribuindo para o surgimento de uma História Política interdisciplinar e menos preocupada com os grandes feitos e os grandes homens, como outrora ocorria. Houve uma maior atenção ao indivíduo e às suas visões, angústias e almejos. Procurou-se compreender as motivações, as identidades, os símbolos que situavam os sujeitos de um tempo e espaço determinado. A historiografia buscou suscitar o entendimento de quais atores estamos tratando. São mulheres? São grupamentos formados por quais indivíduos? Eles ou elas se unem e se dissociam a partir de quais critérios?

Dessas transformações, não apenas uma visão mais interdisciplinar pode ser notada, como também o interesse por estudos que contemplassem as mulheres e os diferentes agentes de gênero. Afinal, ao atribuir como político o âmbito do cotidiano, a historiografia pôde, pouco a pouco, resgatar “as experiências femininas, restituindo a elas a sua própria história”, atribuindo ao “conceito de gênero” uma “dimensão política das relações entre o masculino e o feminino”(MATOS, 2013, p. 6). Enfim, os estudos de História das Mulheres, Gênero e Masculinidades (ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz, 2013; PEDRO, Joana Maria, 2005; PERROT, Michelle, 2017; RAGO, Margareth, 1995; SCOTT, Joan, 1995) iluminam as mudanças nas representações dos agentes históricos, contribuem para uma compreensão mais profunda das complexidades das lutas e conquistas femininas ao longo do tempo e permitem questionarmos a compreensão dos homens como seres universais ou extra históricos.

 Mais ainda, possibilita o estudo da interação, dos desafios e das disputas existentes entre os diferentes indivíduos de gênero. Essas abordagens metodológicas enriquecem a historiografia ao expor as dinâmicas sociais em torno do papel dos indivíduos e o modo como se estruturavam em torno de representações, hierarquias e privilégios. Diante de tal importância, este simpósio propõe reunir pesquisas que versem sobre História das Mulheres, Gênero e Masculinidades, jogando luz às perspectivas e intersecções tecidas entre os agentes históricos das mais diferentes épocas, a margem do político. 

O ecoar das vozes ancestrais: povos originários em perspectiva decolonial, anti-colonial e contracolonial 

Proponente: Francisco Gonçalves Queiroz (Graduado - Uniasselvi); Virginia Elaine Vasconcelos do Nascimento (PPGAU - UFBA)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Povos Originários. Abya Yala. História Indígena.


A história da colonização foi escrita com viés eurocêntrico e baseada numa perspectiva histórico-cronológica-universal, utilizando os primeiros habitantes como “bode expiatório” para os seus devidos interesses. Contudo, compreendendo que o “colonialismo” e o “imperialismo” estão interligados como categorias históricas e dinâmicas das quais estruturam as experiências aborígenes (SMITH, 2018, p. 31-33). De acordo com Maria Hilda Baqueiro Paraíso, as nações indígenas passaram por diversos processos de violência cultural, etnização, perda de seus territórios e apagamentos que na atualidade perpetuam e impactam seus modos de vida (2020, p. 149-152). Essas variadas injustiças são fruto da invasão portuguesa desde o século XV, a qual impôs um outro modo de existir aos povos autóctones que permanecem resistindo contra as colonialidades do poder, do ser, do saber e do discurso da branquitude (QUEIROZ, 2024, p. 3-4). Portanto, pensar na ideia de contracolonização proposta por Nêgo Bispo, requer de aparatos científicos tradicionais para romper com os estereótipos raciais, de gênero e classe das quais fazem parte de um lugar pensado pelos brancos e para seus descendentes (SANTOS, 2023, p. 8-11). Portanto, o presente simpósio temático tem por finalidade convidar pesquisadores e pesquisadoras das demais áreas das ciências humanas e sociais, cujos trabalhos apresentem debates sobre as populações originárias em seus diversos contextos de Abya Yala e traga abordagens descoloniais, anti-coloniais e contracoloniais, políticas indígenistas, escravidão indígena, relações étnico-raciais e educação antirracista.



Bibliografia

QUEIROZ, Francisco G. Colonialidade Local do Discurso e o Lugar da Branquitude em uma perspectiva indígena Payayá. In: Experiências de Descolonização dos Corpos e Saberes. Vol. 1, 2024. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Departamento de História. Disponível em:<https://www.descolonizandoconhecimentouerj.com/in%C3%ADcio/revista-on-line-experi%C3%AAncias-de-descoloniza%C3%A7%C3%A3o-dos-corpos-e-saberes/arquivo/artigos>.

