Eleições e a troca de voto na República Velha

"(...), a questão da pobreza e da desigualdade no Brasil se mostra como algo gerado por um déficit histórico de cidadania em um país que viveu sob regime escravo por quatro séculos, no qual direitos civis e políticos existiam apenas no papel. um bom exemplo são as eleições brasileiras, tanto no período do império quanto na república velha - a chamada república dos coronéis. As eleições eram escrutínios caracterizados pela fraude e truculência, onde os eleitores eram ameaçados por capangas ou trocavam seu voto por qualquer utensílio ou objeto".


DANTAS, Humberto & Júnior, José Paulo Martins et al. Introdução à política Brasileira. São Paulo: Paulus, 2007. p.216

As opiniões do jornais são as suas opiniões?

As opiniões dele são as opiniões dos jornais (grifo meu). Como, porém, essas opiniões variam, padre Silvestre, impossibilitado de admitir coisas contraditórias, lê apenas as folhas da oposição. Acredita nelas. Mas experimenta às vezes dúvidas. Elas juram que os homens do governo são malandros, e ele conhece alguns respeitáveis. Isso prejudica as convicções que a letra impressa lhe dá. Necessitando acomodar as suas observações com as afirmações alheias, acha que os políticos, individualmente, são criaturas como as outras, mas em conjunto são uns malfeitores.

RAMOS, Graciliano. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2008. p.150.

Dez bons conselhos de meu pai para cidadãos honestos e prestantes

Meu pai nunca me deu estes conselhos da forma sistematizada que está aí. Mas deu todos. Inclusive mostrando como era que se fazia. Acho que ele não se incomodaria por eu passá-los adiante, pois ele também tinha muita consciência política.

1. Não seja tutelado

Não permita que as pessoas resolvam as coisas por você, por mais que o problema seja chato de enfrentar. Não finja que acredita em nada do que não acredita, não deixe que lhe imponham uma opinião que você está vendo que não pode ser sua.

2. Não seja colonizado

Tenha orgulho de sua herença, não seja subserviente com o estrangeiro, não se ache inferior. Como o que gostar, fale como gostar, vista-se como gostar - seja como seu povo, não seja macaco.

3. Não seja calado

Seja calado só por educação, até o ponto em que isto não o prejudicar. Se prejudicar, só cale a boca quando deixar de prejudicar. Não seja insolente e não tolere a insolência.

4. Não seja ignorante

Não ser ignorante é um dos mais sagrados direitos que você tem e, se você não usa voluntariamente esse dreito, merece tudo o que de adverso lhe acontece. Se você sabe fazer bem o seu trabalho e conduzir corretamente sua vida, você não é ignrante. Mas, se recusar todas as oportunidades possíveis para aprender, você é. Se lhe negam o direito a não ser ignorante, você tem o direito de se rebelar contra qualquer autoridade.

5. Não seja submisso

Reconheça suas faltas, mas não se humilhe. Não existe razão na Natureza que diga que você tem de ser submisso a qualquer pessoa. Toda tentativa de submetê-lo é muitíssimo grave.

6. Não seja indiferente

Ser indiferente em relação em relação ao semelhante ou ao que nos rodeia, quer você seja religioso ou não, é um dos maiores pecados que existem, porque é um pecado contra nós mesmos, um suicídio.

7. Não seja amago

As coisas acontecem, acontecem, ficam acontecidas. Se você for amargo, essas coisas continuam acontecendo. Construa sempre.

8. Não seja intolerante

Alegre-se com a diversidade humana. Procure honestamente entender os outros. Só não seja tolerante com os inimigos conscientes e comprometidos com o seu fim.

9. Não seja medroso

Todo mundo tem medo, mas pessoa não pode ser medrosa. Para viver e fazer, é necessário manter uma coragem constante e acesa. Isto consiste em vencer a própria pequenez e é um dever e uma obrigação para com nós mesmos.

10. Não seja burro

Sim, não seja burro. Normalmente, quando você está infeliz, você está sendo burro. Quando você está sendo explorado, você é sempre infeliz

RIBEIRO, João Ubaldo. Política: quem manda, por que manda, como manda. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

Aos prefeitos

I Atenda ao povo como você o fazia antes das eleições. Veja nos olhos das velhas e das crianças necessitadas a súolica de sua mãe e de seus filhos.

II Entre o correligionário inepto eo adversário capaz e probo, prefira este para auxiliá-lo. E lembre-se que o pior adversário político do município é preferível ao melhor correligionário de fora.

III Não pense em agradar: procure fazer o justo.

IV O povo é um gênio que tem incontáveis olhos e ouvidos.

V Não espere a unanimidade da opinião pública. Agindo certo, você convencerá a maioria.

VI O maior inimigo do Prefeito é o adulador.

VII Quando tiver de efetuar gastos públicos, imagine se você o faria se o dinheiro saísse do seu bolso.

VIII Bom governo é o que faz o povo alegre, com traalho para todos.

IX Ouça a todos: você descobrirá que o povo é muito mais sábio que você.

X O Prefeito livre e sadio de consciência não odeia nem persegue. Só os deformados mentais pensam em vingança.

XI Se você concede o favor público injustamente, o beneficiado ficará satisfeito algum tempo, mas perderá a confiança em você. Se você nega, ele não gosta, mas o respeitará para sempre.


NETO, Euclides José Teixeira. 64: Um prefeito, a revoluçaõ e os jumentos (A fábula do presidenciável Salém) p. 10. Salvador: Fator, 1983.