CONFERÊNCIA I

"Arqueologia de Esperança", Prof. Dr. Michael Heckenberger (University of Florida)

Link para público: https://youtu.be/KX572kl698c

17/11/2020 (Terça-Feira), 16:30 às 18:00

Nesta apresentação eu reflito sobre três décadas de trabalhos arqueológicos e história indígena no Xingu, em Mato Grosso, e outras áreas da Amazônia. Tento explicar, primeiro, por que eu acredito que a floresta tropical permeia uma relação tanto com a cultura – história – quanto com a natureza. E, então, discuto o porquê em algumas regiões, como no Centro-Oeste do Brasil, humanos eram o principal condutor de mudanças na floresta às vésperas do período colonial, e porque sugiro que a biodiversidade funcional nestas regiões, como o Alto Xingu, foi uma criação dos povos ancestrais de grupos indígenas atuais. Ao final, considero também que a melhor maneira de “salvar a Amazônia” – até o ponto possível neste momento único – é a inclusão de grupos indígenas, quilombolas e de outras minorias culturais diretamente na pesquisa, do início ao fim. No Centro-Oeste, em particular, as poucas ilhas de floresta correspondem às terras indígenas, que já não são mais capazes de absorver os efeitos das mudanças climáticas. Não mais um “tipping point”, mas um “tipping event”. A mesma conflagração que ameaça a vida cotidiana tradicional, com a ocorrência de pandemias, incêndios e mais, ameaça também os sítios arqueológicos e suas histórias, e o conhecimento indígena. Ameaça ainda os vestígios de estratégias e práticas ancestrais de grande escala, uma erosão tanto de tecnologias e oportunidades urbanas como força centrípetas de desenvolvimento urbano da sociedade nacional moderna, um conhecimento que representa válidas alternativas à coexistência de humanos com as floresta e as águas Amazônicas. É necessário usar-se disso para manter e revitalizar o conhecimento indígena, uma vez que o passado oferece caminhos para o presente. Entender e preservar a sabedoria destes grupos indígenas, em conjunto com a parceria com grupos de locais diversos oferecem a melhor e, talvez, a última esperança para o futuro da floresta Amazônica e seus habitantes originais.