O ensino das religiões de matriz africana e afro-brasileira nas escolas de educação básica 

Proponentes: Francisca Cibele da Silva Gomes (Graduada em História pela UESPI); Maria Lourdes Alves de Oliveira (Graduada em História pela UESPI); Juliana Veras de Sousa (Bacharel em Serviço Social pela FATESP); Andreia Rodrigues de Andrade (Doutoranda em História pela UFSM)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Educação Antirracista. Religiosidades Africanas. Religiões Afro-brasileiras. Ensino Básica. 


Vivemos em uma sociedade marcada cotidianamente pelo racismo, discriminação e violência para com as religiões de matriz africana e afro-brasileira, essa visão pode ser observada nas diversas mídias que circulam no espaço físico e virtual. Para tanto, pensar nessas questões dentro da escola se tornar algo de suma relevância para romper com esse histórico de desigualdade e exclusão, sobretudo quando pensamos nos direitos humanos e na liberdade de expressão e de culto religioso. Nesse sentido, convidamos os diversos pesquisadores que trabalham a temática para reunir seus trabalhos acadêmicos, relatos de experiências em um espaço de comunicação livre e aberta objetivando socializar suas vivências docentes, saberes teóricos e práticos trazidos da união entre a História e Cultura africana e afro-brasileira e em especial as religiosidades. Entendemos os espaços escolares como sendo permeado por diversos conhecimentos, seja aqueles trazidos pelos alunos, como os providos da escolarização. O discente não deve ser visto como um ser passivo, mas um aluno apto a produzir saber e a trazê-los do seu conviveu social e familiar, da cultural e tempo histórico onde está inserido. Inclusive, pode difundir preconceitos e violências quando não estimulados a desenvolver outros olhares acerca das diferenças para além do discurso racista que permeiam a sociedade. Precisamos criar escolas verdadeiramente democráticas, libertárias e equitativas conforme defendeu os intelectuais: Kilomba (2019), Gonzalez (1984), entre outros. O debate constitui-se parte da necessidade em aprofundar interpretações antirracistas, mas também para romper com ideias estereotipadas e preconceituosas acerca da diversidade étnico-racial existente nas escolas. Sobretudo, porque possibilita que os discentes sejam protagonistas dentro das narrativas e também construam novos olhares sobre sua realidade a partir do contato entre suas vivências e a ludicidade com temáticas reais e contemporâneas. Portanto, necessita-se de mais abordagens enfatizado o universo da escrita sobre a historiografia das religiosidades e também trazer os personagens negros, quilombolas, indígenas, entre outras que fazem parte da educação decolonial, da diversidade religiosa brasileira e da cultura de diversos grupos. 




Bibliografia

CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre a Negritude. v.3, Belo Horizonte: Nandyala, 2010. 114 p. (Coleção Vozes da Diáspora Negra). Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=3151390. Acesso em: 24 fev. 2023. 

GONZALEZ, Lélia. Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira. Revista Ciências Hoje, Anpocs, p.223-244, 1984. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4584956/mod_resource/content/1/06%20-%20GONZALES%2C%20L%C3%A9lia%20-%20Racismo_e_Sexismo_na_Cultura_Brasileira%20%281%29.pdf. Acessado em: 25 fev. 2023. 

GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de Amefricanidade. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n.92/93, p.69-82, 1988. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=3717939. Acessado em: 23 fev. 2023. 

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação – episódios de racismo cotidiano. 1.ed. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019. 248 p. Disponível em: https://www.ufrb.edu.br/ppgcom/images/MEMORIAS_DA_PLANTACAO_-_EPISODIOS_DE_RAC_1_GRADA.pdf. Acessado em: 25 fev. 2023. 

RATTS, Alex. Corpo/mapa de um país longínquo: intelecto, memória e corporeidade: In: RATTS, Alex. Eu Sou Atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Instituto Kuanza; Imprensa Oficial, 2006. 129 p. Disponível em:https://www.imprensaoficial.com.br/downloads/pdf/projetossociais/eusouatlantica.pdf. Acessado em: 25 fev. 2023.

SANTOS, Raquel Amorim dos. Currículo e relações étnico-raciais: a identidade da criança negra na educação infantil na Amazônia bragantina. In: PINHO, Márcia Saviczki; OLIVEIRA, Marcos Renan Freitas de; GALVÃO, Rosália Maria Saravia (Org.). Brincar, criar e inovar: refletindo o currículo e as práticas educativas na educação infantil. São Carlos: Pedro & João, 2018, p.37-54. Disponível em: https://livroaberto.ufpa.br/jspui/handle/prefix/675. Acesso em: 26 ago. 2023. 

SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro ou as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. 1.ed. Rio de Janeiro: Zarah, 2021. 

Patrimônio, Arquivos e Museus: memória e identidades na escrita da história

Proponentes: Dr. Raul Amaro de Oliveira Lanari (FH/UFG); Dr. Guilherme Talarico (UEG - Campus Goianésia)


Modalidade: Presencial

Faculdade de História - UFG

Palavras-chave:  Patrimônio Cultural. Arquivos. Museus.


Os acervos patrimoniais, arquivísticos e museológicos se consolidaram como modalidades de discurso memorialístico em consonância com a formação dos Estados Nacionais, tendo transbordado suas fronteiras a partir da atividade da UNESCO ao longo da segunda metade do século XX. Inicialmente associados às “memórias oficiais” e aos bens materiais, Patrimônios, Arquivos e Museus passaram por um movimento duplo de ampliação de seus objetos de interesse e de questionamento de seus pressupostos teóricos, que trouxeram consigo uma “insurgência” com foco nas comunidades locais, valorizando outros saberes, oralidades, fazeres e suportes da memória que estruturam identidades à margem das políticas oficiais de memória empreendidas pelos poderes instituídos. Com isso, as possibilidades de pesquisa e intervenção social por meio destas instituições se ampliaram vertiginosamente, fazendo-se necessária a participação de profissionais de História nos debates e nas ações concretas.  

Neste novo cenário, observa-se a existência de patrimônios “per si”, que existem e permanecem a despeito da chancela estatal, e os patrimônios reconhecidos por meio de processos de “patrimonialização”. No caso dos Museus, observa-se a proliferação de Museus Comunitários, Museus de Percurso, dentre outras modalidades herdeiras da Museologia Social que ganhou destaque a partir da década de 1970. No caso dos Arquivos, observa-se, atualmente, um amplo debate a respeito dos Arquivos Comunitários e dos acervos orais de comunidades tradicionais. Em todos os casos, os debates são atravessados pela reflexão a respeito do diálogo com as diferentes modalidades de difusão de informações advindas dos avanços tecnológicos que fizeram do “mundo digital” uma dimensão inescapável de produção e difusão de narrativas históricas. 

O Simpósio Temático tem como objetivo congregar propostas de comunicação de historiadores(as), em todos os níveis de formação, e áreas do conhecimento afins, que abordem: Os Patrimônios Culturais, suas comunidades protagonistas, os dilemas enfrentados diante de fenômenos contemporâneos, possibilidades de abordagem dos bens culturais voltadas para o protagonismo social das comunidades envolvidas, análises críticas de monumentos e sítios patrimoniais, abordagens críticas de processos de patrimonialização; Os Museus e as modalidades de escrita da história por meio dos objetos museais, Experiências de organização de exposições e acervos museais, história dos Museus no Brasil, narrativas históricas difundidas por meio de Museus; Os arquivos: dos arquivos históricos aos sistemas arquivísticos nacionais; possibilidades de pesquisa em acervos, acervos pessoais e a escrita da história, acervos documentais patrimonializados, abordagens críticas das políticas arquivísticas em nível municipal, estadual e federal, debates sobre as fronteiras e interseções entre a História e a Arquivologia. 

Pesquisas em patrimônio cultural, arquivos e fontes hemerográficas: desafios e perspectivas 

Proponentes: Dra. Sandra Catharinne Pantaleão Resende (PPGHIS – PUC GOIÁS); Me. Oslan Costa Ribeiro (PPGH–UFG); Me. Paulo Afonso Tavares (PPGH-UFG)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Patrimônio Cultural. Arquivos. Fontes Hemerográficas. 


Este Grupo de Trabalho (GT) propõe-se como um espaço acadêmico para a apresentação e discussão de pesquisas que exploram as interseções entre Patrimônio Cultural, gestão de Arquivos e o uso de metodologias hemerográficas. Esta iniciativa é aberta a pesquisadores e estudantes de todos os níveis acadêmicos — graduação, pós-graduação lato sensu, mestrado e doutorado — e busca fomentar um diálogo construtivo sobre os desafios e as inovações nestas áreas de pesquisas. O principal objetivo deste GT é reunir contribuições que abordem temáticas relacionadas ao Patrimônio Cultural, seja através do estudo de Arquivos ou da utilização de Fontes Hemerográficas, promovendo assim uma compreensão mais ampla e integrada destes campos. Estão encorajadas tanto pesquisas que focam em um único objeto de estudo — Patrimônio Cultural, Arquivos ou Fontes Hemerográficas — quanto aquelas que integram dois ou todos os três elementos, visando a produção de conhecimento interdisciplinar. O estudo do Patrimônio Cultural é importante para a compreensão das identidades e histórias locais e globais. Arquivos, como depositários de documentos históricos, e fontes hemerográficas, como jornais e revistas antigos, são fundamentais para a pesquisa histórica e cultural. Estes recursos permitem aos pesquisadores acessar uma variedade de perspectivas sobre o passado, oferecendo contribuições valiosas para o presente e futuro das sociedades. A relevância deste GT reside também na sua capacidade de promover a preservação da memória coletiva e incentivar práticas de pesquisa que respeitem e valorizem as narrativas diversas encontradas nos acervos e coleções. Ao abordar tais temas, o GT espera contribuir significativamente para os estudos culturais e históricos, incentivando a utilização de práticas inovadoras e interdisciplinares na investigação do patrimônio documental e material. A participação de acadêmicos de diversas áreas e níveis de formação enriquecerá o debate e ampliará as fronteiras do conhecimento, consolidando este espaço como fundamental para a troca de experiências e para o avanço da pesquisa científica no campo das ciências humanas.

Por uma história plural: práticas, debates e novas perspectivas 

Proponentes: Isabela Almeida Gomes (PPGH-UFG); Luiz Eduardo Barbosa Gonçalves (PPGH-UFG)


Modalidade: Presencial

Faculdade de História - UFG

Palavras-chave: Ensino de História. História Plural. Aprendizagem Histórica.


Ensinar História é se atentar às multiplicidades das narrativas históricas, tendo em vista que são construtos produzidos em um determinado tempo e, consequentemente, impossíveis de apreender o passado em toda a sua complexidade. Na escola, o mesmo ocorre com os sujeitos presentes nas  salas de aula, sendo cada  aluno único, pertencentes à sua história e, portanto, detentores de experiências e de modos de vida diversos. Desconsiderar tais aspectos é relegar o ensino de História ao que a escritora nigeriana Chimamanda Adichie (2019) chama de “história única”, cujo perigo se concentra em perpetuar narrativas simplistas até serem  consideradas como “oficiais”, apagando da História a sua pluralidade. Diante disso, o presente Simpósio Temático tem como objetivo reunir professores-pesquisadores para partilhar suas experiências e práticas docentes, pesquisas concluídas ou em andamento que coloquem em evidência a pluralidade da disciplina. Desse modo, este simpósio se justifica pela necessidade de abranger as mais diversas temáticas que relacionam ao ensino de História,  levando em consideração as práticas,  os debates e as novas perspectivas adotadas a fim de articular o passado e o presente de modo plural. Como destaca Walter Benjamin (2016), é preciso escovar a contrapelo o passado dos subalternos, para que os vencidos não sejam repetidamente derrotados. Logo, cabe a nós, professores-pesquisadores, colocar em perspectiva um ensino que inclua todos os sujeitos e suas especificidades, aprendizagens e interesses que fujam do método tradicional que foi e ainda vigora em muitos espaços, desde a educação básica até o ensino superior.

Sendo assim, o simpósio proposto torna-se relevante na medida que busca discutir ideias práticas e eficazes de intervenção em sala de aula que possibilitem uma história plural, tendo como finalidade um ensino que vai além dos métodos comuns. Nessa perspectivas, mesmo com a legislação brasileira abarcando a temática, a exemplo da Lei 11.645/2008, que tornou obrigatório o estudo da história e cultura indígena e afro-brasileira no ensino fundamental e médio, as lacunas continuam e são perceptíveis, sejam nos livros didáticos ou no fato dessa obrigatoriedade não se estender à formação do professor, isto é, ao ensino superior. Assim, resta apenas uma esperança para os docentes, que por iniciativa própria, inserem em suas aulas uma perspectiva decolonial.

Reflexões sobre os usos da micro-história: economia, sociedade, saúde e cultura 

Proponentes: Me. Ana Amélia Gimenez Dias (PPGHIS - UFJF); Me.Thássio Ferraz Tavares Roque (PPGHCS- Fiocruz); Henrique Wellerson Rodrigues (PGHIS- UFSJ)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Micro-história. Metodologia. Historiografia.


A micro-história italiana ocupa hoje um dos lugares centrais do debate epistemológico entre os historiadores de numerosos países. Essa metodologia favoreceu uma multiplicidade de novos olhares e perspectivas nos estudos dos mais variados objetos, e sua aplicação levou os historiadores a fazerem o uso de novas escalas de investigação. A historiografia, assim como se transforma conforme os novos problemas e necessidades dos historiadores e seus contextos, também evolui com a aplicação de métodos como a micro-história. Esta abordagem permite a exploração de novas fontes, objetos e perspectivas, destacando agentes e questões que, sob a hegemonia do estruturalismo, dominante entre a Segunda Guerra Mundial e a década de 1970, foram longamente negligenciados. Nesse sentido, “Uma cidade, um campo, de longe são uma cidade e um campo, mas à medida que nos aproximamos, são casas, árvores, telhas, folhas, capins, formigas, pernas de formiga, até o infinito. Tudo isso está envolto no nome.” (PASCAL apud REVEL 1998. p. 103.) Portanto, as novas formas de se fazer história, oriundas dos Cansaços de Clio, da segunda metade do século XX, principalmente o método micro-histórico, logo se espalharam pela Europa, chegando até à América, e, finalmente, ao Brasil, onde sua presença é marcante, visto que tal metodologia inspira inúmeras pesquisas. Por conseguinte, os aspectos concernentes às questões econômicas, sociais, culturais e da saúde, que fazem os usos e atributos de inúmeras possibilidades metodológicas, incluindo a referente micro-análise, serão contemplados neste simpósio temático, abrangendo os variados recortes cronológicos e geográficos. 



Bibliografia

REVEL, Jacques. Jogos de escala–A experiência da micro-história. Rio de, 1998.

LEVI, Giovanni. A herança imaterial: trajetória de um exorcista do Piemonte do século XVII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

GINZBURG, Carlo. Micro-história: duas ou três coisas que sei a respeito. In:________. O fio e os rastros; verdadeiro, falso e fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição. Tradução: Maria Betânia Amoroso. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

GINZBURG, Carlo. A micro história e outros ensaios. Lisboa: Difusão Editorial Ltda, Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1989.

VENDRAME, Maíra Ines; DE OLIVEIRA KARSBURG, Alexandre (Ed.). Micro-história: um método em transformação. Letra Voz, 2020.

Relações e implicações entre literatura e história

Proponentes: Profa. Dra. Priscila Renata Gimenez (PPGLL- UFG); Prof. Dr. Rogério Max Canedo  (PPGLL- UFG)


Modalidade: on-line

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As grandes áreas dos estudos da literatura e da história frequentemente têm diálogos teóricos e críticos importantes com implicações em ambos os campos de pesquisa. Nos estudos da literatura, teorias de abordagem cultural, sociocultural e sócio-históricas são ferramentas importantes e transversais para compreensão de fenômenos literários, constituição e produção de determinados gêneros em diferentes tipos de suporte e períodos. O texto, literário, por sua vez, pode constituir rica fonte documental e histórica de acontecimentos, eras, períodos históricos determinados ou mesmo da vida cotidiana de determinado espaço e tempo, além de ser, por si só, o objeto de investigação histórico-social, histórico-cultural, histórico-literária. Assim, a interrelação entre história e literatura tem permitido a pesquisadores dessas duas áreas responder a problemas ou fazer sondagens que as teorias da literatura ou as teorias da história não dão contam isoladamente. 

As relações que podem se estabelecer em pesquisas em ambos os campos vão além, por exemplo, como a escrita da história lança mão de recursos literários ou retóricos, ou a escrita literária recorre a elementos históricos? Como a literatura absorve e representa a história nos variados gêneros literários? De que forma as narrativas dialogam com os aspectos históricos de seu tempo e com seu contexto de produção e publicação, como jornais e revistas? Qual o papel dos diferentes agentes atuantes na existência e circulação do texto literário, como tipo de suporte, editores, leitores, críticos e, claro, autores? Qual é o papel de letrados, escritores e escritoras na criação (e na problematização) dos símbolos históricos de um país, da identidade nacional e no reconhecimento internacional de sua nação e de sua literatura? 

Considerando essa estreita relação das áreas em questão, este simpósio tem por objetivo discutir questões relativas à literatura e à história, discutindo trabalhos que contemplem perspectivas como: historicidade da literatura e literariedade da história; romance e história; romances históricos; produção, circulação e recepção de textos literários; literatura produzida na imprensa – crônicas, narrativas históricas, contos e romances, e suas relações com a história; a conjuntura histórica e literária de escritos e suas relações com editores, críticos, tradutores e leitores; entre outras questões em torno das relações e implicações entre história e literatura. 

Por meio desses temas, pretende-se criar um espaço de discussão interdisciplinar e transversal, em que perspectivas e abordagens das áreas de história e de letras possam despertar o diálogo entre pesquisadores de ambas as áreas, além de contribuir com as reflexões dos participantes. 

Religiões e Religiosidades nas Américas espanhola e portuguesa: aspectos políticos, culturais e sociais entre os séculos XVI e XIX

Proponentes: Mariana da Silva Rodrigues de Lima (Doutoranda em História -PPGH-UERJ); Wilson Carlos da Silva (Doutorando em História-PPGH-UNIRIO)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Relações entre Igreja e Estado. Controle social-religioso. Religião e poder. 


As Coroas espanhola e portuguesa, no período moderno, eram sociedades permeadas por uma cultura religiosa de base católica que também se fez presente nos movimentos de conquista colonial do continente americano. Através desse processo, as Américas espanhola e portuguesa foram submetidas a intensas transformações que afetaram povos indígenas, africanos que foram escravizados, mulheres e também os colonizadores europeus que se estabeleceram nesses territórios desde as primeiras décadas do século XVI. Vários foram os mecanismos elaborados para o controle dessas sociedades, sendo que em muitos casos o religioso e o secular se associaram para garantir a ordem social, união que atingiu os campos da política, da cultura, entre outros. Essa estrutura de vínculo entre as duas esferas perdurou até o século XIX, momento de emergência dos movimentos de emancipação política das colônias ibero-americanas. Entretanto, vale destacar que esta permanente aliança entre a religião e o poder político foi alvo de resistências e reformas ao longo desse período. Diante da importância do religioso para as sociedades em tela, este simpósio temático tem como objetivo discutir as diversas questões suscitadas a respeito dessa temática no recorte temporal mencionado. Dentre os temas correlatos a essa problemática podemos citar: o processo de evangelização das populações nativas das Américas; as relações entre Igreja e Estado para o êxito do projeto colonizador; os mecanismos de controle social, como, por exemplo, a Inquisição, a Extirpação de Idolatrias, entre outros; a inserção de religiões acatólicas, como o Judaísmo, o Protestantismo e o Espiritismo; a imprensa religiosa; as relações de gênero e a religião; mulheres e religião; ordens religiosas e processos de secularização dos Estados independentes.  



Bibliografia

BOXER, Charles R. A Igreja militante e a expansão ibérica: 1440-1770. Trad. Vera Maria Pereira. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

GOMES, Francisco José Silva. A Igreja e o poder: representações e discursos. IN: RIBEIRO, Maria Eurydice de Barros (org.). A vida na Idade Média. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1997, p. 33-60.

NEVES, Guilherme Pereira das. A religião do império e a Igreja. In: GRINBERG, Keila; SALLES, Ricardo. (org.). O Brasil Imperial, volume I: 1808-1831. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014, p. 377-428. 

Trajetórias, instituições e economia na América Portuguesa (séculos XVII-XIX)

Proponentes: Mailson Moreira dos Santos Gama (PPGH-UNEB); Hortência Silva Lima (PPGEAFIN-UNEB); Gabriel Silva Oliveira (PPGHI-UFU)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: América Portuguesa. Economia. Inquisição Portuguesa. 


Este simpósio temático propõe uma análise multifacetada da América Portuguesa durante os séculos XVII a XIX, destacando a interação entre trajetórias individuais, instituições e economia. Ao explorar as instituições políticas e religiosas, as trajetórias dos diferentes grupos sociais e a dinâmica econômica, buscamos oferecer uma visão ampla da América Portuguesa na Época Moderna. No eixo das trajetórias, serão aceitas pesquisas que exploram as agências de diferentes grupos sociais (povos indígenas, africanos escravizados, mulheres e outros grupos subalternos) que revelam aspectos culturais, do cotidiano, os conflitos e as formas de resistência que condicionaram a sociedade colonial. O segundo eixo temático do simpósio se concentra nas instituições políticas, religiosas e sociais que organizam a vida durante o período. Aceitam-se investigações que discutam os papéis das câmaras municipais, das ordens religiosas, da ação do Tribunal do Santo Ofício português, bem como o funcionamento das estruturas de poder e suas diretrizes na governança colonial. No que tange à economia, serão aceitas pesquisas que tratam da utilização e exploração dos recursos naturais, como a exploração de minerais, da fauna e da flora, bem como os impactos ambientais dessa exploração, as quais evidenciam a relação entre sociedade e meio ambiente na época. Por fim, o simpósio estará aberto para discussões sobre as relações da América Portuguesa com outras possessões coloniais e as conexões transatlânticas que influenciaram a dinâmica social, política e econômica da época.



Bibliografia

ARRAES, Damião Esdras Araújo. Rio dos currais: paisagem material e rede urbana do rio São Francisco nas Capitanias da Bahia e Pernambuco. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 21, n.2, p. 47-77, jul.-dez., 2013. Disponível em <http://dx.doi.org/10.1590/S0101-47142013000200003>. Acesso em 27 nov. 2022.

BETHENCOURT, Francisco. A fundação. In: ________ História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália – séculos XV-XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2000

DUARTE, Regina Horta. História & Natureza. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. 

Travessias: poder, governação, sociedade e cultura nas Américas (séculos XVI – XIX)

Proponentes: Victor Hugo Abril (PGH-UFRPE); Luciana Lima de Andrade Barbosa (Doutoranda UFRPE)


Modalidade: on-line

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Palavras-chave: Governança Colonial. Conexões Globais. Correspondências Burocráticas. História Atlântica.



Este Simpósio Temático acolhe trabalhos que investigam as relações entre as instituições centrais e as instituições locais da Primeira Modernidade, abrangendo pesquisas dos séculos XVI a XIX. O objetivo é estudar os papéis que inseriam os mundos ultramarinos nas conexões globais do império português na Idade Moderna. A proposta visa consolidar o trabalho conjunto e as investigações desenvolvidas pelos membros do Grupo de Pesquisa (CNPq) “TRAVESSIAS: Governança, Administração e Poder nas Américas (séculos XVI-XIX)”. Esse grupo conta com pesquisadores de diversas instituições públicas e federais de ensino. A proposta investiga os modos de governar através das correspondências trocadas entre diversos agentes e suas diferentes perspectivas investigativas presentes nas pesquisas do grupo “Travessias”. Essas correspondências oficiais eram enviadas e recebidas por nichos burocráticos, como governo, justiça e comércio, envolvendo a comunidade portuária estabelecida na Capitania de Pernambuco. Assim, os mundos ultramarinos se tornam um ponto de convergência em nosso simpósio.

Os Impérios Coloniais emergem como espaços abrangentes que possibilitaram a mobilidade de populações, culturas, ideias, arte, instituições e mercadorias a partir do século XV, registrando surpreendentes esforços de interação, como a crioulização da burocracia e a negociação política, paralelamente aos inevitáveis confrontos. Os portos, nesses espaços de trocas, representaram pontos de conexão, descritos por Sanjay Subrahmanyam como histórias conectadas. A visão de conjunto dos impérios coloniais atuantes no Atlântico foi abordada pioneiramente por Charles Boxer, que propôs um enquadramento amplo e atento às conexões e circularidades. Essa justificativa está alinhada com a proposta do Grupo de Pesquisa Travessias e com a dinâmica deste Simpósio Temático. A intenção é abrir espaço para o debate sobre economia, política, religiosidade, sociedade, direito e fronteiras no mundo ibérico e suas colônias ultramarinas. O objetivo principal é analisar os modos de governar de diversos agentes metropolitanos e suas relações com a governança local, no âmbito do governo, justiça, comércio, etc. Identificar que Política, Administração, Justiça, Direito, Comércio e Sociedade são temas importantes para as análises dos agentes régios, os homens da boa governança da terra e as instituições centrais e coloniais. O que nos aproxima, além de uma geografia comum de interlocução sobre diversos aspectos da vida colonial, é a busca por conexões entre as localidades coloniais em uma duração e reflexão comuns: a inserção das localidades periféricas aos centros que constituíam os Impérios Atlânticos nas Américas. Em suma, este simpósio temático destina-se a acolher esses diversos estudos em desenvolvimento.




Bibliografia

ABRIL, Victor Hugo. Governança no Ultramar. Conflitos e Descaminhos no Rio de Janeiro (c.1700 – c. 1750). São Paulo: Paco Editorial, 2017.

BICALHO, Maria Fernanda & FERLINI, Vera Lúcia Amaral. Modos de Governar. Ideias e Práticas políticas no Império português (séculos XVI a XIX). São Paulo: Alameda, 2005;

BOXER, Charles Ralph. O Império Marítimo Português (1415-1825). São Paulo: Companhia das Letras, 2002;

GRUZINSKI, Serge. As quatro partes do mundo. História de uma mundialização. São Paulo: EDUSP, 2014.

MENEZES, Jeannie da Silva. Sem embargo de ser Fêmea: as mulheres e um estatuto jurídico em movimento no século XVIII. São Paulo: Paco Editorial, 2013.

SCHWARTZ, Stuart. Segredos Internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

SOUZA, Laura de Mello. O Sol e a Sombra. Política e Administração na América Portuguesa do século XVIII. São Paulo, Companhia das Letras, 2006.

SUBRAHMANYAM, Sanjay. O Império Asiático Português: uma história política e econômica. Lisboa, Difel, 1995.

Usos da categoria interseccionalidade no Ensino de História 

Proponentes: Ma. Marcia Santos Severino (PPGH-UFG); Ma. Nayla Flavianne B. C. França (PPGH-UFG). 


Modalidade: on-line

Link para a reunião: em breve.

Palavras-chave: Interseccionalidade. Ensino de História.


A categoria de interseccionalidade é criada por educadoras negras, lésbicas e periféricas nos Estados Unidos da América em meados dos anos 1970. Envolvendo os conceitos de gênero, sexualidade, classe e raça este Simpósio Temático busca abrigar as reflexões acerca do Ensino de História alinhada a perspectiva interseccional. Propõe ser um espaço para a crítica de experiências epistêmicas hegemônicas eurocêntricas.  

A experiência do ensino de história na educação básica é marcada pela presença da diferença e de seus múltiplos marcadores o que exige um processo de reflexão constante sobre as práticas e as estratégias pedagógicas aplicadas pela comunidade escolar. Compreendendo que essa é a realidade da maioria das estudantes do ensino básico e público do Distrito Federal e Goiás. A proposta é que esse Simpósio Temático (ST) seja um desafio aos educadores para que contribuam com suas narrativas e destaquem as múltiplas perspectivas que moldam as experiências históricas. 

Esse ST propõe uma reflexão crítica sobre como a interseccionalidade pode informar práticas pedagógicas mais inclusivas, promovendo o reconhecimento da diversidade e da complexidade da experiência humana ao longo do tempo. Serão explorados temas como a representação diversificada na narrativa histórica, o papel das experiências marginalizadas na construção do conhecimento histórico e estratégias pedagógicas para incorporar a interseccionalidade no currículo de história. Espera-se que este ST inspire educadores a adotar abordagens mais inclusivas e reflexivas em sua prática de ensino, capacitando os estudantes a compreenderem o passado de maneira mais crítica e inclusiva, enquanto reconhecem a interconexão entre as diversas dimensões da identidade humana.



Bibliografia

CARNEIRO, Sueli. Mulheres em Movimento. Estudos Avançados, v. 17 n. 49, 2003. 

CHARTIER, Roger. A história Cultural entre práticas e representações. Trad. Maria Manuela Galhardo. 2ª edi. Algés: Difel, 2002.

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DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Ed. Boitempo, 2016.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 1: A vontade de saber. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. – 10ªed. – Rio de Janeiro / São Paulo, Paz e Terra, 2020.

GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, 1984

HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. Trad. Marcelo Brandão Cipolla. 2ª ed. – São Paulo: Editora Martins Fontes, 2017.

SCOTT, Joan Wallach. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade. Porto Alegre, vol. 20, nº 2, jul./dez. 1995.

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PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. Trad. Angela M. S. Côrrea. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2019.